Capítulo 2
"Quebrarei seu domínio
Porque eu não serei controlado
Eles não conseguem manter suas correntes em mim
Quando a verdade se fez livre
É isso que se sente quando você
Toma sua vida de volta
É isso que você sente quando finalmente luta de volta
Quando a vida me empurra
Eu empurro mais forte
"O que não me mata me deixa mais forte...".
Not Gonna Die - Skillet.
Depois de finalmente sair daquele momento confuso e frustrante, marchei rumo á boate, não tive dificuldades para entrar, George, o segurança, já me conhece a um bom tempo e liberou minha entrada sem problemas, o que evitou que eu tivesse que esperar em uma fila nada que pequena que estava ali mesmo há essa hora. Sempre me perguntei o porquê de uma pessoa ficar na fila esperando até uma hora dessas, quando puderem entrar provavelmente vai ser a hora que a balada já esta acabando.
A música alta explode dos alto falantes, pessoas agitam seus corpos para lá e para cá na pista, a maioria já esta bêbada e mal se aguentando em pé, o que não facilitou em nada meu trabalho de chegar até o bar. A cada passo que eu dava algum casal entrava na minha frente ou um cara sem amor a vida tentava me agarrar. Tive que dar cotoveladas e dispensar caras com cantadas nada educadas, se eles pensam que conquistam alguma mulher daquele jeito estão redondamente enganados. Geralmente não tenho paciência para esse tipo de coisa e mesmo assim me controlo, mas depois do que aconteceu há poucos minutos atrás parece que minha tacha de tolerância caiu para o zero.
Finalmente consegui chegar até o bar e me senti aliviada por ele estar um pouco menos movimentado, sempre foi um dos meus lugares favoritos para ficar pela ampla visão que da de toda a boate, esse labirinto de corpos suados é perfeito para armadilhas e falo isso por experiência. Felipe Martinez é o barman da noite, fiquei com ele algumas vezes e ainda fico de vez em quando, ele é um cara legal, um bom amigo e o melhor de tudo, sabe dar amassos como ninguém. Ele é um moreno bonito, pele café com lite, tanto seus olhos quanto seus cabelos são castanhos, tem por volta de 1,85m e seu corpo mostra o quanto frequenta a academia, não tem um corpo bombado, apenas cuidado o suficiente para chamar atenção de qualquer pessoa que olha para ele.
Seu cartão postal e mostrado assim que me vê, o cara tem um sorriso que faz qualquer pessoa derreter. Não é um sorriso sedutor, é daqueles sinceros e calorosos que encantam as pessoas.
-O que vai ser para hoje Moore? - perguntou.
São raras as vezes que ele me chama pelo primeiro nome,
-Um Martini.
Ele mais do que rápido trouxe minha bebida que terminei em três goles, o liquido quente correndo pela minha garganta me ajudou um pouco a realinhar meus pensamentos. Agora que a adrenalina passou sinto minhas costelas reclamarem de dor e uma leve ardência em minha boca, droga, tenho certeza que mais tardes vou estar com marcas bem bonitos.
-O que faz por aqui? Não é normal você aparecer sem Jason, Samira ou Sônia.
Felipe se apoiou no balcão para mais perto de mim.
-Justamente por eles que estou procurando. - falei. - Jay esta com problemas.
Felipe assentiu e se virou para outro barman perguntando alguma coisa, o rapaz deu uma rápida olhada para mim e falou alguma coisa para Felipe que se virou novamente para mim com uma expressão descontente.
-Eles estão na área VIP, ao que parece os seguranças estão indo para lá separar uma briga.
-Merda Jay!
Joguei uma nota qualquer encima do balcão e corri as cotoveladas por entre a multidão até a área reservada. Não foi muito difícil encontrar eles, uma pequena rodinha já se formava para assistir ao show. Samira e Adam tentam segurar Jason que por sua vez esta com um olhar furioso lançado para um cara que eu não conheço, mas quando eu vejo Caroline ao seu lado tudo se encaixa, essa vadia ainda vai me obrigar a quebrar a cara de Barbie dela.
Bufando caminho até onde eles estão sem me importar com as pessoas no meu caminho, assim que me vê Samira solta um suspiro aliviado, ao que parece ela já não sabia mais o que fazer e provavelmente se eu tivesse demorado mais eu teria que separar duas brigas, essa loira tem sangue quente. Jay tem um temperamento um tanto explosivo, resultado de alguns traumas que sofreu no passado, o ajudei a controlar esses surtos de raiva da mesma maneira que aprendi a controlar os meus, através de treinos diários onde descarrego toda minha energia. Sou eu que sempre treino com ele, um dos vários motivos por ser a única que consegue controla-lo quando explode.
