Capítulo 5 - Revelações
A imagem de capa é o Thanatos em IA.
Esse capítulo possuí 3600 palavras.
Boa leitura 🖤
O estrondo ecoou por todo submundo, assustando todos os seres do local, de imediato vira Hades partir para o Olimpo, fato que o deixou intrigado, jamais o vira sair daquela maneira, a não ser que algo terrivelmente grave tivesse acontecido. Mesmo com isto, resolvera ficar até as ordens serem dadas, poderia ser apenas uma briga entre seus irmãos, não seria a primeira vez, talvez Poseidon tivesse finalmente matado Zeus.
Continuou a designar os trabalhos aos seus servos, por vários minutos, uma tarefa incansável e entediante, até um doce cheiro invadir suas narinas, fazendo-o suspirar prazerosamente.
— Saiam e não permitam que ninguém se aproxime dessa área — ordenou sem dar oportunidade para que eles falassem algo, simplesmente assentiram em concordância.
Nunca tivera a oportunidade de vê-la a sós, embora fosse um pouco sua culpa, pois fugia de qualquer contato com ela, desde o sublime encontro há pouco mais de dezoito anos, nunca mais trocaram nem ao menos uma palavra, tinha medo de sucumbir novamente aos desejos que estavam enraizados em seu peito, então não entendia o motivo dela estar ali em sua morada.
Não poderia estar ali pelo Hades, pois assim que pisara no submundo, fora de imediato para os seus domínios, embora nunca tivesse sequer pisado lá. Assim que ficaram frente a frente, a primeira coisa que notou foi a genuína curiosidade com o local, quase o fazendo revirar os olhos, algumas coisas não mudavam.
Permitiu-se admirá-la sem receios, tão linda quanto há dezoito anos, mudara absolutamente nada, na verdade, diria que ela conseguira ficar mais bela que já era, sentiu-se levemente irritado com os sentimentos que sua presença despertou, principalmente por sentir todo o ar em sua volta parado e seu coração trepidando alucinadamente, era por este motivo que fugia dela, não suportava ver o quão afetado era pela sua presença.
— O que faz aqui? — a voz saiu mais rouca que pretendera, fazendo-a arfar.
Por um momento lembrou-se do único momento que tiveram, sentiu cada célula de seu corpo queimar, principalmente ao ver a luxúria em seu olhar, não conseguia conter o próprio desejo, ato que ela conseguia notar.
— Precisamos conversar, algo sério — ela confessa trêmula, deixando-o curioso.
Não conseguia deixar de olhá-la, principalmente após tanto tempo, sentia como se um ímã os aproximasse, fazendo-o usar todo o autocontrole que possuía para negá-la, tudo que queria naquele momento era tê-la, mas sabia que não poderia.
Por que ela estava ali?
Não fora suficientemente claro ao dizer que não poderiam se envolver?
— Não vejo que assunto temos para debater — desconversa irritado consigo mesmo, nem conseguia manter o controle perto dela, pois ela sentia todos seus sentimentos, o que era irritante.
— Thanatos, por favor, isto é importante! — ela fala aflita, fazendo-o suspirar.
— Fala.
— Soube algo do ataque que o Olimpo sofreu mais cedo? — ela pergunta temerosa.
Era impossível que não soubesse, isto foi comentado por todos os Deuses, até mesmo os humanos sentiram o baque, embora não entendessem. Os seres no submundo ficaram alvoroçados, até mesmo Hades partira até lá para verificar pessoalmente, mas não entendia o motivo dela falar aquilo, principalmente o que isto teria com a conversa.
— Sim, mas o que isto tem com o assunto? — perguntou um pouco mais sério.
— Se lembra do que aconteceu há dezoito anos? — ela perguntou tensa, fazendo-o suspirar exasperado.
