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III - SONHOS AMARGOS

O sol estava se pondo. O céu era de um tom laranja avermelhado, e as nuvens ralas lilás. A aurora austral do entardecer era linda, principalmente naquela praia totalmente deserta. A maré era calma, empurrando as ondas para se chocarem nos rochedos presentes nas encostas de gigantes precipícios e taludes a alguns quilômetros. Gaivotas e outras aves barulhentas dispersavam em bandos, voando em direção às árvores à procura de algum lugar para dormir.

Lú abraçava os joelhos sem se importar com o frio que acompanhava o anoitecer e nem com a fome que fazia o seu estômago roncar alto. Os seus olhos sem cor fitavam o horizonte. Finalmente estava sozinho e aquela garota estranha havia ido embora. Ele queria ficar ali, desolado, deprimido, buscando apenas um conforto nas noites sombrias.

A lua.

O gigante satélite natural que surgia ao longe. A esfera azul que brilhava e nascia do profundo oceano. Aquela lua que trazia paz ao coração do garoto, que o tranquilizava em seus momentos difíceis, por mais terríveis que fossem. As energias daquele astro penetravam no fundo da sua alma arrancando qualquer amargura plantada, qualquer sentimento de ódio. A noite era linda, maravilhosa com o poder do seu regente.

Não demorou muito para ficar tudo escuro. A lua que ainda surgia no horizonte, iluminava como se sua luz fosse uma grande lâmpada de brilho azul, embora deixasse sombras horripilantes ao redor.

Lú já estava quase pegando no sono. Os seus olhos se negavam a continuarem abertos, então ele cochilou com o rosto enterrado em seus joelhos enquanto os abraçava, mas um leve ruído de passos na areia o assustou. Os seus olhos se arregalaram ao mesmo tempo que ergueu a cabeça. Ele não queria olhar para trás. Continuou imóvel, como se isso adiantasse caso fosse um predador em seu bote.

— Lú?

Ele fez uma careta ao suspirar de alívio. Reconheceu a voz daquela garota irritante. Ela havia voltado.

— O que você quer? — disse ele sem ao menos olhar para ela. — Achei que tinha ido embora.

— Eu não vou deixá-lo sozinho, mesmo que não aceite isso.

— Eu não quero a sua companhia! Vai embora.

— Eu já lhe respondi. Poderia olhar para mim?

— Eu não sou obrigado.

— Eu sei que está com fome e frio — Lauren disse depois de se ajoelhar atrás dele.

Lú olhou de lado e percebeu que ela tinha algo nas mãos. Ele virou-se para ela e viu que ela carregava um tecido grosso, um tipo de cobertor escuro feito de lã de carneiro, e em cima dele havia umas três frutas vermelhas, que lembravam maçãs. O garoto ficou sem reação.

— Pegue e coma. Eu sei que está com fome — disse Lauren, sorrindo.

O garoto azul olhava as frutas com receio, e por mais que estivesse faminto, poderia ele confiar naquela garota?

— Eu sei que essas maçãs não vão satisfazer a sua fome, mas foi o que encontrei. Me desculpe.

Ela realmente parecia preocupada e demonstrava culpa por não trazer uma comida melhor. O garoto achou isso estranho. Ele fitava as maçãs, que pareciam deliciosas. Embora a fome o atormentasse, àquela altura ele ainda desconfiava.

Lauren pegou uma maçã e estendeu a ele.

— Pegue — disse ela, sorrindo.

O garoto a ignorou e pegou outra maçã. Observou bem, e a fruta parecia perfeita. Casca avermelhada e brilhante, sem nenhuma arranhadura ou perfuração. Muito estranho. Lú estendeu a mão a ela, segurando a fruta.

— Morda!

Lauren se surpreendeu. Percebia-se isso em seu semblante e em seus olhos assustados.

— Mas, por que isso? — ela questionou. — Não confia em mim?

— O que você acha? — respondeu Lú com sarcasmo e mantendo a feição séria e destemida.

Lauren fez um gesto para dispensar a maçã da mão do garoto.

— Olha, eu não seria capaz de fazer nada contra você. Por que não consegue entender que eu só quero protegê-lo?

— Então me prove isso. Morda essa maçã!

Lauren fez uma pausa e olhou para a fruta como se não a desejasse de fato, mas cedeu e a tomou em suas mãos. Lú observou bem enquanto a ninfa mordia a fruta, e escutava, atento, aos ruídos da sua mastigação até ela engolir. No primeiro momento, nenhuma reação.

