Capítulo 19
-N-não... não vou atender
-Atende logo, Brunna
-Não, Rebecca. Eu não posso -
A chamada desliga e eu a encaro novamente. -É melhor assim
-Você é idiota. Se tocar de novo eu atendo
-Não faz isso
O celular volta a tocar e a Rebecca ameaça pega-lo, mas eu pego primeiro. -Becca!
-Atende logo!
Engulo seco, atendendo a ligação. -Lud..
Escuto a sua respiração pesada e fecho os olhos. -Que foi? Você tá chorando?
~Bru, eu preciso que você venha aqui~
-Eu não posso
~Por favor~
Abro os olhos, encarando a Rebecca que tá tentando entender, já que não está no viva voz. -Ludmilla, tenta entender...
~Não, eu não entendo.~ -ela começa a chorar mais, fazendo o meu peito apertar. ~Por que tá fazendo isso comigo? O que eu fiz de errado? Sendo que eu te jurei que não tinha ninguém, você me dispensou! Eu fiquei com a Thaissa depois disso, não tínhamos mais nada, acredita em mim~
-Pode até ser..Mas dá pra ver o jeito que ela te trata e..
Eu sou interrompida. ~Para de arranjar desculpa! Para, Gonçalves~
Eu suspiro, sem dizer nada
~Por que não quer ficar perto de mim? Se eu tô dizendo que posso ser só sua, Brunna~
-Para com isso..
~Do que você tem medo? Me fala~
-Eu não tenho medo de nada
~Você tem! Você tem medo de que eu seja como qualquer outro foi com você, eu sou nova mas não sou filha da puta~
-Chega, Ludmilla
~Para de fugir de mim!~
-Eu tenho que desligar
~Por favor, vem me ver..eu tô quase te implorando, eu tô com saudade, preciso de você~
-Você precisa descansar...tá? Descansa
Volto a fechar os olhos com força quando eu a escuto chorando, nós duas sem dizer nada. Isso mexeu comigo, senti as lágrimas escorrerem eu meu rosto também
E a Ludmilla não disse mais nada, só desligou
Joguei o meu celular na mesa e tampei o meu rosto com as mãos, desabando no choro
-O que aconteceu, amiga? Calma, respira fundo -Rebecca me abraça
-Ai, eu sou tão ruim? Eu tô tão errada assim? Me fala
-Eu não sei, Bru..eu não sei o que você sente aí dentro, só você pode responder essa pergunta -
-Ela tá muito mal, mas eu também.
-Me fala o que aconteceu pra você estar assim, por que não tá no hospital com ela?
-Eu fui! Eu fui, mas apareceu a ex dela e se apresentou pra mim como namorada
-Ai Brunna.. Você sabe como essas mulheres são!
-Não importa! A Ludmilla não a repreendeu, deixou ela se apresentar assim
-Amiga, você tá sendo muito dura..
-Eu sei que você veio pra me ajudar com o processo, mas eu não consigo trabalhar desse jeito -eu me levanto
-Onde você vai?
-No hospital
-Quer que eu vá junto? Te espero do lado de fora e não vai ser tão estranho
-Tá, vamos..
(...)
Nós chegamos no hospício e nos identificamos, depois de passar pelos policiais que nem precisaram nos revistar porque me conhecem, fomos até o quarto da Ludmilla.
Rebecca ficou no corredor e eu andei até a porta, observando uma enfermeira colocar soro nela
Encostei no batente e esperei, já que a Ludmilla tá dormindo e não percebeu nem a minha presença, muito menos a da garota
No final, ela a cobriu e se aproximou. -Oi..
-Oi, vem cá -ando atrás da menina, ela para no corredor, me encarando. -Por que o soro?
-O ferimento tá infeccionando..ela precisa de um pouco de soro, tá saindo bastante sangue. Mais cedo eu limpei, deixei sem curativo, mas tive que colocar outro agora
-E como ela tá?
-Com um pouco de febre, dei remédio pra ela dormir.. não consegue comer, tá bem enjoada
Eu suspiro. -Karen.. -olho em seu crachá. -Você é residente?
-Sou
-Pode chamar pra mim o seu chefe?
-Posso sim, já venho com ele
-Obrigada -
Observo a garota se afastar, encostando na parede do corredor...
Não demorou pra ela voltar, com o doutor. -Pois não, tenente?
-Sua aluna me explicou o caso da minha detetive, então..O caso dela se agravou..
-Sim, pelo jeito que o ferimento está, ela vai precisar ficar mais que uma noite aqui
-Certo.. Acredito que a unidade esteja pagando tudo, então, o que for necessário pra cuidar dela, usem. Independente se o medicamento é caro ou não, queremos o melhor pra ela
-Pode deixar, e qualquer coisa que precisar, nos chamem
-Obrigada..
