Capítulo 8
"Debaixo das árvores nós vemos o céu
Confundindo estrelas com satélites
Eu nunca sonhei que você seria minha
Mas aqui estamos nós, estamos aqui esta noite...".
If Everyone Cared - Nickelback.
-Que diabos esta fazendo aqui Carter? - perguntei irritada.
Carter estava deitado no chão, vestia uma camiseta azul da cor dos seus olhos e um jeans preto, pelo que eu podia ver era uma roupa de Jay, conhecia bem aquela camiseta. As longas pernas estavam esticadas e os tornozelos cruzados, os cabelos negros estavam bagunçados e um pouco úmidos, os braços cruzados atrás da cabeça de maneira relaxada, mas apesar de sua postura tranquila o rosto estava duro e sério.
-O que estou fazendo aqui? - falou olhando para o céu. - Bem, num momento estávamos nos beijando e no seguinte você surtou e saiu correndo de casa para Deus sabe onde, fiquei uma meia hora parado como um idiota me perguntando o tinha acontecido de errado, mas não tinha ideia. A Samira desceu para beber água e contei para ela o que aconteceu, ela falou que você só precisava de um tempo pra pensar, que estava confusa, mas ai você não apareceu. Não sei se isso te explica alguma coisa, mas se for para simplificar eu quero saber que droga aconteceu pra você sair daquele jeito.
Continuei de pé e com os braços cruzados.
-Como me encontrou?
Ele se sentou com dificuldade fazendo uma careta de dor, depois dos ferimentos ele nem deveria se mexer daquele jeito.
-Quando você não apareceu para o café e depois mais tarde quando a Sônia ligou e falou que você não tinha ido trabalhar, Samira começou a ficar preocupada, ligou para uma meia dúzia de pessoas tentando achar você... Jason quer te matar por ter saído sem o seu celular, ele quase fez o aparelho em pedacinhos.
Não duvidava nada que eles estivessem revirando céu e terra a minha procura, sempre entravam em modo de alerta quando eu saia sem avisar.
-Como me achou aqui? - perguntei de novo com um pouco mais de calma.
-Foi graças ao Adam, ele chegou para falar feliz aniversário para você e na hora a Samira já soube onde você estava, mesmo que eu não soubesse por que. Ela esta ali na casa. - falou. - Sra.Stevens falou que estaria aqui.
-E porque você esta aqui e não ela? - perguntei.
-Achamos que fosse melhor eu vir falar já que foi por minha causa que você fugiu.
-Não foi por sua causa.
Ele arqueou a sobrancelha para mim e revirei os olhos.
-Você foi apenas parte do motivo para eu ter saído.
-Porque não disse que era seu aniversário? - perguntou.
Suspirei me sentando novamente e abraçando meus joelhos, sabia que ele não ia sair daqui, só o fato de ter vindo atrás de mim mostrava isso, não tinha ideia do que Carter realmente queria, mas sabia que ele não desiste fácil.
-Não é uma data que eu comemore, não tenho motivos para festejar.
Olhei para o céu enquanto Carter se aproximava mais um pouco, mesmo que estivesse escuro a luz da lua dava uma boa iluminação, o suficiente para enxergar meu rosto machucado, assim que Carter notou sua cara se fechou.
-O que aconteceu com seu rosto? - perguntou.
-Nada.
-O caralho que não aconteceu nada, você esta toda machucada. - falou segurando meu rosto com delicadeza e avaliando os cortes. - O que aconteceu?
Me afastei de suas mãos e me obriguei a não olhar para seu rosto.
-Foi apenas uma briga, me pegaram de surpresa e eu estava em desvantagem. - menti.
Senti seus olhos me avaliando e sabia que ele não tinha acreditado na minha historia, mas dane-se, não devia explicações da minha vida a ninguém.
-Porque você fugiu daquele jeito? - perguntou mudando de assunto.
Ele saiu de uma conversa desconfortável para entrar em uma pior ainda.
-Carter, eu realmente não quero falar sobre isso.
-Eu só quero entender porque você saiu daquele jeito, não tinha motivos para isso.
Passei as mãos nos cabelos.
-Olha, eu tive meus motivos para sair daquele jeito e... - suspirei. - Sou uma pessoa complicada, Carter, não posso te falar mais do que isso.
Ele me olhou por um momento e depois assentiu olhando para o céu.
-É um lugar bonito aqui. - falou se deitando. - Seu esconderijo?