Aquele era um grande tabu, não poderia se lembrar do que nunca esquecera, a cada maldito dia após aquele encontro, lembrava-se dela, o toque da pele macia, os olhos brilhando em puro prazer, os sentimentos que apenas ela despertara, por muitos anos, sonhara com ela, sonhos tão vividos que o faziam acordar com a sensação que ela estava consigo, por conta disto, tivera que pedir ao seu irmão Morfeu para ajudá-lo a dormir sem sonhos, ou acabaria enlouquecendo por conta deles.
— Afrodite pare de enrolar e vá direto para o assunto! — estava irritado, principalmente por ela querer lembrá-lo disto, a sua presença já era suficiente para tal.
— Os assuntos estão entrelaçados...
Olhou-a sem entender, principalmente por vê-la corar evitando olhá-lo, ato que aumentou a sua curiosidade.
— O que o ataque ao Olimpo tem com o fato da gente ter se envolvido?! — olhou-a incrédulo.
Afrodite assumiu uma leve coloração nas bochechas, aumentando sua curiosidade.
— Não percebi isto, fui notar apenas um mês depois do nosso envolvimento, mas eu fiquei grávida-
— O QUÊ?!
Sua boca agiu automaticamente, sentia tanta raiva que seu sangue fervia, para ela estar contando aquilo, somente significava uma coisa, ela ficara grávida de um filho seu!
Filho...
Essa palavra latejou em sua mente, ocasionando um vendaval de emoções que não soube identificar, somente olhou-a completamente assustado, sentia sobretudo, algo que apenas a presença dela ocasionava, um nervosismo sem fim, o pensamento dela grávida era aterrorizante, mas não pela criança, mas sim por ela esconder o fato.
Os olhos claros estavam assustados em sua direção, percebera que estava mais emocional que o normal, respirou fundo para tentar manter a racionalidade e controle, ou acabaria brigando com ela sem ao menos saber a história.
— Afrodite-
— Me escuta, depois pode falar a vontade! — ela interrompeu-o mostrando o quão aflita estava.
Assentiu em silêncio, se sentia incapacitado de falar algo, como se sua garganta estivesse presa.
— Após nossa... noite, fiquei dispersa, não notei nada diferente, até que comecei a adoecer, fato estranho já que nunca adoeci antes, então notei que estava grávida, fiquei em pânico, sobretudo, com a sua reação — ela confessou fazendo-o arregalar os olhos.
Sentiu-se tremendamente traído, de todas as maneiras que ela poderia atingi-lo, esconder um filho era a pior delas, sempre tivera vontade de ser pai, sua prole, saber que ela concebeu um ser metade dele, feito em um momento tão sublime, deixou-o desnorteado, assim como a sensação de tristeza, ela escondeu o fato por dezoito anos.
— COMO VOCÊ PODE ME ESCONDER UM FILHO?! — ela pulou pelo susto ao escutar o grito estridente.
— Thanatos-
— VOCÊ NÃO TINHA ESSE DIREITO! — interrompeu-a com profunda fúria.
As lágrimas escorriam pela face da Deusa a sua frente, deixando-o mais irado, era irritante o sentimento, mas detestava vê-la daquela maneira, contudo, seus sentimentos se sobressaiam, não conseguia impedir seu rancor ao pensar que dezoito anos fora tirado de si, não conhecia sua prole, nem ao menos sabia o que era, tudo isto porquê?
— Pensei que me tiraria ela! — ela falou aos prantos.
Olhou-a sem conter o espanto por longos segundos, sabia que o ser entre eles, teria que escolher entre o Olimpo e o Submundo, dificilmente ele teria acesso aos dois, mas jamais ousaria tirar um filho de uma mãe!
— Essa a imagem que tem de mim? Que sou tão baixo ao ponto de separar o filho de uma mãe?! — a decepção em sua voz a fez chorar mais.
Era um ser frio, desprovido de quaisquer sentimentos, aprendera a ser indesejado, pois era o próprio agouro, a única vez que conseguira demonstrar suas emoções, foi justamente com o ser que o apunhalou, jamais tratou ninguém como fez com ela, saber que ela pensava tão pouco dele, deixava-o completamente triste. A noite que tiveram estava gravada em sua mente, assim como em seu coração, sempre soube que não fora nada além de uma aventura para ela, embora duvidasse que ela sentisse apenas desejo, a união que tiveram foi além, era impossível de negar.
