Capítulo 39- Até nas trevas existe a luz
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Boa leitura 🖤
O ódio de Érebo por Nix era tão profundo que apenas seu olhar ocasionou em arrepio nos presentes, mesmo que ele não tivesse mais poder nenhum, ainda era perigoso, além que não confiava em Nix.
— Eu amava você, mas essa sede de poder destruiu tudo! — Nix retruca.
— IDIOTA! SOMOS SERES PRIMORDIAIS, ESSES IMBECIS QUE DEVERIAM SE CURVAREM EM NOSSA PRESENÇA! OLIMPO ERA PARA SER NOSSO! — A voz do Deus ecoou como um estrondo.
Nix aproximou-se como um raio, em pura raiva, como se a minutos não tivesse chorado.
— A base do medo?! E quanto aos nossos filhos?! Eles seriam escravos também? — Nix retruca irada.
— Tive filhos somente para ter mais poder, eles não são nada além disso! — Érebo retruca debochado e então a olha com malícia — Não finja que se importa com nossa prole, você não tem sentimentos!
Nix arregalou os olhos e então pulou sobre o Deus, lhe dando um sonoro tapa que o fez cair sob o chão, não satisfeita ela montou sob ele e continuou o batendo, Érebo estava tão fraco que nem conseguia tirá-la ou se defender.
— MALDITO DESGRAÇADO! ODEIO VOCÊ!
A mão de Evie segurou fortemente a sua, fazendo-o suspirar diante da cena deplorável, sabia que para ela não era nada confortável ver os próprios avós se matando.
Sem conter a careta, Poseidon aproximou-se de Nix, puxando-a pela cintura enquanto a Deusa berrava furiosa.
— Acalma estressada! Se quer matá-lo vá diretamente, não somos obrigados a assistir DR! — Poseidon resmunga enquanto tentava segurá-la, pois Nix se debatia, olhando furiosa para Érebo.
— POSEIDON ME SOLTA QUE NÃO QUERO TE MACHUCAR! VOU ESTRAGAR ESSA MALDITA FACE DESSE IDIOTA!
Érebo olhou fixamente de Nix para Poseidon e então assumiu o semblante enjoado.
— Não tinha outro para transar?! Está tão necessitada que pegou esse?! Só falta dizer que pegou os três patetas gregos de uma vez! — Érebo resmunga irritado.
— NESSSITADO É VOCÊ! CAPIROTO DOS INFERNOS! MALDITA HORA QUE CASEI COM VOCÊ! NÃO FALE DO POSEIDON, NEM DE ZEUS E HADES, ELES SÃO MILHARES DE VEZES MELHOR QUE VOCÊ!
Érebo vibrava em raiva para Nix, a Deusa correspondia com igualdade, sentia-se incerto de interromper, pois estava tão atônito quanto os demais, pois nunca vira Nix tão temperamental daquela maneira.
— Melhor? Sua vadia desgraçada! Vai pagar se dormiu com eles, vou destruir cada membro seu! O que deveria ter feito assim que recuperei meus poderes, pois é isso que traidores merecem!
— O que está acontecendo?! — Evie perguntou em choque.
Nix recuou levemente, assim como Érebo, como se percebessem naquele instante que não estavam sozinhos, embora a raiva ainda estivesse lá.
Érebo suspirou focando em Evie, surpreendentemente não tinha nenhuma raiva em seu olhar, ele assumira um semblante sereno e sem emoções.
— Somos cisões do Caos, partes dele, os seres mais velhos existentes, por muito tempo mandavamos em tudo, mas acabou quando os malditos Deuses chegaram, apesar disso me mantive quieto, mas ver esses três patetas assumirem o trono foi demais, pois eles não merecem tal honra. Aproveitei o período após a titanomaquia para libertar os titãs e tomar tudo de volta, mas Nix junto de Zeus e Hades armaram contra mim. Me jogaram no rio Aqueronte, me enfraquecendo, após isso fiquei preso no Tártaro.
Evie olhou-o confusa e então voltou-se para Nix que estava claramente irritada.
— Sim Evie, ele é um pobre coitado, fizemos isso somente porque ele queria o poder, mas isso é nada demais! — Nix resmunga ácida fazendo Érebo erguer-se em fúria em direção a ela.