Andei até eles e fiz sinal para que soltassem, me aproximei mais e coloquei minha mão no ombro de Jason.
-Jay? - chamei.
Ele se virou para mim com uma expressão que faria qualquer outra pessoa recuar, mas eu nem sequer pestanejei. Seus olhos cor de chocolate estão dilatados de raiva e um pouco avermelhados, conheço bem esse olhar, já o vi milhares de vezes. Dei um aperto forte em seu ombro, um sinal que ele entende muito bem, nem me surpreendo quando seu corpo começa a relaxar.
-Respire fundo e controle a respiração.
Jason fechou os olhos e começou a dar longas respirações, o que sempre faz para se acalmar.
-Ky, o que você faz aqui? - perguntou ainda de olhos fechados.
-A Sam me ligou e pelo visto cheguei na hora certa. Quer me dizer o que esta acontecendo?
Ele cerrou os punhos e trincou os dentes.
-Ela contou para ele sobre os meus pesadelos e sobre o que aconteceu com... A minha mãe.
Ele não precisou explicar mais nada, lancei um olhar tão furioso e mortífero para Caroline que faria até o maior dos homens sair correndo, ela imediatamente se encolheu um pouco mais ao lado do cara desconhecido como se entendesse perfeitamente minhas ameaças.
-Já vamos embora, vão na frente e me esperem lá fora. - falei.
Nenhum dos três me questionou, Sam pegou a mão de Jay e acompanhada por Adam saiu rumo a multidão. Me virei para os dois indivíduos que eu teria o maior prazer em dar fim.
-Qual seu nome? - perguntei para o cara.
Ele me encarou por um tempo parecendo confuso e depois sorriu.
-Oliver, e o seu?
Abri um sorriso frio e andei até estar bem á frente dele, ele não é tão alto, de forma que ficamos basicamente cara a cara.
-Sou aquela que vai colocar os pregos no seu caixão se ousar provocar Jason novamente. Não faço ameaças, isso é um aviso, então não me subestime.
-Ele precisa que uma mulher o defenda? - falou com certo deboche.
Soltei uma pequena risada.
-Jason não precisa de proteção, o único motivo para eu ter impedido que ele brigasse é porque não quero que ele vá preso, porque se eu tivesse deixado á uma hora dessas seu corpo sairia daqui dentro de um saco preto. Ele não é alguém como quem você queira briga e muito menos comigo, então tenha isso em mente.
Ele engoliu em seco e deu um passo a trás, seu rosto repentinamente pálido, cara esperto, entendeu o recado. Me virei para Caroline, ah, como eu teria prazer de arrancar cada mecha de seu perfeito cabelo platinado, a tão sempre orgulhosa Caroline Foster agora olha para mim como se fosse um cão que ficou encurralado.
-Já conversamos uma vez, Caroline, não me intrometo nas escolhas dos meus amigos, mas faço quando é necessário. Jay é um bom homem e por algum motivo gosta de você, mesmo que eu tenha falado mais de uma vez que é uma vadia sem caráter. O que ele contou é algo muito doloroso e que só compartilha com pessoas que ele considera importante para si, o que mostra o que você representa na vida dele, isso não é algo que você sai contando para os outros. - ela engoliu em seco. - Não quero saber qual sua desculpa dessa vez, apenas quero que saiba que se ver Jason sofrendo por você novamente não vai ter nenhuma conversa, apenas você gastando muito dinheiro em uma cirurgia para reformar a sua cara. Se ele chutar seu rabo, o que sei bem que ele vai fazer, não vá atrás dele se não faço isso literalmente, estamos entendidas?
Ela ficou me encarando de olhos arregalados e não respondei mais não, dei um passo a frente me aproximando mais dela que se encolheu.
-Estamos entendidas?
-Si... Sim. - respondeu.
-Ótimo, um bom final de noite para vocês.
Sem esperar pela resposta deles eu me virei e marchei rumo a multidão, dei uma piscadela para Felipe ao passar pelo bar e com um pouco de dificuldade cheguei até a saída. Meus amigos me esperavam um pouco longe da entrada, ao lado da ranger de Adam que esta encostado na traseira olhando para o céu enquanto Samira e Jason conversam baixinho um pouco distante.
