Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 5

"Quero me curar, eu quero sentir

O que eu achei que nunca fosse real

Eu quero deixar essa dor que

Segurei por tanto tempo

Apagar toda a dor até que ela se acabe...".

Some Where I Belong - Linkin Park.

Gabriel sorriu mais uma vez e desfez nosso abraço fazendo sinal para que eu fosse até a janela, corri até lá e a abri sem dificuldades, estava acostumada a pular as janelas da casa e já tinha certa habilidade, a árvore encostada na parede do lado de fora apenas ajudava no percurso até o chão. Olhei para meu irmão enquanto a porta arrebentava em um estrondo horrível e pelo menos cinco homens encapuzados e armados entravam no quarto prontos para matar. Todos eles eram grandes e fortes, pelo menos dois deles tinham o dobro do tamanho do meu irmão, não só por suas habilidades em invadir a mansão como olhando para eles da para notar o quanto são bem treinados e mesmo sabendo que Gabriel é um dos melhores lutadores que conheço, sei que ele não tem muitas chances.

Ele voltou seu olhar para mim.

-Pula agora! - gritou.

No mesmo momento que gritou já partiu para cima dos caras, eu queria obedecer a sua ordem e pular ao mesmo tempo em que queria ficar e lutar ao seu lado, não apenas a indecisão como o medo fizeram meu corpo congelar ao lado da janela. Gabriel era habilidoso de tal modo que os homens nem pareceram notar minha presença, um deles já estava caído imóvel no chão, mas os outros quatro não pareciam tão propícios a se juntar a ele. Gabriel já demonstrava alguns sinais de cansaço, os homens eram tão ou mais habilidosos que ele e mesmo que estivesse aguentando firme a desvantagem dava para ver que não ficaria assim por muito tempo.

Houve uma mudança nas vozes e nos demais ruídos enquanto o mundo parecia girar mais devagar, vi o homem encapuzado sacar algo como um grande facão de sua jaqueta e caminhar por trás de Gabriel, tentei me mover, mas meu corpo não parecia responder, tentei gritar e o som da minha voz chegou tarde demais, apenas pisquei e senti um liquido quente e viscoso escorrer pelo meu rosto e ensopar o meu vestido. Passei a mão no meu rosto e tremendo olhei para meus dedos cobertos de sangue, o sangue do meu irmão.

Seu corpo esta caído aos meus pés e sua cabeça esta do outro lado do quarto, meu corpo não reagiu e é como se meu cérebro tivesse parado de funcionar, apenas senti lágrimas se misturarem com o sangue em meu rosto e uma dor que nunca senti antes rasgar o meu peito. Fechei minhas mãos em punho e senti todo o meu corpo tremer.

-Matem a garota! - escutei uma voz ordenar.

Levantei meu rosto e encarei os quatro homens a minha frente, a dor se misturando com o mais profundo ódio conforme minha visão se clareava e meu corpo voltava a funcionar.

-Eu vou matar cada um de vocês. - falei isso e sem hesitar pulei a janela.

Me sentei com tudo na cama, minha camisola esta grudada no corpo por causa do suor e meu rosto esta molhado de lágrimas, ainda sinto vividamente cada momento daquele dia, não importa quanto tempo passe ou o que eu faça. Faz meses que não tenho sonhos tão intensos assim, eles agora parecem ter voltado com força total. Eu senti antes de dormir que essa não seria uma boa noite, desde o momento em que sai da academia, mesmo depois de quatro horas de treino ainda sentia aquela agitação, eu sabia que algo não estava nada bem.