Os gritos de ambos preencheram o ambiente, fazendo-o suspirar irritado, como os primordiais agiam tão infantis?!
Uma densa e poderosa luz preencheu o ambiente, sufocante e massiva, era uma aura forte que jamais sentira, talvez comparada com a de Evie, mas não jazia raiva alguma, era apenas o poder intenso que exalava.
Nix e Érebo pararam de imediato, ajoelhando-se com o semblante assustado em direção àquela presença.
A luz gradualmente fora tomando forma, mostrando uma silhueta feminina, os cabelos tão longos que arrastavam no chão, vibravam em luzes e pulsações, jazia algumas poeiras das estrelas sob eles. O era corpo luminoso, tanto que doía olhar, mesmo assim elevou os olhos até a face, ainda mais brilhante e intensa, os olhos em profundas chamas, a luz primordial, a primeira a emergir.
Olhá-la diretamente o fez cair de joelhos, escutou alguns Deuses gemendo de dor ou até mesmo vomitando, como era o caso de Zeus, de tão intenso que era o poder.
— Como ousaram me acordar? — a voz ecoou tão profunda que escutá-la fazia seus ouvidos sangrarem.
— A culpa foi dele! Toda dele, juro que não tenho nada com isso! — Nix apontou freneticamente para Érebo.
— Sempre a mesma fútil, nunca assume seus erros, mas não estou surpreendida! — o ser retrucou.
— Mãe, assumo que roubei seu poder para assumir o controle, mas Nix sabia desde o início que era eu! — Érebo replica apressado.
Nix sabia?!
A maldita sabia e deixou que ele fizesse tudo aquilo?!
Tudo poderia ser evitado, Evie não precisava ter sofrido!
— Mãe? Você é o Caos? — Evie perguntou olhando-a diretamente para o ser, era a única que não parecia tão afetada com sua presença.
O ser riu levemente, aproximando-se de Evie, com dificuldade levantou-se, colocando-se entre Evie e Caos, fazendo-a parar, poderia morrer, mas ela não encostaria em Evie!
— Não vim aqui para prejudicá-los, apenas quero saber o motivo das minhas proles fazerem tanto barulho, os gritos ecoaram por todo universo, acabaram por me acordar do meu sono profundo — Caos respondeu suavemente.
— Sua escandalosa! Se tivesse ficado quieta! — Érebo retruca irritado.
— Se você tivesse ficado no Tártaro, não precisaria fazer nenhum escândalo! — Nix replica ácida.
Ambos começaram a brigar novamente, gritando um com outro, pareciam mais duas crianças que os seres mais velhos existentes.
— CHEGA!
A voz de Caos ecoou pelo recinto, deixando-o completamente desnorteado, não tanto quanto Nix e Érebo, ambos choraram em plena agonia, como se fossem meras crianças.
— Érebo assuma a responsabilidade que lhe cabe e haja como um ser decente e não um moleque insolente! — Caos rosnou em direção ao Deus, fazendo-o assentir freneticamente e depois voltou-se para Nix — Quanto a você, desde o início agiu como uma mimada, egoísta e imprudente, me deixando furiosa comigo mesma, por criar um ser tão ridículo, então melhor não testar minha benevolência, você me irrita apenas por respirar, se comporte!
Ver dois seres tão impotentes sendo tratados como crianças era inusitado, pior era observar Nix com medo, algo que jamais vira em sua vida.
— Quero saber o que está acontecendo, a verdade e sem brigas, antes que me irrite para valer! — Caos resmungou.
Evie tomou a frente, chamando a atenção de Caos, ela começou a narrar desde a profecia, até a luta que travará contra Érebo. Caos escutou tudo sem interrompê-la, por longos minutos mais parecia um monólogo da esposa, pois o ser primordial apenas observava em silêncio sem nem alterar o semblante, do pouco que podia observar do rosto luminoso.
Após escutar tudo, Caos aproximou-se de Érebo, elevando a mão até ele, instantaneamente o corpo dele começou a incinerar, até se perder em simples poeira no espaço.
Assistiu em silêncio a morte do Deus, ninguém ousou respirar, pois somente a vontade de Caos era suficiente para extinguir tudo.