Terminamos a nossa conversa e eu voltei a me aproximar da porta, entrando no quarto em passos lentos
Fechei a porta, andando até a cama. Coloquei a mão em cima da sua, fazendo um carinho enquanto observo ela dormir
Subi a minha mão até o seu rosto, e deixei um beijo na testa dela.
Ludmilla mexeu um pouco, franzindo o cenho ainda sonolenta
Deixei um beijinho na ponta do seu nariz
-Bru..
Eu sorrio ao ouvir o meu nome, deixando um selinho em seus lábios..
Ludmilla abriu os olhos devagar, encontrando os meus. -Oi Lud...
Ela encostou a mão na minha, acariciando a mesma
-Desculpa te acordar assim
-Devia me acordar assim mais vezes..
-Como sabia que era eu? -
-O jeito que você me trata e..sua presença, seu perfume
Encostei a testa na dela, sentindo o meu corpo arrepiar. -Me desculpa..pelo o que aconteceu no telefone, não era pra você chorar
-Fica quieta, tá?
-Tá bom -eu roço os nossos lábios, sentindo ela puxar um beijo assim que os encostamos de vez
Eu correspondi, e nós começamos um beijo lento. Essa foi a primeira vez que não me importei se alguém podia entrar
Terminamos esse beijo com um selinho
-Tô sabendo que seu ferimento tá infeccionando..
-É.. tá no começo.. Vem aqui, senta comigo
-Nem pensar, fica quietinha aí
-Senta aqui, vai -ela se afasta um pouco, dando espaço pra mim
-Deixa de ser teimosa, eu pego uma cadeira lá fora
-Mas eu te quero aqui na cama
-Ludmilla
-Vem! Não tem ninguém pra interromper
Eu dou risada. -Você é muito teimosa
-Vai, Bru
Eu sentei na cama, a encarando. -Tá feliz?
-Sim -
-Que bom, porque eu deixei todo o meu trabalho pra ver como você tava.. -seguro a sua mão
-E como tá lá?
-Estranho sem você
-Que bom
Eu sorrio. -Sem vergonha..
-Sou mesmo
-Eu dispensei a Cristal por alguns dias
-Sério? Por que?
-Porque eu dei ordens pra ela não sair e ela ia, com uma arma emprestada do Erick
-Ah não, é sério? Dessa vez não tem como defender
-Não é pra você defender nenhuma vez, mocinha -eu solto a sua mão, deixando a mesma na minha coxa
Ludmilla sorri, esse sorriso eu conheço bem
-Deixa de ser sapeca -
-Não tô fazendo nada
-Ainda.. Você já comeu?
-Eu não consegui, tava me dando ânsia..a Karen veio aqui né? Eu não tava com esse soro
-E nem pense em tirar, tem que acabar
-Que droga, tô sangrando de novo?
-Tá. E o soro é por isso, e também porque você não tá comendo
-Eu quero fazer xixi
-Vai ter que levar o soro com você
-Sério?
-Eu te ajudo
-E se eu tirar e colocar de volta depois? Só achar o furo
-Meu Deus, garota. Olha no que você pensa
-Tô errada?
-Você é maluca -
Ela aperta a minha coxa, fazendo eu rir. -Para
-Eu quero um beijo...tava com saudade
Me inclinei, voltando a beija-la. Sua mão sobe da minha coxa, pra dentro da minha camiseta, alisando a minha cintura
Sinto o meu corpo ferver, e esquenta muito rápido, só o toque dela já me deixa assim
Chupei o seu lábio, soltando devagar.
-O que aconteceu pra vir aqui e se resolver comigo em, tenente?
Sorrio.. -Eu.. resolvi acreditar em você
-Resolveu?
-É..Mas, você tem que me explicar o por que dessa garota ter se apresentado como sua namorada
-Porque ela quis
-E você não disse nada
-Você deixou? Logo foi embora, Brunna... Uma coisa que você precisa saber, é que a Thaissa é assim, ela gosta de causar
-Thaissa..
-É..-Ludmilla suspira. -Os meus amigos não sabem sobre nós, sabem que me interessei em você, e contaram pra ela.
-Olha..parece que ela já agiu
-É o que eu tô falando..ela é assim
-Por que você dá bola
-Não dou, neném..
-Você que é neném -
-Você -
Eu dou risada. -Boba..tudo bem, você quer ir no banheiro ainda?
-Sim -
-Vou pegar o soro -
-Tá
Desço da cama e ando até o outro lado, pegando o soro na mão e levando pro lado correto. -Vem, dá pra levantar agora
-Você vai ficar segurando?
-Vou
Ludmilla tira o lençol de cima dela, sentando na cama. -Isso tá doendo
-Vem -eu pego em seu braço com a outra mão, ajudando ela a ficar de pé.
