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Capítulo 7

"Eu fiz a minha parte


Eu dei o meu melhor

As coisas que estou lutando para proteger

Sempre se partem em pedaços no final...".

Bring Me Back To Life - Extreme Music.

Sorri da careta que Ricardo fez, ele deve ter acordado com o grito que Viviana deu quando me viu.

-Não posso mais fazer uma visita? - perguntei.

-Claro que pode. - falou. - Só tenta não enfartar minha velha quando fizer isso.

-Me respeita menino. - falou Viviana com as mãos na cintura.

Eu sorri enquanto ele dava um beijo de bom dia em seu rosto e vinha na minha direção, me deu um abraço apertando enquanto me tirava do chão, um hábito que ele começou a ter depois que ficou forte o suficiente para me aguentar, sua barba fez cocegas no meu rosto. Os Stevens sempre foram da família e eu sempre fiz questão de cuidar deles como se fossem, dava tudo de melhor que estivesse a meu alcance e algumas vezes agia como uma irmã mais velha para Cristina e Ricardo quando necessário.

-Bom ter você por aqui, a Cris vai ficar feliz em te ver.

-É bom ver vocês também. - falei. - Também é bom que você acordou porque temos que bater um papo.

Ele gemeu.

-Bronca uma hora dessas da manhã?

-Vou preparar a mesa do café. - falou Viviana saindo de fininho.

-Tudo bem, talvez a gente demore um pouco para ir.

Sorrindo para mim ela saiu da sala enquanto eu me sentava e Ricardo fazia o mesmo.

-Soube que tem se desentendido bastante com seu pai. - falei.

-Minha mãe te contou é?

-Contou e esta muito preocupada com você, disse que anda muito distante deles e bem rebelde.

Rick suspirou e passou a mão nos cabelos os bagunçando ainda mais.

-Eu odeio que ele se intrometa na minha vida e fique me falando o que tenho que fazer, me pressiona por causa da faculdade e eu não to aguentando mais isso. No trabalho também não me da folga, ta sempre no meu pé.

-Mas esse é o trabalho dos pais, brigar com ele não vai fazer com que te escute. - falei.

-Seu pai era assim também? - perguntou.

A pergunta por um momento me pegou de surpresa, mas logo depois suspirei e apoiei os cotovelos nos joelhos.

-Meu pai não era exatamente afetuoso, trabalhava muito e tinha vez que ficávamos semanas sem nos ver, a maior parte do tempo que passávamos juntos era quando estávamos treinando, ele era um professor duro e rigoroso, pulso firme e eu reclamava muito dele, tanto das broncas quanto de sua ausência, ele pegava bastante no meu pé. - suspirei. - Eu reclamava muito na época e sempre brigávamos, mas hoje agradeço cada uma das broncas, cada uma das vezes que ele me fez repetir um exercício mesmo que eu não aguentasse e por todas as regras que me impôs. Ele fez com que eu me tornasse forte e independente, alguém que conquista o que quer com seu próprio esforço e não hesita em lutar pelo que ama.

Rick olhava para mim com atenção.

-Sempre pensei que se dava bem com seu pai.

Eu ri.

-Brigávamos sempre que passávamos muito tempo juntos, nunca tive medo de enfrenta-lo. Minha mãe vivia dizendo que Gabriel tinha a aparência dele e eu o gênio, por isso nós dois sempre nos desentendíamos. Apesar da minha rebeldia ele sempre considerava minhas opiniões e ideias, apoiava meus sonhos e admirava a visão aguçada que eu tinha para minha idade. Os poucos momentos que tínhamos juntos era quando ele me buscava na escola depois de voltar de uma viagem, quando falávamos sobre arte ou quando íamos olhar para as estrelas. Acredite, esses eram os melhores momentos do meu dia ou da semana.

Rick tinha um pequeno sorriso no rosto enquanto olhava para fora.

