A imagem do capítulo é da Evie e Nix.

Esse capítulo possuí 3570 palavras.

Boa leitura 🖤

A possibilidade de algo ferir Evie era algo que o assustava demais, cada instante perto dela o fazia perceber o quão fácil ela se instalava em seu coração, tanto que somente a possibilidade dela se machucar o deixava completamente possesso.

Esse era um dos motivos que estava disposto que pegassem mais pesado com ela nos treinamentos, a queria forte e com capacidade de se defender, mesmo que não pretendesse que nada a ferisse.

O fato dela ter uma centelha dos poderes do Caos era aterrorizante, principalmente se seus instintos estivessem certos, teria que intensificar a segurança no tártaro.

Contudo, todas as preocupações ficaram em segundo plano quando a vira cair de joelhos, a dor que sentiu em seu peito ao vê-la daquela maneira, era terrivelmente sufocante, não importava quem fosse o culpado, ela não seria ferida, mesmo que precisasse dar sua vida em troca.

A segurou com firmeza em seus braços, querendo tirar toda a dor que ela sentia, sabia que não era apenas aquele fato que a deixou daquela maneira, desde o início dos acontecimentos ela fora seguindo, sem parar para processar a informação, uma hora o corpo a cobraria por isso.

— O que vamos fazer? — Afrodite pergunta preocupada para Thanatos.

O Deus da morte mantinha o semblante sério, voltado para sua mãe, ele parecia estar em um dilema, queria que Nix ajudasse, mas não confiava nela, conseguia ver em seus olhos isso.

— Nix, intensifique os treinamentos com Evie, quero que ela tenha controle total sob esses poderes — falou olhando seriamente para a Deusa.

— Não desconfia de mim? — Nix pergunta azeda.

— Preferia manter um passo atrás, não me leve a mal, mas se meus instintos estiverem certos, espero ao menos que não esteja envolvida. Contudo, você é a melhor para treinar Evie -— respondeu sem desviar o olhar.

Nix se contentou a sorrir em resposta, fazendo-o suspirar, esperava ao menos que estivesse fazendo a coisa certa.

— Quanto ao que foi dito aqui, não comentem com ninguém, isso somente ocasionaria em um alvoroço desnecessário — falou sério atraindo a atenção para si.

— Hades, mas e seu irmão? — Evie pergunta com uma evidente preocupação na voz.

Aquela era uma decisão difícil, escolher estar ao lado dela, era ficar contra seu sangue. E doía em seu coração, seus irmãos eram tudo em sua vida, por mais que tivessem seus desentendimentos, eram seus irmãos caçulas.

Contudo, como ficar contra ela?

Evie chamara sua atenção desde o primeiro momento, nunca ficara indiferente a sua presença. Sua primeira impressão fora totalmente certeira, ela era uma alma pura, sempre buscando conhecimento e com sede por coisas novas, ansiava por viver e aquilo estava presente em cada célula do corpo. Aquela vivacidade que vinha dela, era o que o encantava dia após dia, ela preenchia sua vida sem que desse conta.

Não poderia perdê-la!

Sabia que assim que Zeus soubesse do real poder dela, a ordem seria morte, afinal seria comprovado que ela era uma arma criada para aniquilação dos Deuses.

Ergueu o olhar, encontrando os olhos bicolores tão tristes e preocupados, algo que não desejava ver em seu olhar, não com alguém tão viva. A queria fazendo inúmeras perguntas, curiosa sobre o mundo a sua volta.

Aproximou-se vagarosamente, tomando o delicado rosto entre suas mãos, sem desviar o olhar, não conteve o sorriso ao vê-la com as bochechas vermelhas, apostava que era pelo fato de terem companhia, principalmente se tratando da família dela.

— Prometi que cuidaria de você, não vou permitir que ninguém a machuque, mesmo que seja meus irmãos — falou firme.

— Seu dever é para com seus irmãos, deve cuidar de seu panteão, sou uma ameaça aos Deuses — ela responde chorosa.

Encostou a testa na dela, sentindo o coração apertar diante aquela fala, não permitiria que ela tivesse aqueles pensamentos.

— Está errada, meu dever é escolher meu destino, já sei o que quero, não vou perdê-la, mesmo que tenha que protegê-la de si mesma!

As mãos delicadas foram em direção ao seu pescoço, somente abraçou-a, apertando-a contra seu corpo, gostaria que aquele momento durasse pela eternidade e que pudesse estar sempre ali para protegê-la.

O corpo delicado começou a tremer, em um choro compulsivo, aquilo o fez apertá-la mais em seus braços.