-Oh Bru..
-Oi, anda devagar tá? Você pode ficar tonta, tá muito tempo deitada
-É, eu tô ficando
-Respira fundo
-Eu queria te perguntar..
-Pergunta -eu digo enquanto andamos até o banheiro
-Por que você fica tão gostosa de calça jeans?
Eu sorrio. -A-ai..Fica quieta, garota!
-Ainda mais com esse cinto e essa arma junto, baita combo
Eu dou risada. -Ludmilla!
-Muito gostosa, eu só não te beijo agora porque tô tonta
-Foca nos seus passos, vai
Nós entramos no banheiro e eu fechei a porta. -Vou segurar o soro, eu olho pra trás
-Tá
Nós andamos até o mictório e eu virei de costas, segurando o soro. -Tô de costas já
-Tá
Um silêncio se instalou no banheiro, eu respirei fundo..
-Não quer sair não
Dei risada. -Se esforça, vai
-Ele ta com vergonha de você, eu acho
-Quer que eu cante pra ele sair?
-Vai cantar o que?
-Ai que vontade de fazer xixi agora, eu bebo água, leite e suco de acerola
Ludmilla ri e eu faço o mesmo. -Que música é essa??
-É de um canal no youtube que a Bella assiste
-Não canta isso não, tá? Acho que é pior
-Ai que vontade que não passa e não tem hora, mas se resolve botando tudo pra foraaaa
-Oh Bru!
Eu volto a rir
-A Bella faz xixi com isso?
-Faz -
-Quando ela crescer vai ver que era maluquice
-Mas você tá precisando
-Shh, tá vindo, é que se você fica falando é pior
-Tá bom, eu tô quieta
O silêncio volta no banheiro, até que o xixi finalmente sai
-Foi a música
-Não foi nada -ela ri
Dou risada junto
Quando escutei a descarga, eu me virei. -Pronto?
-Sim -Ludmilla virou de frente também e nós andamos até a pia pra ela poder lavar as mãos
Logo saímos do banheiro, voltando pro quarto. Coloquei o soro no tripé novamente, e me sentei na cama
-Obrigada, Bru
-Nada.. -sorrio. -Vai descansar
-Não..
-Por que não? Você precisa
-Você vai embora?
-Não, eu não vou
-Promete?
Pego a sua mão. -Eu tô aqui, prometo.
-Não vai mesmo?
-Não vou, e se eu for, eu te acordo
-Ta bom
Deixei um beijo na sua testa e ela fechou os olhos, suspirando
Peguei o meu celular e mandei uma mensagem pra Becca, avisando que ficaria, e que ela podia ir
(...)
Fiquei com a Lud a tarde toda, só desci da cama e sentei em uma cadeira ao lado, mas continuei segurando a sua mão
Karen entrou no quarto e se aproximou. -Licença..
Apenas balancei a cabeça em afirmação e continuei ali, prestando atenção
Ela tirou o acesso do soro e mediu a temperatura da Ludmilla. -Abaixou, mas ainda tem febre..Posso dar uma olhada no ferimento?
Eu me levanto, dando espaço. -Claro..
Ela começou a tirar o curativo..
-Você sabe se ela foi no banheiro?
-Foi sim
-Tá, e não comeu nada ainda né
-Não, depois do banheiro ela voltou a dormir -observo o ferimento
-A sorte é que a bala não ficou aqui dentro..Podia estar pior -
-Tadinha
-É, mas logo melhora, só precisa continuar tomando os remédios
-É..bom, depois disso pode trazer a comida dela, ela vai comer
-Tá bom
Observei a Karen trocar o curativo e depois que ela saiu, voltei a me sentar na cadeira, segurando a mão da Lud novamente
Parece um anjo dormindo, quem vê assim não imagina o caos que ela pode fazer no coraçãozinho de alguém
Eu sorri com os meus próprios pensamentos, deixando um beijo em sua mão
Assim que a residente trouxe o prato, nos deixou a sós e eu a acordei.
-Eu tô enjoada, Bru
-Você vai comer, tem que se esforçar pra melhorar
Ludmilla choraminga e eu sento ao seu lado na cama. -Olha pra mim.. se você não comer, vai ficar cada vez mais fraca, e essa infecção vai piorar, meu bem..
-Eu não quero..
-Por favor, só um pouco
-Eu tô sem fome
-Para de teimosia, você precisa
-E se eu vomitar?
