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Capítulo 37

"Aqui vamos nós novamente

Eu não vou ceder

Eu tenho uma razão para lutar

Todos os dias nós escolhemos

Nós podemos ganhar ou perder

Está é a vida perigosa...".

Feel Invincible – Skillet.


Acordei com o sol da manhã castigando meus olhos e uma possível dor de cabeça. Eu tinha esquecido de fechar a maldita da cortina de novo. Olhei para o relógio na cabeceira da cama e vi que ainda eram seis e meia da manhã de uma quarta-feira, o único dia, tirando o domingo, em que eu não precisava chegar cedo no estúdio. Soltei um resmungo contra o travesseiro e senti um braço quente deslizar pelas minhas costas nuas, o que fez com que eu virasse para o outro lado. Morgan dormia profundamente, seus cabelos estavam uma verdadeira revolta, o rosto sereno e seus ombros e costas, que estavam descobertos, mostrava vergões profundos e avermelhados das minhas unhas. Passei a mão suavemente por seus cabelos e ele apenas tirou o braço que estava em minhas costas e abraçou seu travesseiro. Era uma visão adorável. Eu gostaria de ter essa paz para poder dormir.

Empurrei as cobertas de lado e pulei para fora da cama avaliando os estragos. Meu corpo estava dolorido, mas não de uma maneira ruim, meu cabelo estava parecendo um ninho todo embaraçado e havia algumas marcas de dedos nas minhas costelas e quadril que estavam começando a ficar roxos. Olhei para Morgan novamente e, resolvendo que ainda era muito cedo para acorda-lo, fui para o banheiro. Tomei um banho demorado e me permiti enrolar sob a agua quente, sentindo ela deslizar pelos meus cabelos e levar embora qualquer indicio de uma possível ressaca. Escovei meus dentes e travei uma pequena luta para pentear meu cabelo, ele podia ser liso, mas embaraçava com uma facilidade incrível.

Enrolada em um roupão voltei para o quarto. Morgan ainda dormia e eu poderia explodir o quarto que ele provavelmente não acordaria, tava pra existir homem que tivesse sono mais pesado do que o dele. Peguei uma lingerie confortável e minhas roupas rotineiras de treino, que eram uma leggie e uma regata preta. Vesti um dos meus tênis e fiz uma traça em meu cabelo o mais caprichada que eu pode, não era exatamente a melhor em fazer penteados, mas era ótima em improvisar. Eu reservava as quartas de manhã para pegar pesado nos treinos e, como já fazia algum tempo que eu não treinava, era bom usar o dia de hoje para colocar tudo em dia, ainda mais que uma hora dessas D provavelmente já estaria por lá.

A casa ainda estava um pouco escura, o que significava que Samira provavelmente não estava em casa e que Jason ainda estava dormindo, pelo menos era o que eu achava. Peguei um pouco de suco na geladeira e preparei um sanduiche rápido com presunto, queijo e uma salada que eu tinha achado na geladeira. Me empoleirei em um dos banquinhos na frente do balcão e comecei a tomar meu café enquanto cantarolava sozinha. Quando já estava terminando meu copo de suco, Jason entrou na cozinha mais parecendo um zumbi. Ainda vestia o pijama, que era uma calça de algodão cinza e uma regata branca, o que significava que ainda não estava nem noventa por cento acordado. Passando ao meu lado, ele murmurou um bom dia e quase se enfiou dentro da geladeira.

—Bom dia. – respondi e olhei para ele curiosa. – O que aconteceu com você?

Ele fechou os olhos e encostou a testa na geladeira enquanto soltava um gemido de dor.

—Não soe tão disposta uma hora dessas, seu ET. – resmungou. – Mesmo você falando baixo é como se sinos e gongos estivessem fazendo uma disputa dentro da minha cabeça.

Levei a mão a boca para conter uma risada.

—Está com ressaca? – perguntei mesmo que já soubesse a resposta.

—Depois daquela prova infernal e um trabalho que me fez querer arrancar os olhos, não parei no trabalho nem para almoçar direito. – falou. – Então depois que terminamos o trabalho, Camila me convenceu a irmos até um bar para que eu relaxasse um pouco.

—Quem é Camila? – perguntei franzindo a testa.

