Capítulo 3
"Eu sigo seu perfume
Você pode apenas seguir o meu sorriso
Todos os defeitos estão vivos
...
Eu não vim para brigar
Mas vou brigar até o fim
E isso pode ser uma batalha...".
Irresistible - Fall Out Boy (feat. Demi Lovato).
Ficamos um tempo nos encarando, o único som na sala era o de nossas respirações, a tensão era evidente e quase angustiante. Escutei um barulho do lado de fora da sala e o encanto momentâneo se quebrou, fechei os punhos e respirei fundo várias vezes tentando alcançar meu autocontrole novamente, não posso perder o controle agora, não posso fraquejar dessa maneira. Fechei meus olhos e respirei fundo uma última vez, agora já no controle de minhas emoções como se aquele momento nunca tivesse acontecido.
Ainda com a arma em punho andei até minha mesa.
-Então me diga, Sr. Montgomery, a que devo o desprazer de sua visita? - falei calmamente.
Sentei em minha cadeira e peguei meu cappuccino, ele piscou confuso por um momento antes de ajeitar sua postura e vestir a armadura de frieza e seriedade novamente.
-Não me agradeceu por salvar sua vida aquele dia. - falou se sentando a minha frente.
-Não tenho que agradecer, não pedi sua ajuda.
Ele estreitou os olhos para mim com um pequeno sorriso surgindo no canto de sua boca.
-É tão adorável e simpática quanto me disseram. - falou com sarcasmo.
Deixei meu copo na mesa e estreitei os olhos para ele em desafio.
-Será que disseram também que eu costumo atirar em quem me irrita? - perguntei.
-Não parece estar surpresa por eu saber quem é.
-Porque não estou. Não viria atrás de mim sem saber quem eu sou e o que faço, faz parte do seu trabalho.
Ele me encarou com interesse e entrelaçou os dedos sobre o colo, a sobrancelha levemente arqueada.
-Ah é? Então que trabalho eu faço?
Sorri friamente, não ache que sou boba, querido.
-É meio obvio, fácil reconhecer um assassino quando vejo um. Esse trabalho precisa de eficiência, descrição e frieza, mostrou as habilidades necessárias quando matou aqueles lacaios sem nem sequer piscar, não demonstrando o mínimo de emoção e sim muita experiência. - me recostei em minha cadeira. - Apesar de novo aparenta estar nesse ramo há muito tempo, mentiras e manipulação são as melhores de suas habilidades, o que o difere bastante daqueles que matou. Talvez essas sejam as principais habilidades para trabalhar no que trabalha.
-O que a faz pensar que sou um mentiroso manipulador?
-Sinais que passariam despercebidos para a maioria das pessoas. Desvia do assunto, responde perguntas com perguntas e na maioria das vezes faz provocações para tirar o foco do assunto principal. Não demonstra reações e isso só me faz ter a certeza que é bom no que faz, ganha terreno observando as reações que cada pessoa tem ao que fala, mas o essencial... Você sempre conhece muito bem o seu alvo, não apenas por um recheado dossiê, mas por um acompanhamento de perto de cada passo da vitima.
-Acha que tenho espionado você?
-Claro que estava, assim como naquele dia antes de aparecer. Você observou primeiro para depois entrar em cena, me avaliando, e já naquele tempo sabia quem eu era, mas talvez tenha precisado de uma pesquisa mais profunda. - falei coçando meu queixo. - Passou ao total de uma semana acompanhando meus movimentos.
Noto que apesar de seu olhar estar impassível, seu o maxilar esta travado, um claro sinal de que esta nervoso. Foi pego de surpresa pelo que falei e não gosta disso. Desde que notou minha pequena habilidade em detectar mentiras meus pais fizeram questão que eu aprimorasse meu talento, sei que não tive pais e muito menos uma vida normal, mas tudo que ensinaram veio muito bem a calhar.
-É mais inteligente do que eu pensava, acho que subestimei você.
-Costumam cometer muito esse erro. Agora chega de jogos e vamos logo ao que interessa, não tenho tempo a perder.
Carter deitou a cabeça de lado e ficou me estudando por um momento.
-É atacada diariamente, querem sua cabeça em uma bandeja e não parece preocupada com isso.
-Sei cuidar de mim, até porque se considerasse você uma ameaça estaria deitado no chão sem respirar e com uma bala no peito, mas não precisa esquentar sua cabecinha com isso, quero ouvir o que tem a falar de tão importante.