-Sei que irrita e que essa pressão pode fazer com que a gente exploda, mas o trabalho dele como pai é tornar você um homem digno e de respeito, ele quer te dar tudo que não pôde ter. - falei. - Você pode gritar e xingar o quanto quiser, ele não vai desistir, sempre vai estar ao seu lado para te amparar e fazer com que você conserte seus erros. Seu pai te ama Rick, e só quer o melhor para você. Eu não pude ter o meu no dia da minha formatura e nem quando abri o negócio que sempre sonhamos, eu trocaria todo o dinheiro que tenho e escutaria todas as broncas do mundo só para ter ele aqui de volta. A família não é para ser perfeita, ela é seu alicerce mesmo quando tudo parece estar desmoronando.

Ele ficou olhando pela janela por um tempo parecendo perdido em pensamentos. Um dos motivos que faz com que Viviana me peça para conversar com Rick e Cristiana é que por algum motivo eles sempre parecem me escutar.

-Uau, minha mãe sempre arrasa quando pede pra você falar comigo.

Sorri.

-Ela não precisou pedir, fiz isso porque você estava precisando de uns puxões de orelha já há algum tempo.

-Realmente eu não dou muito crédito pro meu velho, ele me apoiou bastante quando entrei para o time de futebol e sempre que pode vai aos jogos, ele cobre meus turnos quando preciso estudar para alguma prova... Ele sempre me cobra sobre os estudos e sei que não esta fácil entrar em uma faculdade, muito menos pagar uma.

-Viu, ele esta ali sempre que você precisa, mesmo que não note.

-Tem razão. - falou. - Acho que ás vezes estamos com a cabeça quente e acabamos falando o que não devíamos um para o outro.

-Falando em estudos e faculdade, como anda os seus?

-Ta bem puxado, daqui dois meses é o final do semestre e meu aniversário. Os preparativos para a formatura estão deixando todos meio ansiosos.

Cocei meu queixo.

-Aniversário e formatura. - falei para mim mesma tendo uma ideia. - Que tal fazermos um pequeno acordo?

-Que tipo de acordo? - perguntou já sem hesitar.

Não pude deixar de sorrir, Ricardo não nega mesmo de quem é filho.

-Você vai tentar ser mais compreensivo com seu pai e pelo menos avisar quando sair para uma festa ao invés de fugir e deixar ele de cabelos brancos.

Rick arregalou os olhos.

-Como sabe disso?

Arqueei a sobrancelha.

-Com quem acha que esta falando? - perguntei e sorri de sua expressão. - Tem um motivo para suas regras de segurança serem tão rígidas, Rick, sabe que não temos uma vida normal e que vocês podem se tornar alvos lá fora.

-Eu sei disso, mas odeio ter que andar sempre com um segurança no meu pé.

-E quem gosta? - falei rindo um pouco. - Seja um pouco mais responsável e mostre que merece a confiança dele, isso por si só já vai ser uma recompensa. Também quero três notas A nas provas finais, conseguindo tudo isso de te dou um presente que sei que quer.

-Que seria?

-O carro que você quiser como presente de aniversário e formatura.

-Sério? - perguntou com os olhos brilhando.

-Me mostre que merece e já é seu, apenas não conte para sua mãe por enquanto se não ela me mata.

Rick riu se levantando.

-Okay, acordo fechado.

-Lembre-se que para qualquer faculdade que for o Giovane e o Lucas vão com você sem direito a bater o pé.

-Sim senhora.

-Se estamos resolvidos vamos logo tomar café que estou morrendo de fome e aquele bolo de chocolate esta me chamando.

-Fominha. - falou.

Dei uma cotovelada em suas costelas enquanto íamos para a cozinha.

-Me respeita menino.

-Tudo bem minha velha.

