Imagem de capa é a Evie e o Hades.

Esse capítulo possuí 3550 palavras.

Boa leitura 🖤

Seu olhar vagou até a pequena carta em sua mão, sem entender o motivo do Deus entregá-la, até ler o conteúdo, deixando-a em choque ao notar a letra de seu pai.

As lágrimas escorreram pela sua face sem parar, seu amado pai estava preso, como puderam fazer isso com ele?!

— Evie! — escutou a voz nervosa da sua mãe, mas tudo que conseguia pensar era em Ares.

A raiva crepitava ao seu redor, deixando-a cada vez mais insana, não conseguia racionar, somente sentir, uma dor tão grande que a deixava tonta.

Imaginar seu pai preso sem ter culpa de nada, era algo que a deixava completamente irada. Como isso fora acontecer?!

Braços fortes circularam seu corpo, a medida que sentia tudo a sua volta explodir como uma intensa bomba.

— Fique calma, Ares é forte e não será uma simples prisão que o deixará em apuros, tudo que pode fazer por ele no momento é focar em seus poderes, principalmente se quer protegê-lo, assim como proteger sua família — Thanatos falou calmamente.

A raiva ainda estava lá, tão latente e pulsante, mas gradualmente a razão fora dando espaço, sabia que Thanatos estava certo, não poderia colocar tudo a perder pela sua falta de controle. Calmamente, seus pensamentos preenchidos pelo lindo sorriso de seu pai, precisava manter a calma, mesmo que isso fosse difícil, principalmente se quisesse manter as pessoas que ama a salvo.

— Obrigada...

Não fora surpresa ao ver que Zeus se vingará em Ares, seria estranho se ele não fizesse nada, não era de seu feitio deixar por isso mesmo, mas sabia que não era apenas para descontar a sua raiva que o maldito fizera isso, ele queria ver Evie louca e quase conseguira.

Assim que conseguir acalmá-la, ela desmaiou em seus braços pela intensidade de seus poderes.

— Evie!

A voz preocupada de Afrodite o tirou de seus pensamentos, sem respondê-la colocou a filha sobre a cama, olhando-a serenamente, suas mãos fizeram um suave carinho nos cabelos ruivos, sentia-se triste por vê-la assim, não queria que ela se machucasse, menos ainda sofresse emocionalmente, era incrível pensar que fazia pouco tempo desde que a conheceu, mas em seu coração jazia um profundo amor, a protegeria de tudo.

— Isso foi estresse emocional, fique tranquila que ela está bem — respondeu gentilmente virando-se para olhá-la.

A Deusa olhou-o em prantos e em seguida pulou em seus braços, primeiramente ficou em choque, pois fazia tanto tempo que não a sentia, mas naquele instante o tempo parecia ser nada comparado ao que sentia por ela. Aconchegou-a em seus braços, aprofundando aquele contato, deixando-a chorar em seu peito, por mais que doesse em seu ser vê-la assim, sabia que ela não estava triste apenas pela filha, mas por Ares também.

— Ares é o Deus da guerra, ele não será vencido por uma mera prisão, mesmo sendo o vazio, ele vai lutar diariamente e voltará mais forte, pois ele tem algo muito importante que é a família — respondeu o mais gentil e honesto que pode.

— Ares possui muitos defeitos, um deles é justamente o que o colocara em prova nessa prisão, ela testa todos seus medos e ele...

A voz morreu dando lugar ao soluço doloroso, sentia seu próprio coração doer ao vê-la assim.

— Todos possuem defeitos, mas ele tem uma qualidade que é rival à eles, ele é persistente e luta pelo que quer. Ele vai voltar mais forte, prometo a você — respondeu beijando suavemente seus cabelos.

Ela separou-se suavemente, olhando com tanta intensidade em sua direção que fora impossível não sorrir.

— Quem diria que eu veria você defendendo Ares — ela fala marota, fazendo-o suspirar.

Nem ele...