Sempre fico um pouco instável nessa época do ano e conforme o tempo passa pareço ficar cada vez pior. Me levantei da cama e amarrei meus cabelos suados em um coque, meu coração esta disparado e é como se a adrenalina daquele dia ainda corresse no meu sangue, sai do meu quarto e fui em direção a cozinha, sei que em hipótese alguma vou conseguir voltar a dormir, até estar acordada é difícil já que toda vez que fecho meus olhos vejo o corpo sem vida do meu irmão. Peguei minha taça no armário e a garrafa de vinho na geladeira, uma coisa da qual já fiz um ritual, a bebida é apenas um remédio momentâneo e sei que ela não melhora em nada os meus problemas, mas pelo menos amortece meus sentidos o suficiente para que eu não pense em nada, o que tem se tornado cada vez mais difícil já que parece que minha tolerância parece cada vez mais alta. Essa é apenas mais uma de muitas noites que a garrafa de vinho me faz companhia, há anos não sei mais o que é dormir tranquila.

A luz da lua esta passando pelas grandes janelas e banhando toda a sala, a casa reina em silêncio, andei até o rádio e coloquei minhas musica favoritas em um som bem baixinho para que não acorde ninguém. Sentei no chão de frente para a janela, coloquei uma pouco de vinho na taça e fiquei olhando para a visão da cidade que se estende por minhas janelas, já passa a meia-noite e boa parte da cidade dorme enquanto eu lamento a data do pior dia da minha vida. É quase como se eu tivesse um calendário interno que sempre me lembra dessa data mesmo que eu não queira, também não acho que seja fácil uma pessoa esquecer o dia do seu próprio aniversário, não importe o quanto odeie essa data. Escuto passos descendo as escadas e me viro para ver quem é, graças á luz que vem da lua da para enxergar toda a sala perfeitamente, ele para no pé da escada e posso vê-lo com clareza, seu cabelo esta bagunçado, a calça de algodão amarrotada, as bandagens um tanto tortas mostram que acabou de acordar.

Assim como a primeira que vez que notei ele é bem forte, o corpo bem trabalhado e mesmo sob as bandagens que envolvem seu tórax posso ver sua boa forma, coisa que não notei direito quando fui vê-lo mais cedo. Vejo a marca de uma tatuagem em suas costelas, mas por causa do curativo não sei dizer o desenho que é. Não é um bom momento para ficar reparando nisso, mas só agora noto uma coisa, ele não levou apenas um tiro, mais sim dois, eles mentiram para mim.

-Não devia estar dormindo? - perguntei.

Seus olhos se voltaram na minha direção ainda parecendo perdidos pelo sono. Parece que só agora notou que não estava sozinho.

-Eu acordei com o som de uma musica e vim beber um pouco de água. - respondeu com a voz rouca de sono. - E você? Também não deveria estar dormindo?

-E pessoas como eu dormem? - pergunto com um sorriso sem humor.

Carter me olhou com uma cara um tanto confusa e parecia perdido em pensamentos.

-Se uma pessoa como eu pode dormir, porque alguém como você não pode?

Ponderei suas palavras, o treinamento de assassino dele foi diferente do meu, dormir tranquilamente depois de assistir tantas mortes não foi uma das minhas instruções. Me levantei ficando de costas para ele, tem certa verdade no que diz, mas também uma falha, por mais que me doa admitir não sou assim tão diferente dele.

-Olhe para você, um Lorde rebelde que foi baleado para proteger uma das maiores inimigas da sua organização. É mentiroso, assassino, frio e manipulador e sei muito bem que não esta sendo nada sincero em suas palavras de me ajudar, seus motivos para estar fazendo tudo isso vai muito mais além do que apenas a liberdade, conheço o seu tipo de gente. - falei com os olhos voltados para a janela. - O que realmente você quer Carter?

-Já falei que tenho meus motivos para estar ajudando você. - falou. - O que eu quero é diferente do que preciso fazer. Apenas confie em mim quando digo que estou do seu lado.

-Já falei para você que minha confiança não é conquistada com facilidade, você tem que fazer por merecer.

-Certo, não vou falar que você esta errada porque nós dois sabemos que não esta e que também não vou falar meus motivos. Apenas vai ter que acreditar que quero que a Irmandade acabe tanto quanto você. - falou e parou por um momento. - Mas se sabe de tudo isso e não confia em mim, porque ainda estou aqui?