— Minha flor negra, não chora, vê-la assim parte meu coração, principalmente sabendo que não posso fazer nada, prefiro enfrentar mil guerras a vê-la dessa maneira! — sussurrou em seu ouvido.

Uma tosse alta ecoou, fazendo-a pular e afastá-lo, fora impossível controlar o riso ao ver a face tão vermelha quanto seus cabelos.

Ela evitava olhar para a família que mantinha o semblante incrédulo em direção onde estavam.

— O que está acontecendo? — a voz de Thanatos saiu um pouco estridente.

— O que acha? — respondeu sorrindo ladino, enquanto enlaçava a cintura de Evie, puxando-a contra seu corpo.

A pele branca do Deus da morte pareceu ficar ainda mais pálida, como se ele não acreditasse no que via, teve vontade de rir ao vê-lo daquela maneira, mas por respeito não o fez.

— Quando isso aconteceu? Como não percebi isso? Por que nenhum venho me falar? Evie, poderia ter me falado que-

-— Mamãe! — Evie interrompeu o falatório de Afrodite, completamente envergonhada.

Seu olhar foi em direção a pequena que se aconchegou em seus braços, fazendo-o sorrir.

— Fica tão linda assim com as bochechas vermelhas, a cor acentua sua pele perfeita — sussurrou inclinando-se no seu ouvido, um largo sorriso surgiu em sua face ao vê-la estremecer.

— Não quero ver minha irmã mais nova ser paquerada! — Anteros resmunga irritado.

— O pateta demorou para perceber o que sentia — Eros retruca bem-humorado e então emenda com a face séria, olhando em direção a sua mão que estava na cintura da irmã mais nova — Mas não perdeu tempo!

Uma aura massiva começou a preencher o ambiente, fazendo-o suspirar, não era preciso muito para ver que Thanatos estava irado, não o recriminava, estava apenas defendendo sua filha.

— Minha filha é uma criança! — Thanatos vociferou com raiva.

— Ela tem dezoito-

— Maldito aproveitador! Vou matá-lo! Você tem milênios, não vou permitir que use Evie como faz com aquelas ninfas! — Thanatos interrompeu-o completamente irado.

O corpo de Evie retrasou ao escutar aquelas palavras, sabia que ela estaria pensando no harém, não queria que aquilo ficasse marcado em sua mente, principalmente após ser sincero com seus sentimentos.

— Thanatos, entendo seus sentimentos e admiro muito que queira protegê-la, mas Evie é muito mais que uma aventura, afinal se ela não significasse nada para mim, não assumiria ela publicamente para sua família e não teria motivos para tratá-la como minha rainha — respondeu firme.

Aquilo era a maior verdade, não que fosse um canalha completo, mas jamais tratou nenhuma outra como fazia com ela, mesmo antes de perceber, já dera autoridade para ela. Nunca fizera cérbero reconhecer nem mesmo seus irmãos, mas fez isso por ela.

Isso não era prova suficiente que ela era mais que as outras?!

— HADES ESTA APAIXONADO?! — Afrodite grita animada, fazendo-o corar.

Aquela fora a segunda vez em toda sua vida que suas bochechas adquiriram aquele tom e nas duas vezes fora pelo mesmo motivo.

Os olhares em sua direção eram completamente surpresos, aumentando seu embaraço, precisava aprender a lidar mais com seus sentimentos.

— Continue sendo gentil, talvez a gente não se irrite com você — Anteros fala divertido.

— Não sei, no momento estou puto apenas com pensamento dele pegando minha irmãzinha — Eros resmunga.

— Podemos voltar para o real assunto? — Evie pergunta olhando brava para os irmãos.

— Sim, precisamos focar no treinamento dela, depois podemos pensar em qual tortura podemos testar com você — Nix responde animada.

Suspirou pesadamente, jamais enfrentou aquela situação, embora soubesse que por Evie, não tinha problema em enfrentar qualquer coisa.

Uma presença chamou a atenção de todos, não fora preciso olhar em direção na porta para saber que era Minthe, pois seu aroma a denunciava.

— Senhor, perdoe-me pela interrupção, mas seu irmão o espera — Minthe fala finalmente chamando sua atenção.

— Qual deles? — Afrodite pergunta com um notável terror na voz.

— Lorde Poseidon, ele está na sua sala — Minthe responde olhando curiosa para a Deusa.

Virou-se para olhar em direção a Evie, notando um suave sorriso dela para a ninfa, não havia nenhuma animosidade ali, fazendo-o se encantar mais por ela.