— Por que não interferiu? — Caos pergunta para uma Nix trêmula.
— Ele... é mais forte, meus... poderes não páreos, não poderia contê-lo! — Nix responde trêmula.
— Poderia ter mencionado! Você sabia desde o início, desde quando sua neta fora apresentada para os Deuses, no julgamento dela, soube que ela tinha meu poder e sabia que somente um ser teria a ousadia de fazer isso, mas escolheu ficar quieta! — Caos vociferou irritada.
Nix abaixou os olhos em culpa, então Caos aproximou-se dela da mesma maneira que fizera com Érebo, um vento percorreu o local, Evie não estava mais ao seu lado, mas sim em frente a Nix, olhando fixamente para Caos.
— Ela errou por medo, mas todos momentos que precisei ela estava lá, por favor não a mate! — Evie pediu suplicante.
Não fora surpresa vê-la defender Nix, apesar de notar um certo espanto nos demais, sua esposa tinha a alma boa, pura e iluminada, sabia que ela acreditava verdadeiramente que Nix somente agiu pelo medo.
Admirava essa qualidade de Evie, embora soubesse que no seu lugar, não hesitaria em matar com suas próprias mãos Nix, não perdoaria a facilmente, principalmente por quase ter perdido a esposa.
Caos analisou ambas criteriosamente, até se afastar com o semblante sério.
— Poderia terminar em um desastre, ninguém aguenta meu poder, os poucos que ficaram em minha presença, simplesmente enlouquecem, vocês somente estão vivos porque quero. Além que Érebo não tinha direito de pegar meu poder, menos ainda Nix de se manter quieta sobre o assunto — Caos retruca.
— Mas não terminou em desastre, estou aqui, sob controle e tudo será diferente — Evie conclui seria.
Pela primeira vez a face de Caos apareceu, de maneira fraca, mas pudera ver a pele dourada e olhos como se fossem dois sóis, ela abriu um singelo sorriso para Evie, do qual ela respondera.
— Está certa, mas isso é somente por conta da sua alma, ela é pura e sem nenhuma maldade, em nenhum momento pensou em usar meus poderes para benefício próprio, claro que houve momentos em que saíram do controle, mas fora somente por proteção, por isso está viva — Caos responde.
— O quê?! — Evie olhou-a atônita.
— Caos não é somente destruição, mas também reconstrução, você é criadora, as trevas também possuem belas luzes, mesmo mergulhada nelas, sua alma ainda brilhava, foi o que a iluminou, não esqueça disso! — a voz de Caos saiu orgulhosa e animada para Evie.
Não conteve o sorriso ao escutar aquilo, sempre fora o que imaginou, desde o início, a alma dela era brilhante e pura, pois ela era luz, mesmo que seus poderes não fossem, mas isso não significava absolutamente nada, pois as trevas existem por conta da luz e vice-versa, nenhuma poderia existir se não houvesse a outra.
— Evie, você é minha descendente direta, a centelha do meu poder, por isso concedo você o direito de reinar sob os Deuses ao lado do seu belo marido, já que ele também meu poder. Sejam justos e elevem os Deuses para o patamar que lhes é de direito, mas lembrem-se, por mais iluminada que seja a luz, ela não pode suportar sozinha, sempre é preciso um auxílio, então usem esse poder em conjunto— Caos declara deixando todos em choque, antes mesmo que pudessem questionar, ela sumirá.
Evie olhou-o com espanto, não a julgava, já que também estava assim, não imaginou que o ser que originara tudo simplesmente iria colocá-los como soberanos!
— Ela... ela é nossa... LÍDER?! — Zeus pergunta em choque.
— Isso que chamo de golpe! Ela manda em você agora! — Poseidon gargalha divertido.
A gargalhada de Poseidon contagiou os presentes, deixando Zeus carrancudo.
Sua vontade era de gritar que o carma sempre vinha, mas nem era preciso.
O semblante irritado daquele ser não ocasionará nenhum medo, pelo contrário, sentia-se mais forte, tanto física como mentalmente. Érebo não falara nada, minutos de um olhar extremamente irado, mais pareceram horas, então ele surgira, iluminando tudo em sua volta.