Bebi uma boa golada do meu vinho.

-Talvez porque eu possa falar muita coisa de você e de outros parecidos, mas não estou muito longe de ser igual a todos vocês.

-Como assim? - perguntou se aproximando.

Balancei minha taça.

-Eu caço e me sinto bem com isso, eu mato e não sinto remorso pelas vidas que tirei, eu quase me sinto satisfeita com o que faço, como se esse fosse algo que preciso fazer e olha que nem sou para isso. Depois que toda a euforia passa eu fico pensando, eles também poderiam ter um família em casa os esperando, pessoas que os amam e eu estou tirando a vida deles. - falei bebendo mais um pouco. - Então ai chega a seguinte pergunta, será que sou tão diferente daqueles que tentam me matar já que faço basicamente a mesma coisa que eles?

Escutei Carter suspirar parecendo cansado e pensativo, iluminado pela luz que vem de fora da para notar olheiras sob seus olhos e que ainda parece bem pálido, acho que as coisas não foram tão simples quanto fizeram parecer.

-Estou a mais tempo do que gostaria nessa vida, já vi mais coisas do que você pode imaginar. Para fazer o que fazemos temos que abraçar um tipo de escuridão bem ruim e ás vezes ela cobra um alto preço, conforme o tempo passa você nota que você acaba se tornando aquilo que caça.

Me virei um pouco para ele que se afastou apenas alguns passos do pé da escada e esta mais próximo de mim.

-A diferença entre nós Carter é que você não tem medo de admitir o que é. - falei terminado o vinho. - Eu sou uma pessoa cheia de sombras, ódio, mágoa, rancor e amargura, as pessoas não percebem porque escondo isso de todos. Eu ás vezes chego a me perguntar se eles que me causaram isso ou apenas despertaram o que já havia lá no fundo. Eu não sou a boa pessoa que aparento ser.

Seus olhos azuis me fitaram do extremo oposto da sala, agora estou virada de frente para ele, não sei por que estou dizendo esse tipo de coisa, ainda mais para Carter. Não sei se é efeito do vinho ou do meu estado emocional, mas não consigo frear as palavras que saem da minha boca.

-Kyle, - falou com a voz um tanto suave. - já vi muitas pessoas ruins nessa vida e vivo junto com muitas delas, então acredite quando digo que você não é uma. Todos carregam um pouco de sombras dentro si, alguns mais do que outros, uns podem controlar e outros não.

-Você apenas acha que sabe alguma coisa sobre mim. Simples papeis que você leu não dizem quem eu sou de verdade.

Mesmo de onde estou posso ver que os olhos de Carter se turvaram num misto de sentimentos conflituosos, com passos mais fortes e rápidos do que eu esperava uma pessoa na situação dele dar, atravessou a sala e parou bem na minha frente, o nariz quase colado no meu, a respiração um tanto quanto agitada. Sua aproximação apenas faz com que minha inquietação aumentasse, mesmo depois de tudo que aconteceu o cheiro de seu perfume ainda é forte e domina o ar a nossa volta.

-Você pagou a faculdade dos seus dois melhores amigos e fez de tudo para que tivessem uma boa vida, ajudou Adam a subir na carreira, contratou Sônia quando ninguém queria uma ex-delinquente dentro de suas empresas e ajudou ela a conseguir uma casa, encontrou Rafael quase perdido em um caminho sem volta e o ajudou, ele agora tem um apartamento e esta cursando a faculdade de fotografia que sempre sonhou. - falou nervoso. - Sei que todo o mês doa fortunas para orfanatos e casas de apoio, todos os anos promove uma exposição beneficente com suas melhores fotos. Você pode ter o que for de ruim guardado ai dentro, mas o que tem de bom se equilibra perfeitamente.