Então saber que ela escondera um filho, era a pior traição que poderia acontecer, principalmente se tratando de seus sentimentos, era tido como ser com coração de ferro, não no sentido literal da palavra, mas emoções era algo que não possuía, nem ao menos os entendia, mas passou a ter desde o encontro com ela.
— Thanatos-
— Afrodite... sempre sonhei em ser... ser pai, eu perdi todas as etapas... meu próprio filho pensará que eu não o quis... como pode tirar isso de mim?! — interrompeu-a com a voz quebrada.
Ela não aguentou a pressão dos seus sentimentos junto dos dele, sabia que estava sufocando-a, pois a Deusa conseguia sentir tudo, chorava copiosamente, assim como percebeu ela chorar, ao vê-la tão destruída, sua dor pareceu aumentar, não suportava vê-la daquela maneira.
Tudo que sentira no momento em que ficaram juntos, voltou de forma intensa, era por este motivo que se manteve a distância, pois não fora apenas a luxúria que os uniu aquele dia, embora negasse esse sentimento, até mesmo em seus pensamentos, pois sabia que se desse a menor chance, sofreria. Jamais poderiam ficar juntos, ela era um ser resplandecente, pertencente a luz, já ele, ao contrário de tudo, além que não suportaria o estilo de vida que ela levava, se fosse para ser sua, seria somente ele em sua vida, não aceitaria dividi-la com ninguém, fato que a Deusa não compactuava.
— Por que esta revelando somente agora? — pergunta num sussurro.
— Durante a gravidez... tive medo da sua reação, pois se ela mostrasse que seus poderes eram mais voltados para a escuridão, ela não poderia ficar comigo, mas após o nascimento de nossa filha, percebi um motivo maior para escondê-la, não apenas por sua causa, mas os poderes são imensos, isto esteve evidente desde quando ela estava em meu ventre.
Por um instante, o sentimento de orgulho se apossou de seu coração, tivera uma menina, a imagem dela se fez em sua mente, mesmo sabendo ser impossível adivinhar com precisão, mas apostava que ela era a mistura perfeita deles, tão linda quanto a mãe, assim como era forte, seus poderes deveriam ser imensos, já que a própria Afrodite sentiu durante a gravidez. Sua filha deveria ser extraordinária, linda e poderosa, pensar nisto o fez sorrir minimamente, embora sentisse tristeza, pois não seria nada além de um estranho para ela.
Então a outra parte da conversa apareceu em sua mente, o fato dela falar sobre o Olimpo e que ambos casos estavam entrelaçados, seria possível que sua filha ocasionaria isto?!
— Ela que ocasionou o ataque? — olhou-a em choque.
— Thanatos, se lembra da profecia? — ela perguntou em contrapartida, fazendo-o arregalar os olhos.
Ela não precisou nomear, todos conheciam, naquele instante se tocou sobre o que falava, sua filha era a criança de profecia, era ela quem as moiras falaram.
— Vamos — ordenou fazendo-a olhá-lo sem entender.
— Ela é a criança da profecia, me conta no caminho o que realmente aconteceu, precisamos salvá-la — explicou calmamente.
Ela assentiu, seguindo-o, esperava ao menos que chegassem a tempo.
✯❍
Os sons de socos ecoavam pelo local, deixando todos assustados, seguiram em direção onde ocorria a briga, a cada instante percebia a Deusa mais apreensiva.
O prédio principal estava parcialmente destruído, se espantou diante a cena, jamais imaginou ver Ares enfrentando Zeus, embora não fosse páreo para ele, percebia que o pai do cosmos estava mais lhe dando uma lição, que querendo realmente matá-lo.
— Disse para sair da frente, estou me cansando de você! — Zeus vociferou com raiva.