Recuperar a consciência por completo fizera a culpa aumentar drasticamente, o medo por tê-lo ferido ou até mesmo ocasionado sua morte, embora em seu coração acreditasse que ele estava vivo, não sabia como, mas o sentimento estava lá.
Quando Hades surgira, forte e sem nenhuma sequela, seu coração vibrara em profunda alegria, está se multiplicará só saber da família.
Nenhuma ação sua tivera consequência!
Estava tomada pela emoção, queria simplesmente sair dali e correr para casa, ficar junto dos seus e jamais soltá-los, mas precisavam dar um fim naquela guerra estúpida.
Ver Hades combater Érebo fora doloroso, ainda mais por somente assistir, quando começará a fazer suas preces, inicialmente eram apenas pedidos para que ele sobrevivesse, mas percebera que elas o atingiram de imediato, aumentando seus poderes, não se controlou, passou a ajudá-lo daquela maneira.
A vitória de Hades não significará apenas sua liberdade, mas também o início de um novo ciclo, isto ficará comprovado ao ver Caos em pessoa, embora ela dissesse que sua alma era pura, não conseguia simplesmente esquecer a traição de Nix, mesmo que tivesse a defendido, ainda sentia rancor e isso doía.
Mesmo assim, era grata, pois se tudo não tivesse seguido exatamente essa linha, não teria tempo para conhecer Hades, talvez seu futuro nem seria o que estava vivendo no momento e não se imaginava sem ele.
Os braços fortes a puxaram de encontro ao peitoral, fazendo-a suspirar em deleite ao sentir o aroma que tanto amava.
— Está tão quieta, prefiro você tagarela — ele resmunga fazendo-a rir.
— Estou apenas pensativa, tudo aconteceu tão rápido, difícil assimilar — suspirou aconchegando-se mais nele.
— Vai ter tempo para assimilar, pois agora está livre para viver como quiser — Hades pontua alegre.
Sim... livre, mas liderando um bando de idiotas!
Assim que pisaram no submundo, a imensidão escura preencheu sua visão, lhe dando uma clara visão, a saudade vibrava em seu peito, não conseguira controlar o choro, pois o sentimento chegava a ser físico.
— Está em casa meu amor, segura e jamais ninguém vai te ferir! — Hades abraçou-a com tanto amor que fora impossível controlar o suspiro.
Ele fora a luz que a iluminou, mesmo no seu momento mais sombrio, o amor dele conseguirá salvá-la.
— Eu sei, ao seu lado me sinto segura — respondeu.
Os demais Deuses pararam ao lado de ambos, sem conter o espanto ao olhar para o local, a emoção fora tanta que não notara a primeira vista, mas estava claro que uma batalha ocorrerá ali, deixando-a nervosa.
Separou-se de Hades e passou a correr, desesperada a procura da família.
Sentia-se nervosa ao ver o castelo parcialmente destruído, os corpos espalhados pelo local, assim como as auras espalhadas, uma profunda desordem.
Assim que pisará no salão, observou as figuras mais importantes da sua vida, seus pés mal tocavam o chão, pela pressa em correr, pulou sobre os pais, tentando abraçar os três ao mesmo tempo, sem conseguir conter as lágrimas no processo, assim como eles.
Estavam bem!
Eles estavam vivos!
Sentir o doce calor de Ares, a intensidade tempestuosa de Afrodite e a serenidade de Thanatos, era tudo que sonhara!
Sentiu mais braços ao seu redor, Eros e Anteros abraçavam-na com amor e carinho, como quando era criança.
— Desculpa! Jamais quis feri-los! — soluçou.
As mãos fortes de Ares tomaram sua face, aumentando seu choro, sentira tanta saudade dele, tanto que doía pensar no tempo que fora forçada à ficar longe.
— Pequena, não tem culpa de nada, não chore! — Ares limpou carinhosamente sua face.
— Sim, nada que ocorreu é sua culpa! — Thanatos concordou.
Afastou-se levemente para olhá-los com atenção, por breves segundos após recobrar a consciência, pensara que nunca mais os veria, então estar em frente deles, era um sonho.
— Maninha, não faça essa cara, jamais a deixaria, mesmo que tenha perdido vergonhosamente para você, embora seja imprudente dizer, estou orgulhoso de ser seu irmão! — Anteros responde animado.
