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XXXVIII. The World Cup

Draco nunca imaginou ter seu coração quase saindo pela boca ou mal conseguir respirar como naquele exato momento. Nem o quanto poderia ser difícil manter-se firme em sua pose prepotente e indiferente.

Não demonstre o que sente ou pensa, isso é o mais baixo ato de fraqueza, e Malfoys não são fracos. Isso é o que seu pai sempre disse.

Quando viu os Black junto de Potter e Stuart, precisou de toda sua força e auto-controle, embora, por um breve momento, ele não pôde se impedir de parar e observar Canopus, sentindo tantas coisas que não entendia e nem poderia descrever se revirando dentro de si. A última vez que o viu, ele estava acabado; aparência frágil — mesmo que suas atitudes ameaçando todos pela frente mostrasse o contrário —, corpo repleto de curativos e ataduras, mal conseguia andar sem mancar… Agora ele parecia muito melhor.

Mais alto, aparentemente saudável e recuperado dos ferimentos daquela fatídica lua cheia. Os cabelos estavam mais compridos, metade amarrados no alto com duas pequenas tranças nas laterais e outra parte solta, caindo abaixo do seu queixo, na altura do pescoço, com uma franja aparada e fios caindo pelas laterais do rosto. Os braços antes cobertos por ataduras, agora estavam escondidos sob uma longa jaqueta de couro junto a uma blusa verde claro. Também havia um contorno preto em seus olhos, que logo reconheceu sendo maquiagem, que destacava as orbes azuis-acinzentadas, deixando-as ainda mais chamativas e marcantes.

Droga! Não deveria pensar nele como um garoto tão bonito…

Não deveria, mas não era fácil. 

— E terno me parece formal demais para um jogo de quadribol, Dragãozinho — Canopus falou, com seu típico sorriso de canto no rosto, enquanto cruzava os braços.

— Precisamos seguir um código de vestimenta trouxa, e ternos são muito mais elegantes para grandes eventos — respondeu, arrumando a barra de seu terno.

— Me parece um pouco exagerado.

— Devo comentar sobre a sua maquiagem, então? Já que você parece tão simplista sobre o vestuário para um jogo de quadribol.

— Se for elogios, aceito, mesmo vindos de você — falou num tom galante e convencido. — Não estou tão formal, mas ainda estou muito bonito.

Draco riu, cruzando os braços.

— Parece que as férias deixaram seu ego ainda maior, Estrelinha.

— Oh, sinto muito se você não tem tanta autoestima e precisa de roupas formais e exageradas para se sentir tão bonito quanto eu.

— Estamos na presença de vários bruxos de todos os lugares do mundo, e bruxos muito importantes, aliás. Meu pai está agora mesmo conversando com o Chefe do Departamento de Leis Mágicas da Rússia, por exemplo. É necessário estar muito bem vestido para grandes ocasiões.

— Infelizmente, terei que concordar com o Malfoy nesse quesito — Merliah comentou, recebendo o olhar dos amigos em sua direção. — O que foi? Acham que eu me produziria toda para ficar jogada no sofá assistindo futebol nas férias? 

— Oh, existe algum bom senso em você, afinal, Stuart.

— Você adoraria me conhecer se não fosse um idiota tão preconceituoso com bruxos de famílias trouxas. 

— É difícil para famílias supremacistas simplesmente estudarem o mínimo de história bruxa — Therion comentou. 

— Quem sabe assim veriam o quanto essa ideologia de supremacia é uma besteira que nunca existiu e não há um único bruxo realmente puro no mundo — disse Canopus.

— Você não sabe do que está falando, Black.

— Eu sempre sei do que estou falando, Malfoy — rebateu. — E, me diga, é sério que você decidiu trazer pavões a um jogo de quadribol? E ainda os deixou amarrados?!

— Meus pais acharam uma boa ideia para o ambiente. Estamos aqui há dois dias, e eles foram uma companhia certamente muito melhor do que você seria.

— Sinto pena dessas pobres aves por terem que te aturar — Therion disse.

— E vocês vieram na companhia de quem? Do papai fugitivo ou do lobisomem? Olha, eu tenho certeza de que o Sr. Crouch irá adorar falar com vocês sobre o fugitivo.

— Não te interessa — Harry respondeu ríspido. — Por que não vai encher o saco dos seus amigos supremacistas? Falar com você não é o que eu planejava para ter um bom dia na minha primeira Copa de Quadribol.

— Aliás… — Canopus deu dois passos a frente, aproximando-se de Malfoy, que tentou permanecer firme com a aproximação. — Eu espero que você tenha fechado essa boca grande sobre o Sirius, Therion e eu sermos animagos — falou, seu tom rapidamente mudando de divertimento e provocação para um mais sério e ameaçador. — Vai estar nos colocando em risco se disser alguma coisa. Isso inclui você.

Draco encarou-o, também sério. Respirou fundo e descruzou os braços, afastando um fio de cabelo que caiu pelo rosto e voltando a enterrar as mãos em seus bolsos. O olhavam aguardando uma resposta, e, por um instante, ele encolheu levemente os ombros, baixando a guarda.

— Não, eu não disse nada — garantiu. — E não vou dizer.

— Ótimo. Assim poupa problemas para si mesmo — Therion disse severamente.

— Continue assim ou eu acabo com você.

— Já começaram as ameaças, Estrelinha? — riu.

— Avisos, apenas.

— Draco! — A voz severa de Lucius ecoou até eles. 

— Seu querido papai está chamando, Dragãozinho. Melhor ir.

— DRACO! 

Draco respirou fundo, arrumando a postura rapidamente.

— Até o jogo.

— Espero ficar bem longe de você na arquibancada — Canopus comentou.

Malfoy virou-se e seguiu até sua barraca, onde o pai já o aguardava ao lado do Chefe do Departamento de Leis Mágicas da Rússia, que estava junto a outros dois bruxos de idades próximas a sua semelhantes a ele. Parou a sua frente com a postura ereta e as mãos às costas, mantendo uma expressão neutra travada em seu rosto.

O garoto ao lado do homem sorriu para si gentilmente. Ele era mais alto, os cabelos avermelhados como suas sobrancelhas e as poucas sardas no rosto. Parecia feliz demais para tão cedo de manhã.

— Sim, pai?

— Draco, por que não acompanha os filhos do Sr. Vassiliev pelo acampamento enquanto bebemos um chá? Eles estudam em Durmstrang, tenho certeza que terão ótimas coisas para lhe contar sobre a escola e serão uma ótima companhia — Lucius disse num tom sugestivo, mas Draco sabia que não possuía outra alternativa que não aceitar tal sugestão. Logo voltou-se novamente para o homem mais velho. — Meu filho fala muito bem o seu idioma. 

— Olá, sou Nikolai Vassiliev! — o garoto se apresentou, ainda com um grande sorriso no rosto e um forte sotaque russo. 

— Draco Malfoy — apresentou-se de volta, educadamente.

— Essa é a minha irmã, Natasha. — Nikolai apontou para a garota logo ao seu lado, de cabelos igualmente ruivos, que parecia bastante entediada e observava aos arredores com seriedade. — Você é de Hogwarts, não é?

— Sim…

Eto potryasayushche! — exclamou bastante alegre. — Mozhete li vy skazat' mne, kak eto? Pravda li, chto u vas yest' gigantskaya luna?

— Nikolai! — o pai do garoto o repreendeu, e ele parou com as perguntas, encolhendo os ombros.

Draco conhecia muito bem o olhar repreensivo que Nikolai recebeu. 

— Posso contar, sim — disse. — I da, u nas yest' gigantskiy kal'mar.

O garoto voltou a exibir um largo sorriso e olhou para o pai, apontando para longe, recebendo um aceno de cabeça dele e de Lucius. Draco mal pôde dizer mais alguma coisa antes de ser puxado para longe por entre as barracas e bombardeado por várias perguntas sobre Hogwarts em russo, que precisou se concentrar bastante para compreender de tão rápido que o garoto falava.

Olhou para trás e tudo o que viu foi o pai entrando na barraca dele com Vassiliev e os Black se afastando com os amigos para o lado oposto.

Detestava diplomacia internacional.

***

Boa parte dos alunos de Hogwarts — e de várias escolas bruxas pelo mundo — estavam ali presentes para a Copa. Enquanto os gêmeos caminhavam com os amigos para buscar água, encontraram vários de seus colegas de escola pelo caminho.

Harry, de repente, foi arrastado pelo ex-capitão do time da Grifinória, Oliver Wood, para conhecer os pais dele, enquanto falava animadamente sobre a vaga que conseguiu como reserva num time de quadribol. O capitão da Sonserina não estava muito longe com sua família, nem demorou muito para que eles começassem a discutir, mas Wood não deixou Potter ir.

— Sorte a sua que eu já me formei, senão ia quebrar a sua cara no campo! — Oliver exclamou.

— Sorte foi o que você teve ano passado, Wood!  O meu time é muito melhor e a Sonserina vai ganhar todas as copas das Casas.

— Diga isso para o novo capitão que eu escolhi! Vocês estão ferrados, e eu terei o prazer de ir pessoalmente assistir a próxima Final do campeonato em Hogwarts.