Percebeu que Ares protegia a entrada das celas mais seguras do Olimpo, deveria ser onde sua filha estaria, sentiu-se grato por ele estar enfrentando o próprio pai para protegê-la.
— Já disse que vou protegê-la, somente saio morto! — Ares retrucou irritado, fazendo Zeus arregalar os olhos.
— Se é isto que deseja — Zeus responde friamente.
Observou Zeus se preparar para golpeá-lo com seus raios, no mesmo instante que Afrodite gritou estridente, seu corpo agiu de imediato, colocando-se sobre Ares, barrando o ataque de Zeus.
— Sempre pensei que fosse um tolo, mas ferir sua própria prole, é repugnante — sua voz saíra totalmente fria, fazendo ambos arregalarem os olhos ao vê-lo ali.
Em um salto, Zeus tomou a distância, olhando-o com uma raiva pura, ignorou-o por alguns instantes, se focando em Ares, este que estava completamente machucado, colocou a mão sobre o braço do Deus, curando-o por completo de todas as feridas, fazendo-o olhá-lo surpreso, fato que o irritou.
Não era um completo ignorante, aquele ser provavelmente era a figura paterna que sua filha tivera, esteve com ela em todos os momentos e estava a protegendo, então, porque o deixaria ferido daquela maneira?
— Obrigado — Ares fala chocado.
Revirou os olhos diante a cena, virou-se para Zeus que mantinha o olhar sério em sua direção, fazendo-o erguer a sobrancelha, olhando-o com desprezo.
— Então você é o pai daquela aberração! — Zeus grita em fúria.
— Em primeiro lugar, aberração é você, se falar novamente da minha filha dessa maneira, vou matá-lo — respondeu irado.
— Você e Afrodite desobedeceram às ordens! Ela não era para ter nascido! — Zeus retruca furioso, fazendo-o suspirar irritado.
— Pelo que me lembro, Afrodite não estava proibida de engravidar, então não quebramos nenhuma regra — replicou ácido.
— Essa garota matou um Deus, precisa ser detida! — Zeus responde irritado.
— Já ousou perguntar o motivo dela ter feito isto? — retrucou fazendo-o bufar.
Ignorando-o por completo, o Zeus encaminhou-se para a porta, quebrando-a com um simples movimento, a aura demonstrava o quão decidido ele estava para matá-la. Sem pensar, colocou-se em sua frente, mostrando a sua aura, sem conter a raiva que sentia, por um instante ele ficou em choque, até se preparar para o ataque.
— Zeus, fique ciente que se movimentar um único músculo, vou matá-lo e não me importo com as consequências, me conhece o suficiente para saber que não estou brincando — sua voz saiu tão fria que pareceu congelar o local.
Observando que o Zeus se manteve na postura de ataque, começou a relaxar, fazendo sua aura preencher tudo a volta dele, paralisando seus sentidos, colocando sua mente em uma prisão mental, seus músculos paralisaram, até mesmo a respiração estava suspensa, pois, o deixara em estado vegetativo, não duraria muito contra ele, mas era o suficiente para atacá-lo de perto. Manipulando a escuridão a sua volta, fez uma longa lança, direcionando para o peito de Zeus, pretendia atingi-lo direto em seu coração, fazendo a escuridão tomar conta de seu corpo, matando-o no processo.
Assim que a lançou em direção à Zeus, não conteve o suspiro irritado ao vê-lo parado ao lado do irmão, simplesmente segurou a lança, impedindo-a de acertá-lo.
— Acorde — a voz melodiosa de Hades fez Zeus balançar a cabeça, completamente confuso.
Zeus observou o irmão mais velho quebrar a lança e então olhou em choque em sua direção, percebendo a que ponto fora ingênuo ao enfrentá-lo daquela maneira.
— Podemos resolver isto pacificamente, certo? — Hades perguntou com seriedade.
— Zeus quer matar minha filha, então não podemos — respondeu olhando-o com frieza.