Sorrindo fomos tomar café, estar nessa casa sempre tem seus pontos positivos e negativos, eles se misturam de tal forma que é impossível que eu evite estar aqui. Por um lado tem todas as lembranças e a dor que esse lugar me trás, o vazio que tem aqui e que sei que nunca será preenchido, por outro tem essa bela família que sempre me acolheu como se eu pertencesse a ela, com sua simplicidade me faziam sorrir e tornavam um pouco mais iluminado o mundo escuro onde vivo. Não é fácil entrar em meu coração, mas quando isso acontece são trancados lá a sete chaves e essas pessoas eu não vou me permitir perder.

Quando chegamos a cozinha a mesa já estava posta com as mais variáveis comidas que eu poderia imaginar, pães, bolo, panquecas, suco, café... Viviana capricha mesmo. Comemos tranquilamente até eu quase ser arremessada da cadeira quando Cristiana pulou encima de mim me abraçando. Ela estava uma moça muito bonita, os cabelos estavam mais compridos e o corpo com mais curva, suas feições estavam mais acentuadas e a os traços de menina agora tinham dando lugar para uma bela mulher.

-Que bom que veio nos ver, Ky.

-Bom ver você também Cris, mas tenta não me matar da próxima vez que me ver.

-Onde estão seus modos Cristina? - perguntou Viviana brava. - Não é desse jeito que se cumprimenta uma pessoa.

Viviana dava suas broncas na filha enquanto ela se sentava ao meu lado e não pude deixar de sorrir disso. Eles me contaram como andava a escola e tudo que estavam fazendo, eu escutava tudo atentamente e sorria enquanto Viviana me entupia de seu maravilhoso bolo de chocolate. Rick mencionou alguns problemas que apareceram na casa e eu franzi a testa.

-Porque eu não fiquei sabendo desses problemas? - perguntei.

Viviana enxugou as mãos no avental que estava usando.

-Não queria desperdiçar seu tempo com isso. - falou.

-Nada disso, sempre que algo estragar ou precisar ser arrumado é só me falar. Faça a lista e encaminhe a conta para mim.

-Kyle...

-Não começa Viviana, esta casa também é de vocês e não admito que fique se matando para resolver algum problema apenas com medo de me incomodar. Não me importo em gastar o que for preciso para deixar tudo bem por aqui.

Ela estreitou os olhos para mim e depois assentiu.

-Cristina, faça uma lista de tudo que precisa ser providenciado e não se importe com o valor. - falei - Mandem a fatura para mim depois.

Cristina sorriu para mim e tomou seu café.

-Tudo bem.

-Porque esta rindo de mim?

-Porque você fala que nem o tio Augustus, é boa em dar ordens.

Apenas chacoalhei a cabeça e continuamos a conversar. Visitei todos os cantos da casa, parei um pouco no escritório do meu pai e na biblioteca, deitei na cama do meu irmão e fiquei lá por um tempo, o quarto estava do mesmo jeito que anos atrás, a foto que tirei dele e de Hazel numa festa que fizemos aqui em casa ainda estava na cabeceira da cama, os troféus e medalhes que ganhou quando estava na escola decoravam as paredes, na estante destacada entre os livros tinha uma foto dele comigo montada em suas costas e não pude evitar sorrir quando olhei para ela. Visitei o quarto que ia ser de Megan, eu e Gabriel tínhamos preparado esse presente para nossa mãe e íamos mostrar no dia do meu aniversário. Ele era todo cor-de-rosa e uma parede tinha um grande castelo pintado e toda uma imagem de conto de fadas, Gabriel era ótimo com desenhos, o berço era branco e delicado e os demais móveis ficavam entre o branco e o rosa, sofás macios e diversos ursos e bonecas decoravam todo o resto, estávamos empolgados em ter uma irmãzinha.