— Quem quer que seja, não pode ser pior que você.

— Por falar em novo capitão… — Canopus aproveitou a deixa e se aproximou do Sonserino. — Adrian, meu querido capitão, já pensou no seu substituto? Este é o seu último ano! 

— Tenho feito minha análise, mas decidirei no decorrer do ano a depender do desempenho do time. 

— Está olhando para um ótimo candidato.

— Candidato a mercenário? — Wood brincou. — Você quase mata os jogadores no campo!

— Eu não tenho culpa se não sabem se equilibrar numa vassoura quando eu pego a goles. 

Demorou mais alguns minutos até Harry e os amigos escaparem e deixarem Adrian e Oliver ainda brigando. Potter adoraria tentar descobrir quem seria o novo capitão, mas no momento estava mesmo querendo apenas fugir dali.

Quando passaram por Simas e Dean, que cumprimentaram Harry alegremente, os gêmeos cruzaram os braços e bufaram, ainda rancorosos pelos problemas durante o último ano letivo. Harry não estava tão amistoso também, mas foi ao menos educado. A conversa não durou muito, pois logo Therion enlaçou o braço ao seu e o puxou para longe de cara fechada.

Potter riu da expressão irritadiça do Black, enquanto era arrastado para longe dos dois colegas de dormitório.

— Ainda está com muita raiva do Simas, não é?

— Óbvio. Ele não nos deixou em paz o ano inteiro — bufou Therion.

— Eu sei, te entendo. Ele sabe tirar a paciência às vezes — Harry disse compreensivo. — Mas é gente boa na maior parte do tempo.

Encontraram uma bela fila na torneira do acampamento e amontoados de pessoas. Rony e Hermione estavam lá também, esperando sua vez. Haviam várias pessoas de diversos lugares do mundo, falando muitas línguas diferentes.

Não muito longe de onde estavam, havia um grupo de bruxos jovens jogando o que Harry disse aos gêmeos ser um jogo chamado "queimado". Eles gritavam e faziam muito barulho, tanto os que jogavam, quanto outros por perto torcendo. Também tocava uma música alta numa barraca próxima ao grupo, onde em frente um grupo de bruxos adultos bebia alguma coisa e fazia tanto barulho quanto. E próximo a outra torneira, outro grupo havia ligado uma mangueira e brincavam se molhando. Pareciam se divertir bastante.

— Que língua estão gritando? — Rony indagou confuso.

— Esse jogo parece divertido — Canis comentou.

— Pela forma que estão jogando, com certeza são do Brasil — Merliah comentou. — As regras do queimado aqui são diferentes. E reconheço bons palavrões em português. Banho de mangueira num dia quente também é um costume quase tradicional, tão bom quanto uma piscina. Montarem acampamento perto das torneiras não me surpreende.

— Provavelmente alunos da Castelobruxo — Hermione comentou.

— Com certeza vou conversar com eles depois.

— Como são as regras de queimado no Brasil? — Harry indagou franzindo o cenho enquanto observava o grupo jogando. — Tem quatro times, não dois ali.

— São dois times. Em alguns lugares, os queimados não são eliminados, apenas vão para atrás do lado adversário e jogam quando a bola cai no campo deles.

— Qual a graça de jogar se ninguém é eliminado de verdade? Deixa bem mais difícil!

— Essa é a melhor parte! — Merliah sorriu largo. — Um dos meus primos às vezes se deixa ser queimado de propósito para ajudar o time dele no outro lado. 

Eles andaram mais um passo na fila. Após um tempo, chegou a vez deles. Enquanto enchiam os galões, observaram logo atrás outras pessoas impacientes na fila por esperarem num dia relativamente quente sob o sol do verão. 

Harry suspirou cansado, bocejando em seguida e deixando a cabeça recair sobre o ombro de Therion, ambos sentados em uma pedra ao lado da torneira.

— Melhor descansarmos um pouco depois do almoço quando voltarmos, hm? — Therion disse baixo.

— Depois de acordar antes do sol nascer, acho que vou precisar.

— Será que podem se apressar aí? — disse a pessoa atrás deles na fila, impaciente. 

— Esses galões não vão se encher magicamente sozinhos num piscar de olhos, por mais que eu quisesse — Canis rebateu.

— Eu gostaria de almoçar ainda hoje, caso não se importem. 

— Nós também, por isso estamos aqui.

— Eu disse que a outra fila seria mais rápido, Lou. 

— Você que é muito impaciente, Karrie — disse a garota logo atrás. 

— E você muito teimosa!

— Olha só quem fala! Rei da teimosia que passa um mês de detenção, mas não deixa de ser cabeça-dura.

— E quem me faz companhia na detenção? 

A garota bufou, cruzando os braços. Seus cabelos castanhos estavam presos num rabo de cavalo, os olhos cor de mel brilhando quase dourados na luz do sol.

Ela parecia vagamente familiar para Therion, mas não soube dizer exatamente de onde.

— Vocês são de onde? Não reconheço de Hogwarts — Therion perguntou.

— Beuxbatons.

— A escola da França? Vocês falam inglês bem demais — Rony falou.

— Meu pai estudou em Hogwarts — Karrie respondeu dando de ombros, suspirando impaciente e passando a mão pelos cabelos verdes. — Mas isso não importa. Ele está me esperando, então se não se importarem de não me fazer esperar mais duas horas em pé, adiantem aí.

— Como dissemos, não temos muito o que fazer — Liah disse, pousando ambas as mãos na cintura e o garoto de cabelo colorido fez o mesmo.

— Estou começando a me arrepender de aceitar vir com o papai.

— Quem foi que ficou implorando um mês para virmos, mesmo?

— Quem vai receber uma maldição se não calar a boca? — rebateu impaciente num tom sarcástico. 

— Não sei se gosto de você ou te acho insuportável — Canopus comentou.

— Posso dizer exatamente o mesmo sobre você. 

— Oh, que fofo. Vão querer sentar para um chá? — Therion caçoou. 

Harry riu, encarando os outros dois à frente. Nunca imaginou conhecer alunos de outras escolas. Ficava curioso para saber se era igual Hogwarts.

— Não devemos demorar muito mais — disse. — Sou Harry Potter.

— Louise Ra…

— Potter?! — Karrie arqueou a sobrancelha. — Puta merda…

Harry suspirou, imediatamente surgindo uma expressão exausta e tediosa em seu rosto. Arrependeu-se rapidamente de ter se apresentado.

Devia ter ficado calado.

— Sim, Sim. Harry Potter, cicatriz, Voldemort… Adoraria se fingisse menos surpresa.

— Foda-se o Voldemort! Você é Harry Potter… Filho do James Potter?

— Hm… É…

Os dois jovens à sua frente ficaram boquiabertos e riram alto com certa empolgação.

— Olha… Meu pai me contou histórias muito interessantes sobre o seu — Louise comentou com um sorriso de canto. 

— Papai vai surtar… 

— Quem é o pai de vocês? — Therion franziu o cenho.

— Chefe do Departamento de Relações Internacionais Mágicas da França… — Louise respondia, antes de ser interrompida.

— LOUISE! SIX! 

— Papai já deve ter se cansado de esperar. Com licença… — Karrie disse e aproximou-se deles. Ele pegou o galão já cheio debaixo da torneira e despejou toda a água em seu próprio. — Cortesia por me fazerem perder tempo.

— Ei! — Canopus exclamou. — É a nossa água!

— Fico devendo uma para vocês. Tchau!

Ele empurrou Louise para que andasse rápido. Os gêmeos encararam indignados e rapidamente foram atrás, mas eles correram na direção de um homem de sobretudo.

— EI! VOLTEM AQUI! — Therion gritou.

— EU VOU MATAR VOCÊS! — Canopus exclamou.

— TENTA — Karrie gritou de volta, erguendo o dedo do meio para eles enquanto ria. Canopus rapidamente devolveu o gesto, enquanto Harry impedia que ele e o irmão avançassem mais.

— Six, o que falei sobre arranjar confusão?! — a voz distante do homem ecoou até eles. 

— Eu peguei a água, pai. Isso que importa!

Estavam distante demais para que percebessem qualquer característica do homem além das roupas e o cabelo escuro, que ficara de lado para eles enquanto encarava os outros dois bruxos, impedindo que vissem seu rosto, escondido pelas madeixas onduladas que caíam pela face. 

Não demorou para que se afastassem, o homem sendo puxado para longe pela garota. Therion olhou na direção deles com o cenho franzido.

— Quem eles pensam que são?! — os gêmeos disseram ao mesmo tempo, irritados.

— Estrangeiros muito mal educados — Harry disse, num tom também irritado. — Mas é melhor não arranjarmos confusão ou Moony irá matar nós três.

— O pai deles me pareceu… Familiar — Therion disse. — Mas estava muito longe para saber.

— Talvez um dos filhos imbecis puxou muito a ele — Canopus resmungou. — Estava quase gostando deles apesar de irritantes. Quase.

— Quando os vermos de novo, não escapam, Canis. Acabamos com eles.