Samira é uma linda loira de parar o trânsito, têm curvas bem desenhadas, a pele branca e perfeita como porcelana, os cabelos dourados e ondulados batendo na cintura, belos olhos verdes, uma boca pequena e rosada, traços finos e elegantes que a deixam com uma aparência delicada, o que sei bem que disso não tem nada. Jason é um lindo moreno, olhos cor de chocolate, cabelo castanho escuro ondulado que esta sempre caindo nos olhos, boca bem desenhada com um sorriso encantador e um corpo sarado do qual cuida muito bem. Ele sempre chama atenção das garotas, mas ao contrário da maioria dos caras ele não se aproveita de sua aparência e dinheiro para conquistar qualquer uma.
Adam é o namorado de Sam desde a faculdade, um homem alto e de corpo malhado, belos olhos azuis esverdeados e cabelo loiro escuro bem cortado, ele não sorri com frequência, mas quando faz é de tirar o ar de qualquer pessoa. É um cara legal e atencioso, uma das poucas que conheço bem e confio, fico feliz por Samira ter ele em sua vida.
-Ta tudo bem? - perguntei.
Jay levantou a cabeça e assentiu, sei que na verdade não esta nada bem, posso ver o quanto este abalado, mas antes que eu abrisse minha boca para falar algo seus olhos se focaram no meu rosto.
-O que aconteceu com seu rosto? - perguntou.
Droga, esqueci do lindo hematoma que deve estar enfeitando meu queixo agora, apenas dei de ombros como se não fosse nada, mas sei que não vai ser tão fácil assim escapar dele.
-Nada de mais. - respondi. - Sam, você vai com a gente ou com o Adam?
Ela estreitou seus olhos questionadores para mim, já falei que essa mulher deveria ser advogada, o criatura para ficar avaliando as pessoas. Ela claramente quer saber o que aconteceu, mas pelo visto dessa vez deixou passar.
-Vou para casa do Adam, amanhã temos uma reunião logo cedo na empresa.
-E então vamos, Jay, tenho uma sessão de fotos ás seis e meia para fazer.
Seu olhar encontrou com o meu e ele não falou mais nada, somos bons nessas conversas silenciosas, nos despedimos dos outros e seguimos o caminho até meu carro. A viagem até m casa foi silenciosa, nunca pressionamos um ao outro a falar e sei que nesse momento Jason precisa de um pouco de espaço, esse sempre foi um assunto muito delicado para ele. Assim que chegamos em casa joguei minhas chaves e meu celular de qualquer jeito e cai no sofá, tenho que trabalhar em uma hora.
Olho para nosso lindo apartamento, nem sempre tivemos isso, vivíamos espremidos em uma pequena casa alugada que Sam tinha, até que três meses depois que sai do orfanato um advogado me encontrou e falou de uma herança que eu tinha herdado dos meus pais. Fiquei um pouco relutante no começo, mas já não podíamos viver mais nas condições que estávamos. Peguei uma parte do dinheiro e comprei esse apartamento gigante, ele tem quatro quartos com suíte, meu escritório, o escritório de Jay e um espaço onde Sam cria suas roupas, tem um banheiro no andar de baixo, a sala, a cozinha e a lavanderia. Comprei um lugar onde montei meu estúdio de fotografia, fiz meus cursos e ajudei tanto Samira quanto Jay com suas faculdades.
Temos uma boa vida agora, cada um de nós tem sua própria independência. Samira é diretora de uma empresa importante, trabalha ao lado de Adam, mas também trabalha criando belas roupas e no futuro pretende lançar sua própria marca, Jay ainda esta cursando a faculdade, mas não tenho duvidas que será um ótimo engenheiro, seus projetos são sempre os melhores da turma.
-Não vai voltar a dormir? - perguntou se jogando ao meu lado.
-Não, sem sono e tenho que estar no estúdio as seis. E você?
-Dia de folga, mas tenho que apresentar um trabalho na segunda então vou passar o dia no meio dos livros.
Baguncei seus cabelos.
-É isso ai, garoto.
-Hey, sou quatro meses mais velho.
Eu ri, Jason é um dos poucos que conseguem fazer isso.
-Não conta como nada. Agora sério, como você esta?
Ele respirou fundo e se encostou no sofá.
-Preciso de um banho e dormir algumas horas, depois que a ressacar e a raiva passar eu falo com você.
-Okay.
-Vai me falar o que aconteceu com você?
Jason é muito ciumento e protetor, por ser o homem da casa sempre é quase um tirano quando o assunto é homens para mim e Samira, ainda lembro como foi quando Adam apareceu aqui pela primeira vez, coisa que nenhum de nós nunca vai esquecer.
-Me pegaram quando eu estava indo para boate, mas tudo se resolveu rapidinho.
-Se eu tivesse lá ia matar aqueles desgraçados.