-Sim, costumava vir para cá quando estava triste ou queria ficar sozinha.
-Eu tinha um esconderijo na casa dos meus pais também, - falou. - costumava ficar no terraço, levava um monte de coisas lá para cima e ás vezes acampava. O único lugar onde ninguém me incomodava.
Abri um pequeno sorriso e me deitei ao seu lado, não sabia dizer por que, mas aquela solidão que eu estava sentindo até pouco tempo atrás tinha desaparecido. Ficamos olhando para o céu em um silêncio confortável, talvez fosse nosso momento de trégua ou sei lá, mas eu não queria sair dali. Estar ao lado de Carter com certeza era uma loucura emocional, tudo variava entre a raiva, a irritação, atração e afinidade, era quase como se mesmo que eu quisesse ficar longe um imã puxasse ele de volta para perto de mim.
-Esse lugar costumava ser meu e do meu pai, sempre que tirava uma folga do trabalho ele vinha aqui olhar as estrelas comigo. - falei. - Você é a primeira pessoa que não seja ele que vem aqui.
-Desculpa invadir seu lugar especial. - falou com sinceridade.
-Carter Montgomery pedindo desculpas? - falei rindo. - Acho que já vi de tudo nessa vida.
Ele estreitou os olhos para mim, mas um pequeno sorriso surgiu em seu rosto.
-Me dando o troco? Acho que você gosta de jogos.
-A vida é um jogo.
Ficamos por um tempo em silêncio.
-Porque não gosta do seu aniversário? - perguntou.
Hesitei, eu geralmente não falava sobre isso, mas parecia que algo estava quase me obrigando a abrir a boca e contar a historia. Eu sabia que não podia confiar em Carter, sabia que devia manter distância e que ele me irritava na maior parte do tempo, mas também por algum motivo sua presença me enchia de segurança e calmaria, por algum motivo me sentia bem com ele aqui do meu lado.
-Quer mesmo saber? - perguntei.
-Você estava chorando quando cheguei. - droga, não queria que ele tivesse visto. - Sei que deve ser algo doloroso, então se não estiver confortável não precisa contar.
Coloquei meus braços atrás da cabeça.
-A dor é algo com o qual eu já estou acostumada.
Ele não disse nada, apenas ficou olhando para as estrelas.
-Eu já era parte dessa pessoa agradável que você conhece hoje quando era mais nova. - vi um sorrisinho se abrir em seu rosto. - Eu era bem madura e responsável para alguém da minha idade, era feliz e estava no que posso chamar de um dos melhores momentos da minha vida. Tinha acabado de entrar no ensino médio e começado o curso de fotografia que eu tanto queria, tinha um namorado de quem gostava muito e que me fazia bem, meu irmão ia para a faculdade na primavera e tinha acabado de pedir a namorada dele em casamento, meu pai estava ficando em casa e passando mais tempo com a gente e minha mãe estava grávida de cinco meses de uma linda menininha.
Parei por um momento, sabia bem o que essas lembranças iam me despertar, contar essa história sempre iria fazer com que eu revivesse cada sentimento que mantinha trancado, toda a dor que eu tentava esconder.
-Eu ganhei minha primeira câmera profissional da minha mãe e meu pai tinha me dado de presente de aniversário uma viagem para a Europa que eu sonhava há anos. Meu irmão, a namorada dele Hazel, Jason, Samira, meu namorado Mason e eu íamos aproveitar as férias paras ir. Era a primeira vez que ele me deixava viajar sem ele ou minha mãe.
-Isso parece muito bom, seus pais apoiavam seu amor pela fotografia?
-Sim, meu pai me deu minhas primeiras câmeras. Ele era um amante da arte e compartilhávamos essa paixão, pintava quadros incríveis, na verdade foi assim que conheceu minha mãe. Ela estava cursando música em uma importante academia de artes e ele foi fazer um curso de dois anos lá, a arte esta no meu sangue em suas varias formas. Foi meu pai quem notou meu talento para a fotografia, quando falei que queria ser fotografa ele me matriculou em um curso e disse que um dia me ajudaria a abrir meu próprio estúdio.
-Então aquele estúdio é um sonho seu e do seu pai.
Sorri.
-Sim, acho que ele ficaria feliz em ver que consegui abrir meu próprio negócio sozinha e com muito esforço.
-Tenho certeza que sim e muito orgulhoso também. - falou. - E porque aquele nome? Fênix estúdios.
Levei minha mão até a nuca.