— Parece que seu lado grifinório está aflorado hoje, Lobinho. — Harry riu baixo, abraçando de lado a cintura do Black.

Therion suspirou, porém logo sorriu pequeno para Potter.

— Talvez um pouquinho, Mini Prongs — respondeu afastando os cabelos do rosto de Harry.

— Ah, Merlin, desde que vocês se beijaram ficaram ainda mais melosos, aff… — Canopus resmungou. — Esperem um pouquinho e deixem o grude para quando voltarmos pra barraca. 

— Canis! — os dois exclamaram, corando imediatamente.

— Qual dos dois vai fazer logo o pedido de namoro?

— Canopus! — Harry elevou ainda mais o tom de voz, tão vermelho quanto um tomate. 

— Isso não é da sua conta! — Therion disse.

— Vamos indo logo. Estou com fome.

Canopus seguiu de volta para os amigos, e Therion suspirou, passando as mãos por seu rosto. Olhou timidamente para Harry, que desviou o olhar, bastante envergonhado.

— Ignore ele… Canis é…

— Eu sei — Harry disse rapidamente.

— N-não… Se incomode com isso. Por enquanto, não precisamos… Você entendeu…

Harry assentiu com a cabeça, com as bochechas coradas. Voltou seus olhos para Therion devagar, seu coração estava acelerado, como sempre na presença do Black. A mão posta na cintura do outro apertou o tecido de sua camisa nervosamente.

— Você não se incomoda de eu talvez parecer… Carente demais às vezes? — perguntou receoso. — Ele… Não estava totalmente errado. Eu…

— Eu gosto de ficar perto de você, Hazz — Therion disse antes que continuasse a falar. — Você nunca me incomoda.

Potter sorriu fraco.

— De verdade?

— Eu não minto pra você.

Therion sorriu ladino, acariciando de leve o rosto de Potter. Harry segurou a mão em seu rosto com a sua livre, entrelaçando seus dedos. Estava mais uma vez se contendo para não pular sobre o Black e beijá-lo novamente.

A vontade era muita, mas o receio de fazer ali no meio do acampamento era ainda maior.

Black beijou o rosto de Potter, arrancando mais um sorriso dele.

Eles retornaram até os outros, de mãos dadas. Esperaram os galões encherem, enquanto Canopus xingava os recém conhecidos colegas ladrões de água em todos os idiomas que sabia falar.

Não demorou muito para verem Sirius caminhando na direção deles, ainda sob efeito da poção polissuco. Havia se livrado do casaco que usava pela manhã, trajando apenas a camisa branca de botões com três deles abertos e as mangas arregaçadas até os cotovelos e os suspensórios. Eram roupas de Remus, que couberam melhor em seu corpo transformado.

Se aproximava não muito rápido, avoado e pensativo. Estava bastante distraído. Se não soubessem que ele era um bruxo, pensariam facilmente que era um trouxa desnorteado e confuso no meio de um acampamento cheio de pessoas que sabiam fazer magia.

— Siri… — Therion ia falar, mas se deteve ao lembrar que haviam outras pessoas por perto na fila. Não poderia chamá-lo por seu nome. — Anthony… Está tudo bem?

Sirius foi puxado de seus pensamentos pela voz do filho e piscou algumas vezes, balançando a cabeça.

— Está… Está sim. Eu estava vindo e… — Sirius também se deteve no meio de sua fala, balançando a cabeça mais uma vez e suspirando. — Esquece, não foi nada. Só estou um pouco distraído. Sair no meio de tantas pessoas outra vez… Acho que isso está mexendo um pouco com a minha cabeça.

Uma meia verdade. Os gêmeos reconheceram no mesmo instante, pois eram verdadeiros mestres em contá-las. 

Therion sentia que havia algo errado. Sirius viu algo que o deixou confuso. Apenas não sabia o que era.

Resolveu acreditar que seja o grande número de aurores por perto, mesmo que talvez não fosse a resposta correta. Era mais difícil entender Sirius que seu irmão, Harry ou o pai.

— Remus estava preocupado com a demora para voltarem. Eu vim ver se estava tudo bem.

— Estava, até franceses malucos roubarem nossa água! — Rony exclamou. — Eles são os visitantes e ainda abusam.

— Nós também somos visitantes, Rony. Aqui é território da Irlanda — Hermione falou. 

— Irlanda faz parte do Reino Unido.

— Irlanda do Norte faz parte do Reino Unido. Aqui é a República da Irlanda — Therion corrigiu. — Tem diferença. 

— Vejo que os bruxos estão um pouco atrasados em geografia — Merliah comentou sarcástica.

— As guerras e divisões territoriais trouxas podem ser um pouco confusas — Sirius disse. — Enfim… Você disse… Franceses malucos, Rony?

— Dois alunos imbecis da Beuxbatons — Canopus resmungou. — Minha varinha está pronta para jogar uma azaração neles.

— Imagino que sim — Sirius riu. — Mas não deixe Remus saber disso.

— Eu sei. Não vou.

Sirius exibiu um pequeno sorriso orgulhoso.

***

Após um longo descanso depois do almoço e muito passear pelo acampamento, todos estavam na barraca dos garotos e de Liah. Os gêmeos jogando xadrez, enquanto Harry, Remus e Sirius observavam.

— Vovô, os comerciantes já chegaram? — Canopus perguntou ao ver Lyall adentrando a barraca. — Torre para F3.

— Já. Podemos ir comprar algumas coisas antes de irmos para o estádio, se quiserem.

— Bispo para C6 — Therion falou e sua peça se movimenta no tabuleiro. — Vamos depois que eu vencer o Canis.

— Então não vamos nunca, não é? Torre para A3, e diga adeus ao seu cavalo, irmãozinho.

— Rainha para G6 — Therion jogou tranquilamente, ignorando a provocação do irmão. — Xeque-Mate! Vou pegar o dinheiro.

— Puta que pariu! De novo?!

— Parece que Remus te ensinou bem, Theo — Sirius disse, sorrindo orgulhoso. 

Therion sorriu satisfeito enquanto seguia para seu quarto, e Canopus resmungava irritado por ter perdido mais uma vez e tentava pensar onde ele havia errado em sua estratégia perfeita.

— Meu irmão sempre me vencia no xadrez também, Canis. É o dom dos caçulas Black — Sirius disse numa tentativa de acalmar o garoto e conversar. 

— A diferença é que seu irmão trapaceava — Remus disse. — Eu te vencia de maneira justa sempre.

— Ele também sabia jogar justo quando queria. E eu sabia me proteger das trapaças dele.

— E perdia do mesmo jeito.

— Já gostei desse tio também — Canopus disse. — Papai, devia ter falado mais dele. 

— Eu não era próximo dele, Canis. Se quer saber mais, pergunte ao Sirius — Remus disse.

— Passo.

Therion retornou com as bolsas de dinheiro, entregando uma para o irmão e guardando a outra no bolso. 

— Podemos ir.

— Eu vou comprar um onióculos novo — Canopus disse, acenando sua varinha para guardar todas as peças e o tabuleiro de xadrez. — Quero ver bem os lances do jogo.

— Espero que tenha fogos a venda também. Podemos guardar alguns para Hogwarts.

— Tenho ótimos planos para isso! — Canis sorriu, ficando de pé ao lado do irmão. Sequer parecia que estava o xingando instantes antes por tê-lo derrotado no jogo.

— Mantenha esses planos na sua cabeça — Remus disse. 

Canopus convocou sua jaqueta com a varinha e a vestiu, seguindo até um espelho para verificar como estava. 

— LIAH, VAMOS ÀS COMPRAS!

A garota imediatamente saiu do quarto.

— Compras?

— Vá se arrumar para irmos nas bancas. Os comerciantes chegaram, vai ter bastante coisa.

— Tudo bem.

 — Se puder não demorar uma hora, agradeço. — Ela deu um tapa nas costas de Canopus. — AI! 

— Não apresse a beleza.

Ela seguiu de volta para o quarto e voltou 15 minutos depois. Retocou o lápis de olhos dos gêmeos após fazer em si mesma.

— Se demorasse mais, vovô já estaria mais velho que o Dumbledore.

— Eu não sou tão velho, Canis! — Lyall resmungou.

— Estou brincando, vovô! 

— O senhor está em ótima forma — Therion complementou. 

Remus conteve uma risada enquanto via o pai balançar a cabeça. Sabia que Lyall conhecia bem os netos que tinha.

— Vem, Harry! — Therion chamou, segurando a mão dele e o levando para fora. Canis e Liah foram logo atrás.

— Esperem! Eu vou com vocês.

No fim, todos acabaram saindo da barraca e seguindo pelo acampamento. Vários bruxos ambulantes aparatavam e montavam seus estandes e longas mesas recheadas de variados produtos. 

Os gêmeos caminhavam lado a lado, e Harry estava ao lado de Therion, observando tudo maravilhado. Os adultos os seguiam logo atrás, Sirius observando tudo atento, com o braço enlaçado ao de Remus, que caminhava ao lado do pai. 