— Sim! Minhas flechas jamais falharam, estou orgulhoso de você, embora confesso que meu ego está abalado — Eros retruca brincalhão.
Não conteve a gargalhada, batendo levemente em seus ombros, os dois não mudavam nunca!
— Não sabe a alegria que estou de vê-la assim! — Afrodite balbuciou emocionada — Obrigada Hades, você trouxe de volta minha filha.
— O mérito foi todo dela, pois ela guiou cada passo. Nossa garota é extraordinária — Hades parou ao seu lado, sorrindo alegre em sua direção, fazendo o próprio sorriso aumentar.
— Sim, ela é! — Afrodite concorda com a voz levemente cansada.
Olhou para a mãe com atenção, ela estava levemente machucada, assim como os irmãos.
— O que aconteceu?! — Afastou-se para ter uma visão mais ampla do local.
— Alguns seres e subordinados de Hades apareceram para lutar, sendo liderados por Diane — uma Deusa suspirou cansada, aproximando-se de Ares.
Olhou curiosa parava Deusa de longos cabelos platinados e olhos verdes com linhas em dourados, exóticos e lindos.
Já a vira antes, mas não conseguia se lembrar.
— Filha, está é Astreia, minha companheira, em breve esposa — Ares comenta alegre.
Arregalou os olhos animada, Ares brilhava em uma alegria pura, tanto que fazia seu coração transbordar, não conteve o ímpeto e pulou sobre Ares, fazendo-o resmungar de dor, enquanto tentava abraçá-la carinhosamente.
— Ele está machucado, a luta foi intensa, vai precisar ter um pouco de paciência — Astreia comenta.
— Poderiam me dizer o que perdi? — resmungou confusa.
— O universo onde estava era selado, para conseguirmos entrar foi preciso quebrar os selos, cada um estava sob responsabilidade de um Deus, então lutamos — Poseidon responde.
— Contra quem?! — olhou-o ansiosa para o cunhado.
Poseidon suspirou contando tudo, escutou calmamente, embora sentisse seu coração acelerar a cada palavra.
Eles tiveram perto de morrer para salvá-la?!
Se seus pais tivessem morrido?!
Ou os cunhados e a avó?!
Valeria a pena ir tão longe para salvá-la?!
— Deixe de pensar besteira! Jamais poderíamos deixá-la, Evie, você é a melhor coisa que me aconteceu, jamais fui tão feliz, apesar de conviver pouco tempo com você, mas isso não importa, pois eu a amo de todo coração, iria até o fim do universo por você e falo em nome dos seus pais também, pois você é tudo em nossa vida! — Thanatos responde avidamente.
Sorriu em meio as lágrimas, jamais o vira falar tanto, ainda mais com tantos sentimentos expostos.
Ares e Afrodite sorriram ao concordar com ele.
— Agora poderiam contar o que aconteceu aqui? — Zeus pergunta curioso.
— Uma guerra, tivemos que nos separar para proteger o submundo e aqueles que precisavam — Astreia responde.
— Sim, nos separamos em divisões, protegendo cada parte do submundo, até mesmo Hecate apareceu para ajudar. Eu e Anteros ficamos mais afastados, pois precisavamos proteger Minthe e Psiquê. O papai não podia lutar, então Astreia o protegeu avidamente, mamãe fez o mesmo com Thanatos, aliás foi ela quem destruiu Diana, jamais vi ela tão feroz! — Eros completa animado.
— Aquela imbecil! Ela queria planejava usar Minthe e Psiquê, como não conseguiu e viu que Ares e Thanatos estavam frágeis, foi em direção a eles. Acreditou que poderia mexer com minha família e sair impune! — Afrodite suspirou irritada — Deformei todo aquele maldito corpo, não sobrou nem o pó dela!
Sentira por perder esse momento, pois jamais vira sua mãe em ação.
— Então acabou? — Zeus pergunta aliviado.
Afrodite assentiu.
Zeus voltou-se em sua direção, com um misto de emoções, quase retirado um sorriso do seu rosto.
— Primeiro, falando como seu cunhado, lhe devo desculpas, não dei a menor chance para que mostrasse o motivo de Hades te amar — a voz de Zeus ecoou firme, embora o rosto estivesse corado pela vergonha — Como líder, não posso deixar de comentar que estava pensando em eliminá-la sem chance de defesa, pois era uma clara ameaça.