Ele franziu a testa e o sorriso brincalhão sumiu de seu rosto dando lugar a uma carranca.
-Kyle, - um arrepio nada apropriado percorreu meu corpo quando ouvi ele falando meu nome daquele jeito. - não é brincadeira, estão oferecendo uma recompensa por sua cabeça. Esses ataques aleatórios são apenas o começo de algo bem maior do que esta por vir, não sei se você tem consciência da gravidade da situação, pessoas muito importantes querem você morta e não vão parar até conseguir.
Peguei uma caneta e comecei a gira-la nos meus dedos, poderosos me querendo morta não é nenhuma novidade, mas a recompensa por minha cabeça é uma grande surpresa.
-Os Lordes realmente estão jogando alto. - falei para mim mesma.
Vi Carter demonstrar uma leve surpresa.
-Você conhece os Lordes? Então já sabia de tudo?
Girei em minha cadeira.
-Não entro em uma guerra sem conhecer o território ou os meus inimigos, Carter. - falei olhando para a janela. - Os Lordes são os chefões de uma Irmandade de assassinos, mercenários cruéis e invisíveis, em sua maioria ex-militares ou de outros cargos importantes, fazem o trabalho que ninguém mais quer fazer por altas quantias. Tinham um proposito diferente no começo, agora são quase como a máfia, impiedosos e submissos. - abri um sorriso sem humor. - Acho que tenho que conhecê-los, afinal, meu pai era o líder deles.
Fiquei olhando para a janela, não gosto de falar disso, sempre foi um assunto que preferi manter em segredo, não por ter vergonha, mas sim por tudo que lembrar isso me traz. Olhando em seus olhos posso dizer que isso não é nada que ele já não soubesse.
-Então você sabia do trabalho do seu pai?
-Desde os onze anos, as paredes não eram tão grossas e mesmo que eles tentassem muito esconder eu nunca fui boba.
-Então quer dizer que sabe por que os Lordes estão atrás de você. - não era uma pergunta.
Me levantei e andei até a janela ficando de costas para Carter, a maneira como fica observando cada gesto que faço e como bebe cada palavra que falo me deixa nervosa e inquieta. Mesmo de costas para ele sua presença é como um peso no ar.
-Eu sou o único obstáculo entre eles e o que mais desejam, se me eliminarem conseguiram tomar posse de toda a fortuna da minha família e a posição que eles sempre ocuparam.
-E mesmo assim continua calma? Como se isso fosse uma coisa normal?
Olhei para as pessoas brincando no parque, realmente esta um belo dia para se ficar na sombra tomando sorvete. Alguns apenas passeiam e outras estão sentadas curtindo o sol.
-Nada planejado na pressa da certo, os planos devem ser executados com paciência e sabedoria.
-E o seu plano é? - perguntou curioso demais.
Abri um pequeno sorriso olhando por cima do ombro.
-Não estou pisando em ovos Carter, nunca hesitei em lutar pelo que quero e muito menos temi o perigo. Matei pela primeira vez quando tinha quinze anos, não sou indefesa e muito menos frágil, há anos mando o recado para o chefão saber que estou chegando e que não tenho medo.
-Que recado seria esse?
-Que vou vingar o assassinato da minha família, não importa o que estiver no meu caminho.
Ele se levantou deixando a capa na cadeira e andou devagar na minha direção.
-Não acha perigoso contar tudo isso para mim?
-Não falei nada que todos eles não saibam, quem eu sou e meus motivos não são um segredo. Agora que você sabe há apenas uma questão a ser esclarecida.
-Que seria?
-O que você quer comigo? Não se daria o trabalho de salvar minha vida se não tivesse um bom motivo para isso.
Carter abriu um sorriso torto e se aproximou ainda mais, agora poucos passos nos separam, tenho que dizer que meu coração esta acelerado e a respiração difícil? Essas reações malucas estão começando a me deixar estressada.
-E se eu disser que quero apenas te ajudar?
Joguei a cabeça para trás e soltei uma gargalhada, ele continuou me encarando, os olhos agora brilhando enquanto se aproxima ainda mais não deixando quase nenhum espaço entre nós.
-Não acredito que seja apenas um bom samaritano, há muito mais por trás desse seu interesse.
-E isso importa?
-Não trabalho com quem não confio.
Ele deu mais um passo cortando totalmente o espaço que restava e agora nossas respirações já se misturam, posso sentir o calor do seu corpo e o inebriante cheiro de seu perfume.