Quando passavam próximo a aurores, Sirius sempre apertava nervosamente o braço de Lupin, com um olhar nervoso. Remus o olhava com carinho e tocava seu ombro delicadamente, outras vezes apertava sua mão, para acalmá-lo e dizer que estava tudo bem. O nervosismo do Black diminuiu gradativamente durante a caminhada.

Ele estava animado com a ideia de caminhar normalmente entre os bruxos, óbvio. Porém, ainda era algo estranho no meio daquela multidão, sem estar na forma animaga. Era muito mais fácil empolgar-se com a ideia formada em sua mente no conforto e segurança de sua casa do que executá-la de fato em público.

Ter Remus ao lado era de grande ajuda. Ele transmitia o conforto e segurança que precisava.

— Vovô, olha! — Canopus disse com empolgação na voz, segurando um chapéu verde e branco com trevos de três folhas na aba. Ele colocou sobre a cabeça de Lyall, que riu, aproximando-se da barraca com o neto. — Ficou legal.

— Sabe… Eu gosto como os meninos se sentem confortáveis com o seu pai — Sirius confessou para Remus, um pouco afastados deles. — Parecem gostar muito dele.

— E gostam. Meu pai ama eles — Lupin respondeu, sorrindo bobo e orgulhoso enquanto admirava a cena. Adorava ver Lyall interagindo com os garotos. — Ele os adotou como seus netos desde o primeiro dia. Ainda não temos tanto contato, mas… Sempre nos reunimos por eles. 

— Vocês são a família deles. Eu… Consigo ver os olhos deles brilhando de alegria com vocês dois — comentou. 

— Você também é a família deles — Remus disse, encarando Sirius. Ainda era um pouco estranho ver ele com outro rosto, porém conseguia ver o seu Sirius ali apesar de tudo.

— Eles ainda não se sentem assim.

— Eles irão.

— Papai! — Therion chamou.

Sirius e Remus voltaram-se para ele ao mesmo tempo. O garoto sorria, enrolado em uma bandeira da Irlanda e segurando outra nas mãos, assim como o irmão gêmeo, e uma tiara com vários trevos flutuantes na cabeça.

— Quer uma bandeira também?

— Não, Therry — Remus negou com um pequeno sorriso.  

— Tem certeza? 

— Tenho, meu bem.

— Eu vou querer, Theo! — Sirius disse, soltando o braço de Remus e indo até o garoto. — Ainda tem dessas tiaras maneiras também?

Therion assentiu e pegou outra tiara. Sirius amarrou suas pontas da bandeira no pescoço e deixou que caísse por suas costas como uma capa. Com a tiara na cabeça, ele deu uma voltinha, arrancando uma risada do filho e do afilhado.

Black sentiu-se feliz e satisfeito por conseguir um sorriso do filho para si. 

— Melhor beber mais um pouco.

— Está sumindo? — Sirius tocou o próprio rosto.

— Por precaução. — Bateu o indicador em seu relógio.

Sirius bebeu um gole da poção polissuco do cantil em seu bolso. Com sorte, todos em volta apenas pensariam que ele era um grande amante de álcool que sempre levava um pouco consigo porque gostava muito de beber.

Eles prosseguiram com as compras. Sirius começou a caminhar junto de Harry e Therion, com Remus logo atrás também. Começou a contar para o afilhado a nostalgia que o cenário trazia da última Copa Mundial, em que fora junto dos amigos.

— James adorava isso aqui! Até levou para Hogwarts para analisarmos as jogadas adversárias no quadribol — comentou ao pegar um onióculos.

— Tio James teve uma ideia brilhante — Canis disse e pegou um para si. — Vai servir muito bem quando eu for capitão.

— Quer ser capitão? — Sirius perguntou sorrindo orgulhoso.

— Eu vou ser capitão, como a minha mãe e o meu padrinho — retrucou confiante. — E os dias de vitória da Grifinória estarão contados.

— Vai sonhando! — Harry disse.

— Onióculos! — a voz de Rony ecoou animada e ele se aproximou com os irmãos e Hermione. — Oi, Harry! Olha só!

O ruivo exibiu uma figurinha do Viktor Krum.

— Ainda não esqueci nossa aposta, Weasley. Prepare-se para ver o Krum perder o pomo — disse Canis.

— Krum nunca perderia o pomo. Até Fred e George apostaram isso mesmo jogando todo o dinheiro na Irlanda.

— Apostas na Copa de Quadribol podem ser imprevisíveis — Sirius comentou. — Perdi muitos galeões na última.

— Eu te avisei para não apostar com o Killian — Remus riu.

— Ele que ficou provocando.

— Por que tem tantos botões? — Harry perguntou segurando um onióculos.

Parecia um simples binóculo de latão, mas haviam vários botões em volta.

— São os controles. Dá para rever lances, pausar, avançar — Rony explicou empolgado. — Quanto está?

— 10 galeões.

Rony murchou, revirando os bolsos.

— Vai querer um, pai? — Canis perguntou, Remus assentiu. Sirius também, mesmo sabendo que não estava falando consigo. — Três, por favor.

— Você sabe dizer "por favor"? — Fred indagou rindo atrás de Rony.

— Igual sei planejar pegadinhas melhor que vocês — respondeu. Os gêmeos ruivos gargalharam.

— Pode continuar sonhando — George falou.

— Não precisamos, já é realidade — disse e pagou pelos objetos. Entregou um ao avô e outro ao pai, ficando com um para si.

— Não devia ter comprado a miniatura — suspirou Rony.

Harry comprou três onióculos e entregou um ao amigo, enquanto Hermione, Liah e Therion compravam os próprios.

— Não precisa, Harry!

— Fica! Pode me pagar depois — disse. Não queria ser pago de volta, mas sabia que só assim Rony aceitaria.

— Vou pagar! Obrigado!

Harry deu outro para Sirius, que sorriu agradecido.

Merci, Harry! — disse, mantendo seu papel de francês. — Sinto que o jogo de hoje será emocionante!

— Como usa isso aqui? — Merliah perguntou testando os seus.

George aproximou-se dela e começou a explicar a função de cada um dos botões, enquanto os outros analisavam as demais bancas ao redor vendendo os mais diversos adereços e lembranças da Copa.

Canopus estava de olho em figurinhas de jogadores irlandeses que admirava, quando ouviu a voz conhecida de Draco. Era difícil não perceber o garoto com aquelas vestes totalmente escuras e os cabelos quase brancos. O garoto que estava com ele também chamava a atenção, além de bonito, era tão ruivo quanto um Weasley, e tão saltitante quanto um bezerro-apaixonado.

— Nikolai, já rodeamos todo o acampamento!

— Mas olha tudo isso! — Nikolai disse animado, com seu sotaque russo. — É fantástico! 

— É só um bando de vendedores… Nikolai! Para de me puxar!

O garoto ruivo correu arrastando Malfoy aos tropeços consigo. Draco chegou a olhar na direção de Canis, mas logo estava sendo arrastado por entre os ambulantes e tendo seu conhecimento do idioma russo testado.

Canopus agradeceria aquele garoto por manter Malfoy bem longe da sua vista. Não queria se estressar e estragar aquele dia.

As bolsas de dinheiro foram esvaziando cada vez mais enquanto as sacolas de compras apenas aumentavam. Remus observou feliz Sirius ficar mais à vontade a cada minuto, confortável em seu disfarce e se divertindo com as compras dos garotos e dos amigos, exatamente como quando foram à Copa de 1974. 

Sirius enlaçou o braço ao de Lupin enquanto os filhos decidiam se compravam ou não uma caixinha de música com uma miniatura do mascote da Irlanda, os olhos brilhando.

— Falta muito para o jogo? 

— Acho que não. Logo vamos para o estádio — respondeu.

— Estou ansioso. Só vi jogos de quadribol escondido debaixo da arquibancada ano passado — Sirius comentou baixinho.

— Ainda existe um espírito de artilheiro amante de quadribol em você.

— Eu queria ter levado eles a vários jogos — confessou. 

— Vamos a outros quando pudermos em alguma das férias dos meninos algum dia.

Sirius sorriu fraco, então observando ao redor a grande movimentação de pessoas. Franziu o cenho ao avistar um bruxo de sobretudo a alguns metros de distância conversando com uma mulher de cabelos arroxeados em uniforme de auror, como se estivesse dando uma ordem.

Lembrou-se de quando viu de relance alguém com um sobretudo semelhante no cemitério de Rowen's Valley. Não deu tanta importância pois estava abalado demais pensando na mãe de seus filhos. Mas agora…

Piscou algumas vezes, pensando estar vendo coisas. Logo viu o homem se afastar e a auror escoltar dois bruxos adolescentes pelo acampamento.

— Hey, está tudo bem? — Remus perguntou preocupado.

— Estou, só… Pensei ter visto uma coisa…

Remus não confiou muito em suas palavras, mas não insistiu. Permaneceu ao lado dele, tocando seu ombro delicadamente. 

***

Chegada a hora do jogo, todos seguiram pela trilha iluminada por lanternas no meio da floresta que levava até o estádio após guardarem parte das compras nas barracas. 

Ao redor, havia um grande amontoado de bruxos falando alto alegremente, gritando e cantando, ansiosos para o jogo. Os jovens bruxos não paravam de sorrir empolgados, conversando animadamente.