Em um porta- retratos com moldura dourada estava a foto que tirei dos meus pais na primeira ultrassom do bebê, tudo tinha ficado tão lindo. Passei em meu antigo quarto, levei boa parte do que tinha aqui embora, mas ele ainda era muito a minha cara, as paredes são pintadas de branco e uma delas de um azul bem escuro onde mostra a pintura de uma lua cheia e um lindo céu estrelado que meu irmão fez para mim, minha cama com lençóis brancos e vários travesseiros estava encostada nela. A parede oposta era quase toda coberta por fotos, tinha copia de todas na parede do meu quarto do apartamento. A escrivaninha era debaixo da janela e não muito longe dela ficava a porta da sacada, na porta do meu closet ainda estavam pregadas várias fotos dos lugares para onde eu queria viajar, parecia uma grande moldura. Peguei uma roupa confortável e fui para a sala de treinamento.

Meu pai não economizou em investir na construção dessa sala, tudo era limpo e cuidadosamente arrumado, as paredes eram forradas de armas e o tatame se estendia até a porta do vestiário, esse sempre foi um dos meus lugares favoritos aqui em casa. Passei umas duas horas ali treinando e suando até dar a hora de ir almoçar, tomei um banho demorado e vesti uma roupa fresca porque o dia estava bem quente, nunca tive roupas de menininha, meu estilo sempre foi um pouco mais adulto, mesmo que meu corpo tenha mudado desde os quinze anos as roupas ainda me serviam. Passei um dia até tranquilo perambulando pela casa, conversei bastante com Rick e Cris e quando eles foram para o colégio eu ajudei Viviana no que ela deixava, mulher teimosa do caramba.

Parei por um tempo e fiquei tocando piano, mesmo que fizesse um tempo que eu não tocava ainda me lembrava perfeitamente de como fazer, sabia as letras das melodias preferidas da minha mãe de cor. Viviana parou ao meu lado apreciando enquanto eu tocava e cantarolou quase todas as músicas, ela também sempre gostou de me ouvir tocar. Quando á tarde já estava caindo eu preparei uma cesta de piquenique para mim com tudo de gostoso que encontrei na geladeira.

-Srta.Moore? - chamou Marcelo da porta da cozinha.

Marcelo era um homem baixo e atarracado, seus cabelos já quase totalmente grisalhos, o rosto mostrava os sinais da idade, os olhos azuis brilhavam quando sorria. Ele era nosso jardineiro desde que eu era criança e minha mãe o adorava, ele sempre ficava mais do que feliz em conversar com a patroa sobre seus jardins.

-Sim?

-Trouxe as flores que a senhorita pediu.

Ele me estendeu um belo e enorme buque muito bem arrumado, as rosas variavam entre vermelhas, cor-de-rosa e brancas, todas com o caule cortado do mesmo tamanho, ele é bom no que faz.

-Muito obrigado, Marcelo. - falei pegando as rosas.

-As ordens senhorita.

Com isso ele se retirou e voltou para seus afazeres, segurando as rosas coloquei a última garrafa de água na cesta e terminei de arrumar as coisas.

-Vai visitar o cemitério? - perguntou Viviana entrando na cozinha.

-Vou sim, depois vou ficar um tempo na clareira, esta um dia bonito hoje.

Ela sorriu e acariciou meus cabelos.

-Vá lá vê-los, querida.

Pegando minhas coisas sai pelas portas do fundo rumo a uma trilha que leva para o cemitério da família, varias gerações dos Moore estavam enterrados aqui, esse lugar tem historia. Andei até os três túmulos mais novos e mais bonitos que tinham por ali, coloquei minha cesta no chão e separei as rosas por cores, coloquei as rosas brancas sobre o tumulo do meu pai, as vermelhas no do meu irmão e as cor-de-rosa no túmulo que tinha o nome da minha mãe e da irmãzinha que nunca pude chegar a conhecer.

-Feliz aniversário para mim, família. - falei abrindo um sorriso fraco e sentindo uma lágrima solitária escorrendo por minha bochecha. - Não tem noção do quanto sinto falta de vocês, do quanto queria que estivessem aqui comigo agora.