-E se eu contasse a verdade? Você confiaria em mim?
Porque não estou me afastando? Não posso deixar ele se aproximar desse jeito.
-Já seria um passo a ser dado, as pessoas não ganham minha confiança com facilidade.
Carter fechou os olhos e chegou mais perto ainda, abaixou a cabeça e roçou o nariz do meu pescoço até minha orelha. Parei de respirar e meu corpo todo arrepiou.
-Você apenas tem que saber que tenho meus motivos para proteger você, quero acabar com os Lordes tão ou mais que você, já sofri muito por causa deles também. - falou com a boca quase encostada em meu pescoço, seu hálito arrepiando os pelos da minha nuca. - Não sou seu inimigo, Kyle, se trabalharmos juntos nós dois conseguimos o que queremos.
-Que seria?
-Você vinga sua família e eu conquisto minha liberdade.
Ele se afastou do meu pescoço e agora nossos narizes estão encostados, seus olhos azuis me prendem com sua intensidade e sua respiração esta tão irregular quando a minha.
-As coisas não são tão fáceis assim. - falei com a voz baixa.
-E como são? - sussurrou já contra meus lábios.
Maldito seja, nenhum homem nunca conseguiu me desorientar dessa maneira e olha que ele ainda nem me beijou, eu não sei bem o que falar e meu cérebro parece ter parado de funcionar, talvez seja por isso que estou permitindo que ele fique tão perto. Minha hesitação em acreditar em suas palavras não é apenas por não confiar nele, mesmo sendo grande parte do motivo, mas também porque tudo nele indica perigo, o tipo que ferra o seu juízo. Mesmo que eu nunca tenha fugido de uma boa briga, não estou preparada para o tipo de estrago que ele é capaz de fazer na minha vida.
-Vai ter que provar, não exatamente que é digno de confiança, - falei encontrando minha voz. - coisa que acho difícil, mas que é firme o suficiente em suas palavras e decisões para trabalhar comigo. Não perdoo traição, então tenha isso em mente se for me apunhalar pelas costas, porque quem vai se dar mal será você.
-Esta propondo um acordo?
-Aceite como quiser.
Ele passou a língua nos lábios e meus olhos acompanharam o movimento, malditos hormônios, que surto lunático é esse? Engoli em seco. Samira esta certa, preciso ficar com alguém. Que é? Posso ser como sou, mas também não sou de ferro, tenho desejos como qualquer outra pessoa e ter esse pecado ambulante com a boca quase colada na minha não ajuda em nada a minha concentração.
-Acho que é justo, visto que não me conhece. Então vamos fechar o acordo?
-E como pretende fazer isso? - perguntei.
Oh foda-se, minha consciência já foi embora há algum tempo. Carter abriu um sorriso que faria até a alma mais fria derreter e baixou a cabeça na minha direção, mas assim que ele encostou os lábios nos meus alguém bateu na porta. O som foi o suficiente para que eu me afastasse dele, Deus, que merda eu estava prestes a fazer?
Passei a mão no cabelo irritada.
-Quem é? - perguntei.
-Desculpa interromper Kyle, mas liguei varias vezes e você não atendeu. - falou Sônia do outro lado da porta.
Você merece um aumento, mulher.
-Desculpa por isso, não ouvi ele tocar. - falei. - O que foi?
-Seu cliente das três chegou.
Respirei fundo.
-Tudo bem, mande Rafa e os outros começarem a arrumar os cenários que eu já estou indo.
-Tudo bem.
Escutei o estalar de seus saltos enquanto se afastava e estralei meus dedos, algo que só faço quando estou bem irritada, não imaginei que meu humor pudesse piorar, mas parece que me enganei.
-Como pode ver eu tenho trabalho a fazer, então se terminou já pode ir.
Fui até a prateleira e peguei uma das câmeras, escutei uma risadinha.
-O que foi? - perguntei de cara fechada.
-Belo short.
Olhei para mim mesma, gosto de estar confortável quando fotografo e como hoje esta um dia quente escolhi um short curto jeans rasgado e uma blusa larguinha branca com um cinto preto, meu cabelo esta preso em um coque desleixado e estou de all star. Graças aos treinos frequentes tenho pernas torneadas das quais me orgulho e um corpo bem estruturado, uma rotina saudável faz maravilhas para o corpo.
-Fico feliz que tenha tido uma boa visão da minha bunda, agora preciso ir trabalhar. - peguei a câmera e meu celular.