— Pronto! Agora está convencido?

— Ainda não. Agora morda essa.

Estendeu a ela outra maçã. Lauren suspirou ao pegar a fruta.

— Isso é mesmo necessário?

Lú não respondeu, apenas assentiu positivamente com a cabeça. Novamente, Lauren deu uma mordida na outra maçã e engoliu. Porém, mal engolira e o garoto já lhe estendia a terceira fruta para o teste.

— Lú, isso me deixa triste. Por favor, pare com isso. O garoto estreitou os olhos.

— Não acredito em seu apelo. Me parece falso!

Lauren pegou a fruta parecendo estar realmente triste, mas obedeceu ao garoto. Ela faria tudo para poder conquistar a sua confiança, até mesmo comer uma fruta envenenada, se fosse o caso.

Todas as frutas foram mordidas e a ninfa aparentemente estava bem saudável. Mas o garoto era "cabeça dura".

— Não vai comer? — Lauren perguntou.

— Não. Prefiro eu mesmo conseguir meu próprio alimento.

— Não vai conseguir fazer isso sozinho.

— Por que não? Eu sempre frequentei florestas, sei me virar.

— Você se perdia. — Um breve silêncio se infiltrou. — Lú, você era teimoso e sempre queria retornar àquele lugar, mas nunca conseguia voltar.

Lú estava assustado, embora fingisse não demonstrar.

— Você queria provar a todos que era corajoso, mas, na verdade, você tinha medo, muito medo. Você não é um covarde, só não se sente bem em lugares muito fechados. Lá era escuro, não era?

Lauren via o medo nos olhos dele. Mesmo que ele tentasse esconder seus sentimentos, ela sabia que estava sendo sombria ao tocar em um assunto que lhe causava angústia.

— A sua mãe sempre ia te salvar e você se sentia envergonhando por isso. — Lauren resolveu não continuar, percebia os olhos lacrimejantes do garoto. A ninfa mudou o seu semblante frio e sorriu. — Eu quero te ajudar a sobreviver aqui. Eu quero passar todo o conhecimento que tenho desse lado do mundo para você.

Ela tocou suavemente o ombro dele, mas de uma forma feroz, o garoto segurou o pulso dela com força. Ele não estava mais com medo, estava com ódio. A garota não conseguia se mover.

— Como sabe da minha vida? — ele perguntou. — Quem é você? Ou melhor, o que é você?

Lauren não parecia sentir dor, ela estava muito tranquila

— Me desculpe, eu não queria ter falado essas coisas. Eu quero ajudá-lo a superar o seu medo. Aqui é muito perigoso, você precisa aprender a se defender, e sozinho nunca irá conseguir.

— Você não respondeu as minhas perguntas!

Ela mordeu seu lábio, franzindo o cenho.

— Eu já te disse, eu sou uma ninfa.

Lú fez uma expressão de repugnância.

— O que é isso? Um tipo de espião do reino?

Lauren sentiu Lú apertar ainda mais o seu pulso. Ela não demonstrava dor alguma, mas aquilo a incomodava e a força daquele garoto já estava desproporcional ao seu tamanho, até mesmo para uma pessoa adulta.

— Bem... eu sou uma criatura da natureza. — A sua voz era suave, ela explicava com delicadeza, tentando transbordar um pouco de ternura. — Eu posso estar em todas as partes, protegendo os seres vivos daqui. Eu nunca irei machucá-lo, Lú Ecss, não tenho motivos para isso. As minhas mãos nunca tocaram em sangue. — Ela fez uma pausa ao notar que ele estava atento. Talvez estivesse conseguindo convencê-lo.

— Qual o seu interesse em mim?

— Protegê-lo. Você é o único...— ela se interrompeu, já sabia que ia falar algo delicado e apenas sussurrou as últimas palavras. — Da sua... espécie.

Ele finalmente a soltou. O pulso da ninfa estava marcado em vermelho, até mesmo Lú se perguntava se ela sentia dor.

Uma lágrima correu pela face do garoto. Ele olhou para trás, para onde ficava a sua ilha, e ficou assim por alguns instantes, mas logo engoliu o choro e olhou para a garota.

— Eu ainda não acredito em você.