Embora tivesse suas desavenças, agora teriam que se unir, principalmente por fazerem parte da mesma família, Ares não poderia apagá-lo da vida de Evie, pois era seu pai biológico, mas também não poderia apagá-lo, pois o amor que unia a filha era maior que o sangue. Fora que por mais que detestasse o Deus da guerra, o fato dele assumir um filho que não era seu, mas fruto de uma traição e amá-lo incondicionalmente, o fazia respeitá-lo.

— Ele é o pai da minha filha, faz parte da minha família agora e eu não costumo virar as costas para os meus — respondeu com o semblante fechado.

— Obrigada — ela sorriu em sua direção, antes de deixar um suave beijo em sua bochecha.

Fora impossível controlar suas mãos que apertaram-na mais contra seu corpo, fazendo ambos suspirarem em deleite, teria que ter muito controle, pois estar na sua presença seria um verdadeiro teste para sua sanidade, sufocou seus sentimentos por anos, agora tudo parecia ser tão pequeno e insignificante, pois tudo que queria era tomá-la como sua.

— Vamos, precisamos descansar, amanhã será um dia muito longo — sua voz sairá mais rouca que o pretendido.

Os olhos dela ficaram com as pupilas dilatadas em um claro desejo, tivera que ter muito autocontrole ou deixaria seus sentimentos tomarem conta.

Suspirou saindo do quarto, sem dar espaço para que ela falasse algo, era melhor assim.

A sala era enorme, mais parecia uma arena de treinamentos, embora fosse mais sofisticada que a de seu pai. Analisou cuidadosamente o local, sem conter a curiosidade, era tudo tão diferente, ali não possuía nenhuma arma de guerra, mas sim, vários frascos e utensílios de magia.

— Você não aprendera a lutar com armas, o que vai aprender é controlar seus poderes e para isso não precisa de arma — a voz melodiosa de Nix preencheu o ambiente fazendo-a pular pelo susto.

Olhou rapidamente na direção da Deusa, notando um olhar divertido em sua direção, fora impossível conter o tremor em seu corpo, ela parecia gentil, mas sua aura era tão intensa que alertava um perigo, sabia que era apenas uma amostra, afinal, a viu matar um Deus sem esforço algum, nem mesmo seus poderes se manifestaram quando ela o fez.

— Se aproxime, não vou mordê-la, garota — Nix fala marota.

— Nix, seja mais paciente com ela — Hades respondeu, olhando-a com seriedade.

Seu olhar foi em direção a ele, a voz era suave, apesar de autoritária, ele mantinha o semblante fechado, era incrível pensar que ele teria milênios de vida, afinal, não parecia ter mais que vinte anos!

— Vai mesmo ficar de olho?! — Nix perguntou azeda.

— Preciso ficar de olho, sabe bem disso, deveria se concentrar nela — Hades respondeu simplesmente.

Os olhos de Nix faiscaram em direção a ele, apesar dele não alterar o semblante, a aura da Deusa gradualmente fora ficando mais evidente, parecida com que vira no seu julgamento, em contrapartida, os olhos de Hades fora ficando em um profundo cinza, escurecendo de maneira gradual, olhando para Deusa sem se importar com a sua aura.

— Não sou Zeus, não conseguirá prender a minha mente, então faça seu trabalho — ele respondeu com uma voz rouca e profunda.

— Sua mente é mesmo irritante, que seja! — Nix resmungou emburrada.

Um pequeno sorriso irônico surgiu nos lábios do Deus, olhou incrédula na direção dos dois, aquilo fora uma disputa entre poderes?

— Evie, você é uma titânide como já sabe, seus poderes são similares aos de seus pais, embora tenha pouco de Afrodite, contudo, percebi que possui poderes semelhantes ao Caos — Nix fala chamando sua atenção.

— Qual será meu treinamento? -— perguntou engolindo a seco.

— Vamos fortalecer a sua mente, existem alguns poderes de Afrodite que anulam os de Thanatos que você deveria possuir, como é caso do seu mental, meu filho tem a mente forte, raramente conseguem manipulá-lo ou lê-lo, já você é ao contrário, quando pensa em algo, seja positivo ou não, esse pensamento se materializa, isso é a materialização do Caos, um exemplo disso foi quando pensou em matar aquele filho da puta, isso simplesmente ocorreu sem que percebesse — Nix respondeu séria.