Apenas olhei para seus olhos sem saber direito o que dizer e antes que eu pudesse fazer alguma coisa sua boca se chocou contra a minha em um beijo intenso e caloroso. Fiquei sem reação por um instante, não posso dizer que já não sonhei com isso e que a sensação é ainda melhor do que imaginei, o simples toque dos seus lábios fez com que uma eletricidade percorresse todo o meu corpo e quase que por vontade própria minhas mãos foram para seu cabelo e pescoço. Tomando como incentivo Carter passou os braços envolta da minha cintura com delicadeza e aprofundou o beijo, apertei seus cabelos entre meus dedos e suspirei, ele apertou me apertou ainda mais contra si e senti o calor do seu corpo passar para o meu que estava gelado, por apenas um momento me deixei levar naquele momento que sempre neguei que queria. Fiquei perdida na maravilhosa sensação que era aquele beijo.

Parecia fácil apenas me deixar levar pela força dos seus braços ou o calor de seus lábios, mas quase como a rapidez de um soco varias lembranças golpearam minha mente fazendo com que eu me afastasse de Carter como se ele estivesse pegando fogo. Fiquei longe dele com o coração disparado e a respiração acelerada, ele não parecia em um estado melhor que o meu, as palavras que Samira me disse vieram com tudo e chacoalhei a cabeça para afasta-las, isso não pode acontecer. Fechei meus olhos e tudo que tentei bloquear veio com força total, as imagens, as vozes, os gritos, o sangue. Eu não tenho paz e talvez nunca tenha, sou quebrada e sem concerto.

-Kyle... - falou Carter com a voz rouca.

Ela esta alguns passos afastado e se apoiando nas costas do sofá, o rosto corado e os olhos escuros, confusão demarca seu rosto, sei que não posso continuar olhando para ele.

-Não! - falei em voz baixa. - Apenas... Não.

Sem deixar que ele falasse mais alguma coisa fui para o meu quarto, preciso sair daqui o mais rápido possível, preciso me livrar de toda essa carga que tem me atormentado por dias. Tomei um rápido banho e escovei meus dentes, vesti minha calça de couro preta, uma regata também preta, calcei minhas botas, prendi os cabelos em um rabo de cavalo alto e coloquei a jaqueta, ajustei o coldre, peguei as armas e a chave do minha moto, preciso apenas disso hoje. Preciso da minha moto, do vento do meu rosto e da Escoria da meia-noite.

Passei como um foguete pela sala nem me importando se ele ainda estava ali e fui rumo ao elevador, assim que sai no estacionamento andei até minha bela Harley, nunca me arrependi de tê-la comprado, velocidade sempre foi umas das minhas paixões. O caminho até as docas não foi tão difícil, eu já conhecia muito bem aquela área, mesmo não sendo recomendada por ser muito perigosa eu não tenho nenhum problema em andar por aqui.

Estacionei minha moto no lugar de sempre e fui rumo a entrada da grande construção, a Escoria da meia-noite é um grande prédio de tijolos quase escondido no fundo das docas, discreto e longe o suficiente da cidade, a fachada um tanto sinistra faz com que pareça um prédio abandonado, se você não sabe onde é, nunca o encontra. A maioria das coisas ilegais rola por aqui pelo pouco acesso que a policia tem ao lugar, já participei de muitos pegas por essas estradas, assim como muitas dos jogos que acontecem no barracão de tijolos. Os dois seguranças de sempre estavam bem posicionados e avaliando a área, desde que conheci esse lugar essa dupla nunca foi mudada.

-Andrew, Adina. - os cumprimentei.

Os dois são gêmeos idênticos, Adina tem longos cabelos loiros que estão sempre amarrados e eu diria que tem rosto de fada, ela é linda, mas seu olhar duro e frio é capaz de espantar qualquer pessoa. Raramente já a vi sorrir, os olhos azuis sempre parecem procurar por algo, seu corpo é uma perfeita maquina de luta, com curvas pronunciadas e uma elegância perceptível. Andrew é o oposto, ele sorri para quem merece e intimida quem não gosta, o cabelo loiro é curto e espetado, tem uma barba rala muito bem desenhada que o deixa muito bonito e seu corpo causaria inveja a muitos caras que frequentam a academia.

