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XIV - O GOLPE MORTAL


 Uma gota de suor corria pela face de Lú. Estava muito quente, a ponto da sua visão embaçar. E para piorar a sua situação, ele vestia uma capa preta com capuz feita de um tecido grosso e pesado.

Dona Sina guiava uma charrete coberta que era puxada por um cavalo marrom, com o garoto azul e Nina sentados ao seu lado. Karlo ia na frente deles com uma carroça que levava algumas bagagens importantes, como roupas, livros, comida e louças da cozinha de sua mãe.

Jober e Nero guiavam mais à frente, montados em seus cavalos, sendo seguidos por Karlo, dona Sina e o restante das pessoas da vila. Temendo outra invasão, eles foram obrigados a sair dali. Os animais que criavam, na maioria porcos e galinhas, conseguiram transportar alguns, mas uma parte foram soltos na mata e as cabanas deixadas ali com os móveis e outros bens.

Estava completando três dias de viagem em uma estreita estrada arenosa em uma área de pouca vegetação. Era um caminho secundário, porém, muito mais longo, já que na estrada principal eles corriam o risco de serem sequestrados novamente. Estavam indo para uma vila cercada fora do território de Erágolis. A vila — mais como uma pequena cidade —, era cercada por muros altos e se chamava Luária, em homenagem a antiga rainha de Tandária.

A capa de pele animal que revestia a cobertura da charrete em que Lú viajava exibia alguns furos, que deixava a luz do sol passar diretamente para o seu rosto. Aquilo já estava nauseante e ele sempre olhava para os lados em busca de Lauren. Ele torcia para que a semideusa estivesse o acompanhado em algum lugar. A última vez que ele a viu, foi quando se abraçaram na noite em que Karlo recebeu a grande notícia da gravidez de Isis.

Dona Sina segurou o seu pulso e o encarou com seus olhos cansados. O lenço folgado em seu cabelo se agitava com o vento.

— Você parece tão nervoso, meu filho. O que há? — ela perguntou de uma forma reconfortante.

Lú endireitou o capuz em sua cabeça, abaixando-o de um jeito que escondesse seus olhos.

— Será que serei bem recebido? Pelo o que Karlo falou, muitas pessoas moram nessa vila.

Dona Sina olhava para a estrada, enquanto segurava as rédeas com as duas mãos. O ruído das engrenagens da charrete em movimento era a única coisa que quebrava o silêncio.

— Isso eu não sei lhe dizer — ela respondeu depois de um tempo. — Pouca gente sabe da existência da sua espécie. Eles podem ficar... — Ela parecia pensar em uma palavra para descrever as reações daquelas pessoas. — Chocados.

Isso Lú já esperava. E talvez explicasse o fato de usar aquela capa para se esconder de algum viajante que passasse por eles. Ele suspirou, acomodando-se no desconfortável banco de madeira.

...

— Já estamos chegando! — Karlo gritou ao avistar os muros de pedra quase imperceptíveis escondidos pelas folhagens das árvores.

Os muros eram feitos de granito e de uma altura estupenda. Lú nunca tinha visto um muro tão alto, seria muito difícil alguém conseguir escalar. Havia dois pesados portões duplos de metal negro e próximo a eles, do lado de dentro, erguia-se uma torre de vigilância construída com o mesmo material do muro, com duas janelas nas laterais de forma triangular e uma varanda, onde estavam dois homens armados.

Os homens usavam um peitoral, elmo e nada mais de armadura. Na cintura, levavam espadas embainhadas, uma aljava estava nas costas carregada de flechas e os arcos em suas mãos, mirando as setas pontiagudas aos viajantes.

— Veja, é o Jober! — disse um homem com cabelo castanho longo e cacheado.

— E o seu irmão também. — Acrescentou o outro sujeito.

O homem de cabelo cacheado estreitou os olhos através do elmo ao perceber mais alguém conhecido no grupo.

— Aquele não é o Karlo? — perguntou.

— Sim, me parece que sim — o outro retrucou, também observando.