—A responsável pelo meu projeto que você me viu conversando quando foi na empresa.

Pensei por um momento e lembrei da mulher de cabelos curtos e terninho.

—Ah, então, o que aconteceu?

—Entre muitas doses, algumas risadas e brincadeiras, acabamos indo para a casa dela e... – ele não terminou, mas eu entendi bem o que aconteceu. – Cheguei em casa umas três e meia da manhã.

—Pelo visto aproveitou mesmo a noite. – comentei, mas não consegui segurar mais o riso.

Comecei a rir e ele apertou mais a cara contra a porta da geladeira. As vezes até eu ficava admirada com o quanto, mesmo depois de beber muito, eu fugia das horríveis ressacas. Um pouco de mal humor, sede e muito sono eram o máximo para mim.

—Não ria, sua infeliz. – falou irritado. – Minha cabeça ta doendo pra caralho e... Eu transei com a responsável pelo meu projeto. Merda!

Levantei do banco, coloquei a louça suja na pia e andei até Jay. Coloquei minha mão em suas costas e dei um leve aperto para tentar reconforta-lo. Ficar preso a arrependimentos era um dos defeitos mais irritantes de Jay. Com tudo o que já tínhamos passado, arrependimentos eram coisas bobas as quais se prender.

—Ei, isso pode acontecer. – falei o tranquilizando. – Você é solteiro e ela também, a única coisa que não podem fazer é deixar que isso interfira no trabalho de vocês.

Ele ficou em silêncio por alguns minutos e depois soltou um suspiro.

—Você tem razão. – falou se afastando da geladeira. – Acho que to fazendo muita tempestade em copo d'água.

Dei um tapinha em suas costas e ele resmungou de dor enquanto se virava.

—Não faz isso que ta doendo. Aquela mulher tem as unhas mais afiadas que uma fera selvagem. – falou passando a mão no rosto e me espiando por entre os dedos quando me viu sorrindo. – O sapato jogado no meio da sala é dor Morgan?

Fiz uma careta e assenti.

—Isso explica onde o sapato dele foi parar.

—Eu não vou querer saber da sua noite sórdida... Vou? – perguntou arqueando a sobrancelha.

Chacoalhei a cabeça e dei um beijo em seu rosto.

—Apenas bebemos, nos divertimos, eu cantei no palco, ele correu de cueca e depois viemos para casa. Isso é tudo que tem que saber.

Depois que sua expressão confusa passou, Jason começou a rir. Ele não ficou muito tempo assim, já que aparentemente sua cabeça o lembrou da dor que estava sentindo.

—Vocês dois não tem jeito mesmo. – falou chacoalhando a cabeça e me puxando para seus braços, apoiando o queixo no topo da minha cabeça. – Mas se for para ver você sorrindo e feliz desse jeito, eu gostaria que Morgan ficasse por aqui todos os dias.

—Não fala isso alto, vai que ele escuta. – falei sentindo seu peito vibrar. – Ele nunca mais sai daqui de casa.

—Poderíamos colocar a casa toda abaixo que ele nem mesmo se mexeria na cama. – falou já conhecendo bem a peça.

Nós dois começamos a rir e Jay deu um beijo no alto da minha testa.

—Vou ir tomar um banho que não posso me atrasar para a aula hoje.

—Vai lá que eu preparo seu café. – falei me afastando. – E se Morgan acordar antes de eu voltar, fale que fui treinar um pouco.

—Tenho minhas dúvidas de que isso aconteça. – falou me arrancando um sorriso enquanto sumia pelo rumo as escadas.

Não levei muito tempo para preparar o café de Jason e o de Morgan caso ele acordasse. Deixei a mesa arrumada e tudo pronto para eles, peguei meu celular que estava jogado de qualquer jeito encima da mesa que ficava ao lado da porta, as chaves do Jeep e sai de casa. Como prometido, Felipe tinha deixado meu carro em na vaga em perfeito estado, embora eu não tivesse ideia de que horas ele tenha feito isso. Eu tinha que me lembrar de agradecer ele depois por isso. Dando uma olhada no horário do meu celular, que já estava com bem pouca bateria, me joguei dentro do Jeep e logo eu já estava saindo da garagem.