— Então em um momento de raiva, se eu pensar no extermínio dos deuses, isto acontecerá? — perguntou ansiosa.

— Sim, seus poderes são surpreendentemente grandes, se conseguir materializar seus desejos assim, pode ocasionar o extermínio dos deuses.

A resposta deixou-a em choque, pensara tantas vezes naquele curto período de tempo em matá-los, mas matar os Deuses, implicava em exterminar sua família!

Mãos fortes tomaram as suas com uma delicadeza sem igual, poderia pular pelo susto, mas somente conseguira sentir a simpatia que ele emanava em sua direção, não fazendo questão nenhuma de escondê-la. O olhar encontrou seus incríveis olhos cinzas, apesar de aparentar estarem sempre sérios, naquele momento, estavam tão amenos em sua direção, gradualmente sentiu-se mais calma, fora somente naquele instante que percebeu que seus poderes novamente saíram de controle.

Estava assustada, nem ao menos conseguia sentir quando eles saiam do controle, mas a calma que o Deus emanava em sua direção, a acalmou por completo, gentilmente o polegar acariciou sua palma, deixando-a confusa pelo gesto, mas manteve o semblante sereno para ele.

— Evie, preciso que confie mais em você, sei que quer proteger sua família, mas para isso precisa ter confiança, tanto quanto nós temos, eu confio em você, sei que conseguirá manter tudo sob controle sem machucar ninguém — ele respondeu gentilmente.

— Obrigada — falou sem jeito.

Ele sorriu, soltando levemente a sua mão, sentiu uma leve falta de seu calor acalentador, ele tinha uma energia diferente de sua família, mas não era ruim, pelo contrário, era reconfortante.

— Talvez antes dela começar qualquer treinamento comigo, deva treinar com você, Hades — Nix fala os surpreendendo.

— O quê? — tentou evitar, mas o rubor surgira em suas bochechas, sorte que o Deus mantinha o olhar para Nix.

— A mente de Hades é muito vasta e sombria, ninguém consegue manipulá-lo ou mesmo ler a sua mente, você precisa ter uma mente muito segura, como percebe, são seus pensamentos que agem em conjunto com seus poderes, assim você fica descontrolada — Nix respondeu simplesmente.

Hades olhou-a por longos segundos, deixando-a levemente corada com seu olhar, principalmente por não conseguir ler seus sentimentos.

— O que você quer, Evie? — ele perguntou sem tirar os olhos dos seus.

Arregalou os olhos, levemente em choque, aquela fora a primeira vez que a pergunta fora direcionada a si, não que sua família a mantivesse em uma prisão, mas nunca realmente teve escolhas, sempre teve que seguir regras, então somente o pensamento de escolher o que queria, era novo e assustador.

— Sei o que aconteceu, assim como sei que não é nada fácil de esquecer, mas você consegue treinar comigo? — ele perguntou sério.

Seu olhar voltou-se para Nix que parecia divertida com a interação e então voltou-se em direção ao seu olhar penetrante.

— Nix não fara parte, eu trabalho sozinho, lidar com a mente é algo complexo e deve ser feito com cuidado, então faríamos isso sozinhos, por isso perguntei se ficara confortável comigo, se não for o caso, podemos continuar com o mesmo arranjo — ele respondeu simplesmente.

Então era isso...

Estaria pronta para estar sozinha na presença de outro ser após o acontecido?

Ainda sentia sua pele arder, mesmo que não tivesse acontecido nada, mas era como se estivesse marcada, sabia que era psicológico, sua pele não tinha marca alguma, era mais sua alma que sentia isso.

— Evie, eu jamais irei feri-la, não suporto esse tipo de comportamento — Hades fala suavemente.

Olhou para o Deus, naquele momento entendera o que Nix falara, ele não podia ser lido, mas fazia questão de mostrar seus sentimentos e ações, sempre demonstrando que estava segura ao seu lado.

— Eu sei, você... você me defendeu — falou ao lembrar-se da maneira como o Deus agira no julgamento.