— Abram essa joça! — A ordem veio de Nero, impaciente.

— Poderia ser um pouquinho mais educado? O que custa pedir por favor? — Jober pediu enquanto olhava para o amigo.

— Você não me dá ordens, franguinho — Nero respondeu entredentes com tamanha aspereza, que era como se desejasse o sangue do rapaz ruivo.

Jober não se deixou abalar com aquilo, já estava acostumado com aquele caráter desagradável. Eles se conheciam há cinco anos, embora não fossem muito de conversar entre si, estavam sempre realizando missões juntos. Ele apenas empinou o nariz, não se importando com o brutamonte.

Os portões se entreabriam e os dois homens da torre de vigilância os empurraram. Ofegantes, deram as boas-vindas.

— Néfi. Otto. Quem bom vê-los novamente. — disse Jober, sorridente.

Os dois homens retiraram seus elmos, colocando-os embaixo do braço, então retribuíram o sorriso do velho amigo.

— Achei que só viriam daqui a alguns meses. — Disse Néfi, o sujeito de cabelo cacheado.

— Sim, mas Karlo resolveu adiantar as coisas.

— Por favor, entrem! — convidou Otto.

Otto possuía o cabelo preto e bem encaracolado. A sua pele escura tinha um tom canela, a barbicha entregava a sua jovialidade e as suas feições eram bastante simpáticas. Era bem mais baixo que Néfi, porém, seu corpo era mais definido que o de Jober.

Néfi era o irmão mais velho de Nero — pouca diferença de idade entre ambos, pelo que parecia —, e mesmo sendo parecidos, Néfi, ao contrário do seu irmão, possuía uma extensa cabeleira cacheada. A sua barriga saliente entregava o consumo excessivo de bebidas e banquetes, a barba era um pouco menor e os seus profundos olhos castanhos transmitiam o quanto era bondoso e gentil, apesar do péssimo vocabulário.

Os cavalos e carruagens foram adentrando e Lú cobriu o rosto com o capuz, evitando que os guardas o vissem. Ele passou despercebido em sua charrete, mas mesmo assim não se sentia aliviado. Os homens fecharam os portões novamente, trancando-o com duas vigas de ferro. Karlo desmontou do seu cavalo e foi ao encontro dos velhos conhecidos, apertando as mãos e trocando sorrisos e abraços.

— Otto, como você cresceu! — analisou Karlo. — E o seu cabelo mais ainda. Como consegue usar esse elmo?

Otto sorriu e nada disse. Nero e Jober se juntaram a eles.

— Vejo que os rapazes estão trabalhando duro — disse Jober de maneira sarcástica.

— O que os trouxe aqui com tanta antecedência? Esse não era o combinado — indagou Néfi.

Karlo olhou para aquelas carroças enfileiradas, em seguida para todas as pessoas o encarando, aguardando ansiosas pelo próximo passo.

— Fomos atacados — respondeu Karlo. — Nos prenderam em gaiolas, seríamos levados como escravos.

— Não me diga que não deu conta de alguns soldados? — Néfi disse e sorriu ironicamente.

— Eles fizeram a minha filha de refém, não tive escolha. Fui obrigado a me entregar.

— É como eu digo, não faça crianças. Só dão trabalho. — Ele olhou sarcasticamente para Otto. — Não é, filhão?

Otto não se importou com a zombaria de seu pai, mas estava curioso com aquela história de Karlo.

— Mas Karlo, se você estava preso, como escaparam?

— Eu tive uma pequena ajuda. — Karlo olhou para a charrete onde estava a sua mãe. — Lú, venha até mim.

Lú estava receoso em sair dali. Não sabia como seria recebido por aqueles homens, mas conhecia o seu mentor e sabia como ele se comportaria caso desobedecesse. Ele engoliu em seco e se cobriu ainda mais com aquela capa.

— Não tenha medo, querido. — disse a dona Sina, tentando acalmá-lo. — Eles não vão te fazer mal.