A manhã estava agradável e até mesmo um pouco quente, o que me fez deixar os vidros abertos para o carro arejar. Aproveitei aquele vento gostoso e comecei a cantarolar. Não levou mais do que uns vinte minutos para que eu chegasse até academia, o grande prédio claro quase escondido entre algumas ruas comerciais. No estacionamento que ficava do lado havia apenas um carro e uma moto que eu sabia ser de Charles e o Maserati de Derek, o que significava que por um milagre ele ainda estava ali. Estacionei do lado do carro dele, desliguei o rádio, peguei minhas coisas e desci, trancando o Jeep logo em seguida. Cantarolando, comecei a andar em direção ao grande e aconchegante prédio de tijolos brancos, retomando a minha rotina semanal.

Assim que passei pelas portas já notei algo estranho. Não tinha ninguém na recepção, o que era fora do comum, já que Charles nunca deixava sua mesa sozinha, estava sempre ali monitorando quem entrava e saia. Passei pelas portas duplas que levavam a área de treinamento e já pude escutar uma sequência de golpes sendo dados com raiva em um saco de areia. Coloquei minhas coisas encima de um dos bancos e olhei para o outro lado do sala. A academia era separada em três divisórias. Uma realmente era uma academia com toda aparelhagem necessária, a outra que ficava em um anexo escondido era onde se treinava com as armas, e aqui onde eu estava era a parte das lutas. Essa área continha cinco tatames e duas paredes espelhadas.
Um dos tatames mais afastados estava sendo ocupado por Derek. Ele vestia apenas uma calça leve de treino e os punhos estavam envoltos em faixas, estava sem camisa, apenas com a corrente que pertenceu ao pai e que nunca tirava envolta do pescoço, os cabelos estavam caídos na testa e bagunçados e as costas brilhavam de suor. Mesmo com o barulho da minha chegada ele não interrompeu a sequência de socos cruzados e simples que estava dando no saco de areia a sua frente, o que já foi um grande sinal para mim que algo não estava bem. Não apenas pela convivência, mas por sermos muito parecidos, era fácil para mim identificar quando ele não estava bem, mesmo que tentasse esconder e fizesse isso muito bem.

—Chegou mais tarde hoje. - comentou sem se virar.

Peguei as faixas dentro da bolsa e comecei a me preparar o observando.

—Desculpe. – falei enrolando uma das faixas na minha mão esquerda. - Estava preparando o café do Jason e do Morgan.

—E o meu? – perguntou ainda sem olhar para mim. - Não vou ganhar nada?

Terminei de prender as faixas e comecei a me alongar.

—Vamos sair para tomar café na lanchonete que você adora como sempre fazemos depois que me dizer o que está acontecendo.

—O que faz você pensar que tem algo acontecendo? – perguntou sem se alterar.

Pode enganar qualquer um, Summers, mas a mim não.

—Pelo fato de você estar socando esse saco como se ele fosse um cara que acabou de sair com o seu carro com a Alana dentro.
Ele não me respondeu nada, apenas continuou socando o saco com ainda mais força. Derek tentava manter seu temperamento sob controle na maior parte das vezes, um dos motivos de passar pelo menos duas horas antes de trabalhar treinando, tentando o máximo tirar o estresse de seu organismo. Tinha dias que ele contava para mim o que o atormentava, outros apenas gostava de lutar como se apenas isso fosse o suficiente. Eu entendia ele, essa parte de se isolar em sua própria mente de vez em quando, mas odiava quando ele tentava carregar todo o fardo do mundo sozinho.

—Okay. - falei estralando meus dedos e indo pro centro de um dos tatames, vendo que ia ser difícil faze-lo falar. - Vamos acabar logo com isso.

—Acabar com o que? – perguntou.

Revirei os olhos.

—Fala sério Derek. Alguma coisa o deixou frustrado e irritado, algo fora do seu controle e isso enfurece você. Está na cara que bater nesse saco de lona e areia não está ajudando em nada. Precisa de pancadas reais para tirar isso de você.

Ele ficou em silêncio e seus socos começaram a diminuir, o que já era um ponto positivo.

—Treino longo ou curto?

—Longo. - respondeu.

—Então larga isso e vem logo pra cá. - falei.