-Não se preocupe, eles já estão ardendo no inferno.
Tento ao máximo não trazer esse tipo de coisa para a vida deles, evito falar quando sou atacada para que não fiquem preocupados e conhecendo o temperamento dessas duas criaturas eu sempre fico com medo do que podem fazer.
-Agora chega desse papo, levanta essa bunda bonita daqui e vai para o chuveiro.
Ele levantou e me deu uma piscadinha.
-Sei que você me quer.
-Ainda bem que as pessoas podem sonhar com o que não podem ter, outras atiram alto até demais.
Com uma careta ele subiu as escadas rumo ao seu quarto.
***
A semana foi a mais complicada de todas, eu já não tinha mais paz em minhas caminhadas no meio da madrugada, não importa o quanto pareça estranho uma garota estar andando sozinha pela rua ás três da manhã, acabava sempre encontrado um dos encapuzados a espreita e tive que fazer o possível para que tudo passasse despercebido. Dormir se tornou algo raro, mas não agora não eram pesadelos e sim sonhos com aqueles malditos olhos azuis, ou com sua voz. Mas de uma vez acordei suada e agitada, tudo por um maldito cara que eu nunca nem vi o rosto, raiva, estresse e frustração resultaram num humor dos infernos.
Entrei no estúdio já as sete com dor de cabeça, não estava com vontade de conversar hoje.
-Bom dia, raio de sol. - falou Rafael animado como sempre.
-Não tem nada de bom. - murmurei.
-Ih, vi que esta amarga hoje. Que tal eu trazer seu cappuccino e um delicioso croissant?
-Eu ia te amar se fizesse isso.
-Sei que ama, raio de sol.
Não pude evitar sorrir para ele, Rafael Singer é o show de qualquer lugar onde esteja. gay assumido e sem duvidas a pessoas mais animada da face da terra. Ele tem a minha altura e um corpo que causa inveja, a pele negra impecável e belíssimos olhos cor de mel, sorriso que seduz homens e mulheres, ama moda e arte e quando se junta para falar com Samira é difícil se acalmar, ele a adora. Hoje ele esta usando jeans preto, uma camiseta azul escura um cachecol com nuances de azul, nunca o vi nada menos do que impecável.
-Sei que gosta de pensar isso.
-Abusada. - falou sorrindo. - Vou buscar suas coisas para adocicar seu dia, agora mova seu corpo de deusa guerreira que tem fotos para fazer.
Arqueei a sobrancelha para ele, cada dia me arruma um apelido novo.
-Deusa guerreira? - perguntei.
-Já se olhou bem? Você tem um corpo maravilhoso de causar inveja em qualquer uma dessas magrelas, que vida miserável e injusta.
Revirei os olhos já sorrindo, um dos motivos de eu adorar ter Rafael aqui é por causa do seu bom humor.
-Vai logo buscar, Rafa.
Meu dia não melhorou, tive que me segurar muito para não atirar numa nojenta aspirante a modelo que estava fazendo seu primeiro book, sempre querendo dizer como eu tinha que fazer o meu trabalho, odeio esse tipo que esta começando e se acha a rainha do mundo. Me joguei na cadeira do meu amado escritório exausta, ele é bem espaçoso, tem grandes janelas que dão uma ótima iluminação ao ambiente, as paredes são pintadas de cores fortes, minha mesa de mogno sempre muito bem organizada, um sofá no canto cheio de almofadas onde gosto de relaxar ás vezes, uma prateleira com câmeras e alguns livros e revistas. Também tem o não menos importante detalhe, por onde quer que olhe nas paredes há quadros dos meus melhores trabalhos.
Peguei meu delicioso cappuccino que Rafa fez questão de buscar para mim e beberiquei admirando a vista do parque que tenho da minha janela, escolhi um bom lugar para criar o estúdio, adoro ficara olhando por essas janelas no pouco tempo que tenho de folga. O barulho do meu telefone tocando acaba com meu momento de sossego.
-Inferno, será que não posso ter dez minutos de paz? - apertei o botão de chamada. - fala Sônia.
Essa já esta acostumada com meus humores horríveis, talvez porque ela ás vezes seja tão ruim quanto eu.
-Desculpa Kyle, não queria incomoda-la, mas tem um senhor aqui querendo vê-la.
-E que é esse senhor?
Escuto ela se ajeitar inquieta do outro lado, seja quem for a deixou desconfortável.
-Ele não quer falar seu nome.
-E como diabos ele espera que conversemos se não fala seu nome?
Olho a chuva escorrendo pela janela, esse dia só melhora.