Lú olhou para as próprias mãos azuis, ainda com o receio em mente, mas devia confiar em Karlo e em sua mãe. Encheu o peito de ar e arrumou a coragem que precisava. Desceu da charrete em um pulo e caminhou ao encontro dos homens.

Karlo o recebeu com a mão em seu ombro, sorrindo orgulhoso ao apresentá-lo aos seus amigos, porém, antes ele puxou para trás o capuz, revelando a face azul do jovem feiticeiro.

Otto recuou um passo, tomado pelo susto, e os seus olhos arregalados mostravam a sua surpresa. Néfi agachou-se em frente ao garoto, e ele se lembrou que Nero teve a mesma reação ao vê-lo.

— Que merda é essa? — ele perguntou analisando o jovem feiticeiro. As reações não eram tão diferentes como Lú imaginava que fosse.

— É o mascote de Karlo — disse Jober. — Péssimo gosto o dele.

Otto se aproximou mais e se agachou junto ao seu pai, e da mesma forma estudava o garoto.

— É um filhote daquelas coisas que foram mortas? — ele perguntou sussurrando, mesmo sabendo que Lú podia escutar tudo.

— Não sou um animal — Lú retrucou, enfim tomando coragem.

— Ele fala! — Otto olhou para ele, sobressaltado.

— Esse seu filho é um galinha, Néfi! — exclamou Nero. Néfi levantou-se, olhando para ele seriamente.

— Deixe-o em paz, é só um garoto de quinze anos.

— Dezesseis! — Otto corrigiu.

Néfi suspirou, virando-se para Karlo.

— Me explique, Karlo, o que esse... essa coisa fez de tão especial para salvá-lo?

Karlo bagunçou o cabelo de Lú com os dedos e sorrindo, disse:

— Bem, muita coisa, mas a mais impressionante é que... ele voa.

...

Lú caiu sentado no chão junto com a sua espada de madeira. Ele estava ofegante, molhado de suor e seus braços estavam trêmulos, doloridos do último golpe que levou. À sua frente, outra espada apontava para o seu rosto. Um garoto menor que ele o tinha derrubado em poucos segundos.

Karlo olhava para ele com os braços cruzados e uma cara de desaprovação. Mas aquele homem parecia não entender que o garoto azul era inexperiente, e sequer lhe deu um descanso após chegarem a Luária.

Eles estavam em um campo circular rodeado por árvores, e o lugar funcionava exatamente para esse propósito. Treinos com espada. Havia muitos garotos junto com os que vieram do antigo vilarejo por ali. Foram divididos em três grupos com cinco e seis meninos. Sendo responsáveis pelo treinamento: Jober, Nero e Karlo. A única garota presente era a irmã de Otto, que por sinal, manejava muito bem a sua espada.

Lú se sentia péssimo. O garoto que o derrubou pegava aquela réplica de espada pela primeira vez. Ele era o mais velho e o maior do seu grupo, porém, também era o mais magro e fraco.

— Levante-se, sua lesma azul! — ordenou Karlo, impaciente. — E não me olhe com essa cara.

Lú pôde escutar as risadas abafadas dos outros garotos. Ele obedeceu, ficando de pé, envergonhado. A sua roupa estava suja e os seus olhos demonstravam o seu cansaço.

— Garoto, em uma batalha você não pode só voar — disse Karlo após um suspiro. — Pegue a sua espada do chão e lute como um homem!

Karlo nunca tinha gritado com ele daquela forma. Novamente ele obedeceu, pegando aquele pedaço de madeira da terra.

— Senhor Karlo — disse Otto, que assistia a tudo. — Não está pegando pesado demais com ele?

— Eu sei o que estou fazendo, por favor, não se intrometa. — Karlo olhou para o rapaz, demonstrando a sua irritação.

Otto ficou em silêncio após ser repreendido.

— Me deem espaço! — ordenou ele aos garotos em volta. Ele se aproximou do garoto azul, exibindo uma face colérica, colocando a mão sobre o cabo da sua espada. — Otto — ele disse sem tirar os olhos de Lú. — Dê a sua espada a ele.