-Srta.Moore! - cumprimentam os dois de volta.

Andrew abriu um sorriso para mim.

-A madame e o senhor vão ficar feliz em vê-la por aqui depois de tanto tempo. - falou.

-Realmente faz tempo que não venho aqui. - falei olhando para cima.

-Veio lutar? - perguntou empolgado.

Adina deu uma cotovelada em suas costelas e lhe lançou um olhar zangado.

-O que ela veio fazer não é da nossa conta, Andrew.

-Perguntar não ofende. - resmungou para a irmã e eu sorri. - Além do mais eu ganhei uma boa bolada da última vez. Tenho contas para pagar se você não sabe.

-Se Ronald tiver alguém para mim eu vou lutar sim.

-Ele sempre tem.

-Então faça suas apostas.

Sem mais demora eu entrei, o lugar estava bem cheio para o meio da semana, ao que parece os problemas estão em alta ultimamente. Magnatas e outros ricaços estão sentados em diferentes lugares sendo atendidos por belas mulheres ou até mesmo homens atraentes, uma musica alta soa nos alto falantes e as luzes giram como em uma boate, tudo tem certa elegância no patamar superior, de acordo com a clientela. Bem no centro desse salão tem uma enorme cratera onde fica o pátio principal, é lá em baixo onde o show acontece. Tem diversas salas separadas para os lutadores e a área inferior para os tradicionais, esse andar de cima é reservado apenas para os VIPs.

Barmans fazem seus shows com as bebidas atrás do balcão, gritos vêm das mesas de jogo e o DJ arrasa em seus remix, eles realmente souberam como fazer esse lugar. Se D ou Hazel soubessem que venho aqui eu provavelmente seria uma pessoa morta, Samira, Jason e Sônia provavelmente viriam junto comigo, não duvido de nada vindo deles.

-Mas olha só quem apareceu por aqui. - falou uma voz de trás de mim.

Me virei e encarei uma morena baixinha, ela tem seus cinquenta anos, mas é muito bem conservada. Seus cabelos negros estão presos em um coque elegante, o vestido vermelho se molda bem ao seu corpo com um decote generoso, os saltos com tiras de amarrar no tornozelo são matadores, a pele tem um bronzeado impecável e em seu pescoço ostenta um belo colar de rubis que combina com seu vestido e o batom vermelho que usa, seus olhos negros emoldurados por cílios espessos me encaram com alegria e curiosidade.

-Pois é, acho que já faz um tempo que estou longe. - falei.

Olivetty sorriu e me deu um abraço apertado, o cheiro do perfume caro invadindo meu nariz.

-Devia te bater por ficar tanto tempo sem me visitar. - falou se afastando. - Será que esqueceu também a serventia de um celular?

Abri um sorriso sem graça.

-Desculpa, mas as coisas andam uma loucura ultimamente.

Ela avaliou bem meu rosto, Olivetty conhece bem minha historia, então não preciso dizer muito para ela saber que tipo de loucura tem me perseguido nos últimos tempos.

-Fico feliz que tenha vindo, Ronald vai adorar vê-la. - falou me guiando para uma área reservada.

A multidão se abriu como o mar vermelho para ela, a mulher sabe mesmo impor sua presença, sempre que Ronald tem que viajar é Olivetty que comanda tudo e posso dizer que a mulher sabe ter mão de ferro, ninguém aqui ousa questionar sua autoridade. Fomos conversando até um conjunto de sofás vermelhos onde três homens estavam sentados e perdidos em uma conversa animada, mesmo que todos fossem bonitos o do meio se destacava, não apenas por sua presença imponente, mas pela intensidade que parecia emanar dele. O terno cor de chumbo feito sob medida se molda perfeitamente em seu corpo musculoso, mesmo sentado da para notar que é alto e sua postura mostra elegância e domínio, a cabeça apenas com uma sombra de cabelo e a barba sempre bem feita, a pele negra impecável, mas a coisa mais exótica em sua aparência são os belos olhos verdes.