Evie tinha uma alma tão pura, ao contrário de seus poderes, ela era pura luz, tão intensa e maravilhosa, faria qualquer coisa para que ela nunca perdesse o brilho que tinha.

Elevou a mão até a altura da bochecha, chamando a atenção para si, não conteve o sorriso ao ver os olhos brilhando, saber que era por sua causa, ocasionava em um tumulto em seu coração.

Ela o tinha nas mãos sem nem se dar conta.

— Preciso ir, quero que se dedique ao treino, pode fazer isso? — perguntou num sussurro.

— Pensei que tivesse que supervisionar pessoalmente — ela responde surpresa.

Realmente era seu trabalho, como tantos outros que deveria fazer mas nigligenciava desde que ela passou a morar ali.

— Confio em você — a resposta deixou-a completamente surpresa e ela não era a única.

Em seus milênios, nem mesmo seus irmãos escutaram aquela frase, tinha um peso tão enorme e comprovava seu compromisso para com ela.

— Não deveria dizer isso para mim.

— Não?

Abaixou-se até a altura de seu ouvido, fazendo-a estremecer enquanto as delicadas mãos pousaram em seus ombros, sentiu cada célula de seu corpo reagir.

— É uma questão de tempo, mas já a considero minha rainha — respondeu firme.

As mãos dela o empurraram levemente, fora impossível controlar o riso ao ver o semblante surpreso.

Como ela poderia ser tão linda?

— Afrodite fique aqui para auxiliar, quanto aos outros, saiam, ela precisa de toda concentração — falou sem tirar os olhos dos dela.

Escutou a confirmação de Afrodite, assim como os resmungou dos irmãos de Evie, sabia que eles queriam participar, mas no momento ela precisava de concentração.

Afagou levemente a bochecha rosada, os olhos vagaram até os lábios convidativos, por um momento sentiu vontade de beijá-la, mas não queria deixá-la envergonhada, então apenas piscou maroto, saindo da sala.

✯❍

O irmão mantinha-se de costas para a porta com a atenção para a janela, era tão rara a visão dele naquele lugar, que por um momento ficou parado no batente da porta, até escutar o riso divertido dele.

— Então é verdade — Poseidon fala divertido.

— O quê?! — a pergunta o fez olhá-lo em puro deboche.

Os olhos fixaram nos seus, por longos segundos, deixando-o desconfortável, principalmente pelo visível deboche dele.

— Está com um perfume diferente, pelo horário e rumores...

Ele deixou a frase no ar, fazendo-o suspirar, seu irmão mais novo não era de brincar, mas consigo e principalmente quando tinha razão, o fazia até demais.

— Poseidon, o que está fazendo aqui? — resmungou fazendo-o rir.

— Visitar meu irmão — ele dissimula com um sorriso divertido.

— Poseidon, deveria estar de olho em-

— Relaxe, estou apenas implicando com você, sei das minhas obrigações, embora preferisse que me desse cérbero para cuidar — ele interrompe sentando-se na sua cadeira.

Olhou-o por alguns instantes, até vê-lo ficar com o semblante sério, suspirou sentando-se a sua frente.

— O pateta esta todo machucado, disse que foi apenas uma luta de diversão — Poseidon fala irritado.

— E o que realmente aconteceu? — fora impossível conter a raiva em sua voz, ato que o fez suspirar com uma careta.

— Não consegui provas, ele escondeu bem, mas conheço os poderes que ele foi atingido, pelo visto ele foi procurar Nanna — Poseidon responde irritado.

— O que ele foi fazer lá?!

Levantou-se de supetão, raiva percorria seu ser, esperava que não fosse o que tinha em mente, não perdoaria o irmão se ele fizesse isso.

— Hades, o que está acontecendo entre você e a garota? — Poseidon pergunta olhando-o com seriedade.

A pergunta o paralisou, não que tivesse problema em assumir nada, o fizera isso horas antes para a família dela, mas admitir isso para a sua implicaria em algo mais profundo e nem estava falando de sentimentos, era sua clara posição em uma possível luta.

— Sei que a trata como se ela fosse sua noiva, ela sentou-se no trono ao seu lado e você se desfez do harém que possuía, então nem tente me tratar como idiota, quero saber o que está acontecendo — Poseidon fala seriamente.

— Como sabe disso tudo?! — a pergunta o fez rir.

— Uma rata desiludida foi correndo contar para Zeus, isso o deixou furioso, aposto que o idiota foi unir forças com Nanna — Poseidon respondeu como se fosse óbvio.

Aquela maldita!

Não deveria tê-la deixado sair viva do submundo, deveria tê-la matado!