-Desculpa, ele diz que é importante e... Acho que você vai querer vê-lo, mesmo que ele me assuste. - sussurrou essa última parte.
Rapidamente fiquei em alerta, não acredito que esses desgraçados vieram me perseguir até aqui, sei que minha identidade não é nenhum mistério para eles, mas nunca me atacaram tão diretamente. Cada vez mais lacaios são mandados atrás de mim como se estivessem com pressa, se isso continuar vou ter que adiantar meus planos. Peguei minha arma na gaveta e engatilhei, Sônia não precisa se envolver em nada, não gosto de colocar ela no meio dessas coisas.
-Como ele é Sônia?
-É bem alto, se veste todo de preto e esta com um capuz quase cobrindo o rosto. - falou.
Um arrepio percorreu minha espinha assim que ela falou sobre o capuz cobrindo o rosto, droga, essa sensação esquisita de novo não, estou sendo atormentada por ela desde aquela noite.
-Pode manda-lo entrar. - falei.
-Kyle...
-Agora Sônia!
-Ta bom.
Empunhei minha arma e fiquei de frente para a janela ao lado da porta, ele que não pense que vou ser pega de surpresa dessa vez. Escutei passos no corredor e minutos depois a porta sendo aberta, me virei e não fiquei surpresa ao encontrar o idiota que vem atormentando meus sonhos parado na porta, de alguma forma eu já sabia que era ele, os Lordes não seriam tão educados a ponto de pedir permissão para entrar. Ele esta vestido da mesma maneira que naquela noite, o maldito capuz tampa seu rosto e me pergunto como ele anda na rua sem chamar atenção. Apontei a arma para ele que ficou parado na porta.
-Acho melhor ter um bom motivo para ter assustado minha secretaria.
-Ela é uma pessoa adorável, ainda mais quando fica nervosa.
Sua voz ainda é como me lembro, um tormento que me pergunto o porquê de me afetar tanto. Nunca nenhum cara conseguiu uma verdadeira reação minha, sempre foram coisas de momento e já fui chamada até mesmo de fria, mas agora esse infeliz que nunca nem vi o rosto me atormenta até de longe.
-Que bom que gostou dela, agora me fale, quem é você e o que esta fazendo aqui?
-Não é muito nova para ter uma secretaria e lidar com tanta coisa?
Odeio quando as pessoas desviam das perguntas, isso mostra o que ele é, um jogador, mentiras e manipulação são seu ponto forte, posso julgar isso apenas pelo seu modo de falar e isso me irrita profundamente. Sem pensar dei um tiro que acertou a centímetros de sua cabeça, seu corpo ficou tenso e notei que ele tentou esconder que se assustou.
-Você é maluca? - perguntou irritado.
-Apenas não gosto de ter meu tempo desperdiçado.
-Não nega ser filha de Augustus Moore.
Escutei ele falando o nome do meu pai fez com que minha raiva surgisse com mais força, seja quem for deve saber quem sou, o que me deixa em desvantagem, mais uma vez ele consegue me frustrar. Deixei meu rosto impassível, como se suas palavras não tivessem me causado nada.
-Não importa se você minha maldita árvore genealógica! - falei entre dentes. - Não me faça perguntar novamente, quem é você?
Ele fechou a porta e se aproximou um pouco mais de mim.
-Já que temos assuntos a tratar, nada mais justo que me apresentar direito. - ele levou a mão ao capuz e o abaixou. - Sou Carter Montgomery.
O ar fugiu dos meus pulmões como se eu tivesse levado um soco no peito, coerência, onde você foi parar? Como notei uma vez ele é bem alto, o corpo é esguio, mas com músculos bem trabalhados que fazem as roupas se ajustarem muito bem a ele, o cabelo é preto, um pouco comprido e bagunçado com alguns fios caídos na testa, queixo forte e quadrado, traços bem marcados e uma boca que deveria ser considerada um pecado. Os olhos são ainda mais lindos do que me lembro, azuis e gelados como o mar ártico.
Assim que nossos olhares se encontraram meu corpo todo estremeceu como se tivesse levado um choque, o ar na sala pesou e respirar se tornou algo difícil, meu coração bateu mais rápido e minha respiração acelerou. Ele arregalou os olhos e só então notei que não era a única a estar sentindo aquilo, o peito subindo e descendo depressa e o corpo estático apenas me mostra que isso não é normal. Que droga de sensação estranha é essa?
O silêncio reina na sala e conforme meu raciocínio vai voltando apenas de uma coisa eu tenho certeza.
Estou terrivelmente ferrada!
2H?59?4(
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