Desde o primeiro momento, ele não agira como se ela fosse a culpada, tratando-a com respeito, nem mesmo ousando se aproximar, mesmo que fosse um momento difícil de lembrar, ainda se lembrava da voz gentil que ele usara, como se a qualquer momento fosse quebrar, a maneira como a defendeu, socando o Deus que ousara falar dela, mesmo sem ter nenhuma obrigação para tal.

— Confie em mim, não vou machucá-la — ele afirmou, erguendo as mãos em sua direção.

Olhou hesitante para ela e então voltou-se para o Deus que mantinha um semblante sereno, seus sentimentos eram gentis, sem conter nenhuma malícia.

— Tudo bem — respondeu colocando a mão sob a dele.

Ele sorriu segurando-a com tanta delicadeza que por um momento pensara que ele nem estava a tocando.

A curiosidade que ela tinha em olhar cada canto, era cativante e instigante, era uma criatura que não mentia sobre o que sentia, pois, sempre estava estampado no seu semblante.

Lembrou-se então do olhar curioso para a sala que preparou para que ela tivesse seu treinamento, sabia quais eram os poderes de Nix, assim como sabia quais era os de Evie, embora a maioria fosse inusitado e inesperado, tentou deixar tudo para que ela tivesse todo o conforto e ela pareceu gostar.

Seus olhos tão genuinamente curiosos, fora o que chamou a sua atenção, tão igual, mas tão diferente de seus pais, principalmente de Afrodite, ela não tinha aquela malícia, embora soubesse usá-la quando necessário.

Passou a observá-la curiosamente durante o caminho até a sala de julgamento, embora soubesse que talvez fosse algo pesado para ela assistir, seria uma maneira de testar sua mente e fortalecê-la.

Quando chegaram a frente a sala escura e estreitamente longa, onde jaziam três cadeiras para os juízes do submundo, assim como os três portais atrás de cada uma, onde o julgado ia para o Tártaro, campos asfódelos e campos elísios, de acordo com a sua sentença, assim como a sua cadeira ao centro de tudo.

— Que lugar é esse? — a voz de Evie ecoou pelo recinto.

— Sala de julgamento — respondeu olhando-a de canto.

— O que estamos fazendo aqui? — ela perguntou olhando-o intensamente.

Apesar de a voz dela estar ligeiramente trêmula, seu semblante estava sereno, então ela conseguia controlar a superfície de seus sentimentos?

— As almas vêm aqui para serem julgadas pelos três juízes, Éaco é responsável pelas almas advindas da Europa, Radamanto responsável por julgar as almas da Ásia e da África, já Minos dá o voto final entre eles. Viemos aqui porque a palavra final é minha, seu treinamento é se manter serena diante os julgamentos — respondeu simplesmente.

— Mas-

— Evie, esse não é um trabalho fácil ou divertido, é o que mais mexe com a nossa mente, nem sempre nossas opiniões pessoais contam — interrompeu-a com o semblante sério.

Os três juízes chegaram tomando seu posto, sentia a apreensão de Evie com o cenário, suspirou tomando seu trono e olhou para a garota que estava estancada no lugar, sorriu mostrando para que ela sentasse no trono ao lado do seu, embora não fosse uma atitude que devesse tomar, ela não era sua esposa ou prometida para tomar o lugar, sabia que seus irmãos, Zeus principalmente, enlouqueceria se a visse ali.

— Eu não sei se devo sentar aqui — ela sussurrou timidamente, aumentado seu sorriso.

— Prefere ficar em pé? — replicou olhando-a divertido.

— Hades, esse lugar pertence a sua esposa ou prometida, não é certo! — ela resmunga corada.

— Sei bem o que essa cadeira ao meu lado representa, estou pedindo para que sente nela, então não tem problema com isso — replicou divertido.

Ela percorreu o ambiente sem conseguir olhar em sua direção, aquela fora a primeira vez que a vira tão tímida, sorriu tomando levemente a mão na sua, fazendo-a pular levemente, por um instante sentiu-se encantado com a visão, ela era um ser tão extraordinário.

O olhar vagou até as mãos unidas, era tão macia e pequena contra a sua, era até engraçado pensar no quão poderosa ela era, pois era um grande contraste com seu corpo delicado.