— Não desgrude daquele idiota, pois se ele ou Nanna pisarem aqui, vou acabar com ambos! — vociferou irritado.

Poseidon assentiu se levantando sem dizer nada, quando para abruptamente no batente da porta.

— Espero que a garota saiba controlar seus poderes, não quero lutar contra você — Poseidon admite num sussurro dolorido, antes de deixá-lo sozinho.

Suspirou pesadamente, também não queria ficar contra os Deuses, menos ainda contra seus próprios irmãos, mas jamais seria capaz de abandoná-la.

O vermelho em suas bochechas pareceram se alastrar ao longo de seu corpo, como se estivesse mergulhada em água quente.

Os braços dele ao seu redor, a amparando naquele momento, demonstrou o quanto ele estava ali, presente para com ela. A declaração ainda estava latente em sua mente e seu coração também, sabia que ele estava sendo sincero nos sentimentos, afinal conseguia senti-los.

Por ser filha de Afrodite, alguns de seus poderes passaram para si, embora sempre achou o de sentir sentimentos um pouco irritante, era como invadir a privacidade alheia, mas naquele instante sentir a profundidade dos sentimentos dele, confirmando com suas palavras, deixou-a no mais profundo estado de êxtase.

Mentiria se dissesse não ter medo, claro que tinha, como Thanatos falara, era uma criança que estava descobrindo o mundo, ao contrário do Deus com milênios de experiência.

O que ele viu nela?!

— Não pense nisso, sabe que ele esta totalmente na sua, afinal ele praticamente assumiu compromisso com você! — Afrodite fala animadamente.

Sabia disso, escutá-lo chamá-la de "minha rainha", abalou todas suas estruturas, jamais sentira algo tão intenso, mas ao mesmo tempo que achava tudo tão lindo, também tinha medo.

Não apenas em relação a ele, mas ao seu futuro também, não poderia ter certeza do que aconteceria, tudo era tão incerto.

Se aceitasse viver plenamente ao seu lado e fosse morta?

Era justo condená-lo a sofrer?

Duvidava muito que os Deuses estariam dispostos a deixá-la viva sabendo de tudo, seria ordenada sua morte, provavelmente usariam todos que estavam sua volta, sua família e ele.

Como poderia deixar isso acontecer?

— Eu sei...

— Evie-

— Mamãe, desculpe, mas preciso treinar, depois falamos disso — interrompeu-a firme, não estava pronta para aquele assunto.

— Tudo bem, antes de começarmos, preciso explicar algumas coisas, preste atenção! — Nix fala seriamente.

Assentiu firme para a Deusa, aquela altura não existia nada que pudesse assusta-la.

— Os principais poderes do Caos estão ligados a criação, tudo era um vasto nada, até que ele emergiu, uma massa poderosa e tempestuosa, então precisa aprender a lidar com a sua imaginação, pois você pensa e cria, um exemplo disso é quando matou aquele desgraçado, seus pensamentos fora em reduzi-lo a nada e o fez isso, sem nem precisar usar seus poderes, foi apenas seus pensamentos reagindo ao estímulo mental.

Arregalou os olhos diante a fala de Nix, tantas vezes esteve perigosamente perto de ferir alguém sem querer, aquilo era um perigo!

— Você tem poder de alterar a realidade ao seu bel-prazer, criação de tudo que se possa imaginar, além de ser um ser imprevisível, por isso as moiras não conseguiram ver nada além daquela profecia, seu futuro é escrito a medida que toma as decisões, pois ninguém consegue prevê-la.

— Está dizendo que o futuro de Evie é incerto? — Afrodite pergunta aflita.

Nix olhou-a por alguns instantes, antes de se virar em direção a Afrodite, lançando uma pedra na Deusa que se defendeu de imediato.

— Está louca?! — Afrodite olhou incrédula para Nix.

— Não estava escrito que você seria atingida por uma pedra, nem que eu lançaria uma em sua direção, então seu futuro é incerto? — Nix pergunta entendia.

— Não, mas você lançou-

— Atos imprevisíveis acontecem com todos, o que diferencia é o modelo, seu destino é escrito no dia-a-dia, por mais que seja descrito que você será alguém incrível, é você quem escreve a trilha até concretizar isso. Nossas decisões criam várias linhas de possíveis futuros, isso que a previsão faz, ela vislumbra cada futuro — Nix interrompe Afrodite, retirando uma careta em resposta.

— Um exemplo disso é a pedra, se alguém a dissesse que eu lançaria a pedra em você e com isso você decidisse não estar na minha presença, você anulou esse acontecimento, certo? — Nix pergunta para Afrodite que assente.