Sempre o respeitou em demasiado, entre os irmãos do Olimpo, ele era quem mais respeitava, além de ser subordinado do imperador do submundo, sabia que ele estava surpreso por enfrentá-lo daquela maneira, mas não permitiria que fizesse mal a sua prole.
— Sua filha é uma Deusa grega, deve responder pelos seus atos, embora não deva ser executada sem chance de defesa — Hades fala o surpreendendo, não fora o único, pois, seu irmão mais novo olhou-o em choque.
— Hades-
— Está vivo apenas porque eu impedi, se Thanatos quiser pode matar à todos, então o que prefere? — Hades interrompeu o irmão que suspirou concordando, emburrado.
— Ela terá chance de defesa, mas fiquem cientes que não são apenas os Deuses gregos que votarão, pois, ela matou o líder do panteão sumério! — Zeus resmunga irritado.
Não conteve a surpresa pelo fato, não compreendia o motivo dela fazer isto, afinal Afrodite falara que ela foi orientada a nunca deixar os domínios dela, não conhecia nada, então não tinha motivos para ela fazer isto.
— Estaremos esperando na sala do conselho — Hades fala puxando o irmão consigo.
O suspiro de Afrodite o fez olhá-la curiosamente, seu semblante era aliviado, assim como de Ares, mas não conseguia se sentir assim também, principalmente por sentir que essa era uma batalha que não dependiam apenas deles.
Virou-se para entrar no quarto, estava curioso para vê-la, quando a mão grande de Ares o segurou, fazendo-o olhá-lo com raiva.
— Ela está nua, ainda está machucada, melhor que Afrodite entre para cuidar dela — Ares responde olhando-o com seriedade.
Olhou por alguns segundos para os olhos acinzentados do Deus da guerra, antes de assentir em concordância, sua curiosidade poderia esperar, por hora.
— Não possuo nenhuma roupa comigo — Afrodite resmunga preocupada.
— Acredito que ali tenha um banheiro, dê um longo banho nela, coloque isto — fala entregando sua capa para Deusa, que pegou-a sorrindo minimamente.
Sentiu-se um pouco estranho ao estar a sós com Ares, principalmente pelos olhares acusatórios em sua direção, tentara se manter neutro, evitando confronto, mas não estava aguentando ser tratado daquela maneira, especialmente por ele agir como se tivesse sido traído.
— Qual o problema? — a pergunta pegou-o desprevenido, pois o Deus da guerra corou por uns instantes.
— Muitos, não saberia nem ao menos nomeá-los — Ares retruca amuado.
Não era preciso muito para entender que ele estava irritado pelo fato de ter se envolvido com Afrodite, embora fosse igualmente irônico, já que era o companheiro dela, deveria estar acostumado com essa cena.
— Não sabia que ela era sua esposa, ou algo do tipo, não sei que relação estranha vocês têm, então desmancha essa cara emburrada, não tenho culpa disso e nem tenho paciência para discutir algo assim — respondeu irônico.
Percebera que tocou em um ponto importante, pois vira a mágoa estampada na face do Deus a sua frente, por um instante ficara orgulhoso de feri-lo, era um comportamento ridículo, mas não conseguia evitar.
— Ela não era minha esposa, realmente não tem culpa, mas isto não me deixa mais tranquilo, sabendo que tocou na mulher que eu amo — Ares replica ácido.
Sabia dos sentimentos dele por Afrodite, mas escutá-lo dizer isto, ocasionou em um misto de emoções que não soube identificar, como sempre quando se tratava dela.
— Ares, somente estivemos juntos uma única vez, fique tranquilo quanto a isto, apenas quero recuperar o tempo com minha filha, isto não pode tirar de mim — resmungou irritado, fazendo-o suspirar.
— Thanatos, eu amo Evie, desde quando ela estava no ventre de Afrodite, não importava se não era minha filha, assim como nunca me importou o fato da mãe dela não me amar, Afrodite sente algo por você, nem mesmo os dezoito anos separados, a fez apagar os sentimentos, estes que eram alimentados a cada vez que ela olhava para a própria filha, então não estou tranquilo, pois eu amo as duas, mas quanto a você? — Ares pergunta serio.