— Somente tem três opções aqui, fica em pé, senta ao meu lado ou no meu colo, então? — perguntou divertido.

Fora impossível impedir o sorriso que surgiu ao ver as bochechas tão vermelhas quanto seus cabelos. Não era sua intenção insinuar aquilo, principalmente ao saber do que ocorrerá com ela, mas fora impossível controlar o ímpeto de provocá-la, principalmente para ver as bochechas rubras.

— Sento ao seu lado! — ela resmunga sentando-se.

Sorriu aproximando-se lentamente, até que ficasse a altura de sua orelha, por um instante perdeu a linha de raciocínio ao sentir o perfume floral, um leve toque de rosas negras, quase conseguia sentir as pétalas escuras e aveludadas exalando aquele aroma tão incrivelmente sedutor, tão suaves, mas marcantes, gradualmente o aroma preencheu o ambiente, deixando-o tonto pela sensação irresistível e delicada de notas caramelizadas, sentiu algo que nunca sentira, afastou-se levemente confuso.

Ela não estava usando seus poderes, estava?

Olhou confuso na direção dela, os lindos olhos bicolores com as pupilas dilatadas mostrou que não fora apenas ele que tivera aquela reação.

Se não era seus poderes, o que era aquilo?

— Hades, ia falar algo? — ela pergunta num sussurro.

Balançou a cabeça tentando raciocinar, que porra era aquela?!

— Agora preste atenção nos julgamentos e não interrompa nenhum juiz, principalmente Minos, ele é temperamental demais, não quero brigas, pode fazer isso? — perguntou sério.

— Vou tentar — ela replicou audaciosa, mordendo os lábios.

Fora impossível não olhar em direção aos lábios carnudos e naturalmente avermelhados, afastou-se ao sentir seu interior trepidar.

Sentia seu coração disparado, estava morrendo?

— Podem começar — ordenou desviando sua atenção para os juízes.

Aquele era o momento do dia que menos gostava, mas era seu trabalho, as almas formavam uma extensa fila, ali o tempo era parado, pois, não teria como cuidar de todas elas em apenas um dia. Era um trabalho totalmente exaustivo, tentava ser o mais justo, embora muitas vezes não tinha como, as ações feitas se sobressaiam ao que suas almas realmente eram.

Evie apesar de estar sem jeito, ficara atenta, muitas vezes a viu brava com as sentenças, mas ela estava aguentando bem, o que achava bom, em nenhum momento seus poderes se sobressaiam.

— Este é um herói da cidade de Atenas, morreu por enforcamento após matar sua esposa e irmão, apesar do ato hediondo, ele em vida salvou inúmeras vidas, colocando sua própria em risco, meu voto é para Tártaro — Éaco anunciou.

— Ele foi um herói, então seria melhor os campos elísios — Radamanto replicou.

— Ele cometeu o crime contra sua esposa e irmão — Éaco retrucou.

— Meu voto é para os campos elísios, ele é um herói — Minos decretou.

Suspirou pesadamente, tomando a atenção dos presentes, era sua palavra que faltava.

— Por que ele os matou? — Evie pergunta curiosamente.

Os olhares caíram em direção a jovem que mantinha o semblante neutro, acenou para que Éaco deixasse o julgado falar.

— Ela me foi prometida, como pagamento para a proteção do povoado, nos casamos e vivemos bem por três anos, sempre sai durante esse tempo para as missões que tinha, mas não imaginei que ela dormia com meu próprio irmão — o homem declarou.

Evie se levantou, aproximando-se da porta onde jazia uma mulher ao lado de um homem parecido com que estava sendo julgado.

— São eles? — Evie perguntou ao homem que assentiu.

Ela então tomou as mãos da humana que parecia assustada com tudo ao redor, assim como o homem ao seu lado. Então voltou-se com um olhar feroz em direção ao julgado, sentia a raiva crepitando ao seu redor, deixando-o alerta.

— Ela nunca quis o casamento, era apaixonada pelo seu irmão e isso nunca te importou, você a usou ao seu bel-prazer, não é? — Evie pergunta entredentes.