Olhei para Carter que estava me secando com um olhar nem um pouco discreto.
-Ah, e se for aparecer aqui de novo aconselho abandonar essa capa, não quero que meus clientes pensem que estou envolvida com o tráfico ou algo parecido.
-Pior, é envolvida com assassinos profissionais.
-Eles não sabem disso, mas gostaria que não os assustasse com essa roupa de amante das trevas. Não é fácil se misturar desse jeito.
-Mulherzinha dos infernos. - resmungou.
-Que bom que nos demos bem, agora fora da minha sala.
Ele rosnou para mim que apenas abri um sorriso falso para ele e saímos da minha sala, assim que nos viu Sônia arregalou os olhos fixando seu olhar em Carter.
-Sônia? - chamei, mas ela não respondeu. - Sônia?! - gritei e ela deu um pulo.
-Não grita criatura, esta na TPM?
-Não, mas se tivesse me ouvido te chamar ao invés de babar no idiota ali eu não teria gritado.
Seu rosto ficou um pouco vermelho, geralmente não sou ignorante com meus amigos, mas tem dias que eu não to bem para ninguém e hoje é o pior de todos. Sei que mais tarde Sônia vai me xingar um monte, mas to preparada para isso.
-Kyle, não precisa ser tão dura com ela. Olha só a situação da coitada.
Carter tem um sorriso divertido nos lábios enquanto coloca as mãos nos bolsos, tenho que dizer que o filho da mãe fica ainda mais bonito quando seu rosto esta relaxado. Olhei para Sônia, ela é uma ruiva de estatura media com lindos olhos azuis, seu rosto parece quase com o de uma boneca, o corpo tem curvas sutis e ela chama atenção não apenas por sua beleza, mas também por sua maneira sempre despojada de se vestir. Apesar do rosto parecer frágil, ela não é nada inocente, pelo contrario, tem a língua bem afiada e não baixa a cabeça para ninguém, o que fez com que nos tornássemos amigas quase instantaneamente.
-Cala a boca, Carter, não se intromete. Já esta na sua hora, em tão vasa.
Ele ergueu a mão em um gesto de rendição.
-Venho te buscar amanhã para um café.
-Vou estar ocupada o dia todo. - o que é parcialmente verdade.
-Estarei aqui as três, até mais senhoritas.
E com uma piscadinha ele foi embora.
-Cretino convencido. - resmunguei.
-Quem era aquele pecado de homem? - perguntou Rafa se aproximando.
Pronto, o circo ficou completo! Rafael nunca perde a oportunidade de soltar a purpurina que existe nele, ainda mais quando o assunto é homens. Ele esta se abanando e com um sorriso safado no rosto.
-Me faço a mesma pergunta. - suspirei olhando para a porta, mas logo me recuperei. - As coisas já estão prontas? - perguntei a Rafa.
-Estão apenas esperando você chegar.
-Então não vamos mais perder tempo com bobagens, vamos ao trabalho. - falei batendo palmas e fazendo todos irem a seus postos.
Quem quisesse uma morte precoce bastava me contrariar, depois da minha conversa com Carter meu humor piorou umas dez vezes, tive que usar todo meu autocontrole para não brigar com meio mundo. Minha noite não foi muito melhor, mesmo depois de passar duas horas na academia treinando eu passei a noite toda rolando na cama, inquieta. Não acordei muito simpática, Jason e Samira perceberam isso pelos meus resmungos, com eles eu posso ser assim abertamente, não preciso fingir nada. Sam chegou a falar que estou precisando de sexo, da para acreditar nisso? Xinguei ela de vários nomes "carinhosos" e a criatura ainda riu da minha cara, sai para o trabalho cuspindo marimbondos, hoje o dia não vai ser nada fácil.
São quase três horas da tarde e eu ainda não almocei, meu estômago esta quase virando um ser vivo. Como falei o dia não começou fácil, peguei trânsito, cheguei atrasada e para piorar o pessoal da propaganda teve um atraso de duas horas, com os modelos chegando apenas as dez, odeio atrasos.
-Ótimo Amélia, agora se recline um pouco no braço do sofá. - falei para a modelo. - Aja como se estivesse muito confortável, como se sentisse prazer.
Ela obedece cada uma das minhas instruções, adoro quando elas não ficam de frescura falando como EU tenho que fazer o meu trabalho, acredite, existe muitas pessoas assim.
-Só mais duas e acabamos aqui. Agora a outra pose que falei.