-A fênix era o animal favorito do meu pai, ele gostava de seu simbolismo. Renascimento, superação e a esperança de que nada realmente tem um fim. Eu tenho até a tatuagem de uma fênix na nuca, ela significa muito para mim.
Me sentei novamente e arrumei os cabelos em um coque para dar uma melhor visão da minha nuca. Vi Carter se sentando e logo senti seus dedos sobre o desenho, esse contato fez com que eu me arrepiasse e ele notou, mas não falou nada. Tenho uma rustica fênix negra tatuada na nuca e em cada uma das quatro marcas de pena da calda estava o nome de um membro da minha família.
-Augustus, Celene, Gabriel e... Quem é Megan?
-Ia ser o nome da minha irmã.
-Ah.
Nos deitamos de novo e ajeitei meus cabelos.
-Sua vida estava ótima, quando tudo isso mudou?
-No dia do meu aniversário de quinze anos. - falei. - Meus pais quiseram fazer uma festa para comemorar, eu não me importava, mas meus avós estavam voltando da Itália onde estavam comemorando suas bodas, então deixei que fizessem. A namorada de Gabriel não ia poder vir porque tinha pegado uma virose e ele ia trazer um amigo dele, mas o garoto teve que viajar, eu estava até empolgada, minha mãe sempre foi boa em decoração, quando se juntou com tia Camila e tia Mayra então... Tava tudo perfeito.
-Quem são Camila e Mayra? - perguntou com a testa franzida.
-Camila era a mãe de Jason, ela trabalhava aqui em casa como cozinheira, Mayra era a mãe de Samira, era a melhor amiga da minha mãe e o marido dela era um de nossos seguranças. - Carter assentiu para que eu continuasse. - A festa estava incrível, tava sendo o melhor aniversário da minha vida, todos que eu amava estavam ali comigo. - suspirei lembrando perfeitamente de cada detalhe, dos risos, das conversas. - Então o alarme da casa disparou, uma coisa que nunca tinha acontecido antes e sabíamos bem o que era. Meu pai mandou que os seguranças tirassem a gente de lá, cada um levou um pouco para um lado, o pai da Sam tava nos levando para o segundo andar quando um cara surgiu por trás dele e atirou na sua cabeça bem diante dos olhos da Samira, ele ia nos atacar, mas meu pai apareceu e tirou ele do nosso caminho. A sala estava uma bagunça e um monte de homens encapuzados estavam entrando, nos separamos ali e meu pai mandou que meu irmão me levasse para o quarto principal porque ele precisava de senha para entrar, falou para ficarmos lá até ele resolver as coisas.
Respirei fundo e evitei rever os olhos do meu pai, ele tinha colocado a máscara de frieza naquele momento e não permitiu que víssemos como realmente se sentia.
-Meu irmão travou a porta e só para garantir colocamos um monte de móveis no caminho, ele ficava tentando me acalmar, mas eu sabia que as coisas não estavam bem, eu podia escutar os tiros e os gritos do andar de baixo. Então alguém começou a se jogar contra a porta, sabíamos que para conseguir invadir a mansão aqueles caras tinham que ser muito bem treinados, se eles conseguiram passar pela segurança dava para saber que aquela porta não ia segurar eles por muito tempo. Meu irmão me entregou esse colar...
Parei por um momento tomando ar e apertei o colar com força em minha mão.
-Ele mandou que eu saísse pela janela e me escondesse na nossa cabana até alguém ir me buscar, eu sabia que não tinha muitas chances de isso acontecer, mas obedeci e fui para a janela, quando eu estava quase saindo a porta foi arrombada e cinco caras entraram, meu irmão gritou para que eu pulasse, mas eu não consegui me mover, fiquei lá assistindo ele lutar contra aqueles caras sozinho, vi quando um pegou um facão e... - minha voz começou a ficar embargada. - Eu tentei gritar, mas foi tarde demais, eu apenas pisquei e o corpo sem cabeça do meu irmão estava jogado nos meus pés e eu... Eu estava coberta pelo sangue dele.
Vi que o rosto de Carter estava pálido como se ele tivesse acabado de ver um fantasma ou como se alguém tivesse apertado seus machucados.
-Era com isso que estava sonhando de madrugada? - perguntou e olhei para ele surpresa. - Eu acordei escutando você gritar, mas no começo achei que era um sonho então voltei a dormir, ai você ligou a musica.