Ele parou de bater no saco e ficou um tempo de costas, como se estivesse refletindo sobre alguma coisa, depois sem dizer uma palavra, andou até mim, parou na minha frente e fez posição de combate. Havia olheiras profundas sob seus olhos e eu podia ver que para alguém a noite não tinha sido nada boa. Não perguntei mais nada a ele, apenas assenti e começamos a lutar.

                       *******

Meu corpo todo doía, mas eu não me importava. O suor pingava pela minha testa e os fios de cabelo que tinham escapado do meu rabo de cavalo grudavam no meu rosto. Aquele era um dos treinos mais pesados que eu e Derek tínhamos tido nos últimos tempos, mas recusamos a desistir. A cada soco que eu dava, ele dava um chute, a cada defesa dele, um ataque meu. O pessoal da equipe que ia chegando para o treino matinal ia se acomodando nos bancos perto da parede e assistiam nossa luta como fanáticos que ganham entradas para assistir MMA. A maioria do pessoal que estava ali tinha sido treinado por Derek e por mim e, mesmo vendo a fascinação em seus olhos pelos nossos golpes mortais, também enxergava o medo que eles tinham de nos enfrentar.
Dei um salto para o lado e me esquivei de levar um golpe certeiro nas costelas. O peguei pelo braço e com apenas um golpe, o derrubei de costas no tatame. Antes que eu pudesse sequer comemorar minha vitória, senti um puxão em minha perna e cai com tudo, batendo as costas com força no chão enquanto via Derek abrindo um sorrisinho de vitória.

—Isso foi golpe sujo. – resmunguei.

—Isso te ensina a nunca perder o foco. – devolveu.

Ficamos deitados no chão enquanto nossas respirações normalizavam, sem pressa alguma de levantar enquanto todos se encaminhavam para começar os seus treinos.

—Então... – comecei depois de um tempo. – O que aconteceu para você estar desse jeito? Acho que fazia muito tempo que eu não te via tão irritado.

Escutei seu suspiro e olhei para o lado. Seu cabelo molhado estava caído nos olhos e ele não fazia nada para tira-los de lá, seu rosto estava cansado e, por estar com os olhos fechados, ele parecia muito mais jovem.

—Kyle... – falou em uma voz baixa. – Você... Você realmente já se apaixonou algum dia?

A pergunta me pegou de surpresa. Não era exatamente o tipo de coisa que eu pensava que estava ocupando a cabeça dele, na verdade isso nem era uma coisa que eu pensaria. Franzindo a testa, olhei para o teto e fiquei encarando as formas irregulares das vigas e pensei por um tempo.

—Digo, você acha que já amou alguém? – tentou esclarecer.

—Bem, esse lance de amor e paixão é complicado. – comecei. – Mason foi meu primeiro namorado e meu primeiro em muita coisa. Eu amava estar com ele, amava a forma como ele fazia eu me sentir e de todos os momentos que podíamos compartilhar. Era o que se podia dizer de paixão adolescente, mas naquele tempo eu era muito nova para saber exatamente o que era amor, então acho que amava ele mais como alguém importante com quem eu compartilhei bons momentos do que como o homem com quem eu queria ter um futuro. Doeu quando ele terminou comigo, eu sofri muito, mas não era como se eu nunca fosse supera-lo, sentir o mesmo novamente ou até mais.

—Então você não era apaixonada por ele?

—Eu fui sim, mas não foi aquele sentimento que aparece e fica, como acredito que os verdadeiros sejam, já que hoje ele não é nada para mim. – expliquei. – Uma vez perguntei pra minha mãe, quando briguei pela primeira vez com Mason, como ela descobriu que amava meu pai.

—E o que ela respondeu? – perguntou.

Ele agora estava voltado para mim, prestando atenção em tudo que eu falava. A maioria do pessoal tinha ido para as outras partes da academia ou para tatames mais afastados e, como nossas vozes estavam baixas, ninguém podia nos escutar.

—Ela disse que foi quando ele quebrou o braço na faculdade para evitar que um cara de bicicleta a atropelasse. – falei e senti um sorriso se espalhar por meus lábios. – Provavelmente foi a coisa mais idiota que já derrubou meu pai. – D riu sabendo que era verdade. – Mas ele era incapaz de permitir que algo a machucasse, mesmo que fosse tão simples como um acidente de bicicleta. Ela disse que foi a partir daí que descobriu que faria qualquer coisa por ele, mesmo que fosse contra tudo que ela acreditava. Que quando se ama de verdade, você se entrega por completo, mesmo que isso te apavore.