Logo avistaram o estádio, grande o bastante para comportar pouco mais de 100 mil bruxos de todas as partes do mundo para o grande evento. Junto de Arthur, Lyall aproximou-se do portão com os ingressos.

Camarote de honra do Ministério. Lugar com uma das melhores vistas para o jogo.

Começaram a subir as escadas forradas por um carpete púrpura, vários e vários lances, até um dos pontos mais altos.

— Pai, o Camarote do Ministério… Como o senhor conseguiu? — Remus questionou.

— Está subestimando o reconhecimento do seu pai, Remmy — Lyall riu. — Tenho meus contatos no Ministério. Se viria a Copa com meu filho e meus netos, eles merecem o melhor lugar que eu puder oferecer.

Lyall sorriu carinhosamente para o filho.

Remus sorriu de volta, levemente envergonhado. Sabia que o pai já era extremamente renomado na área do conhecimento de não-seres e criaturas espirituais, principalmente bichos-papões, e exatamente por isso conseguiu um ótimo cargo no departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Realmente não deveria subestimar sua capacidade de conseguir privilégios e contatos no Ministério.

E sempre se preocupava tanto em aproveitar cada chance de cuidar dele e dos garotos da melhor forma que podia. Talvez devesse valorizar um pouco mais isso.

Chegaram ao camarote, onde já estavam alguns poucos bruxos. Fileiras de cadeiras douradas e forros também púrpura tomavam o lugar.

Harry franziu o cenho confuso ao ver um elfo doméstico em uma das cadeiras, mas não questionou. 

Os gêmeos suspiraram pesado, rapidamente fechando a cara.

— Era só o que me faltava! — resmungou Canis, cruzando os braços.

— Espero que tenham aproveitado a água que nos roubaram! — Therion resmungou logo em seguida.

— Olha só, Karrie! Nossos amigos da torneira — Louise disse e então o garoto de cabelos verdes voltou os olhos para o grupo.

— Que bom que estão aqui. Agora posso jogar uma azaração em vocês — Canis falou.

— Canopus, você não vai azarar ninguém! — Remus o repreendeu.

O garoto bufou.

— Por que vocês estão nesse camarote? — Therion indagou.

— Tenho quase certeza que mencionei que meu pai é Chefe de Relações Internacionais do Ministério Francês. 

— Temos até uma auror de estimação acompanhando. — O outro apontou para a auror parada de guarda num canto do camarote.

— Eu ouvi isso, Six!

— Te amo, Dora! 

— Que tal uma trégua já que todos estamos aqui para ver o jogo? — Liah sugeriu.

— Você propondo trégua? — Canis arqueou a sobrancelha.

— Eu tô aqui pra ver quadribol, não você implicando com estrangeiros.

— Gostei dela! — O garoto sorriu e ficou de pé, estendendo a mão. — Que tal recomeçarmos? Sem ressentimentos. 

Os gêmeos ficaram de braços cruzados, olhando desconfiados, analisando-o.

O garoto parecia ter a idade deles, talvez fosse até um pouco mais novo por suas feições tão delicadas. Os cabelos verdes eram quase do mesmo tamanho que os deles, na altura do queixo. Por cima da blusa também verde vestia uma jaqueta de couro semelhante a de Canopus, a calça preta cheia de rasgos.

Os olhos de um azul cinzento brilhavam com travessura e alegria, destacados pela maquiagem.

— Sem ressentimentos? — Canopus riu.

— Eu não vou me ajoelhar e pedir desculpas. Mas podemos esquecer tudo . Meu pai sempre diz que é bom deixar o passado para trás. 

— Ele parece estar sendo sincero — Harry deu de ombros. 

— Tudo bem. Mas isso não significa que vou esquecer o que fizeram.

— Não vou abusar da sua compaixão.

Canopus apertou a mão dele. No mesmo instante, sentiu uma corrente elétrica percorrendo seu braço e soltou a mão do outro com o choque.

As gargalhadas dos dois alunos da escola francesa ecoaram pelo camarote.

— Eu vou matar você.

— Foi só uma pequena brincadeirinha — disse girando sua varinha entre os dedos. — Adoro essa azaração! 

Harry segurava sua risada. Os gêmeos Weasley gargalhavam logo atrás.

— Não acredito que caiu nessa, Canis — Therion disse.

— Pode dar adeus a trégua!

— Esse é o jeitinho dele de ser legal com os novos amigos — Louise também se levantou, ficando ao lado do outro. — Pode não parecer, mas é gente boa quando quer.

Ele pisou no pé da garota.

— Ai! — resmungou. — Como eu disse, quando quer.

— Prometo não aprontar nada… Enquanto estivermos no camarote, pelo menos.

Os gêmeos se entreolharam. Não acreditavam nem um pouco naquelas palavras.

— Minha família nunca quebra uma promessa.

— Bom, se você quebrar, melhor ter cuidado — Canopus falou.

— Me ameaçar não é um bom jeito de começar.

— Brincar comigo também não.

— Seremos bons amigos então! — O garoto riu e jogou-se de volta em sua cadeira. 

— Vocês dois aí, sem confusão! — A auror de cabelos coloridos disse.

— Só estamos fazendo novos amigos. 

— Comportem-se ou vou chamar seus pais.

— Não precisa se incomodar, estamos muito bem — Louise disse e também voltou a se sentar.

Sirius olhou na direção da auror, franzindo o cenho. Ela lhe era vagamente familiar. Na verdade, o lembrava muito alguém: sua prima, Andrômeda, quando mais nova. Observou-a sentado ao lado de Remus, intrigado.

Mais pessoas começaram a chegar ao camarote, inclusive o Ministro da Magia. Então, Sirius travou em sua cadeira e engoliu em seco quando mais três pessoas se aproximaram.

O Ministro cumprimentou Lucius Malfoy, que chegava junto do filho e da esposa. Sirius apertou a mão de Remus nervosamente, olhando apavorado para ele.

— O que foi?

— É a Narcisa — sussurrou.

— Está tudo bem, ela não vai te reconhecer.

Isso não tranquilizou o Black tanto quanto gostaria.

Narcisa Malfoy, nascida — teoricamente — Black, estava de braço dado com o marido. Os longos e lisos cabelos loiros caíam por suas costas graciosamente. Não havia mudado muito desde a última vez que Sirius a viu. Possuía a mesma postura arrogante e imponente, os olhos frios como gelo.

Ela não carregava nenhum traço físico dos Black, mas a pose era a cara da família. Tudo que eles eram ensinados a ser e demonstrar perante a sociedade bruxa. Muito diferente de sua irmã Andrômeda. Postura bastante semelhante a da irmã Bellatrix.

Seu tio Cygnus deveria estar se revirando no túmulo pela perfeita imagem de um Black que Narcisa exalava, algo que ele nunca imaginou ser possível.

Sirius devia imaginar que veria sua pseudo-prima ali. Foi tolice ignorar aquela possibilidade.

— Imagino que ainda não conheça minha família pessoalmente. Esta é minha esposa, Narcisa, e meu filho, Draco — Lucius disse para o Ministro.

Canopus revirou os olhos ao ouvir o nome do herdeiro Malfoy.

— E me permitam apresentar a vocês o Sr. Obalonsk, o ministro da Magia da Bulgária, e de qualquer modo ele não consegue entender nenhuma palavra do que estou dizendo, portanto não faz diferença. Preciso de Crouch para esses momentos, mas ele não está aqui, apenas o elfo doméstico. E vejamos… Você conhece Arthur Weasley, imagino?

Arthur fechou a cara, embora ainda tentasse manter a postura. Foi um momento tenso, considerando que dois anos antes Weasley e Malfoy tiveram uma longa briga na Floreios e Borrões com direito a socos e tapas.

Merliah já pegou alguns doces que havia comprado, esperando que outra briga como aquela começasse, fofocando com os dois alunos da Beauxbatons os acontecimentos como se não estivessem quase brigando com seus melhores amigos momentos antes.

— Sim, nos conhecemos — confirmou Weasley.

— Lucius acabou de fazer uma generosa contribuição para o Hospital St. Mungus. Está aqui como meu convidado.

— Ah, claro…

— Oh! Sr. Vasiliev! Que honra tê-lo por aqui! — Ministro rapidamente voltou-se para o homem que chegava.

— Drak! — Nikolai chamou e abandonou o pai rapidamente, correndo até o Malfoy. 

— Draco — corrigiu.

Smotri eto! — ignorou a correção e mostrou a ele seu onióculos russo, que diferente do britânico, parecia uma luneta telescópica com muitos botões.

— Meu Deus, Arthur — disse Lucius. — O que foi que você precisou vender para comprar lugares no camarote de honra do Ministro? Com certeza sua casa não teria rendido tudo isso, não?

— Também tenho meus contatos. Porém, isso não é da sua conta! — Arthur rebateu.

— Parece que estão aceitando qualquer tipo de gente nesse camarote… Os Lupin por aqui também.

Os olhos de Lucius então voltaram-se para Remus, os gêmeos e as duas amigas deles, que, por um acaso, eram nascidas-trouxas, o que ele mais abominava. 