— Ahh... — Lauren abaixou a cabeça. Todos os seus esforços tinham sido em vão.

Uma luz surgia a certa distância, era apenas um pontinho, que logo foi sendo seguindo por vários outros pontinhos que saíam da floresta em direção à praia. Isso logo chamou a atenção do garoto azul. Ele apontou o dedo na direção correspondente e rosnou.

— São os seus amigos? Vieram me matar?

Lauren levantou a cabeça e olhou na direção que ele estava apontando.

— Do que está falando? Abaixe a voz! — ela disse em um sussurro.

A ninfa analisou as luzes, que aumentavam gradativamente. Já eram cerca de doze luzes se direcionando para eles.

— Precisamos sair daqui, Lú! — disse ela preocupada ao se levantar e segurar no braço dele. — Vamos! Depressa!

Lú estreitou os olhos e nem sequer se moveu.

— Não confio em você, eu já disse — disse ele.

— Não temos tempo para isso, precisamos sair daqui.

— Não vou com você a lugar algum. — Lú levantou-se.

Uma flecha atingiu o solo a poucos centímetros dos pés do garoto. A ponta da seta era de sílex, o corpo de madeira, e em sua extremidade possuía penas brancas. Lauren analisou o instrumento.

— Eles não são do reino, mas é bom corremos. Eles já perceberam a nossa presença.

Lú olhou para as luzes que na verdade eram tochas. Aqueles indivíduos ainda estavam longe o suficiente para eles escaparem, apesar de possuírem uma boa pontaria. Talvez fosse uma boa ideia acreditar em Lauren naquele instante, mas... e se fosse uma emboscada? Ele não tinha muitas opções naquele momento.

— Vamos, Lú!

Lú assentiu, então a garota foi correndo de fininho na frente e ele a seguiu.

Lauren seguia em frente pela praia, mas Lú não aprovava aquela ideia, nunca que iriam despistá-los.

— O que são eles? — Lú perguntou, sem perder o ritmo da corrida.

— Devem ser caçadores, mas não se pode confiar. A sua cabeça deve valer ouro se o encontrarem.

— Não vamos despistá-los se continuarmos em linha reta.

— Dentro na floresta pode ser mais perigoso. Não sabemos o que se pode encontrar lá. — Lauren olhou para ele.

Lú nem deu ouvidos para a Lauren, e parou de correr sem que ela percebesse. Olhou para trás e os indivíduos ainda estavam à vista. Eles se movimentavam rápido. O garoto não ia ficar ali para ser alvo de outras flechas. Resolveu cortar caminho e entrar na floresta.

Ele estava sozinho agora. As árvores eram bem próximas umas das outras e extremamente altas, as copas apresentavam densas folhagem e nem se via o céu, a não ser por uma pequena fresta onde se infiltrava uma fina luz lunar. Além de escuro era úmido e frio. Ele já sentia o aperto no peito de estar em locais como aquele. Era a mesma vegetação da sua ilha natal, onde ele se perdia em suas tentativas frustradas de provar que era corajoso. Ele cruzou os braços em seu tórax, rangendo os dentes. Quanto mais entrava, mais congelante ficava o clima. Estava um silêncio total, apenas se ouvia os grilos e corujas.

As árvores formavam um cerco e o caminho parecia se estreitar mais. Ele já estava apavorado, o ar ali não era mais o mesmo. Estava rarefeito. A falta de fôlego o deixou exausto rapidamente. Ele sabia que tudo aquilo era o seu psicológico, obra de sua mente perturbada, embora esses sintomas fossem de uma claustrofobia, que para ele não sabia como se chamava.

Ele ajoelhou-se no chão e a sua visão ficou turva. Um barulho. E não era da natureza.

Eram vozes murmuradas, talvez não muito longe dali. Ele estava em perigo novamente. Lauren estava certa desde o início. Ele não devia ter entrado na floresta, seria uma presa fácil ali. A ninfa já sabia que o pequeno problema psicológico do garoto ia derrubá-lo logo.

Ele via algo à sua frente e não sabia se era alguma obra da sua imaginação involuntária.

Estava parado em sua frente, a poucos metros, olhando para ele com seus olhos amarelos fixantes. A fumaça negra percorria o seu pequeno corpo, como uma névoa que se dissipava, era como se ele estivesse evaporando. Lú já o tinha visto antes e a criatura esboçou algo como um sorriso.

Um gato preto.


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