—Ela sabia mesmo como fazer explicações profundas. – falou e eu sorri.

—Eu não me contentei com essa explicação na época, embora para mim, minha mãe era a pessoa mais sábia que existia. 

—Então quando achou algo com que se contentou? – perguntou colocando os braços atrás da cabeça de uma forma mais confortável.

—Com um garoto estranho em uma festa. – falei e foi como se a memória surgisse de milhares de anos atrás tão fresca como se fosse ontem. – Eu devia ter uns treze anos e estava brava com meu pai por querer me obrigar a dançar com o Nataniel.

—Aquele cara que você chamava de duende e que era apaixonado por você no fundamental?

—Esse mesmo. – concordei fazendo uma careta ao lembrar. – Eu sai furiosa da festa e enrosquei meu vestido em uma cerca. Estava mais irritada ainda quando um garoto apareceu e me ajudou, eu fui grossa com ele e mesmo assim ele sorria para mim e começou a conversar comigo. Ele devia ter por volta de uns dezesseis anos. Ele ficou conversando comigo e acabei contando o que tinha acontecido, ele riu de toda a situação e disse que o amor era algo curioso. Quando perguntei porque, ele disse uma frase que nunca saiu da minha cabeça. Acho que foi um dos momentos que mais cheguei perto de compreender alguma coisa na minha vida.

—E o que foi que ele disse?

—Que a pessoa certa pra você, é tudo que você não sabia que procurava.

—E o que aconteceu depois?

—Minha mãe foi me buscar e não tive tempo de perguntar o nome dele. – falei dando de ombros. - Só sei que o garoto tinha os olhos azuis mais bonitos que eu já vi na vida. Acho que foi a primeira paixonite que tive em uma festa.

Pensei em olhos azuis e por algum motivo senti um cutucão numa parte profunda da minha memória, embora não conseguisse resgatar a lembrança. Nós dois rimos por um tempo até que o silêncio começou a pairar de forma incomoda. Eu não sabia porque exatamente ele estava perguntando aquilo, mas tinha uma ideia.

—Está perguntando isso pra mim por causa da Sônia, não é?

Ele se remexeu inquieto do meu lado, o que basicamente já respondeu minha pergunta.

—O que faz você achar isso? – perguntou com a voz um pouco mais baixa.

Revirei os olhos e o encarei, mesmo que ele teimasse em não retribuir o olhar.

—Fala sério D, nos conhecemos a vida toda e eu provavelmente sei mais sobre você e te compreendo melhor do que ninguém. Não vai querer começar a mentir para mim nessa altura da nossa amizade, não é?

Ele ficou em silêncio por um instante, até que soltou um suspiro derrotado e encarou o teto.

—É por causa dela sim. – admitiu. – Em toda a minha vida, eu nunca me senti tão errado perto de uma mulher. Desde a primeira vez que vi ela lá na empresa, eu não sei o que acontece comigo quando estamos perto. Ela me deixa frustrado, irritado, furioso e a ponto de arrancar os cabelos para entende-la, ao mesmo tempo que me fascina, me admira e ganha todo o meu respeito. Na maior parte do tempo ela faz com que eu me sinta um completo idiota.
Olhei para ele de olhos arregalados e não pude deixar de sorrir.

—Isso é um fato épico que vou ter que anotar na minha agenda. – falei.

Ele deu um chute na minha canela e eu praguejei o olhando irritada.

—Eu to falando sério, caralho. – falou passando uma mão no cabelo. – Eu sempre fui muito bom em ler as pessoas, mas aquela mulher é uma muralha. Ela nunca me olhou com medo ou se sentiu intimidada, como a maioria das pessoas, pelo contrário, sempre me encarou como um igual. Depois de uma festa na empresa na qual ela foi e eu quase quebrei a cara do Sebastian por dar encima dela, eu resolvi me manter afastado, porque mesmo sabendo muito pouco sobre ela, já que por um milagre eu me recusei a investigar a ficha dela, eu tinha certeza que as emoções que ela desperta em mim são perigosas. Pode parecer idiota, mas o sentimento é tão forte que sei que pode acabar comigo.