-Isso não é o tipo de coisa que se esquece. - falei. - Não importa quanto tempo passe, quase todas as noites essas cenas voltam para me atormentar.
-Agora entendo porque perguntou se pessoas como você dormiam, tem terrores noturnos.
-Eu vi meu irmão ser decapitado, acho que não iria sonhar com unicórnios e flores.
-Como você conseguiu sair de lá antes que eles te pagassem?
Olhei para o céu novamente.
-Quando eles iam me atacar eu pulei a janela, quase me quebrei toda porque errei a galha que tinha mirado, mas mesmo assim consegui descer. Eu corri pelo beirada da casa me escondendo nas sombras até que tropecei e cai numa poça de sangue de um de nossos seguranças, ele já estava morto, vi a arma caída junto com ele e nem pensei quando a peguei, foi encima da hora porque que os caras tinham acabado de descer pela árvore. Quando o primeiro deles me atacou eu nem sequer pisquei para atirar nele, meu pai tinha passado boa parte da minha vida me treinando, então eu sabia o que estava fazendo, o ódio e o medo que estava sentindo apenas ajudaram, quando os amigos dele me bateram... - respirei fundo torcendo meus dedos. - Eu simplesmente me tornei outra pessoa, eu usei tudo que meu pai tinha que ensinado e quando surgiu a oportunidade eu apenas mirei e atirei. Fiz como meu irmão mandou e fui para a cabana do outro lado do riacho onde sempre brincávamos, passei a noite toda acordada segurando a arma esperando que qualquer um aparecesse, mas quando o sol nasceu eu já não aguentava mais ficar esperando, então com cuidado para que ninguém me visse eu voltei para casa.
Senti uma lágrima correr por minha bochecha e a limpei rapidamente.
-No caminho até a porta eu encontrei corpos dos nossos seguranças e de muitos dos caras encapuzados, só quando vi a mesma tatuagem que meu pai tinha que descobri que pertenciam aos Lordes. Não da para esquecer a visão do nosso salão de jantar, parecia mais um aniversário macabro, tinha sangue e corpos por todos os lados... Eu encontrei minha mãe jogada nas escadas com uma espada atravessando a barriga dela... - as lágrimas começaram a correr mais depressa por meu rosto e eu já nem fazia questão de limpa-las. - Meus avós estavam caídos em um canto, meu avô tinha entrado na frente da minha avó para protegê-la. Quando cheguei à nossa sala... - respirei fundo fechando os olhos.
Estremeci, aquela sempre seria uma das piores cenas que já vi na minha vida, algo que eu jamais esqueceria.
-O corpo do meu pai estava caído no chão e a cabeça dele encima da lareira como um troféu. Aquilo não foi assassinato, foi uma chacina, um verdadeiro massacre. - estremeci vendo aquelas cenas se repetirem por detrás das minhas pálpebras. - Foi além da crueldade, tinha idosos, mulheres grávidas e mesmo que a maioria das pessoas tivessem fugido eles conseguiram pegar algumas crianças, como o James, o irmãozinho de oito anos do Jason. Naquele dia a minha vida se transformou em um inferno, eu perdi toda a minha família e o que se pode chamar de inocência.
Limpei meu rosto novamente.
-Fiquei totalmente perdida e sem chão depois daquilo, o lugar estava deserto, a maioria das pessoas tinham fugido ou estavam mortas, ninguém ligava para uma adolescente, então sai a esmo por ai. Fui acolhida por um casal muito bondoso quase um dia depois, eu estava machucada, cansada e com fome. Eles cuidaram de mim por uns dias até que eu estivesse melhor, quando eu voltei não tinha mais casa e nem família. A Samira me levou para a casa dela até a polícia resolvesse as coisas. - revirei os olhos. - Dois dias depois que cheguei a casa dela meu namorado apareceu, ele estava com alguns arranhões por causa da correria, mais bem, eu pensei que ele tivesse ido lá porque estava preocupado comigo, mas ele foi apenas para partir ainda mais o resto que tinha sobrado do meu coração. - respirei fundo para controlar as lágrimas. - Falou que não podia mais ficar comigo, que para terem feito aquilo com minha família tínhamos que estar envolvidos com coisas muito ruins, que eu iria para um orfanato e as coisas iam ficar complicadas, disse que não queria uma garota assim para sua vida.
Eu abri um sorriso sem humor, ainda me lembrava bem daquele dia, nem que quisesse iria esquecer.