— Trouxas e animais… As coisas não são mais como antes.

— Meu pai não é um animal, seu velho estúpido! — Canopus exclamou irritado, avançando na direção deles.

— Canis… — Remus chamou, mais apreensivo que repreensor. 

— Não vamos deixar ele falar assim do senhor! — Therion exclamou logo em seguida.

— Não mesmo! Se ousar falar do meu pai, vai ver como é receber uma maldição imperdoável!

— Ameaças na presença do Ministro da Magia com o histórico de sua família não é sábio, garoto insolente — Lucius falou firme.

— Provocar quem está quieto também não, Malfoy — Lyall disse, contendo os netos e segurando-os por seus ombros. 

— E eu não tenho medo de porra de Ministro nenhum! 

— Canopus!

Sirius ficou de pé, lutando contra o nervosismo. Ele não deixaria que falassem de Remus ou usassem aquele tom com seus filhos.

— Lyall tem razão. Quem procura acha e estamos muito bem aqui no nosso lugar para ver um jogo, não ouvir provocações de alguém que nem assume a responsabilidade dos próprios atos! — disse. — Melhor ir ficar com sua família para o que todos viemos aqui: ver a Copa.

— E quem é você?

Sirius hesitou por alguns segundos.

— Anthony LeBlanc, amigo dos Lupin. Não vou permitir que fale dessa maneira com os meninos ou sobre Remus.

— Não precisamos da sua defesa — Canopus resmungou.

Draco, que havia voltado a atenção para a conversa, analisou atentamente Sirius em seu disfarce, desconfiado. Então guiou seus olhos para os de Canopus, que encontrou os seus após lançar um olhar furioso para seu pai.

Eles não seriam tão tolos…, começou a pensar. Seus olhos transitaram entre os gêmeos e Sirius. Quase riu com a ideia que veio a sua mente.

Therion imediatamente lançou um olhar firme para o garoto Malfoy. Um olhar que dizia: fique de boca fechada ou te lanço até o outro lado do campo com um estuporante. 

O gêmeo mais novo também sabia ser tão ameaçador quanto o mais velho quando queria.

— LeBlanc… Faz muito tempo que não ouço falar dos bruxos dessa família — Lucius falou.

— Agora ouviu.

— Ah, Lucius! Venha cá! — O Ministro chamou, ainda conversando animadamente com visitantes estrangeiros importantes. 

Lucius trocou um olhar firme com os Weasley, Black e Lupin, antes de ajeitar a postura apoiado em sua bengala.

— Tenho coisas mais importantes a fazer. É melhor mesmo ficarmos distantes desse… Tipo de gente — disse. 

Draco viu o pai se afastar com a mãe, mas permaneceu onde estava. Nikolai cutucou seu braço com uma expressão confusa, aproximando-se para sussurrar:

— O que foi isso? 

— Nada demais.

— Não vai seguir o papai para os assuntos tão importantes, Dragãozinho? — Canopus resmungou, ainda irritado. — Ou vai apresentar o novo amigo?

— Oi! Eu sou o Nikolai! — o garoto se apresentou e acenou. — Vocês também são de Hogwarts?

— Vamos, Nikolai.

— Ah, mas eu queria conhecer…

— Por que não mostra como funciona mesmo esse seu onióculos russo? — Draco disse afastando-se com Nikolai. 

Sirius respirou fundo naquele instante, voltando a senta-se junto de Remus.

— Não devia ter feito isso!

— Te defender?

— Sem chamar atenção, lembra? 

— Minha vontade era pegar aquela bengala e enfiar bem no… — Therion começou a resmungar.

— Therion! 

— Eu o ajudaria! — Canopus concordou com o irmão.

— Já foram embora — Harry disse. — Não devem incomodar mais.

— Eu já teria jogado uma azaração — Karrie comentou. — Odeio supremacistas. Ainda bem que papai não estava aqui.

— Enfim concordamos em algo! — Canis disse. 

— Minha família é trouxa, mas é muito mais íntegra que esses idiotas — Merliah resmungou. — E minhas notas e da Mione são melhores que as do Draco! 

— Alguns sem-feitiço são bem melhores que alguns bruxos — disse Louise.

— Sem-feitiço?

— É como chamamos os trouxas na França.

— Pensei que o termo "trouxa" fosse usado no mundo todo — Rony franziu o cenho.

— Cada país tem seu modo de chamar. 

— Aliás, se seu pai é do Departamento de Relações Internacionais, ele não deveria estar aqui? — Therion perguntou.

— Está nas arquibancadas lá embaixo conversando com outras pessoas e fazendo companhia ao meu padrinho junto com os Lovegood. Ele não gosta muito desse luxo de camarotes. 

— Eu gosto! A vista é ótima! — Karrie sorriu largo. 

— Conhecem os Lovegood? — Ginny perguntou, desviando a atenção dos irmãos para a conversa.

— Claro, meu pai era da Corvinal! — Louise disse orgulhosa. — Estudaram juntos. Você é a amiga da Luna, né? Ela tem uma pintura sua.

Ginny ficou tão vermelha quanto seu cabelo e sorriu envergonhada.

— Nossa mãe também era corvina, então só por isso você ganhou alguns pontos com a gente — Therion disse.

— Se eu fosse pra Hogwarts, queria ser Corvinal — Karrie comentou. — Ou Sonserina.

— Eu não iria querer ser sonserino — Rony falou. Os gêmeos Black olharam feio para ele. — Sem querer ofender.

— Se a goles voar sem querer na sua cara na arquibancada durante um jogo, também não estarei querendo ofender — Canis disse.

— São jogadores de quadribol? 

— Artilheiros.

— Estão olhando para o melhor apanhador da Beauxbatons! — Karrie sorriu triunfante. 

— E aqui nós temos o melhor apanhador de Hogwarts! — Therion disse passando o braço sobre os ombros de Harry.

Potter corou. 

— Não exagere, Therry.

— Não seja modesto, Hazz. Você é o melhor da escola e sabe disso. Mas infelizmente, você implorou ao chapéu para não ir pra Sonserina.

— E nós ficamos com o pior apanhador da escola… Não se tem sorte em tudo — Canis completou. — Espera aí! Que história é essa de implorar para não ir pra Sonserina?!

— Therry, que horas começa o jogo? — Harry ignorou a pergunta.

— Seu maldito grifinório traidor!

— Harry Potter!

Harry nunca pensou que agradeceria tanto a adoração do Ministro por sua fama. Ele logo foi puxado pelo ministro para conhecer um tal Ludo Bagman ex-jogador de quadribol e chefe do Departamento de Esportes Mágicos e outros estrangeiros.

Logo em seguida, chegou a hora de dar início ao jogo. Quando voltou para os amigos, Harry recebeu um olhar irritado de Canopus, que o xingou em irlandês durante metade do discurso do Ministro.

— Não posso mais voltar atrás e desfazer isso. Que tal esquecermos? Ainda somos amigos do mesmo jeito! 

— Vou te perdoar, dessa vez. Mas só porque você teve péssimas influências grifinórias.

— Ei! — Rony exclamou.

— E agora, sem mais delongas, vamos apresentar… Os mascotes do time búlgaro! — disse Ludo Bagman com a varinha utilizando um feitiço para reverberar sua voz por todo o estádio.

— Veelas! — Canopus exclamou ao ver as várias veelas adentrando o estádio. — Therion, melhor segurar o Harry.

— Por quê? — Potter encarou o amigo, confuso.

— Acho que você não é resistente ao canto delas.

Cem belas mulheres se espalharam pelo campo. A pele extremamente branca reluzia ao luar, assim como os longos cabelos loiros platinados que voavam ao vento… Mesmo não havendo vento algum. Uma música começou a tocar e elas cantaram e dançaram.

Foi então que Harry não conseguiu pensar em mais nada, admirando encantado. Seus pensamentos eram confusos e delirantes, sem conseguir formar algo coeso. Ele quase se levantou da cadeira, mas Therion o conteve.

Remus fez o mesmo com Sirius, segurando sua mão e seu braço, impedindo que se levantasse. Black admirava as veelas tão vidrado quanto Potter, enquanto Lupin suspirava e não esboçava qualquer reação semelhante.

Canopus e Therion assistiam a apresentação tranquilamente, com a mente intacta, assim como Remus. Eles não eram afetados pelas veelas.

Em compensação, Canopus precisou segurar Merliah antes que pulasse do camarote. A auror de cabelo roxo segurava Karrie e Louise, usando tampões de ouvido e de costas para o campo. Ginny foi contida pelo irmão mais velho, Charlie.

Canis arrastou a amiga da amurada do camarote de volta para seus lugares. 

— Melhor amarrar ela na cadeira — Draco comentou na fileira atrás.

— Da minha amiga cuido eu — Canis rebateu.

Therion virou o rosto para encarar Malfoy na outra fila ao ouvi-lo falar. Ele e Nikolai ao seu lado não pareciam nem um pouco afetados. 

— O que está olhando? — perguntou rispidamente.

— Nada. — Riu baixo e continuou segurando Harry.