Ele se posicionou e eu bati as últimas fotos, dei uma olhada nelas e constatei que estavam boas.
-Ótimo trabalho, Amélia, pode ir se trocar.
Ela sorriu para mim.
-Obrigado mais uma vez por isso Kyle, desculpa o meu atraso, mas a babá ficou doente e tive que esperar até minha irmã voltar do plantão para ficar com meu filho.
-Sem problemas, entendo sua situação e foi um prazer ajudar. Vou editar as fotos e assim que estiver prontas a Sônia vai ligar para vocês.
-Okay.
Fiquei olhando as fotos enquanto ela ia se trocar.
-Você fica muito sexy atrás de uma câmera.
Senti um arrepio na espinha, é uma droga essa voz já me parecer assim tão familiar.
-O que faz aqui Carter? - perguntei irritada.
-Vim buscar você para tomar café.
-Disse que estou ocupada hoje.
-Seu amigo disse que tem uma hora livre antes da próxima sessão.
Me virei com raiva para ele e perdi o ar por um momento, Carter esta totalmente informal. Usa jeans escuros e uma camiseta azul que se molda bem ao seu tórax e destaca a cor de seus olhos, uma jaqueta de couro preta, os cabelos estão úmidos e bagunçados de uma forma sexy, Deus, isso é pedir demais da minha sanidade.
-Esta formando um complô com meus empregados agora?
Ele fez cara de inocente.
-Ele apenas falou que sua próxima sessão é daqui uma hora e que você deve estar com fome porque ainda não almoçou, sua secretaria apenas confirmou.
Como se para comprovar suas palavras meu estômago roncou, realmente não tinha como eu encarar o resto do dia de barriga vazia.
-Tudo bem, mas que seja em um lugar perto porque tenho que voltar em menos de uma hora.
Peguei minha câmera e subi rumo a minha sala, coloquei ela encima da mesa e peguei minha bolsa e o celular, tudo sob o olhar atento de Carter.
-Gostaria que estivesse de short, você tem belas pernas. - falou divertido.
-Gostaria de socar a sua cara, mas não estou fazendo isso, então não enche.
-Você fica uma gracinha de mau humor.
-Você ficaria uma gracinha sem os dentes. - retruquei.
-Que mulher violenta.
-Ainda não viu nada.
Dito isso sai da sala com ele na minha cola, Rafa estava encostado na mesa de Sônia batendo papo, seus olhos não escondiam a diversão assim que me viu, nem mesmo Sônia escondeu seu sorriso, esses dois me pagam.
-Traidores. - resmunguei para as duas criaturas que apenas sorriram como se tudo fosse uma piada. - Vou sair e volto em uma hora, Sônia, ligue para Carlos e avise que as fotos dele estão prontas. Qualquer coisa é só me ligar.
-Tudo bem Kyle, divirta-se. - falou quando dei as costas e comecei a sair.
-Divertida vai ser esquecer o seu aumento. - resmunguei e eles apenas riram.
-Boa sorte gatinho, - falou Rafa quando eu já estava na porta. - ela esta doce como um limão hoje.
-Sei lidar com a fera, ela fica linda quando esta possessa. - falou Carter.
-Mais um sem amor a vida, boa sorte. - falou Sônia.
Peguei a chave do carro na bolsa e Carter tentou toma-la das minhas mãos, mas fui mais rápida.
-Se preza sua vida nem chegue perto do meu carro.
-Tudo bem! - falou erguendo as mãos se rendendo.
Entramos no carro e ele me falou para onde íamos, Mark's Café é uma das melhores cafeterias da cidade, sempre ouvi ela ser muito elogiada, me pergunto por que nunca fui lá sendo que é tão perto do estúdio e tenho amor por cappuccino. Não foi difícil achar uma vaga já que não tinha muito movimento aquela hora, o lugar é realmente agradável, feito de tijolinhos e com uma arquitetura um pouco rustica, grades janelas de vidro que dão vista para a rua e um pequeno jardim, mesas de madeira na sombra da calçada para quem quer ficar ao ar livre, realmente é encantador aqui.
Descemos do carro.
-Gostou do lugar? - perguntou.
-É adorável.
-Eu imaginei...
Tudo aconteceu muito rápido, Carter me empurrou para o chão e antes que eu pudesse gritar qual era o problema dele seu corpo estremeceu e uma mancha vermelha começou a crescer na frente de sua camisa.
Droga, ele foi baleado me protegendo.
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