Olhei em silêncio para o teto e me concentrei nas irregularidades das vigas.

—Não é idiota. – falei. – Na verdade explica seu comportamento em mais de uma situação. Não é como se eu nunca tivesse notado que alguma coisa estava acontecendo.

—E o pior é que eu sei que ela se sente afetada. – falou e eu vi pela visão periférica que ele fechou os olhos. – Pode ser covarde da minha parte, mas eu não quero trazer ela para merda que a minha vida é, ela merece mais do que isso. Além do mais, esse tipo de sentimento não é algo que eu posso me dar ao luxo de ter, pelo menos não agora.

Assim que as palavras deixaram sua boca, senti a familiaridade delas me tocar fundo. Eu mesma tinha dito algo semelhante a Samira em poucos dias atrás.

—Você vê todos os seus medos e sonhos nos olhos dela. – falei sem olhar para ele. – Você nunca quis segurança, quer aventura e vê isso com ela, porque já é algo que faz parte de você. Não gosta de nada previsível, quer ser surpreendido e ela é como se fosse uma caixinha de surpresas. Ela te tira da sua zona de conforto e mesmo que isso te irrite e te frustre, faz com que se sinta vivo e queira cada vez mais. – respirei fundo e deixei que o resto saísse. – Ela conseguiu sua confiança e penetrar em suas barreiras com muita facilidade e isso apavora você. Sente que se você se entregar, tudo pelo que está lutando todo esse tempo vai desmoronar.

Vi Derek franzindo a testa e me encarar.

—Você descreveu tudo perfeitamente, quase como se... – foi como se uma luz de compreensão se acendesse em sua mente e ele arregalou os olhos com sua descoberta. – Você está apaixonada?

—Ou quase isso. – respondi dando de ombros. – Talvez ferrada fosse um termo mais correto.

—É ele não é? – perguntou como se ligasse os pontos. – O Carter? Por isso que me pediu para que o investigasse?

Respirei fundo e fiquei de olhos fechados sentindo meu corpo descansado finalmente ter consciência da exaustão e de toda dor que eu estava sentindo. Na verdade isso era mais para me distrair, eu não queria falar nesse assunto. Todas as vezes que eu me permitia pensar, notava o quanto minha vida parecia ficar cada vez mais de pernas para o ar.

—Eu me recuso a pensar nisso todos os dias porque é tudo muito confuso. – falei. – Mas a questão é que eu entendo você, muito mais do que possa imaginar. Esse tipo de sentimento é perigoso, ainda mais para nós dois.

—É nesse momento que eu sinto inveja da simplicidade do Adam e da inocência do Liam. – falou. – Até mesmo do Jay. Eles não sabem o quanto a vida deles é fácil.

—Nomes tem peso e tivemos a sorte ou azar de carregar os que temos. – falei. – Mesmo que possa parecer covarde fugirmos de algumas emoções, em alguns casos é a melhor coisa que podemos fazer.

—Seu pai tinha uma ótima frase que adorava dizer em momentos como esse. – falou voltando a fechar os olhos. – Fardos são coisas que apenas os fortes conseguem sustentar. Porque ao contrário da maioria que culpa o mundo, eles suportam a dor para que outros não precisem sentia-la.

—Nunca uma frase dele explicou tão bem uma situação.


**********

 Nota da autora:

Olá pessoal, que bonitinho esse momento de desabafo do Derek e da Kyle ❤❤! Parece que o nosso bastardo foi fisgado e a nossa querida Kyle escolheu continuar fugindo do que sente. Não que nenhum deles pode ser culpado por isso.

Perto do final do livro e já estamos quase chegando aos 10K! Mal posso acreditar nisso. Fico muito feliz em ver que a cada dia mais pessoas estão lendo e como continuaram, sei que gostaram, ou gosto de pensar assim kkkk

Bem pessoal, eu vou ficar um tempinho sem net então minha próxima postagem pode demorar um pouco, mas não se preocupem que de comemoração a 10K de leitura vocês vão ter um presente bem especial no qual vou trabalhar nesse tempo. Algo pelo qual algumas leitoras andaram pedindo. (Neah Lia lkkkk) Bem, era isso.Espero que gostem.

Boa Leitura!

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