Mne ne ochen' ponravilas' eta pesnya — Nikolai disse. 

— Também não — Draco concordou.

Quando a música acabou, ouviram-se várias reclamações e resmungos por todas as arquibancadas. Harry piscou desconcertado, olhando confuso ao redor e só então percebendo o braço de Therion ao redor de seus ombros e a mão segurando seu braço, mantendo-o onde estava. Seu rosto ficou tão vermelho quanto a arquibancada dos búlgaros.

— O que aconteceu?

— Encanto das veelas — Canopus respondeu rindo. — Conseguem ser bastante atrativos.

— Você parece bem.

— Não é o que me atrai, meu amigo. Já tivemos essa conversa. — Ele piscou para Potter e voltou-se para Liah. — Já voltou ao normal ou ainda quer pular o camarote?

— Acho que vou torcer para a Bulgária — ela disse. 

— É, ainda vai levar alguns instantes para se recuperar.

— Francamente! Um longo treinamento de aurores para no fim virar babá e impedir que dois pirralhos se atirem de uma arquibancada.

— Não é culpa nossa se os búlgaros trouxeram veelas, Tonks! — Louise resmungou enquanto a auror o levava de volta aos assentos junto de Karrie. — É golpe sujo!

Sirius ainda estava confuso demais para reparar nas conversas e pessoas a sua volta. Olhou para Remus ao seu lado, piscando algumas vezes.

— Por que logo veelas?

— Melhor jeito de fazer todos torcerem pela Bulgária — Sirius disse, voltando a si, mas com a mente um pouco nublada. — Pena que oclumência não funciona com encantamentos de veela. 

Remus riu baixo, ainda não soltando a mão do Black.

— Vocês estão bem? — perguntou para Remus e os garotos.

— Estamos ótimos! — Therion riu. Sirius franziu o cenho, vendo como os filhos pareciam realmente muito bem. — Harry ainda está se recuperando.

— Está tudo bem, pai? — Remus perguntou.

— Já vim preparado — Lyall respondeu guardando seus tampões de ouvido. 

— Não importa o que estava passando na sua cabeça agora, é bom você estar torcendo para a Irlanda, Hazz — Therion falou, sem tirar o braço dos ombros de Potter, encarando-o fixamente.

— E-eu… Acho… — Harry não conseguiu formar palavras. Respirou fundo, com o coração acelerado, encarando os olhos azuis-acinzentados. Sua mente foi clareando aos poucos. — Já estou bem. 

Therion riu, beijando o rosto do garoto.

— Por favor, levantem as varinhas bem alto... Para receber os mascotes do time nacional da Irlanda! 

Duas esferas luminosas verde e douradas voaram a toda velocidade pelo campo e um arco-íris atravessou o céu. Toda a multidão observou maravilhada as duas esferas se fundirem e formar um enorme trevo.

Ao se observar melhor, era possível ver que o trevo era formado por pequenos duendes barbudos. 

Várias moedas de ouro começaram a cair no céu numa bela chuva dourada.

— O que são eles?

— Leprechauns! São duendes irlandeses — Canopus respondeu. 

— Toma, Harry! Pelo onióculos! — Rony jogou um punhado de moedas para Potter.

— Er, Rony, ouro de leprechaun… — Therion começou a falar, mas Rony o ignorou e voltou a colher moedas com o chapéu. — Acho melhor esperar ele descobrir sozinho.

— O quê?

— Não é dinheiro de verdade. Logo vai sumir — Canis disse.

Os trevos se desfizeram e os leprechauns desceram no campo ao lado oposto das veelas.

— E agora, senhoras e senhores, vamos dar as boas-vindas ao time nacional de quadribol da Bulgária! Apresentando, por ordem de entrada… Dimitrov!

Um vulto vermelho adentrou o campo, voando veloz montado em uma vassoura.

— Ivanov! Zograf! Levski! Vulchanov! Volkov! E... Krum!

— É ele! É ele! — berrou Rony animado.

Nikolai revirou os olhos e bufou, falando coisas nada gentis em russo.

— Nem fora da escola me livro desse exibido — resmungou. 

— E agora vamos saudar... o time nacional de quadribol da Irlanda! — berrou Bagman. — Apresentando... Connolly! Ryan! Troy! Mullet! Moran! Quigley! E... Lynch!

Sete jogadores entraram em campo tão rápido que se viam apenas borrões verdes. Harry usou seu onióculos para observar mais de perto e mais lentamente, podendo ver que todos voavam em Firebolts.

Então surgiu o presidente da Associação Internacional de Quadribol em sua vassoura, dando início a partida. Bagman narrava e mal tinha tempo de identificar as jogadas de tão rápido que os jogadores voavam.

Sirius e os gêmeos observavam por seus onióculos, os três igualmente animados e sincronizados, comemorando cada jogada. Harry nunca havia visto um jogo tão intenso. A goles era jogada de um lado a outro tão rápido que ele mal conseguia acompanhar.

— Manobra de Ploy! — Canopus exclamou alto ao ver Troy fingir que subiria a goles, atraindo adversários, mas a deixando cair para outro jogador abaixo. — Therry, Liah, precisamos treinar isso!

— Eles são incríveis! — Harry disse.

— EU SEI! — ele riu alto. 

Os jogadores irlandeses estavam em perfeita harmonia, mal dando chance aos búlgaros.

— GOL! — Canis e Sirius gritaram ao mesmo tempo, comemorando o primeiro gol da Irlanda.

Logo Therion, Remus e Lyall se uniram a comemoração. Em dez minutos, a Irlanda marcou mais duas vezes, elevando sua vantagem para 30 pontos e provocando uma onda de gritos e aplausos dos torcedores.

SEO BLIAIN NA HÉIREANN, LEATHCHEANN! — Louise gritou.

SIN CUMHACHT NA HÉIREANN, ÍODÁTAÍ BHULGÁIRE! — os gêmeos gritaram em seguida.

Harry entrou na gritaria, usando muitos dos termos que aprendeu em irlandês nas últimas semanas com Therion. Em sua maioria, coisas que faria Remus lavar as bocas de todos eles com sabão quando voltassem para casa.

A partida ficava cada vez mais bruta e violenta. Empurrões, cotoveladas, balaços voando para todo lado, tudo que se pudesse imaginar. 

Os dois apanhadores, Krum e Lynch, mergulharam no campo em direção ao chão. Harry imediatamente começou a buscar o pomo com seus olhos e reflexos rápidos de apanhador, mas não viu nada, tendo um deja vu de uma das partidas do terceiro ano.

Ele logo entendeu o que iria acontecer. 

Enquanto Lynch se chocava contra o chão, Krum voltava a subir no último instante. Exatamente como Malfoy e Chang no jogo da Sonserina contra a Corvinal.

— Merda! Uma Finta de Wronski! — Therion e Canopus resmungaram juntos.

Naquele jogo, a sincronia de gêmeos estava melhor que nunca.

— Finta de quê? — Harry indagou confuso.

— Uma manobra de apanhadores bastante perigosa — Therion explicou. — Você viu no nosso jogo contra a Corvinal.

— O Malfoy fez uma jogada de profissionais?! 

— Milagres acontecem — Canopus disse.

— Pensei que soubesse. Você é apanhador! 

— Eu ainda estou aprendendo algumas coisas. Não cresci no mundo bruxo!

— Vou te emprestar meus livros de quadribol quando voltarmos pra casa. 

Lynch se recuperou rapidamente e logo voltou para sua vassoura. O jogo seguiu fervorosamente, tão brutal quanto uma batalha. 

A partida agora atingira um nível de ferocidade que ultrapassava tudo que os garotos já tinham visto. Os batedores dos dois lados jogavam sem piedade, sem se importar se seus bastões acertavam balaços ou jogadores adversários. Dimitrov disparou um balaço em cima de Moran, que segurava a goles, e quase a derrubou da vassoura.

— FALTA! — Sirius exclamou.

Os gêmeos, junto de Louise e Karrie, começaram a xingar. Uma confusão de mistura de idiomas. 

O juíz deu falta.

Os leprechauns subiram no ar outra vez, todos juntos formando uma enorme mão fazendo um gesto nada gentil que irritou profundamente as veelas. As belas moças agoram avançavam atirando bolas de fogo, os rostos se transformando e alongando enquanto gritavam monstruosamente e escamas e penas surgiram em seus braços.

— As aparências enganam — Merliah comentou.

Daquelas vez, até mesmo os gêmeos tamparam os ouvidos. Na outra fileira, Draco ainda assistia a tudo tranquilamente, sem se importar com os gritos.

Bruxos do Ministério invadiram o campo para separar a briga que se iniciou, enquanto no ar o jogo continuava. 

Um balaço acertou a cara de Krum, mas isso não o impediu de continuar, mesmo cuspindo sangue. Se antes parecia uma batalha, agora o jogo realmente havia se tornado uma verdadeira luta sangrenta pela vitória, enquanto a Irlanda liderava.

Então Lynch mergulhou furiosamente.

— O pomo! O pomo está ali! — Harry exclamou.

Todos se atentaram aos dois apanhadores, ansiosos. Krum estava na cola do adversário, ambos com as mãos estendidas para pegar o pomo.