Olhei para o céu que já estava com as habituais cores do crepúsculo e suspirei sentindo um sentimento que não sentia há muito tempo, a solidão. Fiquei parada por um tempo observando os túmulos e as fotos que estavam neles, as fotos que eu mesma escolhi. Quando o céu já começava a escurecer peguei a trilha e fui rumo a clareira que ficava perto de onde eu costumava brincar quando criança com meu irmão, Jason e Samira, sempre vinha aqui quando estava chateada ou precisando pensar, as árvores eram mais altas e frondosas nessa parte, a grama era baixinha e para onde quer que olhe tem pequenas flores coloridas espalhadas pelo chão. Dava para escutar o barulho do riacho que ficava apenas alguns quilômetros mata adentro, não existe lugar mais belo e relaxante do que esse.

Coloquei a cesta no chão e sem enrolação me deitei olhando para o céu que já estava começando a ficar estrelado. Lembro da primeira vez que encontrei esse lugar como se fosse ontem, eu tinha onze anos e tinha acabado de ter uma briga feia com meu pai.

Sai correndo de sua sala sem deixar que terminasse de falar, as lágrimas de raiva turvando minha visão enquanto eu descia as escadas ignorando quem quer me chamasse ou tentasse me parar. Porque ele tem que ser daquele jeito comigo? Sou a filha dele e não um de seus empregados. Senti o frio da noite bater contra meu rosto só agora lembrando que sai sem casaco, mas não importava, não queria voltar lá para dentro.

Não olhei para onde estava indo, apenas continuei correndo para o mais longe que podia da casa, vários minutos se passaram até que algo se enroscou no meu pé, a única coisa que senti depois disso foi o impacto do meu corpo caindo com tudo no chão, cuspi a grama que entrou na minha boca e virei de barriga para cima já exausta de tanto correr. Eu estava em um lugar que nunca tinha visto antes, as árvores eram mais altas e a grama baixa como se fosse sempre aparada, diversas flores pontilhavam o chão e acima de mim o céu mais lindo que já vi na vida, acho que nunca tinha visto tantas estrelas.

Fiquei deitada ali apenas olhando o céu e sentindo as lágrimas descendo por meu rosto ao me lembrar das palavras do meu pai. Depois de uma meia hora escutei barulho de correria e pessoas gritando meu nome, me recusei a responder e continuei olhando para o céu. Quando as vozes se afastaram e achei que eles já tivessem desistido de me procurar senti alguém deitando do meu lado, por um minuto pensei que fosse meu irmão, ele sempre pareceu ter o dom de me encontrar onde quer que eu me escondesse, mas fiquei incrivelmente surpresa quando vi que era meu pai.

Ele esta com a calça social e a camisa, mas se livrou do terno e da gravata, os primeiros botões de sua camisa estavam abertos e os cabelos revoltados como se tivesse passado muito a mão neles, hábito que tem quando fica nervoso. Ele não falou nada por um tempo, apenas ficou deitado do meu lado olhando para o céu com as mãos atrás da cabeça. Ficamos os dois ali deitados na grama olhando para o céu e escutando os animais noturnos começarem sua rotina.

-Eu sempre vinha aqui quando era criança. - falou. - Era meu esconderijo secreto, corria para cá toda vez que brigava com seu avô ou o seu tio, mas também quando queria ficar sozinho. Passava horas olhando para o céu, ás vezes trazia alguns livros e ficava lendo, deixava sua avó louca porque sumia por horas e nunca falava onde estava, ela chegava a ficar cansada de me procurar.

-Não sabia que o senhor e o vovô brigavam. - falei.

Ele riu, algo bem raro de acontecer.

-Brigar? Nós erámos os mestres em fazer isso, não permitia que ele me pressionasse ou pisasse em cima de mim sem dizer o que pensava, o que deixava ele muito bravo. Sua avó dizia que era porque tínhamos o mesmo gênio, então estávamos sempre nos estranhando.

-A mamãe fala a mesma coisa de nós dois.