Quase rira ao escutar o nome da filha, significado de vida, completamente ao contrário do que era, mas tão apropriado, sentiu o amor do Deus a sua frente pela filha, mesmo não sendo sua, tudo que importava eram os sentimentos dela, isto ficou evidente quando ele a protegeu, mesmo que com isto, precisasse lutar com seu próprio pai. Admirou Ares por conta disso, sempre pensara que ele era um pateta irracional, tivera que conviver com ele por muito tempo, afinal ele era um Deus avido pela guerra sangrenta, esta que ocasionava muitas mortes, então sempre o desprezou por conta disso, afinal ele desafiava o que era, pois sempre saia invicto das guerras, pois era imortal, o que achava um sacrilégio.
Contudo, a sua pergunta o pegara totalmente de surpresa, não imaginara que ele fosse admitir que Afrodite sentisse algo por outro, saber disso o fez ter sentimentos contraditórios, sentia vontade de ser honesto, admitir o que realmente sentia pela primeira vez.
Mas como esquecer quem era?
Não seria permitido a união entre ambos, somente a faria sofrer com isto, tudo isto para quê?
Era melhor deixar as coisas como estavam, assim era mais fácil de lidar, deixar ele saber dos reais sentimentos que possuía, era como contar para a própria Afrodite e a conhecendo, sabia que ela lutaria por eles, não achava justo isto, em especial, sabendo que ela sofreria por tentar viver ao seu lado.
— Não convivi com Evie, acredite que era o meu desejo, sempre sonhei em ter filhos, saber que isto foi tirado de mim, dói, não vou mentir, estou magoado com Afrodite por isto, mas o sentimento de amor por essa menina que nem conheço, é real, a protegerei de tudo, quanto a isto, não se preocupe — confessou fazendo-o sorrir aliviado.
— Evie é uma garota doce, vocês poderão recuperar todo tempo, quanto a Afrodite, não a julgue tanto, ela não sabia o que fazer, agiu impulsiva, mas fez o que acreditou ser o melhor — Ares responde sincero.
Sabia disso, foram tantas circunstâncias que levaram Afrodite a seguir aquele caminho, seria injusto julgá-la por agir emocionalmente, pois era assim que ela era, mas não conseguia impedir a mágoa de estar lá, seria preciso algum tempo para colocar os sentimentos e pensamentos em ordem.
— Quanto a Afrodite? — Ares perguntou insistente.
— Somos seres opostos, sabe que jamais será permitido isto — falou serio.
O sorriso triste em Ares o fez perceber duas coisas, admitira seus sentimentos sem querer e que o Deus esperava que negasse eles, entendia esse anseio que ele possuía, afinal amavam a mesma mulher, mas ao contrário dele, não poderia ficar ao lado dela, menos ainda fazê-la feliz, tudo graças a serem tão opostos.
Poderia remendar sua fala, para impedir que isto escapasse dali, pois jamais Afrodite poderia saber, mas manteve o semblante completamente inalterável, às vezes, justificar era pior, então preferiu não responder mais.
A presença de Afrodite impediu qualquer conversa que Ares poderia iniciar, sentiu-se ansioso ao vê-la tão séria.
— Vocês podem entrar, acredito que seja melhor Evie saber toda história antes da audiência, conheço muito bem minha filha, ela pode ter uma reação inesperada, isto a prejudicaria — Afrodite fala cansada.
Assentiu junto de Ares, adentrando silenciosamente no local, a jovem olhou em direção ao barulho, primeiramente olhando para o Deus da guerra e então fixando os olhos nos seus. Ela tinha tantas coisas dele, mas tão parecida com Afrodite, aquela mistura especial estava presente em todo lugar, seus olhos marejaram pela emoção, sentindo um amor que não experimentara até aquele momento.
Ela era sua filha, sua metade com Afrodite, a prova da união sublime que tiveram, nem em milênios conseguiu se sentir daquela maneira.
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