— É uma mulher que me foi prometida, tinha seus deveres de esposa para comigo, assim como me devia fidelidade! — o homem retrucou irritado.

Rapidamente Evie colocou-se diante do homem, se não fosse um Deus, não teria visto, aproximou-se tão veloz quanto ela, impedindo-a de usar seus poderes.

— Ele merece! — ela rosnou furiosa.

— Ele já está morto, esse é seu julgamento e você não tem direito ou poder de interferir — respondeu sério.

— Hades, eu vi... eu vi... deixei-o queimar no tártaro! — ela suplicou segurando com angústia suas vestes.

Elevou as mãos até seu rosto, segurando-o com delicadeza, sabia o que ela vira, isto a fizera lembrar daquele maldito, seu coração apertou ao observar a tristeza em seu semblante.

— Evie, os atos dele são julgados em conjunto-

— Não! Você não está entendendo, esse homem tem que queimar pela eternidade! — Evie interrompeu-o trêmula.

Jamais fora irracional, a razão sempre imperava em todas suas decisões, principalmente nos julgamentos, ali sua opinião deveria ser cuidadosamente avaliada, mas vê-la tão aturdida, deixou-o sem chão, sentia sua angústia e a tristeza que assolava seu coração, ela estava marcada pelo acontecido, normal ela reagir assim em situações similares.

— Senhor Hades, essa Deusa não pode interferir no julgamento! — a voz raivosa de Minos ecoou pelo recinto, fazendo-o suspirar.

Os olhos bicolores eram ansiosos em sua direção, deixando-o sem saber o que fazer, entendia os sentimentos dela, infelizmente quando aqueles humanos se casaram, de acordo com suas leis, a esposa tem responsabilidades com seu esposo, apesar de o crime de adultério ser recriminado, até mesmo podendo ser honrado com sangue, o único crime que ele cometera fora matar, pois, tocar na esposa não era recriminado, isso na balança era como uma leve pedra, perto de todas as vidas que ele salvara.

— Quem ordenou a sua morte? — perguntou para o humano que suspirou pesadamente.

— Eu ordenei a minha morte... — ele admitiu.

Então ele não aguentara o sangue de sua própria família em suas mãos, aquela atitude diminuiria os contras em seu julgamento.

— A sentença é para os campos asfódelos, vagara no limbo por mil anos até que sua alma seja purificada de seu pecado, o mesmo servira para a esposa e irmão — ordenou.

Sentia os olhares incrédulos de Evie em sua direção, assim como a raiva dela, esta que não demorara a aparecer, uma aura aterradora a circulou, gradualmente aumentando, a força que ela fazia, o expulsava para longe, tamanho seu poder, somente tivera tempo de cobrir seu corpo com a escuridão quando um vendaval caótico formou-se em sua direção, sentiu seu corpo avançar alguns metros até parar contra a parede.

— Evie pare agora! — sua voz ecoou tão firme que a paralisou por um instante.

Aproveitou-se de sua distração, penetrando em sua alma, a controlando por instantes, gradualmente o poder dela ecoou, até sumir, ela caiu de joelhos, atordoada, ainda estava com raiva, mas não era a mesma energia caótica que se formara.

— Evie?

Os olhos bicolores em sua direção eram magoados, deixando-o sem ação, somente percebera ela sair correndo sem que tivesse chance para falar algo.

Thanatos é o Deus da morte, ou seja, seus poderes são relacionados a isso, sua mente e extremamente poderosa e ele não pode ser manipulado, mentalmente, claro que poderes que usam seus outros sentidos podem atingir ele, como o caso quando Afrodite usou sua presença para fazê-lo notá-la, aquilo foi diferente de um poder mental.
Agora Afrodite é a Deusa do amor, seus poderes são todos relacionados ao amor, desejos e sentimentos.
Quando combinados, alguns poderes se anulam, por esse motivo que Evie tem a mente suscetível, pois ela herdou os poderes de ambos, embora em diferentes níveis, ela é mais parecida com Thanatos, seus poderes são da morte e caos, mas alguns poderes herdados de Afrodite deixam ela instável.