Pela segunda vez, o irlandês bateu contra o chão.

— Krum pegou o pomo! — constatou Potter.

O enorme placar brilhava acima da multidão.

BULGARIA: 160

IRLANDA: 170

A torcida irlandesa explodiu em gritos de comemoração e alegria.

— VENCE A IRLANDA! KRUM CAPTUROU O POMO… MAS VENCE A IRLANDA! — Bagman anunciou exasperado.

Mais gritos explodiram em comemoração. Os gêmeos se abraçaram, pulando e gritando em irlandês. Remus aplaudiu e também comemorou junto ao pai e Sirius, gritando em irlandês assim como os filhos, o que arrancou risadas alegres do Black.

Therion abraçou Harry com força, o erguendo do chão. Potter riu, abraçando os ombros do outro para não cair. 

Canopus imediatamente esqueceu qualquer rixa com os novos amigos estrangeiros, pulando em comemoração junto a Karrie, Louise, Liah e Hermione. 

— KRUM PERDEU O JOGO! — comemorou Nikolai.

— NIKOLAI, ME COLOCA NO CHÃO! — Draco gritou após ser agarrado pelo outro e erguido do chão. 

YA vyigral! YA vyigral!

— OSTAV' MENYA NA POLU!

***

A comemoração estava a todo vapor pelo acampamento. Os irlandeses cantavam, tocavam músicas e gritavam. Quem torcia por eles, não estava diferente.

Em frente ao lote dos Lupin, os gêmeos cantavam em irlandês com garrafas de cerveja amanteigada em suas mãos, uma fogueira acesa próximo a eles. Canopus e Merliah dançavam juntos, ela tentando acompanhar a cantoria mesmo não sabendo nada do idioma gaélico.

Therion estava agarrado a Harry, que dividia consigo alguns marshmallows com chocolate e biscoitos. Potter sorria largo, com um braço ao redor da cintura do Black enquanto a outra mão assava mais um marshmallow.

Rony, Hermione e Ginny juntaram-se a eles depois. Entraram na comemoração, mesmo que Rony estivesse emburrado pela derrota da Bulgaria e Krum ter pego o pomo quando o adversário ainda estava em vantagem.

— Melhor dia das férias inteiras! — Canopus exclamou e correu até o avô, que também comia alguns marshmallows, o abraçando. — Obrigado por conseguir os ingressos, vovô! 

— Tudo pela felicidade dos meus netinhos — Lyall disse. 

Também estavam comendo algumas frutas. Canopus comeu algumas, guardando todas as sementes enquanto comia. 

Enquanto todos continuavam comendo e comemorando, Canis se aproximou dos pavões da barraca dos Malfoy ajoelhando-se à frente deles com cuidado, jogando as sementes para comerem. Sorriu doce para as aves, estendendo uma mão com pedaços pequenos de frutas na direção de uma delas.

— Duvido que eles tenham lembrado de cuidar de vocês. Pena que não podem comer marshmallows — disse. O pavão que comia em sua mão então abriu o pelo leque de sua cauda, com pequenas brancas um pouco sujas, mas ainda muito belas. — Você é bem bonito, hm? Será que vão perceber se eu te levar comigo?

— Você não vai sequestrar meus pavões, Black! 

Canopus ergueu os olhos ao ouvir a voz de Malfoy. Ele havia saído da barraca, ainda vestido em seu terno. Viu ele também alimentar os pavões com sementes, e boas parte das aves se amontoaram ao redor dele.

— Me surpreende que você goste de algum animal… Ou que algum goste de você.

— Eu não pude fazer nada pelo hipogrifo. Esqueça logo isso!

— Você ganhou pontos por ter ajudado a salvar o Bicuço, mas ele estava condenado por sua culpa. Então, não, não vou esquecer.

Draco revirou os olhos enquanto Canis se levantava.

— Vou voltar para minha festa.

— Se eu fosse você, iria embora para casa agora — Draco disse num tom de alerta.

Canopus riu, negando com a cabeça enquanto cruzava os braços, sem acreditar. Ele encarou Malfoy com um sorriso de canto no rosto, os olhos brilhando em divertimento.

— E deixar de comemorar? Está brincando? — riu ele. — Não seja tão chato, Dragãozinho. Até você deve querer festejar um pouquinho depois desse jogo.

— Canopus, eu não estou brincando. 

— Então está só sendo chato?

Draco suspirou, olhando para os lados. Ele então agarrou o braço do Black e o puxou para dentro de sua barraca, que estava vazia no momento.

— Ei! O que está fazendo?

— Eu não estou brincando. É melhor não ficar muito mais tempo aqui agora que o jogo acabou.

— Por quê? — perguntou, intrigado. Deu alguns passos a frente, com os olhos fixos nos do loiro. — É um dia de alegria. Não podemos voltar para casa quando a festa mal começou.

— Eu estou falando sério.

— Eu também estou. 

— Pode parar de ser tão cabeça-dura por cinco minutos e me ouvir?

— Isso é pedir demais da minha paciência com você, Dragãozinho. Por que eu iria embora? Se quiser, pode ir com seus pais fazer seja lá o que vocês riquinhos supremacistas metidos fazem nas férias. Eu vou comemorar a vitória da Irlanda.

— Algo perigoso pode acontecer.

Canis não entendia absolutamente nada do que Malfoy dizia. Não havia nenhum perigo realmente preocupante por perto além de vários bruxos bebendo e comemorando.

Draco não sabia mais o que falar para insistir. Ele sabia que alguma coisa daria muito errado naquela Copa. Não tinha conhecimento dos detalhes, porém havia grandes possibilidades de ser um grande perigo.

— Perigoso tipo o quê?

— Eu não sei e nem posso dizer.

— Então, se quiser, pode ir embora com o seu novo amigo russo. Eu vou ficar bem aqui — disse Canis. — Aliás, por que uma barraca tão extravagante? Era para ser discreto.

— Estou tentando te ajudar!

— Primeiramente, por que você se importaria em me ajudar em alguma coisa? 

Draco não respondeu. Ele não sabia a resposta, na verdade.

— Segundo, ajudar em quê? 

— E-eu… — Malfoy suspirou, buscando palavras. — Só… Não fique aqui.

— Desculpe, você não manda em mim.

— Você já foi louco o bastante de trazer o seu pai fugitivo disfarçado com polissuco pra cá. Por favor, só…

— A ideia não foi minha. Por mim, Sirius estaria bem longe! E não diga que ele é meu pai.

— As piores ideias geralmente são suas.

— Me admira que você tenha descoberto. 

— Me admira que tenham seguido uma ideia tão idiota!

— Olha, Malfoy, eu estava tendo um dia ótimo e não quero que acabe com você esgotando minha paciência, okay? Então, se não tem mais nada a dizer, até Hogwarts! 

— Canopus!

Canis o ignorou e saiu da barraca, voltando para a sua. Draco bufou, batendo o pé frustrado.

Estrelinha idiota…

— Foi comemorar igual na nossa vitória contra a Corvinal, Canis? — Merliah perguntou sorrindo maliciosamente após o amigo se aproximar. 

— Eu já não falei para esquecer isso?! 

— Você foi?

— Claro que não!

— Droga, estava doida para te jogar no Lago Negro quando chegassemos em Hogwarts. 

Canopus empurrou levemente a amiga, que apenas riu.

Mais tarde, os Weasley voltaram para sua barraca e todos foram se preparar para dormir. Remus, Sirius e Lyall desejaram uma boa noite para eles antes de irem se deitar.

Therion e Harry deitaram-se juntos na cama do Black, Potter o abraçando com a cabeça deitada em seu peito, podendo ouvir os dois batimentos cardíacos. Dormiu imaginando como seria se um dia ele quem estivesse jogando e sendo aclamado por torcedores após capturar o pomo e levar a vitória para seu time. Gostou muito daquela ideia.

E gostava muito de imaginar que estar ali com Therion o ajudou a fugir de pesadelos e ter um sono tranquilo.

Pelo menos por um tempo.

Acordou confuso ouvindo gritos e a voz desesperada de Remus. Saiu do quarto com Therion, encontrando os Lupin e Sirius, que já estava de volta a sua aparência comum.

— Vistam seus casacos e saiam! Precisamos ir! — Remus exclamou.

— O que está acontecendo? — Merliah perguntou confusa e sonolenta.

— Os Comensais voltaram e estão atacando! — Lyall respondeu.

Os gêmeos perderam o ar e cambalearam. Todos eles se apressaram para vestir o primeiro casaco e sapatos que encontraram e sair da barraca.

Quando saíram, o acampamento estava um caos e tudo pegava fogo.

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OLÁ, MEUS AMORES!
TUDO BEM?
QUEM É VIVO SEMPRE APARECE!

Desculpa mesmo a demora. Expliquei no meu mural aqui no Wattpad... Faculdade tá devorando minha mente.
Mas aqui estamos!

Personagens novos, Wolfstar juntinho, família Black-Lupin reunida, copa... Uma loucura! Gostaram?

Não esqueçam de comentar bastante!

Em breve retorno com mais um capítulo!

Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋

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