-O legal foi que eu não derramei uma lágrima sequer por ele, eu simplesmente não sentia nada, olhei para ele e falei que não queria perder meu tempo com um garotinho mimado e covarde que só sabia se esconder na barra da saia da mãe, que eu já tinha coisas muito maiores para me preocupar. Ele teve a cara de pau de falar que eu era fria e sem coração, da para acreditar? Melhor que isso foi ver Jason quebrando a cara dele, acho que o nariz não teve concerto.
-E quanto aos Lordes? - perguntou num sussurro.
-Eu fiquei fora do radar por um tempo quando estava no orfanato, eles pensaram que todos estavam mortos, apenas foram me descobrir de volta quando eu tinha dezessete anos, mas eu já era esperta o suficiente para lidar com eles.
Eu sorri e senti mais lágrimas caindo, ter falado tudo aquilo pareceu ter aliviado um pouco do peso que eu sentia no meu coração, nunca me senti tão bem por contar minha historia para alguém. Fiquei ali chorando sem me importar que Carter estivesse vendo, sabia que estava parecendo fraca e patética, uma garotinha chorona, mas não conseguia evitar, talvez seja por isso que quando ele me puxou para seus braços com delicadeza, eu não ofereci resistência. Carter fez com que eu deitasse a cabeça em seu peito e passou os braços envolta de mim, me prendendo contra seu corpo, enterrei o rosto em sua camiseta e senti ele acariciando meus cabelos.
Eu sabia que não devia e que mesmo contra minha vontade estava cedendo, mas droga, minha vida toda era uma enorme merda.
-Acho que isso explica muita coisa. - sussurrou contra meus cabelos. - Na verdade explica mais do que eu esperava.
-Odeio chorar na frente de qualquer pessoa, fazer isso na sua frente faz com que eu queira me bater.
Senti seu peito vibrando em uma risada.
-Porque não gosta?
-Porque faz com que eu pareça patética.
Carter ajeitou meus cabelos e senti sua respiração em meu couro cabeludo.
-Chorar não torna você fraca, apenas mostra que você é humana.
Ficamos deitados e abraçados por ali um bom tempo, eu chorava baixinho em sua camiseta e ele acariciava meus cabelos, pela primeira vez dei um dane-se para a confiança e toda a merda que vinha com o resto, eu queria ficar ali nos braços dele mesmo que fosse apenas por aquele momento. Eu não sabia o que tinha me dado, talvez fosse por meu momento de desabafo, pela data ou pelas lembranças, não costumava chorar desse jeito, ainda mais na frente dos outros, mas eu não conseguia me controlar. Quando finalmente me acalmei não falamos nada, apenas puxei a cesta pra mais perto de nós e juntos arrumamos um piquenique e comemos sob a luz das estrelas. Em um certo momento Carter pegou um bolinho, enfincou um palitinho nele e me estendeu.
-Feliz aniversário. - falou. - Não esquece de assoprar a vela e fazer um pedido.
Não me contive e acabei sorrindo enquanto assoprava sua vela improvisada.
-Que pedido você fez? - perguntou mordendo uma fatia de bolo.
-Não posso contar se não ele não se realiza.
Ele sorriu e voltamos a comer em silêncio, as estrelas agora estavam sendo tampadas pelas nuvens de chuva que começavam a riscar o céu e algo me dizia que não ia demorar para que elas tomassem conta. Esse era um dos dias onde o céu parecia retratar perfeitamente como eu estava me sentindo.
*****
Nota da autora:
Oi gente, avisei a muitas que esse cap seria mais forte e que eu faria vocês chorarem... Kyle em um momento tão frágil, mas já, já nossa garota volta com tudo. Quero agradecer as meninas do Whats por estarem sempre me motivando a escrever mais e por me darem varias ideias, adoro muito vocês viu.
Quero dar os parabéns para minha amiga Sheila_M_Alves por chegar aos seus 10k e super recomendo sua historia, Alice no país das sombras, mergulhem no mar do caos e das trevas, basta apenas dar uma olhadinha lá. Parabéns também a minha amiga AngelliqueHavens por chegar aos seus 3,35 k em Guerreiros do Amanhecer, recomendo essa historia assim como seu primeiro livro da trilogia, Vigilantes do Anoitecer, um dos meus livros favoritos... Deem uma uma olhada que não vão se arrepender.
Bem, lembrando que quem quiser fazer parte do grupo do Whats basta apenas deixar seu numero que eu adiciono lá.
Boa Leitura!
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