Os olhos escuros de Nix se voltaram em sua direção.

— Com Evie difere, o futuro dela não é incerto, ele não existe — Nix sentenciou deixando-a em choque junto de Afrodite.

— Como?!

— Não existe presente ou futuro, quem tentar prevê-la, somente verá um futuro turvo e complexo. Ela não segue o mesmo que os demais seres, todos temos decisões e as linhas que levam para cada futuro, mas Evie não tem isso, o futuro dela é um só, ele vai se escrevendo a medida que ela toma as decisões e isso já se torna um passado.

— Então estou destinada a destruir? — sua voz sairá totalmente rouca, sentia o peito esmagado apenas com a possibilidade de ferir quem amava.

— É isso que quer? — Nix retrucou em contrapartida.

— Claro que não! — respondeu indignada.

— Então trilhe seu próprio caminho, não é que por que não existem previsões de seu futuro que você não pode escolher o que é o melhor — Nix responde firme.

Olhou curiosa para a Deusa que seguiu para o final da sala, chamando-a com o dedo para que a seguisse.

Ao final da sala, continha uma porta transparente, como se fosse um portal, entrou seguida de Afrodite, observando encantada o local, este que era diferente de tudo que já vira.

Cercado por rochedos completamente cinzas, estes eram absurdamente enormes, cobrindo boa parte da paisagem até o teto, que mais parecia infinito, numa cor completamente negra, tal qual a noite. Os rochedos continham algumas pequenas pedras das mais variadas cores, dando um visual diferente.

Apesar de ser assustador a primeira vista, principalmente pelo fato de não conter muita luminosidade, era extraordinariamente lindo.

Seu olhar seguiu para o centro, onde percebeu que Nix a esperava, a Deusa estava em uma elevada pedra num formato redondo, toda desenhadas em figuras que nunca vira, mas conseguira sentir a magia emanando delas.

O rochedo era cercado por quatro vasos, nas extremidades, sinalizando as coordenadas, cada um emitindo uma luz e névoa azul intensa, deixando o local mais sombrio.

— Afrodite, você fica aí, este círculo irá intensificar os poderes de Evie, se entrar os seus também se intensificaram e somente irá atrapalhar — Nix fala séria em direção a sua mãe que assente.

Assim que seu pé passou o círculo, uma leve descarga elétrica percorreu cada célula de seu corpo, queimando os tecidos com um fogo tímido, este que mais parecia um fino cobertor ao seu redor. Gradualmente a temperatura aumentou, assim como a sensação de algo pesado em seu peito, esmagando tudo com uma brutalidade enorme.

— Aaaaah!

Seu grito estridente ecoou pelo recinto, como uma melodia fúnebre, tão intensa e pavorosa, sentia como se seu corpo estivesse mergulhado em lava pura.

— Evie-

— Fique aí, ela precisa aprender a controlar isso, não será fácil! — escutou a voz firme de Nix, mas parecia que estava tão longe.

Cada instante parecia que seu interior explodia, como se o fogo estivesse a consumindo de dentro para fora, tão intensa e primordial. Elevou a mão até a altura do peito, como se isso fosse conter aquela quentura, as vozes dos presentes eram meros sussurros, não conseguia ouvir nada.

Um passo em falso a levou ao chão, não conteve o grito com o impacto, era como se isso aumentasse a dor que sentia, aquilo era insuportável.

Deixe tudo queimar... eles precisam morrer...

Aquela voz ecoou novamente, mas era diferente da primeira vez que a escutará, era como se antes ela estivesse em sua mente, agora era mais como se estivesse ao seu lado, sussurrando em seu ouvido.

Sua respiração fora ficando mais lenta, por mais que puxasse o ar, não conseguia fazê-lo entrar em seus pulmões. Queria que tudo parasse, simplesmente cessasse para que pudesse ter paz.

Que tortura era aquela?

Por que eles não faziam nada e apenas a deixavam agonizar?

Não confie nos Deuses, nenhum deles está ao seu lado, deixe-me no controle e tudo vai parar.

O grito estridente novamente escapou de seus lábios, a medida que sentia braços fortes ao seu redor, abraçando-a com tanta força, mas também com um carinho sem fim.

— Minha rosa negra, calma, estou aqui com você — a voz de Hades ecoou calma, mesmo notando um toque de preocupação.

— Ha-hades...

Forçou seus olhos a se abrirem para confirmar que não era uma alucinação, encontrando os olhos cinzas preocupados entre sua direção, sorriu entregando-se a escuridão, sabia que estava segura ao seu lado.