-E ela esta certa, desde que era menor eu já notei isso. Seu irmão é calmo, dócil e atencioso como sua mãe, você é irritada, mandona e teimosa como eu. - nós dois rimos. - Sua mãe sempre fala que você é minha versão feminina.

-O Gabri fala a mesma coisa, também diz que sou tão assustadora quanto o senhor quando estou nervosa.

Ficamos em silêncio.

-Sei que esta brava comigo Kyle, mas espero que entenda que tudo que faço é para o seu bem. - falou. - Sei que sou rígido demais ás vezes e que passo pouco tempo com você e seu irmão, não sou o melhor pai do mundo, mas me esforço para ser o melhor que posso ser para vocês. Nunca mimei vocês porque não quero que sejam acomodados e mesquinhos, quero que lutem pelos seus sonhos e se esforcem para conseguir o que querem, que deem valor ao dinheiro e ao trabalho, assim como a família e ao amor. Que entendam que tem que se trabalhar duro para ter alguma coisa na vida. Meu trabalho como pai é ensinar vocês a serem adultos dignos, respeitáveis, fortes e independentes, sei que posso errar muitas vezes no caminho, mas não tem um manual que ensina alguém a ser pai.

-Devia ter. - falei.

Ele sorriu.

-Sim, devia, mas também é errando que se aprende. Eu sempre aponto seus erros para que concerte, porque quero que seja uma pessoa diferente de mim, quero que seja alguém melhor. Eu não prometo mudar porque é assim que sou, sei que ainda vamos brigar muito e que vou magoar você, mas nunca pense que por demonstrar pouco que eu não amo você, porque amo muito, Kyle. Você é a minha princesinha e sempre vou fazer de tudo para te proteger. - com delicadeza ele me puxou para mais perto de si e fez com que eu deitasse a cabeça em seu peito enquanto fazia carinho nos meus cabelos. - Você e seu irmão são os melhores presentes que Deus já me deu, vocês e sua mãe são a minha vida e mesmo que eu não mereça agradeço todos os dias por ter vocês comigo.

-Parar mim você é o melhor pai do mundo e eu também te amo.

Senti ele sorrindo enquanto beijava o topo da minha cabeça.

-Vamos ter que voltar agora? - perguntei.

-O trabalho fica para depois, acho que posso tirar um tempo para ficar com a minha filha.

Sorri me aconchegando mais a ele.

-Vai avisar aos outros que me encontrou?

-Esse lugar é um esconderijo, ninguém pode saber onde ele fica. - ele estendeu o dedo mindinho para mim. - Vai ser nosso segredo, ok?

Eu ri enquanto enlaçava meu dedo mindinho no dele.

-Nosso segredo. - falei.

Voltei a realidade sentindo as lágrimas escorrendo por meu rosto, um dos motivos de sempre me isolar no dia do meu aniversário era que odeio chorar na frente das pessoas, não que eu já não tivesse feito isso, mas odiava quando acontecia e nesse lugar eu tinha liberdade para expor toda essa dor que carrego. Olhei para o céu novamente e sorri, essa era uma das melhores lembranças que eu tinha do meu pai, ele chegou a comprar um telescópio para mim e sempre que podia vinhamos juntos aqui e ficávamos vendo as estrelas por horas, ás vezes até quando eu caia no sono, eram poucos momentos, mas os melhores que eu poderia ter.

Senti alguém deitar do meu lado e meu coração disparou enquanto eu pulava e rodava para ver quem era, lembrar daquele momento com meu pai e alguém se deitar ao meu lado no mesmo instante não foi a coisa mais confortável do mundo. Assustada, demorei um pouco para ver quem era, mas assim que reconheci eu quis matar.

****

Nota da autora:

Quero agradecer as meninas do Whats por todo o carinho, por me cobrarem caps e por me fazer rir um monte tendo ainda mais vontade de escrever. Como prometi Lebre, o capítulo é para você.

Boa leitura!

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