Olhou-o profundamente, sim, como líder ele agiu pela "cabeça", visando apenas fazer a coisa certa, mas não fora assim desde o início, pois ele julgava que agira pela razão, quando fora a emoção quem guiou cada ação sua.
— Agora o que fará? — Hades pergunta curioso.
Todos os Deuses a olhavam atentamente, tirando a família que ainda não sabia de nada.
Calmamente explicará tudo que ocorrerá, desde o surgimento de Érebo, até o decreto de Caos. Os semblantes deles eram incrédulos, impacientes e levemente animados no final.
— Tinham razão em temer, pois a profecia se cumpriu. Sou o ser que carrega o próprio caos em meu interior, minha vida aqui significa a volta do reinado do Caos, mas não ele propriamente dito, pois a profecia foi interpretada de maneira errada, agora sou a Deusa primordial do caos, mas não a desordem, pois ele não é somente isso, o poder passado para Hades o transformou em um ser primordial, ele é a própria escuridão, não como Érebo, isso que significa trazer de volta o reinado dos destronados.
Observar o misto de emoções nos presentes fora divertido, salvando por Hades, que mantinha o olhar apaixonado em sua direção, quase a fazendo perder totalmente a linha de raciocínio.
— O que isso significa para a gente? — Zeus pergunta sério.
— Acabou a farra de vocês-
— Espera! Você vai assumir tudo?! — Zeus interrompeu-o furiosamente.
Olhou-o por alguns instantes, antes de contemplar sua boca desaparecer, ele tentara falar, mas simplesmente não conseguia.
— Mantenha ele assim pela eternidade, por favor cunhadinha! Nunca te pedi nada! — Poseidon pediu animado, fazendo-a rir.
— Poseidon, não começa! — Hades retruca tentando controlar o riso.
— Ele não fala nada que preste! — Poseidon resmunga.
Zeus começará a ficar roxo pelo esforço em tentar falar.
— Vou remover isso, mas preciso que tenha total atenção e não me interrompa, aliás tem que aprender a manter essa boca fechada, antes de irritar os outros! — respondeu.
Zeus revirou os olhos assentindo irritado.
— Acabou essa luxúria, egoísmo, avareza... vocês não são melhores que os humanos a quem tanto julgam, pelo contrário, são piores, pois ao invés de dar o exemplo como criadores que são, se comportam como ralé!
Todos olharam com espanto em sua direção ao escutá-la, não estava brincando, pelo contrário, nunca falara tão sério em sua vida. Não conhecia os humanos, sabia apenas de seus erros, em comparação conhecia bem os Deuses e os erros deles eram maiores daqueles que eles tanto julgam.
— Não terá mais julgamento ou castigo injustos, somente por um humano ser mais belo ou talentoso que um Deus, quem ousar fazer isso será extinto!
Quase riu ao vê-los assentirem sem questionar, todos estavam visivelmente furiosos consigo, mas não demonstravam nada disso, pelo contrário, tentavam ocultar os sentimentos.
— Sei o que cada um pensa, todos os sentimentos que tiveram por mim desde o início, não busco por reconhecimento ou amor de nenhum de vocês, apenas quero respeito e que deixem que eu viva como quero!
Olhou para cada um e depois para Zeus, libertando-o para falar, de longe ele era o mais irritado.
— Como será isso? — Zeus resmunga.
— Você continua líder, comandando os céus, Poseidon os oceanos e Hades o submundo, com acréscimo que cada um tem que reportar a mim sobre os problemas graves, como julgamentos e mortes — respondeu simplista.
Zeus e Poseidon concordaram sem questionar, mesmo que sentisse os olhos de Zeus brilharem em pura raiva em sua direção.
Hades puxou-a contra seu corpo, fazendo-a suspirar, ele sorria alegre sem conter o brilho orgulhoso no olhar.
— Estou muito orgulhoso de você, de cada passo até chegar aqui, minha rainha.
A voz rouca contra seu ouvido, carregada de emoções, deixou-a completamente desnorteada, não teria conseguido sem cada um deles, principalmente seu amor.
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