— Mas...

— Agora!

Lú engoliu em seco. Aquele não era o mesmo Karlo que ele conhecia. Que história era aquela de espadas de verdade? Otto entregou a sua espada para Lú, mesmo não concordando com aquela ideia absurda.

— Não acho isso uma boa ideia. — ele disse em voz baixa enquanto olhava para Karlo.

Karlo não se importou, apenas desembainhou a sua espada reluzente. Lú temia por si mesmo. Se ele não estava preparado para uma luta com espadas de madeira contra um novato, imagine contra o seu próprio mestre? Aquilo não ia dar certo.

A espada de Otto era pesada, Lú mal conseguia erguê-la, então ele a mantinha com a ponta no chão, enquanto Karlo se aproximava lentamente como se preparando para um bote.

Lú sabia que Karlo não estava brincando, ele ia partir para cima dele com tudo. O garoto se preparava, tentando erguer aquela espada com a força que não tinha. E como esperado, Karlo saltou com a espada, mirando o seu corte afiado na direção do peito do feiticeiro.

— Defenda-se, Lú! — Era o grito de Otto apoiando-o.

Lú fez uma cara feia ao tentar levantar a espada para usar o seu fio afiado como um escudo para se defender do ataque de Karlo. Tinha dado certo, o tilintar foi ensurdecedor, arrepiando seus pelos, mas ainda não tinha acabado. O homem projetou sua lâmina novamente em uma nova direção, na altura de rosto do garoto, Lú mais uma vez repetiu a manobra.

Os movimentos se repetiam uma e outra vez, com todos ao redor deles assistindo a luta. Otto parecia preocupado com aquilo tudo. Lú estava conseguindo se defender, mas era só isso. Karlo avançava a cada golpe e o garoto sempre recuava um passo. O rapaz previa algo ruim, era uma forma muito errada para ensinar um leigo.

— O que o Karlo pensa que está fazendo? — Jober perguntou, aparecendo ao lado de Otto. — Ele quer matar o mascote?

— Não faço ideia.

Lú defendeu-se mais uma vez, o golpe o partiria ao meio se viesse a acertá-lo. Por cima da sua cabeça, ele segurava a espada de Otto com uma mão no cabo e outra na ponta, enquanto Karlo projetava toda a sua força em sua lâmina para quebrar a defesa do garoto.

Karlo nem sequer suava, enquanto Lú sentia suas mãos trêmulas. Gotas de sangue que vinham de sua mão pingavam em sua face. Segurar firme a lâmina afiada custava o seu preço. Mas ele sabia que, ou era isso ou morrer pelas mãos do próprio mentor — ele ainda não conseguia acreditar naquela história de imortalidade.

Lú já não suportava mais e em uma tentativa arriscada, ele saltou de costas. Deu certo, conseguiu se livrar da dominação de Karlo, mas com isso, acabou perdendo a espada de Otto.

Karlo caminhou, passando pela lâmina do rapaz no chão. Ele olhava com a cara fechada para o garoto. Lú não acreditava que Karlo pudesse atacar alguém desarmado, não faria isso.

Mas ele fez.

Lú sentiu o golpe certeiro da lâmina atravessando o seu peito. Karlo ainda estava em sua posição de ataque, segurando o cabo da espada. Os seus olhos estavam fechados como se não quisesse ver o que havia acabado de fazer.

O garoto se pôs de joelhos, seus olhos estavam esbugalhados e cuspia lufadas de sangue enquanto seus pensamentos começavam a ficar desordenados.

Todos em volta estavam sem reação, boquiabertos. O que Karlo havia acabado de fazer?

O homem retirou a espada do corpo do garoto, vendo-o tombar de bruços com o seu olhar de pesar. Ele lhe deu as costas e fechou os olhos, como se estivesse arrependido, embora se mantivesse firme em relação ao seu ato.

— Garoto — disse ele para Lú, mesmo sabendo que talvez ele nem estivesse mais escutando. — Entenda uma coisa. Ou você luta ou morre. 

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