-Pelo menos você comeu
-Mas vai dar no mesmo
-Não, não vai, Ludmilla. Vamos, vou levantar a cama
-Não
-Sim -eu aperto o botão, pra camar levantar um pouco e ela sentar
-Não faz isso -Lud segura a minha mão
-Ei, você tem que comer
-Por favor, agora não
-Ludmilla! Para com isso -eu fecho o semblante, vendo a cara de pena que ela tá fazendo. -Eu tô dizendo que você vai comer, e acabou
-Você é ruim
-Devo ser. Mas detetive minha come pra ficar melhor e voltar a trabalhar, vamos logo
Ela cruza os braços, fazendo eu rir. -Tá parecendo um bebê
Ludmilla vira o rosto e eu ignoro, colocando comida na colher. -Bora, abre a boca
Ela nega.
-Eu te dou um beijinho
Isso faz ela voltar a me encarar. -Hmm, só se toda colherada tiver um beijinho
-Deixa de ser safada, menina
-Então não quero
-Tá bom, toda colherada tem um beijo
Ela abre a boca e eu dou risada, ninguém merece essa garota.
(...)
-Hmm, a última -deixo um selinho em seus lábios. -Comeu tudo, viu?
-Claro, quem não come desse jeito né -
-Não vou te falar nada. -entrego o copo de água pra ela, deixando o prato na bandeja
-Essa comida é boa, esse hospital é bom
-É, tem parceria com a nossa unidade..
-Hmm, credo.. Água
-Toma logo, e tudo
-Tá bom! Só sabe mandar
-Mando mesmo -
-Vem cá -ela me puxa pra perto, selando os nossos lábios
-O que você quer? -eu pergunto
Ludmilla ignora, sua mão acaricia a minha cintura, enquanto ela beija o meu pescoço
Dei risada. -Fala logo..para
-Eu não quero nada..mas..
-Lá vem -
-Se você gosta de mim, podia pegar um chocolate na máquina
-Nada disso
-Por favorzinho, Bru -
A encaro. -Acha que me ganha com beijo e cheirinho no cangote né
-Acho
-E tem razão, ganha mesmo -
Ludmilla ri
-Mas não vou fazer isso
-Para, é só um
-Não tá escrito chocolate no seu cardápio do hospital
-Neném, é só um
-Não me chama assim, não vai rolar
Ela me puxa pra perto novamente, segurei a risada, sentindo seus lábios quentes em meu pescoço
Mordi o meu lábio com força, fechando os olhos. -Para com isso..
-É só um, vai -sussurra em meu ouvido
-Ludmilla...meu Deus, cara
-Eu não te perturbo mais
-Promete que não vai me atentar mais?
-Prometo
A encaro. -Repete
-Eu prometo, Bru
-Tá, qual você quer?
-5star
-Tá, mas não conta pra ninguém
-Tranquilo
Desço da cama, não acredito que tô fazendo essas coisas viu
(...)
Voltei pro quarto e entreguei o chocolate pra ela. -Come logo e me dá esse papel
-Tá -
Peguei o celular pra dar uma olhada nas mensagens, já que faz tempo que não olho, e encontrei algumas da Eloísa, a irmã do Felipe
Elô: Bru?
Elô: Aonde você tá?
Elô: Meu irmão sofreu um acidente, estamos indo pro hospital
Bru: Eloísa, desculpa te responder só agora
Bru: O que aconteceu???
-Baby, quer?
Tiro os olhos do celular, encarando a Lud. -Não, obrigada
-Que cara é essa?
-Nada..
Volto pro celular quando ele vibra.
Elô: Bru! Que bom que apareceu, ele perguntou de você
Elô: acidente de moto, bateu contra um carro
Bru: Onde vocês estão?
Elô: No hospital perto do nosso prédio, eu tô com a minha mãe
Bru: E como tá o quadro dele?
Elô: Ele tá todo ralado, quebrou a mão, mas tá bem. Vai fazer alguns exames porque bateu a cabeça
Elô: E queria te ver..a mamãe também
Bru: Eu tô com uma amiga no hospital, levou um tiro..
Bru: Mas vou dar uma passada aí, por vocês duas
Elô: Tá bom.. obrigada
Bloqueio o celular, voltando a encarar a Lud. -Comeu?
-Com quem tava falando? -ela me entrega a embalagem, que eu coloco no bolso
-Com a irmã do Felipe...
-Ah
-Ela disse que ele sofreu um acidente de moto e tá no hospital
-Ah..bem feito pra ele
-Ela e a mãe dele não merecem isso..-suspiro
-Se quiser ir..
-Não, meu bem...-
-É pedir muito pra você passar a noite comigo?
-Claro que não, eu já tava pensando em ficar -
-Que horas são?
-São quase 18:00 -
-Quando quiser ir pra casa..Pode ir
-Já já eu vou, mas eu volto
-Tá
-Vou avisar que você terminou de comer porque vão te dar outro remédio
-Não aguento mais
-É pra melhorar -eu digo. -Já volto, tá?
-Vem cá, me dá um beijo
Deixei um selinho demorado nela. -Assim?
-Isso..assim
Dou risada. -Já venho
-Tá
[...]
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