Ronald Lestraind é um homem que chama atenção, o sorriso encanta qualquer pessoa que o conhece, os dois homens sentados ao seu lado e a mulher que acabei de notar parecem fascinados por alguma historia que ele esta contando. Nos aproximamos sem que eles notassem nossa presença.

-Olha só quem eu encontrei perdida por aqui. - falou Olivetty.

Assim que ela falou a conversa cessou e o marido se virou para ela, apenas pelo olhar da para notar três coisas que aquele homem sente por ela, admiração, devoção e muito amor. Sempre achei que Olivetty e Ronald são um dos casais mais belos que já vi, não em aparência, mas na profundidade do que sentem um pelo outro. Os olhos de Ronald se desviaram da esposa e se voltaram para mim, assim que pareceu notar quem eu sou um enorme sorriso se espalhou em seu rosto e ele se levantou.

-Minha querida, há quanto tempo não vejo você. - falou com sua voz profunda.

-Olá Ronald. - falei sorrindo. - Olivetty já me deu uma bronca no caminho até aqui.

-E devia mesmo. - falou me dando um aperto de mão. - Olha só o quanto você cresceu, esta a cada dia mais bonita.

Apenas chacoalhei a cabeça e cumprimentei as outras pessoas que estavam sentadas por ali.

-Então o que a trás até nós? - perguntou se sentando novamente e fazendo sinal para que nos juntássemos a ele. - Duvido que seja por saudade.

Ajeitei meu cabelo, ele não é um sucesso no ramo dos negócios á toa.

-Direto ao ponto como sempre. - falei. - Realmente, eu vim pela luta... Queria saber se tem alguma pra mim hoje.

Um pequeno sorriso surgiu em sua boca.

-Não tenho sempre?

-Nunca me desapontou.

-Vai querer quantas para essa noite? - perguntou já empolgado.

-Quantas eu aguentar.

-A Dark Angel esta de volta. - falou se levantando. - Pelo jeito vou ganhar uma boa bolada hoje.

Ronald fez um sinal para um dos seus empregados e um homem de roupas escuras se aproximou. Ele deve ser apenas alguns anos mais velho do que eu, tanto seus cabelos bem aparados quanto os olhos são castanhos, a pele é clara e tem uma expressão seria, é baixo, mas sua estrutura corporal é bem pronunciada.

-Senhor? - perguntou o rapaz.

-Arrume a sala 67, a dona dela esta de volta.

-Sim senhor.

Arqueei uma sobrancelha enquanto o rapaz falava no radio.

-Reservou a sala para mim? - perguntei.

-Nada demais para a minha melhor lutadora.

-Okay!

O rapaz ficou me esperando.

-Vamos senhorita? - perguntou.

-Claro!

Me levantei e dei um aceno para todos.

-Daqui meia hora vou busca-la. - avisou Ronald.

-Estarei pronta.

Com isso me virei e segui o rapaz para minha sala de costume. Fomos para uma porta reservada e descemos um bom lance de escadas até o patamar inferior, assim que saímos ele andou pelo corredor e seguimos até a sala 67, uma mulher vestida com calça branca, uma blusa preta e avental saiu de lá. Ela deve ter por volta dos vinte e cinco anos, os cabelos são claros e não da para ver muito bem o seu rosto porque esta de cabeça baixa.

-Já esta tudo pronto? - perguntou o rapaz a ela.

-Conforme foi solicitado.

-Certo, obrigado.

Com apenas um aceno ela seguiu pelo corredor, o rapaz abriu a minha porta e fez sinal para que eu entrasse. A sala é quase como um quarto, as paredes são pintadas de uma cor clara, os moveis de madeira escura e o enorme sofá marrom repleto de almofadas exalam elegância e luxo, em uma mesa tem diversos copos ao lado de um mini bar, uma TV de plasma esta pregada na parede e abaixo dela em uma prateleira tem um sistema de som. Na parede da direita tem duas portas, uma do banheiro e outro de um armário. As janelas cobertas por cortinas escuras dão de vista para o lago que tem um pouco mais adiante e ao fundo uma floresta.

-Precisa de algo mais, senhorita? - perguntou o rapaz.

-Não, obrigado, era só isso.

Com um aceno de cabeça ele sumiu pelo mesmo caminho que me trouxe, fechei a porta, liguei o som e andei até o mini bar, me servi de uma dose de whiskey e me deixei levar pelo embalo da musica enquanto abria as cortinas. Fiquei por um tempo olhando para o lado de fora, pelo jeito não mudaram em nada essa sala desde a última vez que estive aqui, apenas a pintura parece ser nova. Andei até o armário e peguei a roupa que já estava pronta para mim, um habitual traje preto confortável que da bastante liberdade para meu corpo, nada muito exagerado. Tirei minhas roupas e as armas e vesti o traje, calcei os sapatos e ajeitei meus cabelos, ao que parece Olivetty não errou meu tamanho. Peguei a máscara preta em uma gaveta e a ajeitei no meu rosto, minha identidade de lutadora é um segredo que apenas poucas pessoas aqui dentro sabem, no começo a máscara foi apenas um detalhe, mas depois achei que era melhor quem eu sou continuar sendo um mistério. Fui até o banheiro e me olhei no grande espelho, não pareço eu mesma, hoje sou apenas a sombra que sempre escondo.

Escuto uma batida na porta e saio do banheiro, chegou a hora. Vou até a porta e encontro Ronald me esperando do outro lado.

-Pronta querida? - perguntou.

-Sempre estou.

Ele abriu um sorriso satisfeito e seguimos rumo ao pátio, fomos em um silêncio tranquilo enquanto eu me preparava, aqui não preciso me conter ou esconder, apenas deixo tudo fluir. A borda do pátio estava cheia e todos se silenciaram quando nos aproximamos, alguns lutadores me cumprimentaram enquanto estralava meu pescoço e fazia alguns alongamentos.

-Lembre-se querida, não exagere. - falou Ronald.

-Eu nunca faça isso. - falei.

Ronald segurou firme em meus ombros.

-Estou falando sério, Kyle, já vi você fazer verdadeiras loucuras nesse lugar e não quero que você se machuque. - seus olhos transmitem a verdade de suas palavras. - Não falo isso por causa do dinheiro, mas porque conheço você e me importo.

-Pode deixar Ronald, eu apenas... - suspirei. - Preciso tirar isso de mim.

Ele sorriu e deu um aperto incentivador no meu ombro.

-Faça eles chorarem.

-Com todo prazer.

Com uma piscadinha ele fez um gesto para o juiz e fui chamada para o centro do pátio. Terminei meu alongamento enquanto o juiz explicava as regras para todos, a mesma coisa de sempre, não é permitido matar, nossas únicas armas são o cérebro e o corpo e devemos aceitar quando a luta chega ao fim. Terminado isso o juiz se vira para mim.

-Esta pronta? - perguntou.

Abri um sorriso malvado e o vi engolir em seco, eles sempre tem medo de mim, o único sentimento diferente que ganho de alguns é o respeito.

-Pode mandar o primeiro.

Ele assentiu e fez sinal para meu adversário, estar aqui sempre me da certa liberdade porque sei que não importa como for ou quem eu for, ninguém que esta aqui dentro vai me julgar. Não estão aqui para apontar o certo e o errado, muitos estão pelo dinheiro e pela diversão, alguns pelos mesmos motivos que eu, outros apenas para observar. Ninguém aqui é limpo para falar do outro, por esse motivo não tenho medo de mostrar o meu pior lado e o porquê de me chamarem de Dark Angel, por esse motivo quando meu adversário investiu contra mim não hesitei em revidar com tudo que tenho.

******

Espero que estejam gostando e se preparem que tem muito mais surpresas por vir. Kyle ainda tem muitos segredos a serem descobertos.

Boa leitura!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro