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XXXIV. Your day

Aniversários são uma das tradições compartilhadas entres bruxos e trouxas com mais variáveis entre ambos os mundos, certamente.

Para alguns, é um grande evento digno de uma enorme festa. Para outros, é tão insignificante quanto qualquer outro dia do ano.

As vezes pode ser um dia dolorido, como o aniversário de um ente querido perdido. Mesmo chegando um mês atrasados, Remus e Sirius sentiram um pouco do peso dar dor pensando em Karina e seu último aniversário. Eles tentariam ir visitar o túmulo no mês certo nos anos seguintes.

Black e Lupin podiam-se dizer muito mais próximos e conectados um com o outro desde o dia que visitaram o túmulo da mãe de seus filhos. Um grande avanço, mas também que ainda seguia a pequenos passos. Pequenos gestos com grande significado.

Em todas as manhãs que se seguiram, eles tomaram café da manhã juntos. Quando Remus voltava do trabalho, contava como foi seu dia, e Sirius ouvia atentamente. As vezes eles se davam as mãos, acariciavam os cabelos alheios, cozinhavam juntos, tentavam conversar sobre algo. Estavam seguindo o rumo que o destino e seus corações ditavam.

Um grande plano então surgiu, como um pequeno passo para restaurar a alegria familiar daquela casa e integrar o novo membro da família ainda mais: dar a Harry Potter uma digna comemoração em seu aniversário.

Harry nunca havia comemorado seu aniversário desde que foi morar com os Dursley. O mais perto disso foi quando Hagrid foi até ele para contar que era um bruxo e deu-lhe um bolo; e mais tarde, levou-o até o Beco Diagonal, onde comprou seus materiais e ganhou Edwiges, sua fiel coruja das neves, de presente.

Nos dois anos que se seguiram, ele ganhou presentes de seus amigos, porém nunca chegou a comemorar de verdade com eles. Apenas ficou a maior parte do dia em seu quarto, desenhando, como sempre fazia sem muitas opções de diversão na casa dos tios. No último ano, desenhou a si e seus amigos reunidos num cenário de festa com muitos balões e um grande bolo, como desejaria ter passado aquele dia.

Ele esperava que seu aniversário de 14 anos fosse ser exatamente como os outros, até os gêmeos Black aparecerem de madrugada em seu quarto e o levarem para morar com eles. Não queria obrigá-los a fazer uma festa, nem mencionou nada, na verdade, mas, no fundo, havia a pequena esperança de que dessa vez seria diferente.

E ele estava certo.

Remus não queria permitir que Harry deixasse de comemorar mais um aniversário. Nem sempre ele teve condições para fazer uma comemoração grande para os filhos, às vezes nem mesmo para um bolo, mas fazia o possível para tornar aquele dia especial para eles e comemorar como podiam. Queria proporcionar isso a Potter também.

Os gêmeos adoraram a ideia, obviamente.

Sirius ajudou ativamente como podia a planejar algo, a fim de proporcionar um dua bom ao afilhado. Lembrava-se como James sempre ficava enérgico nos próprios aniversários e queria que Harry também pudesse ficar.

Após Lupin receber seu primeiro pagamento no novo emprego, ele não hesitou em usar parte dele para os preparativos do aniversário de Harry e o presente do garoto.

Remus tem amado o novo trabalho. Richard era um bom homem e sempre tratava-o com muita gentileza e respeito, sendo bastante atencioso e paciente ao ensinar a ele algumas tarefas para ajudá-lo. Ele aprendeu bastante em sua primeira semana sobre o ramo de jóias e pedras preciosas, a forma como os trouxas utilizam o ouro e fazem um trabalho minucioso e delicado para fabricar uma jóia sem nenhum tipo de magia para auxiliar. Tudo era magnífico.

No último dia antes de receber seu salário da semana, Lupin conseguiu sozinho diferenciar uma peça de ouro puro de uma que tentava se fazer parecer. Isso deixou tanto a si mesmo como seu chefe orgulhoso por aprender tão rápido. Usou um teste químico trouxa para tal, claro, mas foi um grande avanço. Esperava um dia ser tão bom quanto o Sr. Stuart, que julgava muitas peças apenas com sua visão.

Seus colegas de trabalho também eram bons. Não se comunicava sempre com todos, mas o pouco contato que teve com alguns já foi melhor do que em qualquer outro emprego que teve na vida. Era gratificante para Lupin trabalhar em um lugar onde todos o tratavam como igual, sem olhares tortos ou comentários maldosos.

Bom, houve alguns comentários e perguntas sobre suas estranhas cicatrizes, mas perto de tudo que já ouviu, esse foi o menor dos males. Apenas respondia que eram fruto de um gravíssimo acidente de carro em que ficou preso às ferragens do veículo por muitas horas, sem muito mais explicações — ideia sugerida por Merliah, que ele viu algumas vezes por lá. Nunca havia colocado as mãos em um volante, porém a história convenceu bem.

Alguns até acharam impressionante e disseram o quanto era bom que estivesse bem depois de tudo. Ele aprendeu que, no mundo trouxa, muitos acidentes de trânsito eram fatais. Vassouras pareciam bem menos perigosas, pois não corria o risco de se chocar com outras pessoas, a menos que estivesse em um jogo de quadribol.

Para a sorte de Remus, o aniversário de Harry cairia num domingo, exatamente o seu dia de folga, então pôde preparar uma grande surpresa para o garoto sem se preocupar que isso atrapalhasse seu trabalho.

Os gêmeos enviaram cartas aos amigos mais próximos para participarem da comemoração, todos unidos para tornar aquele dia o melhor de todos.

— Muito bem, Hermes — Therion disse acariciando as penas de sua coruja que acabara de retornar com uma carta de Rony. Pegou a carta e começou ler. — Está tudo certo!

— Perfeito! — Canis comemorou.

— Harry vai adorar.

— Vou adorar o quê? — Harry perguntou, entrando no quarto dos gêmeos.

Os dois pularam de susto pela chegada repentina, e Therion rapidamente guardou a carta em sua escrivaninha.

— Caralho, Harry! Que susto! — Canopus xingou alto. — Não chega assim do nada! Quer me matar do coração?

— Desculpa — Potter riu baixo. — Do que estavam falando? Vou adorar o quê?

— Ir comprar sorvetes e doces para vermos um filme depois que papai chegar do trabalho agora que Sirius conseguiu fazer aquela coisa que coloca fitas funcionar — Therion respondeu inventando uma desculpa tão rápido que surpreendeu a si mesmo. — Canis estava perguntando se você iria querer vir conosco.

Canopus arqueou a sobrancelha enquanto olhava para o irmão. Não sabia se ficava orgulhoso da velocidade que inventou aquilo ou fazia alguma provocação quanto ao que disse.

— Oh, quero ir também! — Harry concordou sorrindo.

— Ótimo! — Therion exclamou. Então ele sentiu a coruja bicar seus dedos, ainda pousada sobre sua escrivaninha, e saltou assustado. — Au! Hermes!

— O que houve?

— Hermes me bicou.

— Porque você não deu um petisco a ele — Canopus respondeu. — Sabe que tem que dar um sempre que ele trás uma carta.

— Não sabe esperar um pouquinho? — Therion indagou olhando para a ave, que piou alto em resposta, parecendo frustrado.

Canopus pegou um petisco e deu-o para a ave, que logo o comeu e voou para seu ombro, bicando seu dedo de forma mais carinhosa quando o acariciou.

— Pronto, bebê. Bom trabalho. Que tal fazer um pouco de companhia ao Bicuço na garagem, hm? — disse e a coruja logo voou para fora do quarto.

— Machucou? — Harry perguntou preocupado para Therion.

— Está tudo bem. Edwiges também já deve ter feito isso algumas vezes, não é?

— Algumas — riu baixo. — Vamos agora?

— Pra onde?

— Comprar o sorvete.

— Ah... Vamos, sim.

— Vou perguntar ao Sirius qual sabor ele vai querer — falou animado e deixou o cômodo.

Therion e Canopus suspiraram aliviados. Quase foram pegos.

— Muito esperto, irmãozinho. Foi arranjar uma desculpa e já planejou um momento romântico.

— Cala a boca, Canis. Foi a ideia que apareceu no momento. E não tem nada de romance!

— Você quer mesmo continuar enganando o seu irmão nesse assunto? Somos gêmeos! Pensei que confiasse mais em mim.

— Não comece agora, por favor — Therion choramingou dramaticamente enquanto buscava o dinheiro trouxa que tinham guardado.

Canopus bufou. Era tão óbvio para si o que estava acontecendo com o irmão em relação a Harry, mas era bastante frustrante e decepcionante que ele não se abrisse consigo sobre isso. Caramba, eles eram gêmeos! Therion o ouviu durante os últimos dias falar e falar toda vez que saía de casa e via Elliot, mas nunca confiou uma única palavra sobre o que sentia por Potter.

Eles, geralmente, nunca escondiam nada um do outro. Eram cúmplices. No fundo, ficava bastante chateado pelo irmão não conversar consigo sobre isso, embora na maioria das vezes não o forçasse a falar algo, apenas provocava como sempre faziam um com o outro desde criança.

Logo eles saíram junto de Harry até a sorveteria, e Sirius permaneceu em casa esperando.

— Boa tarde, Sr. White! — Canopus cumprimentou o dono do estabelecimento com um sorriso alegre quando chegaram.

— Olá, Black! O que irão querer hoje?

— Apenas um pouco de sorvete para uma sessão de cinema em casa — Harry quem respondeu.

— Precisávamos do melhor sorvete de Rowen's Valley — Therion completou.

— Digam por vocês, eu vou querer uma casquinha com duas bolas de chocolate e pode caprichar na cobertura — Canis disse indo até o balcão.

Harry e Therion deram de ombros e foram até o freezer com grandes potes de sorvete a venda. Pegaram três, dois de chocolate e um de morango, e foram pagar por eles.

Saíram de lá e marcharam em direção a doceria. Um enorme sorriso surgiu no rosto de Canis ao avistar um belo garoto de olhos erverdeados saindo do estabelecimento comendo uma trufa ao lado de um garotinho mais novo muito parecido com ele.

— Elliot!

— Oi, Canis! — o garoto cumprimentou e sorriu amigavelmente.

— Comprando doces?

— Para calar a boca do pestinha aqui — confirmou e justificou, apontando para o irmão mais novo que estava com uma sacola cheia.

— Podem ir comprando os doces, eu espero — Canis disse para o irmão e Harry.

Therion revirou os olhos e seguiu para dentro da loja com Potter. No fim, eles acabaram retornando sozinhos para casa, pois Canopus preferiu ficar conversando na praça com o garoto.

Remus retornou para casa poucas horas depois, com muitas sacolas de compras em seus braços. Ele viu os dois garotos no sofá lendo um livro e desenhando e Sirius na poltrona ao lado e aproximou-se deles para cumprimentá-los.

— Oi, papai — Therion cumprimentou de volta.

— Oi, Remus. — Harry falou, erguendo rapidamente os olhos do desenho que estava fazendo do garoto com um livro ao seu lado no sofá.

— Oi, Moony! — Sirius cumprimentou e rapidamente foi ajudá-lo com as compras. — Como foi no trabalho hoje?

— Um dia cheio. Parece que metade de Londres resolveu encomendar modelos de jóias bastante específicos e passei a tarde inteira aprendendo a ajudar o Sr. Stuart a colocar diamantes em um colar e moldar um anel — respondeu. — Trabalhos artesanais trouxas são bastante complicados.

— E parece que fez umas boas compras na volta — Sirius riu, levando algumas das sacolas até a cozinha.

— Amanhã é o grande dia do Harry. Merecemos um belo jantar, não é mesmo? — disse. Harry sorriu ao ouvir isso, abraçando seu caderno de desenhos. — Onde está Canis?

— Elliot — Therion respondeu. — Compramos sorvete para ver um filme.

— Uma boa ideia, Therry. Vemos depois do jantar. Vá procurar o Canis depois se ele não voltar até eu terminar.

Therion assentiu, e Remus seguiu para a cozinha. Lupin e Sirius guardaram as compras e começaram a preparar o jantar juntos.

Canopus voltou para casa antes que Therion precisasse ir buscá-lo, bastante sorridente.

Todos eles jantaram juntos e logo juntaram-se todo na sala de estar para ver um filme, vestidos com seus pijamas e de banho tomado. Canis ficou encolhido na poltrona sob um cobertor, enquanto Therion e Harry ficavam no sofá, e Sirius no chão.

Remus estava vasculhando a caixa cheia de fitas antigas de filmes. Ele pegou uma fita e mostrou sorrindo para eles.

— Vocês vão adorar esse.

— Não, Remus. Não, não, não! — Sirius negou. — De novo?!

— Sirius, faz mais de 10 anos que não vemos esse filme.

— Todas as vezes que você e Karina me obrigaram a assistir com vocês enquanto ela estava grávida já valeu para uma vida inteira!

— É David Bowie!

— Pode colocar, papai — Therion e Canis disseram.

Remus colocou a fita e ligou a televisão, sentando-se logo ao lado de Sirius.

— Não acredito que vou ter que assistir "O homem que caiu na Terra" pela milésima vez.

— Sem drama, Pads.

O filme logo começou. Remus e Sirius dividiam o pote de sorvete de chocolate, enquanto Harry e Therion dividiam o de morango e Canopus devorava sozinho o seu grande pote de sorvete de chocolate.

— Ansioso pra amanhã, Hazz? — Therion perguntou sussurrando, pegando uma colherada do sorvete.

— Mais ou menos. É só o meu aniversário — respondeu no mesmo tom.

— Mas seu aniversário é um dia importante.

— Nunca tive uma grande festa ou comemoração alguma no meu aniversário, então... — Ele deu de ombros.

— Mas é um grande dia, hm?

Therion sujou a ponta do nariz de Harry com o sorvete, arrancando uma leve risada dele.

— Temos que comemorar — falou.

Potter sorriu fraco para o amigo, e eles se deram as mãos sob o cobertor que os cobria. Black deitou a cabeça sobre seu ombro, e continuaram a assistir o filme.

Pela primeira vez, Harry estava mesmo ansioso para seu aniversário.

***

Na manhã de 31 de julho de 1994, Harry acordou com batidas na porta de seu quarto. Ele levou um tempo para sua mente despertar, enquanto sentava-se na cama confuso e bocejava.

— Pode entrar — ele disse, com a voz rouca e sonolenta.

Potter viu a forma de alguém entrando no quarto, porém sua visão péssima sem os óculos não permitiu que conseguisse identificar com exatidão se era Sirius ou um dos gêmeos até que chegasse mais perto — a semelhança entre os três era assustadora. Ele detestava ser tão cego sem aqueles óculos, enxergava apenas formas muito borradas e embaçadas, graças à miopia somada ao astigmatismo.

E ele tinha a impressão de que talvez os graus tivessem aumentado bastante desde que ganhou os óculos quando tinha 9 anos de idade.

— Bom dia, aniversariante! — ele ouviu a voz animada.

Harry logo foi agarrado em um abraço. Mesmo sem conseguir ver bem, reconheceu rapidamente o calor daqueles braços e o perfume doce do shampoo somado ao doce aroma que lembrava pergaminhos e ervas do seu kit de poções.

— Bom dia, Therry — cumprimentou.

Ele alcançou os óculos na mesa de cabeceira e colocou-os em seu rosto, enfim enxergando o Black com mais clareza.

Therion estava com uma feição alegre em seu rosto, parecendo bastante animado naquela manhã. Os cabelos úmidos caídos na altura do queixo indicavam o banho recente, além do forte aroma do seu shampoo — que Potter gostava bastante, aliás —, e seus olhos possuíam um estranho brilho de empolgação e ansiedade.

— Feliz aniversário! — desejou ele, exibindo aquele belo sorriso que derretia o coração de Harry.

— Obrigado — agradeceu Potter, sorrindo-lhe de volta.

Era a primeira vez que Harry despertava e era parabenizado pelo seu aniversário pela manhã, e isso trouxe uma grande sensação de conforto em seu peito e aqueceu seu coração. Ele certamente estava feliz que a primeira pessoa a fazer isso tenha sido Therion, mesmo que nunca admita em voz alta.

Somente por aquele fato, já era o melhor aniversário que poderia ter.

— Veio me acordar para me parabenizar?

— Sim, mas também para que não perca sua surpresa — respondeu ele.

— Que surpresa?

Black não respondeu. Harry semicerrou os olhos, encarando-o desconfiado, enquanto aquele conhecido brilho divertido passava pelo olhar do outro.

— O que você e Canis estão aprontando?

— Não achou que deixaríamos o dia passar em branco, não é? — Therion sorriu travesso.

— Esperava que não — confessou.

— Hoje é seu aniversário, você merece comemorar! — Ele pegou a mão de Harry e entrelaçou seus dedos, sem desviar os olhos dele. — Todos querem que seja um dia especial. Eu te disse

Harry sorriu largo.

— Venha, papai e Sirius preparam um grande café da manhã especial para você — chamou Therion, puxando-o com calma pela mão.

— Eu nem escovei os dentes ainda.

— Depois você pode se arrumar, vem!

Therion puxou-o para fora da cama, e Potter seguiu sem dizer mais nada, deixando-se ser levado pelo garoto para fora do seu quarto. Harry possuía uma feição confusa em seu rosto, um pouquinho desconfiado.

— Você e Canis não estão preparando nenhuma pegadinha pra mim, né?

— Acha que diríamos se estivéssemos? — Black indagou, rindo. Harry parou no meio do corredor. — Ah, Hazz! Vem!

— O que estão aprontando?

— Eu estava brincando, não tem nenhuma pegadinha, de verdade.

— Se vocês forem jogar ovos e farinha em mim…

— Ovo e farinha? — Therion fez uma careta confusa. — Merlin, temos ideias muito mais elaboradas! De onde tirou isso?

— A-ah… — Harry coçou a nuca com a mão livre, ainda segurando a do Black com a outra. — O Duda e seus amigos já fizeram isso comigo uma vez no meu aniversário de 10 anos…

— Está comparando a mim e meu irmão ao seu primo idiota?! — disse num tom indignado e irritado, soltando a mão dele. — Harry James Potter!

Harry arregalou os olhos e negou com a cabeça.

— N-não! Não! — respondeu depressa, aproximando-se mais de Therion e encarando receoso a expressão brava em seu rosto. — Eu nunca faria isso! Só estou me precavendo…

— Hm… — Therion cruzou os braços.

— Estou falando sério — Harry falou. — Eu sei que vocês são geniais e aprontariam algo muito melhor.

— Bom que sabe.

— Mas… Vocês não estão aprontando nada desse tipo, não é?

Therion suspirou e balançou a cabeça negativamente, exibindo um leve sorriso de canto. Ele deu mais um passo à frente para perto de Potter, deixando-os bastante próximos.

— Por mais que eu adoraria me divertir um pouco aprontando alguma coisa… — falou. — Não estamos preparando nada contra você. Apenas surpresas boas.

— Boas mesmo?

— Um Maroto nunca faz mal a outro.

Harry suspirou aliviado e sorriu fraco.

— Nós queremos fazer esse ser o seu melhor aniversário, Mini Prongs — disse Black, empurrando o dedo indicador na cicatriz na testa de Potter, e ele riu, desviando e segurando delicadamente seu pulso para afastar sua mão.

— Você já está fazendo um bom trabalho nisso, Lobinho — ele falou em seguida.

Therion sorriu com a resposta, voltando a segurar a mão de Harry. Ficava feliz em poder cumprir sua promessa de tornar aquele verão muito melhor para Potter e ajudar a fazer seu aniversário mais feliz.

Harry encarou os olhos do Black, que possuíam um brilho alegre, assim como seu sorriso. Por alguns instantes, ele esqueceu-se completamente de que estava sendo levado para o café da manhã e até mesmo a conversa que estavam tendo.

— Vem, estão todos esperando você — chamou Therion, puxando Harry delicadamente.

— Hm?

— O café da manhã, Hazz!

Therion riu e guiou Potter pelo corredor até as escadas.

— Fecha os olhos?

— Por quê? Eu vou tropeçar!

— Confia em mim. Fecha os olhos.

Harry olhou desconfiado para o outro, mas confiou nele e fechou os olhos. Black guiou Potter cuidadosamente, que apertou firmemente sua mão enquanto agarrava o corrimão com a outra para não cair.

Ele estava bastante curioso e ansioso quanto ao que estavam preparando para si. Ao chegar no fim das escadas, sentiu as mãos de Therion irem para seu ombro, e ele continuou a guiá-lo com calma.

— Já pode abrir — disse ao pararem.

Potter abriu os olhos, encontrando a mesa de jantar lotada com um imenso café da manhã quase tão grandioso e diverso quanto o de Hogwarts. Contudo, aquela não foi sua maior surpresa.

Além de Remus, Sirius e Canopus, outras três pessoas também encontravam-se na sala de jantar, segurando embrulhos de presentes em suas mãos.

— Feliz aniversário, Harry! — disseram em coro.

Rony, Hermione, Liah e Canis correram até ele e o abraçaram todo juntos, enquanto um grande sorriso surgiu no rosto de Harry, feliz pela recepção calorosa naquela manhã. Ele riu sem acreditar, olhando para cada um deles.

Quando seus amigos se afastaram, Remus e Sirius se aproximaram. Harry não conteve a empolgação em seu peito e pulou sobre eles, abraçando os dois sem abandonar o sorriso. Seus olhos marejaram naquele mesmo instante, de felicidade por ter as pessoas mais importantes da sua vida ali consigo.

— Parabéns, Harry — Black e Lupin disseram juntos, deixando um beijo no topo de sua cabeça.

— E-eu… N-nem sei o que dizer… — gaguejou.

— Bom… Nós achamos que você gostaria de passar o seu aniversário junto com seus amigos — Remus disse.

Harry concordou com a cabeça e voltou-se para os amigos, abraçando um por um.

— Uma boa surpresa, Hazz? — Therion perguntou.

— Maravilhosa! — Potter disse, também o abraçando e então olhando para todos.

As lágrimas deixaram os olhos de Harry, que estava emocionado demais para conseguir contê-las. O dia mal havia começado, mas ele já sentia-se imensamente alegre por estar junto de sua nova família e seus amigos. Aquele já era o melhor aniversário de todos os tempos.

Ele era tão grato a todos… Nunca saberia expressar o quanto eram importantes em sua vida e tornavam cada dia seu melhor que o outro.

— Pode chorar, Prongs. Eu sei que você ama a gente — Canis disse, abraçando o amigo de lado.

— Obrigado… Obrigado mesmo, de verdade — agradeceu.

— Você merece, Harry — disse Sirius.

— E trouxemos muitos presentes! — Merliah falou em seguida.

— Os presentes ficam para depois. Vamos todos comer — Remus disse, segurando delicadamente o ombro de Harry e levando-o até a mesa.

Harry retirou seus óculos para secar suas lágrimas, enquanto todos sentavam-se junto a ele. Sirius ficou ao seu lado esquerdo e Rony ao direito; Merliah ficou ao lado do Weasley e Hermione logo a frente dela. Do outro lado da mesa, Therion sentou-se de frente para Potter, com o irmão de um lado e o pai do outro, de frente para Sirius.

Quando colocou as lentes outra vez, olhou para todos em agradecimento. Nem sabia exatamente o que dizer.

Logo todos começaram a se servir do generoso café da manhã, e Potter sentiu-se levado a encher o seu prato como nunca antes.

— Quando vocês chegaram? Não avisaram que viriam — Harry perguntou aos não residentes naquela casa.

— Agora há pouco — Merliah respondeu, afogando suas panquecas com mel.

— Era pra ser surpresa — Hermione disse. — Eu recebi uma carta do Therion perguntando se eu poderia vir, e meus pais deixaram.

— Eu recebi uma do Sinistro Junior — Rony falou.

— Não me chame assim! — Canis resmungou, chutando o ruivo por debaixo da mesa.

— Au! — Rony reclamou e devolveu o chute antes de continuar a falar. — Meus pais deixaram sem problemas. Ginny, Fred e George também queriam vir, mas eu falei para eles que apenas eu tinha recebido o convite e saí antes que pudessem me seguir.

— Precisei insistir bastante para mamãe e papai deixarem eu dormir aqui, mas meu avô me ajudou a convencê-los graças ao Tio Remus. Difícil mesmo foi convencer meus primos a não me seguirem, porque eles queriam muito uma festa — disse Liah.

— Espere… Dormir aqui?!

Os visitantes apontaram juntos para um canto da sala de jantar, onde junto de todos os presentes estavam duas mochilas e uma mala.

— Liah trouxe bagagem para o resto da semana — disse Therion.

— Não, meu querido. Se eu fosse passar a semana eu traria mais malas muito maiores. Aquele ali é só o básico para hoje e amanhã.

— Você trouxe uma mala enorme. Chama isso de básico? — Canis retrucou.

— Aquela maletinha ali não coube metade do que eu queria. E eu preciso estar preparada para tudo.

— Podemos adicionar "patricinha mimada" a sua lista de definições — provocou Weasley.

— Sou mesmo. — Ela deu de ombros, sem se importar com o comentário, e Rony revirou os olhos.

— Me diz o que meu irmão viu de interessante nessa chata — ele sussurrou para Harry, que também deu de ombros. — George fala dela o tempo todo como se fosse legal, mas ela é tão mimada quanto o Malfoy!

— Pergunte a ele.

— Comparar Liah ao Malfoy é exagero até para os seus padrões, Rony — Therion falou.

— Como é que você ouviu?!

— Ele fez o quê?! — Merliah encarou o ruivo, indignada, parando de cortar suas panquecas. — Como ousa me comprar àquele loiro aguado?

— Dois ricos mimados que só pensam em si mesmos. Não tem muita diferença.

— Eu tenho muito mais classe — rebateu num tom convencido. — Draco só paga de herdeiro valentão e não tem um terço da minha elegância.

— Que elegância?

— Ronald, não provoque uma pessoa que está com uma faca na mão — alertou Hermione.

— Ela não vai fazer nada.

— Eu não duvidaria se fosse você — Harry aconselhou o amigo.

— Ouça o Harry — disse Therion.

— Eu não tenho medo da cobrinha mimada.

Merliah sacou sua varinha rapidamente e apontou para Rony.

Pimentatus!

— Merliah, sem azarações! — Remus a repreendeu, tarde demais.

O rosto do Weasley ficou tão vermelho quanto seu cabelo, enquanto ele abria a boca e começava a abanar com as mãos, sentindo arder como se tivesse engolido um quilo de pimenta. Ele buscou pela mesa algo para beber e pegou o jarro de suco de abóbora, começando a beber tudo direto dali, enquanto os gêmeos caíam na gargalhada junto de Harry.

Merliah riu satisfeita, observando o seu feito. Ela calmamente usou a varinha para prender os cabelos e voltou a se deliciar com seu café da manhã.

Hermione tentou conter a risada falhamente.

— Eu avisei.

— Essa foi boa — Sirius disse, também rindo. Ele parou no instante em que recebeu um olhar repreensivo de Remus.

— Azaração do bafo de pimenta — disse Canopus, rindo sem parar.

— Um clássico! — Therion complementou, rindo tanto quanto.

— James usou no Ranhoso uma vez.

Os gêmeos e Harry riram ainda mais apenas por imaginar o pai de Potter lançando aquela azaração em Snape.

Lupin lançou a contra-azaração em Rony com sua varinha, e o garoto enfim largou o jarro de suco de volta à mesa. Weasley respira fundo e ofegante, sentindo o efeito passar, mas tossindo um pouco de fumaça, como se sua boca realmente estivesse pegando fogo instantes antes.

— Sua maluca! Minha boca parecia que tava pegando fogo!

— Agradeça que não foi uma pior — Canis disse.

— Merliah, você prometeu a seus pais que se comportaria.

— Ele começou, Tio Remus!

— Sem azarações — Lupin disse firme. — E isso vale para todos vocês. Comportem-se!

— É aniversário do Harry, papai. Só estamos nos divertindo — Therion falou.

— Divirtam-se comportados.

— Tio Sirius, uma ajudinha aqui?

— Não me metam nisso — desconversou Sirius, voltando a atenção para a própria comida.

Os seis jovens entraram numa longa discussão, e Remus respirou fundo. A ideia de convidar os amigos de Harry foi sua e já sabia que precisaria de muita paciência. Os gêmeos sozinhos já o esgotavam, com Harry e os amigos, então… Já imaginava o trabalho que teria.

Mas o fazia com gosto. Ele os adorava, apesar de toda a bagunça.

— E você, Harry, é um ótimo amigo, hm? — Rony disse irônico. — Nem me defende desses seus amigos sonserinos malucos!

— Somos sonserinos com muito orgulho, obrigado — os gêmeos disseram em uníssono.

— Não julgue pela Casa, Rony. Já tivemos provas o suficiente sobre não se deixar levar pelo que ouvimos — repreendeu Hermione.

— Não nos chama de amigos, mas se diverte horrores com os malucos aqui — rebateu Merliah presunçosamente.

— Não briguem! Vamos respeitar o dia do Harry — disse Remus.

— Não é briga, é uma discussão entre amigos, papai — defendeu Therion.

— Therion, eu sei bem como é. Dividi dormitório com Sirius, James e Peter por 7 anos.

— Não brigávamos tanto — defendeu-se Sirius.

— Disse a pessoa que não precisava ouvir vocês discutindo por mais de uma hora sobre estratégias de quadribol ou o fato do seu irmão preferir que o James o ajudasse a treinar manobras de vôo que você.

— Discussões válidas e amigáveis.

— Desde quando ameaçar jogar o melhor amigo da escada em movimento é amigável, Sirius?

— Eu faço isso o tempo todo — Merliah admitiu sem culpa.

— Eu que o diga — os gêmeos disseram em uníssono.

— Você fez literalmente isso comigo uma semana antes dos exames — Rony resmungou.

— Do último degrau, pertinho do chão, porque você xingou o Bastet.

— Ele me arranhou!

— Você provocou — Hermione disse.

Weasley bufou, cruzando os braços levemente irritado.

— Aliás, onde está ele? — Merliah questionou olhando ao redor.

— Você trouxe o seu gato? — Harry indagou.

— Eu não sou doida de deixar ele sozinho em casa com os meus primos pequenos lá — respondeu. — Hermione também trouxe o Bichento. Eles devem estar passeando por aí.

Todos continuaram a comer e conversar, com pequenas discussões, as quais Remus tentava manter o mais calma possível, mas Potter não se importava nem um pouco com elas. Harry estava visivelmente empolgado naquela manhã, rindo alto com os amigos e se alimentando muito bem, o que deixava os mais velhos na mesa bastante satisfeitos e com o coração aliviado.

A preocupação com Potter nos dias que se seguiram após sua chegada era constante, pois mesmo que não tivesse feito grandes comentários sobre tudo o que passou, sabiam que o afetava de alguma forma. Estavam indo com calma, sem pressões sobre o garoto, apenas tentando deixá-lo confortável e esperando que falasse somente quando sentisse vontade. Ver ele bem era o maior alívio para eles.

O carinho e companhia de amigos e família fazia muito bem a Harry.

— Você poderá abrir os seus presentes mais tarde, Harry, mas eu já tenho uma surpresa para agora — Remus comentou. — Therry e Canis também vão gostar.

— O que é? — Os três garotos olharam ansiosos para ele.

Lupin retirou do bolso quatro ingressos para a Final da Copa Mundial de Quadribol que ocorreria no fim de agosto. Harry e os gêmeos comemoraram empolgados.

— Vamos mesmo poder ver a Copa? — Harry perguntou.

— Sim. Meu pai conseguiu ótimos lugares com amigos no Ministério — respondeu. — Ele achou que Therry e Canis gostariam de ir e... Eu pedi mais um ingresso para você.

— O vovô vai com a gente? — Canopus perguntou animado.

— Ele ainda não sabe, mas já me enviou nossos ingressos.

— Brilhante! — Harry exclamou, ainda mais empolgado do que já estava. Ele amava quadribol e iria ver um jogo profissional num campeonato importante, isso era bastante animador. — Obrigado, Remus!

Remus sorriu ao ver a empolgação e felicidade de Harry em ir assistir ao jogo.

— Tem quatro ingressos. Sirius também vai? — Therion perguntou.

— Adoraria, mas a Copa vai reunir uma centena de aurores e mais funcionários do Ministério. Seria uma péssima ideia — Sirius falou.

— Enfim está pensando de forma inteligente! — Canopus falou.

— Eu já conversei com seus pais, Merliah. Você vai poder vir conosco ver o jogo — Remus disse.

A garota comemorou feliz e ergueu-se da cadeira para ir até Lupin e abraçá-lo.

— Obrigada, Tio Remus!

— Um pequeno agradecimento por me ajudar a conseguir um emprego com o seu avô.

— Meu pai também conseguiu ingressos! — Rony comentou, olhando empolgado para Harry. — Eu ia te convidar para ir com a gente e a Hermione, mas acho que ainda podemos ir pela mesma chave de portal.

— Onde vai ser o jogo mesmo?

— Na Irlanda.

— É bom já treinarmos o nosso gaélico, Therry — Canopus comentou com o irmão.

A mesa pareceu ainda mais animada após o anúncio da ida a Copa de Quadrilha, que desencadeou uma longa conversa animada sobre como seria o jogo.

Após o café da manhã, Potter levou todos os amigos até o seu quarto. Já estava completamente arrumado bem como ele queria, e Rony pareceu empolgado com os pôsteres de quadribol e maravilhado com o tamanho.

Enquanto Merliah jogava-se confortavelmente na cama, Hermione analisou todo o cômodo, parando em frente à janela.

— Desenho bonito na parede — Stuart comentou. — Você quem fez, Harry?

— Sim! — ele respondeu sorrindo orgulhoso.

Na parede vermelha atrás da cama, havia um grande desenho branco e prateado de um cervo com enormes galhadas que se dividiam em vários ramos que pareciam galhos de árvores e vários traços e pontinhos que pareciam brilhos e rastros do Feitiço do Patrono.

Onde eram as galhadas do animal, Harry colou algumas das fotos que tinha dos pais e com os amigos, montando seu próprio mural inspirado no que o padrinho possuía ali antes.

Demorou cerca de três dias até finalizar como gostaria, e os gêmeos, Remus e Sirius gostaram bastante também quando mostrou o resultado final, orgulhosos de seu trabalho.

— Seu quarto é mais organizado do que eu esperava, Harry — Hermione comentou.

— Ei! Eu sou organizado… Um pouco, pelo menos — retrucou.

— O seu dormitório e do Rony é uma bagunça.

— Você reclama demais, Hermione — disse Rony e voltou-se para o amigo. — Estou empolgado para a Copa! Papai conseguiu lugares no camarote.

— Vai ser legal! — Harry disse.

— Prepare os seus galeões, Ronald. Eu vou vencer aquela aposta no trem! — Canis lembrou.

— Sonhe, Black. Você é louco de pensar que a Irlanda tem chance de chegar a Final e vencer.

— Estamos honrando nosso sangue irlandês na torcida para sua vitória — Therion falou em seguida.

— Aguardem sua derrota quando Krum pegar o pomo de ouro e a Bulgária vencer.

— O Krum? Victor Krum?! Aquele panaca nem saiu da escola ainda!

— E é o melhor apanhador do mundo. O seu time perdeu feio na Final do Campeonato entre Casas, não pode dizer nada.

— Agora ele tem um ponto — Harry falou, rindo.

Os gêmeos fecharam a cara ao serem lembrados da humilhante derrota contra a Grifinória quando a Taça já estava praticamente em suas mãos. Eles certamente dariam tudo de si naquele ano para não perderem de novo.

— Pode ir rindo, Potter. O seu time vai chorar quando nós vencermos vocês esse ano — Therion disse sério e convencido.

— Veremos, Black — Potter retrucou, sorrindo de canto e sentando-se ao lado dele na cama. — A nossa vitória nos deu muitas forças para esse ano.

— Nós só perdemos por causa do Malfoy — reclamou Canopus. — Aquele idiota não consegue nem encontrar o pomo sozinho no campo. Vou convencer o Adrien a conseguir um apanhador mais competente esse ano. É o último dele, ele não vai querer perder.

— Ele nem fez teste. Entrou no time porque o pai quis — disse Merliah. — O que podíamos esperar?

— Se eu fosse o capitão, já teria substituído ele há muito tempo. E se depender de mim, um dia serei.

— Então vai ter que ficar amigo do Pucey se quiser isso, Canis — disse Hermione.

— Por quê? — Harry indagou confuso.

— Você está no time de Quadribol e não leu o regulamento, Harry? — ela falou desacreditada e riu, cruzando os braços. — O capitão escolhe quem será nomeado seu substituto quando deixa o posto. Oliver já anunciou à direção sua escolha antes de ir embora.

— Você nem joga. Por que leu o regulamento dos times? — questionou Rony.

— Porque, ao contrário de alguns, gosto de estar bem informada sobre tudo. Além de que, eu não jogo, mas meus amigos sim, então é bom saber sobre como funciona.

— Por Merlin, Hermione! Você sempre tem que querer bancar a sabe-tudo?

Granger revirou os olhos, suspirando.  Harry não deu tanta importância a pequena implicância dos amigos, já acostumado com isso desde o primeiro ano.

— Bom, eu darei meu jeito. Minha mãe foi capitã, eu também serei! — Canopus disse, por fim. — Uma pena papai não ter jogado também junto com o Tio James.

— Um lobisomem jogando quadribol? — Weasley riu, desacreditado. — Só podem estar brincando!

— Ronald, se tem amor à sua vida, cale a boca — Therion ralhou sério, direcionando um olhar mortal ao Weasley junto do irmão.

— Desculpa… — disse rapidamente, com as orelhas vermelhas. — É que… Bem… O Lupin não me parece ter uma saúde boa para um jogador.

— Ele ainda tem muito mais força do que que parece — Canis retrucou num tom irritadiço.

— E é por pensamentos como o seu, inclusive, que lobisomens que talvez almejam se tornar jogadores um dia, não conseguem alcançar seus sonhos. É bom medir melhor seus comentários.

— Por mais que não pareça as vezes, lobisomens podem ser bem fortes quando querem.

— Lupin não parece tão forte. Parece que vai quebrar se alguém encostar.

— Só parece mesmo. As transformações realmente o deixam mais fraco na lua cheia, mas ele ainda é bem forte por todo o resto do mês e tem uma audição muito mais apurada que a nossa. E papai não come muita carne… Isso ajudaria bastante a parecer menos frágil.

— O problema da maioria dos bruxos é que não se preocupam nem ao menos em pesquisar sobre a licantropia antes de sair julgando — Therion falou impaciente. — Devia fazer isso, Rony.

Rony desviou o olhar, cruzando os braços e encolhendo os braços, em silêncio. Ficou um tanto pensativo sobre o que foi dito pelos Black, refletindo sobre o assunto.

— Quantos livros sobre lobisomens vocês já leram? — Hermione perguntou, curiosa.

Muitos — os gêmeos responderam.

— Eu tenho o meu pomo. Será que podemos encontrar algum lugar discreto para jogar e chamar o Remus para jogar com a gente? — Harry sugeriu para apaziguar os ânimos dos amigos.

— Talvez, só que não hoje. Ainda precisamos encontrar um lugar e temos muitas coisas reservadas para você hoje — Therion respondeu. — Mas gostei muito da ideia!

— O que mais vamos fazer hoje?

— Te proporcionar o melhor dia de todos! Aliás, é bom você já se arrumar para sairmos mais tarde.

— Para onde?

— Você vai descobrir.

— Enquanto você se arruma, eu vou dar o café da manhã do Bicuço — Canopus falou.

Rony, Liah e Hermione seguiram o Black ansiosos para verem o hipogrifo depois de tanto tempo. Therion também foi junto deles.

Harry correu para o banheiro e tomou um longo banho. Enquanto a água do chuveiro molhava seu corpo, ele pensou no quanto aquelas poucas horas da manhã foram felizes e animadas para ele, como nunca foram antes em seu aniversário.

Ali sozinho, mais uma vez permitiu que as lágrimas deixassem seus olhos. Não eram lágrimas de tristeza, com certeza não. Eram muito mais de alívio e felicidade, como no momento em que viu os seus melhores amigos reunidos ali por ele, para tornar o seu dia melhor.

Harry fez muito isso nos primeiros dias naquela casa, chorar no chuveiro escondido de todos, aliviado em enfim ter um lugar que realmente poderia chamar de lar, com pessoas que o amavam de verdade e o apoiavam, que o consideravam da família. A cada dia, sentia-se mais a vontade junto do padrinho, de Remus e dos gêmeos.

Ele não queria perder aquilo. Em poucos dias, Remus e Sirius se mostraram verdadeiramente preocupados com o seu bem estar, com seus sentimentos, respeitaram seu espaço e tempo para se adaptar a eles, se sentir confortável. Canis tem sido um grande amigo, quase um irmão mais velho divertido. E Therion...

É, Therion era um assunto complexo.

Ele tem sido um grande amigo, assim como Canis, sempre ali por ele, disposto a ajudar e deixá-lo bem. Mas diferente do seu gêmeo, ele fazia o coração de Harry bater mais forte e seu estômago revirar como se tivesse milhares de borboletas voando dentro de si. E isso só tem aumentado mais a cada dia.

Era desesperador, as vezes o assustava, mas Therion o fazia se sentir tão bem que apenas queria permanecer perto dele e continuar a ser ele mesmo com o garoto.

Isso que mais o confortava naquela casa. Ele não era julgado ou recriminado por ser ele mesmo, por agir como realmente quer. Antes, não podia nem mesmo sujar sem querer alguma coisa com tinta sem levar uma grande broca ou um tapa; ou querer fazer parte de um clube na escola ou algum esporte. Não podia fazer nada, na verdade.

Remus era bastante cauteloso e repreendia-o com os gêmeos as vezes, mas nunca o impedia de fazer alguma coisa que não oferecesse risco. Estava longe de ser tão duro e rígido quanto Tia Petúnia e Valter.

Alguns dias atrás, Lupin até mesmo perguntou se gostaria de ganhar uma tela e tintas para pintar ao ver como ele gostava de desenhar. Isso deixou-o feliz por receber apoio num hobby que gostava tanto e poder usufruir de sua liberdade criativa.

Em quase duas semanas ali, ele foi muito mais bem tratado, respeitado e feliz que em em 13 anos com os Dursley.

Um pequeno sorriso surgiu em seu rosto, enquanto as lágrimas diminuíam e paravam de cair. Ele não precisava pensar mais em todos os dias terríveis que teve em sua vida. Não hoje, pelo menos. Hoje, era um dia feliz.

Como lhe disseram, era o seu dia.

Harry assim então deixou o banheiro e voltou ao quarto, pegando algumas de suas roupas novas do dia de compras pouco antes de fugir. Vestiu-se e ficou de frente para o espelho, passando a mão por seus cabelos úmidos bagunçados como sempre.

Ele então percebeu que havia uma jaqueta em sua cama ao lado da pilha de roupas que retirou do guarda-roupa que não havia percebido antes. Pegou-a junto de um bilhete que estava junto dela, com uma caligrafia que reconheceu como sendo de Sirius:

Essa era a jaqueta favorita de James. Acho que seria uma boa ideia usá-la.
Espero que goste, sei que ficará ótima em você. É apenas um de meus presentes.
De seu padrinho, Sirius Black.

Sirius certamente havia deixado ali enquanto estava no banho. Harry sorriu animado e correu de volta para frente do espelho.

Ele vestiu a jaqueta de couro preta, que combinou perfeitamente com sua blusa vermelha e a calça escura. Pegou sua varinha e disse um feitiço que Canopus havia o ensinado há alguns dias, que fazia uma pequeno vento quente deixar a varinha e secar o cabelo rapidamente.

Ajeitou os escuros fios rebeldes como pôde e então observou seu reflexo. Ele sentiu-se muito bem, e muito bonito também.

Seus olhos seguiram para o seu mural, até uma fotografia de seu pai aos 15 anos em frente ao Três Vassouras em Hogsmead ao lado de Sirius e Remus. Ele vestia a mesma jaqueta, com os cabelos igualmente bagunçados como os seus e também vestindo uma blusa vermelha. Voltou a olhar para o espelho, transitando o olhar entre ele e a imagem.

Percebeu então a semelhança que tanto ressaltavam entre ele e o pai. Harry ficava feliz em estar parecido com ele naquele dia. Assim estava sentindo-se mais próximo a James.

Ele enfim saiu do quarto, com um brilho ainda maior em seu rosto e muito mais confiante. Encontrou Sirius conversando com Remus enquanto os dois apontavam e observavam ao redor da sala de estar.

— Acho que vai ficar melhor se deixarmos a mesa ali e... — Remus dizia, mas parou ao ver Harry.

Sirius seguiu o olhar de Lupin quando ele parou de falar e quase quis chorar com a visão do afilhado a sua frente.

Harry estava igualzinho a James. A semelhança parecia ainda mais perceptível agora, e isso deixou os dois homens bastante emocionados e nostálgicos.

— Sabia que ficaria ótima em você — Sirius disse, referindo-se a jaqueta.

— Obrigado, padrinho! — Harry exclamou e abraçou Black com força.

Sirius sorriu bobo, abraçando-o de volta. Ele olhou para Remus, que viu imediatamente o brilho em seus olhos e como estava se contendo para não chorar em frente ao afilhado.

— Eu gostei muito do presente.

— Fico feliz que tenha gostado — Sirius falou, desfazendo-se do abraço. — Que tal ir ficar um pouco com seus amigos?

— Eles estão na garagem. Mais tarde nós temos mais uma surpresa para você — Remus falou.

— Okay! Obrigado mesmo, Sirius! — concordou e agradeceu mais uma vez pelo presente.

Black e Lupin observaram Potter seguir rapidamente até a garagem e então se entreolharam, sorrindo fraco. Remus levou uma mão até o rosto do outro, secando uma lágrima solitária, e Sirius então abraçou sua cintura e apoiou a testa em seu ombro.

— Ele gostou mesmo do presente. Foi uma ótima ideia.

— Pensei que ele gostaria de ter algo a mais do James com ele — Sirius respondeu. Ele sentia tanta falta do amigo... Imaginava que Harry se sentisse da mesma forma.

Potter chegou na garagem e encontrou os amigos rindo de algo, enquanto estavam junto do hipogrifo, que estava de pé e grasnava para eles, feliz em ver mais pessoas ao redor.

Canopus ajudando Rony a alimentar Bicuço com cuidado, e Therion estava ao lado acariciando as penas calmamente.

O olhar do Black mais novo seguiu para o aniversariante, o que cessou sua risada ao sentir seu corpo aquecer e o coração quase sair pela boca ao admirar Harry.

Harry sorriu levemente, observando todos ali. Ele estava confiante de aquele seria realmente um ótimo dia.

***

— Aonde estamos indo? — Harry perguntou curioso ao saírem do Caldeirão Furado.

— Não queira estragar a surpresa, Harry — Remus respondeu com um sorriso divertido.

O garoto suspirou impaciente. Ele estava ansioso demais, queria muito saber de uma vez todas as surpresas que teria.

Remus havia chamado a ele e os outros para saírem para um lugar que não quis revelar ao aniversariante. Foram pela rede de Flu na lareira até o Caldeirão Furado em Londres, enquanto Sirius permaneceu em casa preparando outra surpresa para Harry.

Potter seguiu Lupin junto aos amigos por Londres, observando todo o caminho que faziam enquanto conversavam.

Foi uma caminhada bem longa, mas a energia ao redor era tão boa que sequer perceberam. Ainda distante, uma roda gigante entrou no campo de visão deles e foi se aproximando cada vez mais, até eles estarem na entrada de um grande e belíssimo parque de diversões.

Os olhos de Potter brilharam imediatamente, junto a um enorme sorriso. Havia visitado um parque uma vez, mas a experiência não foi tão boa quanto poderia ter sido. Um de seus grandes sonhos era poder realmente se divertir num parque assim, sem o primo o atazanando por perto ou os tios não deixando que fosse na maior parte das atrações.

Os gêmeos e Rony observavam maravilhados, pois nunca haviam visto um lugar como aquele antes, mas não chegava nem perto da emoção que Harry sentia.

— E aqui está sua surpresa, Harry — Remus disse ao garoto. — Pode se divertir como quiser.

— Posso mesmo? — perguntou com a animação crescendo em seu peito. — Posso ir em todos os brinquedos?

— Todos que você quiser. Hoje é o seu dia!

Harry sorriu largo, quase não conseguindo conter a alegria dentro de si. Ver toda aquela energia no garoto deixou Remus feliz também, e quando ele o abraçou forte, não pôde deixar de retribuir com o maior carinho possível.

— Obrigado, Remus! — Potter agradeceu animadamente.

— Não precisa agradecer. Onde quer ir primeiro?

— Montanha-russa!

— O que é uma montanha-russa? — Therion perguntou curioso.

— Você vai ver. Vem!

Harry segurou a mão do Black e puxou-o parque adentro. Os outros seguiram-nos animados, e Remus ia atrás os vigiando tranquilamente, apenas aproveitando a maravilhosa sensação de ver aqueles sorrisos.

Pararam em uma enorme fila, em frente a montanha-russa. A fila de carrinhos corria em alta velocidade pelos trilhos, com giros e loopings que chegavam a provocar calafrios só de imaginar estar ali. Os gritos das pessoas ali podiam ser ouvidos de longe, e Harry observava com grande ansiedade, já podendo sentir a adrenalina em seu corpo.

— Essa coisa é segura? — Rony perguntou.

— É... Na maior parte do tempo — Harry respondeu.

— Isso não é animador, Harry.

— Eu sei. Mas vai ser divertido!

— Espero conseguir manter meu café da manhã no estômago — Liah murmurou.

— Não me diga que está com medo, Stuart — Harry provocou. — Você me parecia mais corajosa.

— Cala a boca, Potter — ela retrucou. — Acabamos de comer. Comida e montanha-russa são uma péssima combinação.

Therion apertou a mão de Harry com força enquanto se aproximava a vez deles na fila, observando os carrinhos girar e girar pelos trilhos. Não lhe parecia nem um pouco seguro, embora estivesse curioso para saber como seria.

— Não precisa ficar com medo, Therry.

— Não estou com medo — mentiu.

— Está sim. Vai ser legal, confie em mim. Deve ser como voar numa vassoura em alta velocidade.

— Deve ser? Você nunca foi nisso aí?

— Não, mas sempre quis.

Logo chegou a vez deles. Remus quis ficar e apenas esperar, mas os gêmeos agarraram as mãos do pai e o arrastaram para lá junto com eles. Harry e Therion ficaram juntos nos primeiros assentos.

Quando começaram a se mover, Therion agarrou fortemente a barra de proteção com uma mão e com a outra apertou a de Harry outra vez. No começo seguiram devagar, subindo até o topo da primeira montanha de trilhos.

— Vamos cair em três, dois...

— Harry, sem contagens regressivas antes da nossa morte iminente, por favor!

Potter riu, e então começaram a cair e correr em alta velocidade. Ele gritou junto de Therion e ergueu as mãos para o alto. O vento batia fortemente em seus rostos, bagunçando ainda mais seus cabelos.

Atrás deles, Canopus e Merliah também gritavam, ela erguendo as mãos para o alto e ele agarrando o ferro que o prendia ao assento. Logo atrás, Rony gritava desesperado, enquanto Hermione erguia as mãos e ria. Remus agarrava a barra e rezava para que aquilo acabasse logo e pudesse pisar no chão outra vez.

A cada looping, Harry gritava ainda mais, e com o tempo Therion acabou deixando o medo de lado e empolgou-se junto a ele.

Eles deixaram o brinquedo um pouco cambaleantes. Harry sorria radiante ainda segurando a mão de Therion, que respirava ofegante, enquanto Rony e Remus seguravam a barriga com expressões enjoadas e Merliah apoiava-se em um Canis quase sem ar.

— Foi divertido, mas eu não devia ter vindo de salto — Liah murmurou, segurando-se no amigo para manter-se de pé e não cair com suas botas de salto alto.

— Eu... Acho... Que perdi minha... Voz... — Canopus disse enquanto recuperava o ar perdido após tanto gritar.

— Eu acho que vou vomitar — Rony murmurou.

— Desculpa, mas acho que... — Remus dizia e logo levou a mão a boca, correndo até a lixeira mais próxima.

— Acho melhor irmos para algo mais leve — Harry disse, coçando a nuca enquanto observava os outros.

— Melhor — Hermione concordou.

— Papai, o senhor está bem? — Therion perguntou preocupado.

Os gêmeos seguiram até o pai e o ajudaram a ir até um banco e se sentar. Rony e Merliah jogaram-se sentados ao seu lado.

Harry comprou água para todos eles. Lupin, que até então estava pálido, ganhou a cor de volta ao rosto aos poucos. Ele balançou a cabeça, levando uma mão até o ouvido com uma expressão incômoda.

— Desculpa, devia ter escolhido algo menos radical...

— Está tudo bem, Harry. Só não estou acostumado com coisas assim — Remus falou e sorriu fraco para Potter. — Ainda foi até que divertido... Assustador, mas divertido.

— Acho que tiro ao alvo agora seria bom.

— Eu sou ótima nesse! — Liah exclamou.

Após alguns minutos, eles seguiram até a banca de jogar tiro ao alvo. Harry, Merliah e Hermione rapidamente pegaram as espingardas de brinquedo e pagaram para uma partida.

Harry acertou todos os alvos, enquanto Merliah acertou pouco menos que ele e Hermione apenas metade. Ele sorriu largo ao pegar o seu prêmio, um grande unicórnio de pelúcia.

Rony e Remus conseguiram acertar apenas um alvo, e Canis e Therion, até então, não conseguiram nenhum.

Merliah tentou ajudar Canopus a segurar a arma corretamente e mirar no alvo, enquanto ele resmungava emburrado por não conseguir nada.

— Para de resmungar e me escuta, idiota! — ela exclamou, ajeitando o objeto nas mãos dele.

— Eu sou péssimo nisso — resmungou Therion.

— Por causa só jeito que está segurando — Harry riu e deixou seu prêmio no balcão, colocando-se atrás do Black.

— É só pegar e puxar o gatilho, não?

— Assim, Therry...

Harry segurou as mãos dele e colocou da maneira certa segurando o cano e o gatilho. Ajudou-o a arrumar a postura e de manteve atrás dele, com as mãos sobre as suas.

Therion apertou o gatilho e acertou o alvo. Ele sorriu para Harry, que sorriu-lhe de volta, ambos com o coração a mil. Voltou a atirar, acertando mais alvos em seguida.

— Muito bem, Therry!

— Acho que estou aprendendo com um expert, hm? — Therion disse, sorrindo ladino.

***

Já de volta a Rowen's Valley, a tarde, os gêmeos levaram Harry e os outros para passear pelo vilarejo após retornarem do parque, enquanto Remus e Sirius preparavam tudo em casa sem que o aniversariante soubesse da última surpresa.

Já estavam há algumas horas por ali e pararam para tomar um sorvete. Haviam retornado ao assunto da Copa de Quadribol, e Canopus e Rony entraram numa enorme discussão sobre Krum ser ou não o melhor apanhador.

— O pouco que já vi sobre o quadribol, esse Krum não parece grande coisa — Merliah entrou na discussão.

— Não parece grande coisa?! Ele está pegando todos os pomos agora na copa. Impossível a Bulgária não vencer com ele esse ano.

— Eu já disse, a Irlanda já ganhou! — Canopus retrucou.

— Nos seus sonhos!

— Rony, você não conhece nenhum outro jogador para falar? — Hermione indagou entediada.

— Sinto que vamos nos entreter muito durante a Copa se a Irlanda jogar contra a Bulgária — Harry comentou.

— Com certeza — Therion concordou. — Até lá, vou poder te dar algumas aulas de irlandês.

— Você sabe falar irlandês?

— Irlandês, francês, galês, escocês e um pouquinho de italiano.

Harry encarou-o boquiaberto, enquanto Black sorria orgulhoso.

— Como aprendeu tudo isso?

— Meu pai, ele nos ensinou tudo. E eu te contei que nós já moramos na Escócia e em Gales nas vezes que nos mudamos.

Potter estava ainda mais impressionado com Therion. Sempre achou-o muito inteligente desde o primeiro dia de aula, quando afrontou Snape e respondeu todas as perguntas sobre elementos de poções com uma precisão e detalhes impressionantes, mesmo sem ter tido nenhuma aula ainda. Porém, não esperava que, além de muito estudioso — apesar de viver na detenção por aprontar com Canis —, também falasse sete idiomas, contando com o nativo.

Isso tornava-o ainda mais impressionante e atraente aos olhos de Harry.

Mesmo nunca tendo admitido que o achava atraente.

— Estou impressionado.

Therion sorriu de leve. Ele gostava de impressionar Harry.

Eles então ouviram o som de latidos que atraíram a sua atenção. Logo viram Padfoot se aproximar e sentar-se na porta da sorveteria, chamando por eles.

— Esse é o... — Hermione começou a falar.

— É, o Padfoot — confirmou Canopus. — Nosso cachorro.

— Está na hora de irmos — Therion disse e levantou-se. — Papai mandou ele vir nos buscar.

— Pensei que ele próprio viesse. É um pouco arriscado.

— Está tudo bem. Padfoot é cauteloso... As vezes. Vem, Hazz!

Harry levantou-se junto dos outro e seguiram caminho de volta. Padfoot seguiu na frente, e ao chegar em casa, ficou de pé nas patas traseiras e ele próprio abriu a porta.

Therion colocou-se atrás de Harry e tampou os olhos do garotos, deixando-o confuso e fazendo com que levasse as mãos até às do Black que estavam em seu rosto.

— Therry!

— Calma, Mini Prongs. Apenas te preparando para mais uma surpresa.

— O que mais vocês aprontaram? — Harry perguntou com um sorriso divertido despontando por entre seus lábios. Ele estava gostando bastante daquelas surpresas.

Os outros entraram na casa, e tudo já estava preparado. Therion guiou Potter para dentro devagar, e a ansiedade transbordava do peito do aniversariante. Não sabia o que mais esperar deles.

Lupin acendeu todas as velas do bolo com sua varinha, enquanto o resto pegava seus presentes e posicionavam-se logo à frente. Canopus apressou todo mundo, empurrando Sirius já de volta a forma humana de trás da mesa e puxando o pai até os outros.

Therion permanecia cobrindo os olhos de Harry, que apenas ouvia os passos agitados de todos para lá e para cá, o que deixava-o apenas mais ansioso. A proximidade também causava vários arrepios em Potter, mas ele fez o melhor para disfarçar.

— Você me disse uma vez que nunca teve uma festa de aniversário… — Therion falou num tom baixo.

— Fora a de um ano que vi fotos, não tive… Mas tudo que vocês estão fazendo por mim compensa tudo. É melhor que qualquer festa.

— Eu sei — retrucou, e Harry riu. — Mas não podíamos deixar faltar a melhor parte.

Black afastou as mãos do rosto de Harry, permitindo que visse toda a arrumação.

A mesa de jantar agora estava posicionada no meio da sala de estar, com um grande bolo com 14 velas e os mais variados doces, tanto bruxos quanto os que Harry lembrava de ver na loja de doces do vilarejo. Haviam várias faixas e balões de cor vermelha para decorar, junto a pequenas luzes penduradas no teto.

Haviam tantos presentes logo a frente junto de todos os amigos que mal conseguia contar.

— FELIZ ANIVERSÁRIO, HARRY! — todos gritaram em coro e vários confetes vermelhos explodiram pelo local.

Os olhos de Harry transbordaram de lágrimas em menos de um segundo. Nem mesmo a emoção de pegar o pomo de ouro numa partida acirrada como a última Final era tão grande quanto a que inundou seu peito naquele momento. Ele sentiu-se como um bebê, que tudo o que podia fazer era chorar para expressar seus sentimentos.

Pensou em todos os seus aniversários que passou sozinho debaixo das escadas com os Dursley. Todas as vezes que viu seu primo Duda receber todos os amigos em casa com uma grande festa de aniversário, enquanto ele era obrigado a apenas ver escondido, desejando um dia ter o mesmo. Todos os desenhos que ele já fez imaginando como seria se um dia tivesse uma festa.

Era um desejo que guardava nas profundezas de seu coração, conformado com o fato de que nunca teria algo assim enquanto vivesse com os tios. Nunca admitiu, mas sempre sentiu inveja do primo e dos colegas de escola por isso. Não era algo que se orgulhava, mas também não podia conter. Por que, dentre tantas crianças no mundo, logo ele não podia ter aquilo também? Receber um pouco mais de carinho da família e dos amigos num dia que diziam ser tão especial?

Para Harry, por muito tempo, seu aniversário não foi um dia especial. Ele queria que fosse, mas nunca foi tratado dessa maneira por ninguém. Deixou de dar importância a isso, até chegar seus 11 anos e descobrir ser um bruxo justamente nesse dia.

E agora, aos 14 anos, finalmente ele sentia que aquele era realmente um dia especial. Era o seu dia. O dia do Harry Potter. O dia em que recebia muitos abraços e mimos.

— E voltamos às lágrimas — Canopus disse num tom zombeteiro, embora seu rosto expressasse compreensão, enquanto ele abria os braços e ia até o amigo.

— Se você rir, eu te dou de jantar pro Bicuço — resmungou choroso.

E Canis riu da fala do garoto, mas logo o trouxe para seus braços enquanto bagunçava ainda mais os fios escuros.

Canopus ficava feliz em poder ajudar a proporcionar aquela alegria a Harry. Gostaria muito que ele pudesse ter crescido mais próximo dele, o irmão e o pai para sempre estarem presentes naquele dia, mas já que não pôde, faria o seu melhor para aquele e os próximos anos.

Depois que afastou-se do Black, Harry correu em direção a Sirius e o abraçou com toda a sua força. Ele não estava esperando por isso, mas retribuiu o ato no mesmo instante, enquanto o garoto enterrava o rosto em seu peito e chorava. Abraçou-o bem forte, como não pôde fazer nos últimos 12 aniversários, pensando no quão bom era estar com Harry ali e tudo que faria para sempre vê-lo feliz naquele dia.

James Potter sempre ficava alegre e empolgado com seu aniversário, como se fosse o melhor dia de todo o ano e nada pudesse ser comparado a ele apenas por ser o dia de seu nascimento. Ele queria poder fazer Harry sentir-se igual, Sirius sabia. Mas como essa oportunidade foi tirada do amigo, Black assumia aquela responsabilidade com orgulho, pois prometeu que sempre estaria ali para o que o garoto precisasse no dia que aceitou ser seu padrinho.

Harry ergueu o rosto e olhou para o padrinho, sorrindo-lhe em meio às lágrimas emocionadas.

Ver aquele sorriso e a felicidade naqueles olhos verdes compensou uma parte da culpa que Sirius sentia de não poder ter estado com Harry nos últimos anos.

— Hoje é o seu dia — disse, segurando o rosto do garoto entre suas mãos. — Você merece isso e muito mais, hm?

— Obrigado… Obrigado mesmo.

— Deixe a maior parte dos agradecimentos ao Moony. A ideia de tudo isso aqui foi dele.

— Sirius! — Lupin exclamou, o rosto ficando vermelho. — Você também ajudou muito.

— Não diminua seus méritos, Remus.

— Eu só…

Remus não pôde concluir sua fala, pois logo também foi pego de surpresa por um grande abraço de Harry.

— Obrigado, Moony — ele agradeceu.

Lupin sorriu timidamente, acariciando os cabelos do garoto e retribuindo o abraço. Era gratificante saber que seus planos deram certo e pôde trazer um pouco de alegria ao dia de Harry.

Potter abraçou os amigos, ainda desabando em lágrimas, mas eram lágrimas de felicidade. Eles o levaram até o bolo, e Therion puxou a cantoria do "parabéns para você", ficando bem à sua frente com a câmera pronta para tirar uma foto. Olhou para todos à sua volta, com o coração aquecido e uma grande sensação de acolhimento.

Parecia um sonho. Se realmente fosse, Harry não queria acordar.

Seu padrinho estava ao seu lado, os seus melhores amigos estavam ali. Poderia haver um aniversário melhor?

Harry olhou para o bolo com todas aquelas velas. Quando a cantoria acabou, todos o encaravam ansiosos à espera de alguma ação. Ao erguer os olhos, encontrou aquele belo sorriso no rosto de Therion, que indicou o bolo e incentivou que seguisse em frente. Ele sorriu radiante e assoprou todas as velas, enquanto o flash da câmera era ativado.

Todos ao redor bateram palmas e juntaram-se para um grande abraço em grupo com o aniversariante. Não parecia haver sensação melhor que aquela.

***

Quando Harry decidiu enfim abrir os seus presentes, ele jogou-se no chão, sentando-se com uma garrafa de cerveja amanteigada, e ele rapidamente foi rodeado de embrulhos. Eram tantos presentes que era difícil escolher qual abrir primeiro.

Não era do tipo apegado a bens materiais, mas a criança carente que sempre desejou ganhar tantos presentes de aniversário quanto outras pessoas um dia que havia dentro dele se enchia de animação. Estava se permitindo ser um pouco mais materialista daquela vez e aproveitar aquela montanha de presentes que estava ganhando.

Alguns de seus colegas do time de quadribol e do dormitório haviam enviados alguns presentes com cartões de aniversário bruxos que explodiam confetes quando abria.

Ganhou muitos livros de Hermione e Remus. Suéteres e cachecóis tricotados pela Sra. Weasley, uma camiseta e um poster dos Chadley Canons de Rony. Fred e George, também mandaram presentes por meio do irmão mais novo: uma porção de artigos que eles inventaram para travessuras em primeira mão — esse presente Remus pediu que ficasse muito bem guardado para evitar acidentes indesejados.

Abriu os presentes de Merliah, que estava ocupada dançando e cantando junto de Canopus uma música do Beatles que tocava na vitrola, ambos segurando garrafas de cerveja amanteigada. Era um walkman com uma caixa cheia de fitas, dois cadernos de tamanhos diferentes e um conjunto de lápis de cor com muitas cores variadas.

— Eu disse que compraria um novo conjunto completo para você desenhar no seu aniversário, não disse? — ela falou após vê-lo abrir com um grande sorriso. — E ainda um brinde para ouvir música enquanto desenha. Não imagina o quão bom é!

— Obrigado, Liah! Merlin… Tem muitos lápis.

— O melhor para o nosso grifinório de estimação — disse e sorriu, largando Canopus para abraçar o aniversariante e dar-lhe um beijo na bochecha. — E eu quero ver todos os seus desenhos, até os que fizer do Theri…

— Okay, okay! Eu te mostro! — Harry disse rapidamente, antes que ela concluísse a frase.

— Oh, Therry ainda não sabe que é uma de suas grandes inspirações, hm? — ela falou num tom bem mais baixo, apenas para ele ouvir. — Canis me contou o desenho que viu no seu quarto.

Ela sorriu de lado e arqueou a sobrancelha, e o rosto de Harry explodiu em vermelho enquanto olhava mortalmente para Canopus.

Não, ele com certeza não havia dito a Therion que havia o desenhado muitas vezes durante aquele primeiro mês de férias.

— Calada.

— Own, fica tão fofinho todo tímido! — Merliah apertou as bochechas de Harry.

— Te odeio — disse Potter, claramente da boca pra fora, apenas brincando, embora estivesse sério.

— Acho que agora já podemos nos considerar melhores amigos, hm?

Ela riu e logo afastou-se, também sentando-se no chão e continuando a beber sua cerveja amanteigada.

Harry continuou a abrir os presentes. Remus também comprou, além dos livros, uma tela e tintas, as quais ele realmente adorou. Sentia falta de pintar telas nas aulas de artes da escola trouxa, era um dos poucos momentos em que conseguia se expressar de verdade.

Therion presenteou Harry com uma pequena caixa. Quando Potter a abriu, encontrou um colar dourado com um pingente que lhe pareciam chifres de cervo, como o seu patrono e a forma animaga de seu pai.

Um sorriso bobo surgiu em seu rosto, recordando-se do momento em que conjurou um patrono junto do Black; a forma como ele lhe transmitiu uma confiança imensurável, como deram as mãos e fizeram tudo como se fossem um só. Lembrava de como seu coração batia forte e acelerado no peito, a sensação calorosa de quando ficaram abraçados, tão próximos e encarando os olhos um do outro, como se não houvesse mais ninguém ao redor.

Sempre que pensava naquele momento, Harry apenas conseguia sorrir e olhar para o nada avoado, apenas com a imagem de Therion parecendo tão feliz e orgulhoso.

— Gostou? — Therion perguntou, sentando-se ao seu lado.

— Eu adorei! Obrigado… É muito bonito.

Black sorriu por Potter realmente ter gostado de seu presente, e o aniversariante pôde sentir seu coração quase falhar.

Harry pegou o presente do padrinho logo em seguida.

O presente de Sirius deixou Harry bastante intrigado. Era uma caixa um pouco grande, que lembra de ter visto os gêmeos pegarem no guarda-roupa quando estavam retirando as coisas de Sirius de lá, mas o Black logo pegou-a e levou consigo. Ao abrir a caixa, encontrou muitas coisas ali: um caderno, fotos, um óculos, alguns colares e anéis, dentre outras coisas.

— É um pouco do que restou de seus pais — Sirius disse, sentando-se ao lado de Harry. — Eu fui a Godric's Hollow antes de me esconder aqui. Queria dar isso pessoalmente a você, para que tivesse mais lembranças deles… Achei que seu aniversário seria um bom momento. Reuni o que consegui encontrar e parecia importante.

Harry encarou tudo com um aperto no peito. Ele pegou ali um porta-retrato com uma foto dos pais durante o casamento deles. Lily sorria lindamente com seu vestido de noiva simples e delicado, mas ainda muito bonito, com os cabelos ruivos presos num belo penteado e os olhos verdes brilhando alegres. James abraçava a cintura dela e beijava sua bochecha, arrancando uma leve risada da esposa, vestido num terno elegante com um lírio na lapela.

Eles pareciam tão felizes juntos...

— Obrigado, Sirius! Esse é com certeza o melhor presente!

Harry abraçou o padrinho com força, contendo-se para não chorar mais uma vez. Era muito importante para si ter algo que o lembrasse dos pais, que o fizesse se sentir mais perto deles.

Estar com Sirius trazia uma grande sensação familiar, um conforto como se estivesse com seus pais, porém ter algo realmente deles, era incomparável. Podia não estar na melhor situação, porém agradecia ao universo por ter lhe devolvido o seu padrinho para que pudesse enfim ter o conforto de uma família e estar próximo de seus pais, de alguma forma.

Aquele certamente era o melhor aniversário de todos.

***

A casa nunca esteve tão agitada quanto naquela noite. Meia dúzia de adolescentes bruxos pulavam e dançavam na sala de estar, na qual todos os móveis foram afastados para deixar um grande espaço para se divertirem e, mais tarde, dormirem todos juntos.

Os adultos também foram se divertir em dado momento, embora não quisessem incomodar os jovens ali presentes.

Um disco de Rock dos anos 70 tocava na vitrola, e Sirius foi incentivado pelo afilhado a mostrar como os Marotos se divertiam e dançavam nas grandes festas da Grifinória em sua época. Harry imitava o padrinho e ria, enquanto Therion e Canis puxavam Remus para dançar com eles também.

Era um dia de festa, e eles estavam aproveitando como podiam.

Harry pulou, dançou, brincou com os amigos de vários jogos, exalando uma enorme e contagiante energia.

Remus e Sirius observaram o garoto tão feliz com satisfação e orgulho. A missão de fazer o melhor que podiam por Harry estava sendo cumprida.

Eles foram compreensivos e deixaram todos se divertirem por um bom tempo até um pouco tarde, mas chegou um horário em que decidiram que o melhor seria que colocassem seus pijamas.

Os visitantes, por cortesia, foram os primeiros. Remus e Sirius trataram de arrumar boa parte da bagunça junto dos gêmeos e deixar tudo pronto na sala para dormirem, enquanto Harry poderia guardar seus presentes e relaxar, pois ainda era o seu dia.

Quando Therion terminou de organizar os travesseiros na sala de estar, ele subiu até o quarto de Harry para chamá-lo. Ao chegar ao cômodo, encontrou o garoto sentado no parapeito da janela observando as estrelas com um pequeno caderno em mãos.

— Hey!

— Oi, Therry — Harry cumprimentou-o.

— Vou pegar um dos seus cobertores, caso não se incomode — disse enquanto entrava no cômodo e ia até o armário, pegando um cobertor. — Canis quem está no banho agora e você pode ir depois. Liah, Mione e Rony estão jogando dominó na sala, não vem?

— Logo eu vou… Eu estava vendo algumas coisas da caixa que Sirius me deu.

Therion exibiu um fraco sorriso compreensivo. Ele entendia muito bem o amigo, pois fez exatamente o mesmo com as coisas que encontrou de sua mãe naquele quarto.

— Quer companhia? — perguntou. — Posso te deixar sozinho se preferir…

— Eu gostaria que ficasse...

Therion seguiu até a janela, sentando-se junto de Harry no parapeito. A altura não os assustava, pois os lembrava da Torre de Astronomia em Hogwarts, mas ainda estavam atentos para não cair.

Seguiu-se alguns instantes silenciosos, um silêncio confortável.

Potter havia retirado enfim a jaqueta do pai que ganhara e usara o dia inteiro, mas ela ainda estava em seu colo junto ao caderno. Therion enrolou o cobertor ao redor do próprio corpo e admirou em silêncio o olhar de Harry voltado para as estrelas e a forma como a luz da lua refletia em seus cabelos.

Desceu os olhos para o caderno, encontrando ali um desenho. Reconheceu logo que era um desenho mágico, feito por um bruxo, pois possuía movimento, mesmo que pouco, assim como uma foto.

— Você que fez?

— Não — Harry respondeu calmamente. — Esse caderno era do meu pai, encontrei na caixa. Descobri de quem herdei meu gosto por desenhos.

— E como sabe que não é da Tia Lily?

— Tem o nome dele e as iniciais na assinatura.

Os dois riram.

— Posso ver?

— O desenho?

Therion assentiu com a cabeça, e Harry concordou em seguida. Aproximaram-se mais um do outro e ambos encararam a página do caderno. Ali havia o desenho de um garoto admirando as estrelas, e os cabelos ondulados movimentavam-se com o vento junto às estrelas ao redor.

Era um desenho muito bonito. Black não viu muitos desenhos de Harry, mas pelo que já viu — principalmente o que estava na parede do quarto atrás do grande mural de fotos — era claro que possuía uma grande habilidade e agora via que isso veio de James, certamente.

Embaixo havia a assinatura com as iniciais de James Fleamont Potter e uma data: 27.03.1996. Therion conhecia aquela data.

— É o aniversário do Tio James.

— O quê?

— A data do desenho. Seu pai fez no aniversário dele — disse apontando na página.

— Eu nunca soube o aniversário dos meus pais…

— Nunca comentei nada porque pensei que te lembrar te deixaria triste… Contaria antes se soubesse — desculpou-se logo.

— Tudo bem, não vou ficar chateado por isso. Sabe o da minha mãe?

— 30 de janeiro. Antes que me pergunte como sei, papai comentou uma vez, e eu tenho uma ótima memória.

Harry riu baixo. Ele conhecia bem a memória afiada de Therion Black, uma de suas grandes habilidades e qualidades que havia percebido nos últimos quatro anos.

— Sabe se é alguém específico? — Potter perguntou sobre o desenho.

— Não. Deve ser só um desenho aleatório. — Black deu de ombros.

— Me lembrou você.

Harry ergueu os olhos do desenho para Therion, que encarou-o de volta. Um pequeno e tímido sorriso surgiu por entre os lábios do Black, enquanto suas bochechas coravam. Potter achava muito bonito e fofo como o rosto dele ficava quando assumia aquela coloração levemente avermelhada, embora nunca tenha comentado em voz alta.

O desenho assemelhava-se ao outro em alguns pequenos detalhes. Ele lembrou-o da visão que sempre tinha do garoto quando estavam na Torre de Astronomia admirando as estrelas. Ele olhava para cima com serenidade, os olhos refletindo a luz da lua e brilhando exatamente como aqueles milhares de pontinhos iluminados no céu. De onde quer que tenha vindo a inspiração de seu pai para o desenho, Harry sentia que estava olhando para algo tão belo quanto.

Therion às vezes parecia uma obra de arte valiosa demais para Potter sequer pensar em tocar ou ter tão perto.

— Acho que está exagerando, Hazz — Therion falou, ainda com o rosto vermelho, desviando o olhar um tanto envergonhado.

— Em quê?

— Sou muito bonito, mas tenho que admitir que esse desenho é mais.

Harry franziu o cenho. Não foi o que disse exatamente, mas ele certamente pensava o completo oposto do que o garoto falou.

— Você com certeza é muito mais bonito.

Era quase impossível descrever o que o coração de Therion sentiu naquele momento. Foram palavras simples, mas que desconcertaram o garoto por inteiro. Mal conseguia formular pensamentos concretos ou prestar atenção em alguma outra coisa, apenas focar em Harry e toda aquela estranha movimentação dentro de si, como borboletas no estômago.

As palavras saíram com tanta naturalidade que Potter mal percebeu. Quando viu, já havia dito, mas não voltaria atrás, porque não era uma mentira.

— B-bem… Obrigado pelo elogio.

— Eu quem preciso te agradecer — Harry disse.

— Pelo quê?

— Por cumprir sua promessa de tornar o meu verão melhor.

— Você ainda se lembra disso?

— Nunca esqueço o que você diz.

Ambos sorriram de forma doce e carinhosa. Therion abriu mais o cobertor em que estava enrolado e passou por cima dos ombros de Harry, assim estando os dois cobertos e colados um ao lado do outro enquanto abraçava-o de lado.

— Promessa de gêmeo Black é promessa cumprida.

Harry riu.

— Eu nunca quebraria uma promessa para você.

— E eu posso te garantir que também nunca quebrarei qualquer promessa que fizer a você — Potter disse, convicto.

Therion beijou a bochecha de Harry, sorrindo carinhosamente, e deitou a cabeça em seu ombro. O rosto de Potter corou, e seu coração acelerou. Ele conteve um sorriso bobo e aconchegou-se sob o cobertor, deixando o caderno e a jaqueta do pai dele de lado e voltando o olhar para as estrelas.

— Espero que esteja gostando do seu aniversário.

— Está sendo o melhor de todos.

— A vista do céu aqui é um pouco diferente da Torre de Astronomia — Therion comentou olhando para o céu.

— Sim… Mas acho que ainda podemos encontrar constelações.

— Podemos demorar um pouco.

— Gosto de passar o tempo olhando as estrelas com você.

— Também gosto de olhar as estrelas com você.

Harry sorriu com a afirmação, e eles instintivamente juntaram suas mãos, enquanto Potter deitava sua cabeça sobre a do outro ainda em seu ombro. Não importa se era sentados em uma janela ou na Torre de Astronomia, observar as estrelas ao lado de Therion sempre deixava-o feliz e com um sentimento caloroso no peito.

Focou seu olhar no céu, procurando formas conhecidas. Não era tão fácil reconhecer as formas que formam constelações quanto Therion sempre fazia parecer, mas ele se esforçava para aprender e entender. Na maior parte do tempo, o céu para ele era como uma tela escura com respingos aleatórios de tinta branca.

Olhou por um bom tempo, até reconhecer uma que rapidamente o fez sorrir.

— A constelação de Leão — Harry apontou no céu estrelado.

— Alguém andou prestando atenção nas aulas de Astronomia — Therion falou com um sorriso divertido por entre os lábios e erguendo o rosto para encarar o outro.

— Na verdade, eu me lembro de quando você me mostrou — confessou Potter.

Black sentiu o coração pular forte em seu peito mais uma vez, e era quase impossível conter o sorriso. Uma simples frase o desmanchava por completo.

— E lembra qual é a estrela mais brilhante da constelação de Leão? — perguntou com os olhos fixos em Harry.

Você.

O rosto do garoto corou instantaneamente, outra vez. Ele e Potter ainda estavam de mãos dadas, o polegar do outro fazendo um carinho leve na sua inconscientemente. Harry também ficou vermelho ao perceber o que havia dito.

Respondeu sem pensar muito no que dizia. Por que era tão impulsivo?

— Bem… Regulus. É o seu nome, a estrela mais brilhante de Leão. Therion Regulus.

— Muito bem, James — disse e viu um sorriso surgir no rosto do mais novo. — Está ficando muito bom em reconhecer estrelas e constelações.

— Aprendi com o melhor, Regulus — Harry respondeu, chamando o outro pelo seu nome do meio assim como fizera consigo.

Eles permaneceram se encarando, ambos sendo banhados pelo luar enquanto seus olhos estavam fixos um no outro. O contato visual persistiu por um longo tempo, o verde-esmeralda perdendo-se no imenso azul-cinzento.

Harry nunca se cansaria de pensar o quanto era linda a forma como os olhos de Black brilhavam sob a luz prateada da lua e refletiam as estrelas mais brilhantes no céu noturno.

E Therion amava como a luz intensificava a cor das orbes verdes de Potter. Ele amava aqueles olhos tão vivos e intensos.

A conexão entre seus olhares era quase visível. Pareciam ímãs de pólos opostos, sempre atraindo um ao outro. Não conseguiam desviar ou desgrudar-se. Os olhos pareciam transmitir tudo o que não conseguiam colocar em palavras.

Os corações estavam a todo vapor, trabalhando em conjunto com a atmosfera do ambiente. Therion queria arrancar o seu do peito.

Aquele sentimento estava crescendo demais, muito além da amizade. Ele quase não conseguia resistir a presença dele, tão perto de si.

Eles estavam realmente próximos, próximos até demais. Harry deslizou a língua por seus lábios, instintivo e nervoso, analisando cada detalhe daquele rosto e dos olhos encantadores, e Therion seguiu o ato com o olhar.

Realmente como ímãs, eles se aproximam ainda mais. Seus rostos se encontravam a pouquíssimos centímetros de distância, tanto que suas respirações se misturam em meio à noite fria.

— Como seus olhos conseguem refletir o brilho das estrelas tão bem? — Harry indagou repentinamente, num tom baixo quase sussurrando, enquanto encarava as orbes tão encantadoras, quase hipnotizado.

Aquele brilho era tão bonito, tão apaixonante. Atraía o seu olhar inconscientemente a cada instante, sem conseguir parar de admirar a beleza daqueles olhos e cada sensação boa que eles transmitiam para si. Eram aqueles olhos que tranquilizavam Potter em seus maiores momentos de aflição e ansiedade; era neles que pensava antes de dormir.

Desde que saiu de King's Cross, sua motivação para suportar tudo o que passou na casa dos tios era pensar que Therion cumpriria sua promessa, e que ele poderia enfim ver aqueles olhos mais uma vez. E a promessa foi cumprida.

Era tão estranho como aquele garoto sempre invadia seus pensamentos e deixava seu coração acelerado. O sentimento era completamente novo e diferente… E era bom.

Therion sempre lhe despertava sensações boas. Ele o fazia bem.

Por um lado, ele tinha medo do significado de tudo isso, do que poderia causar. Por outro, ele apenas queria sentir mais e mais, continuar a ser invadido por todas aquelas emoções tão boas.

Ele sabia que, estando ao lado de Therion Black, não precisava sentir medo.

— Bom… Minha família tem uma grande ligação com as estrelas, afinal — Therion respondeu, no mesmo tom baixo. Harry sorriu fraco.

— Isso é verdade… Você brilha como uma estrela.

As palavras saíam sem controle pelos lábios de Potter. Usou de toda a sua impulsividade, o seu lado que não tinha medo de falar o que queria que ele despertava.

Therion sentiu uma pontada forte no peito com a frase, quase perdendo todo o ar.

Potter despertava todas as mais diferentes e belas emoções no Black e todo o seu lado mais instintivo. Therion queria apenas aproximar-se mais, ficar mais perto, abraçá-lo, acabar com todo aquele espaço entre eles e… E por fim beijá-lo de uma vez.

Pensava muito ultimamente nisso. Como seria beijar Harry Potter.

Seus olhos caíram por alguns instantes sobre a boca de Potter antes de voltar aos olhos verdes. Era uma vontade crescente dentro dele, quase impossível de conter. Ele tinha medo do que isso poderia causar depois, não queria perder Harry por deixar-se levar demais por seus sentimentos… Mas também não queria continuar guardando tudo em seu peito.

Sempre se sentiu tão bem em poder se expressar com Harry… Ele foi um de seus maiores apoios durante todo aquele ano, e talvez isso que tenha o feito gostar cada vez mais dele.

Algumas vezes ele não pensava direito e agia pelas emoções, o que achava que deveria fazer, o que seus instintos diziam que deveria ser feito. Talvez fosse um pouco do seu lado grifinório falando mais alto.

Therion decidiu abraçar aquele lado nesse momento e não pensar.

Ele e Harry estavam muito próximos. Tudo o que faltava era que algum deles tomasse a iniciativa.

Então, com toda a coragem que havia dentro de si, Therion acabou com o mínimo espaço que restava entre eles e colou seus lábios num selar rápido, mas que ocasionou uma explosão de emoções.

Não durou mais que poucos segundos, mas foi o suficiente para desestabilizar Harry.

Ele apertou a mão do Black, mas não rejeitou o ato. Todo o seu corpo se arrepiou, e não saberia dizer se seu coração quase parou de bater ou acelerou tanto que não conseguia mais senti-lo.

Therion sentia como se o mundo tivesse parado. Nada mais existia, apenas ele e Harry. Era como estar nas nuvens.

Potter ousou abrir os olhos quando aquele rápido beijo acabou, mas os de Black permaneciam fechados. Sua mente era um caos tão grande que sequer sabia o que fazer.

Decidiu que o melhor seria não pensar, e ele próprio voltou a juntar sua boca a do Black, ainda apenas um selar, porém mais longo que o anterior. Theiron derreteu-se no mesmo instante e segurou o rosto de Harry delicadamente, assegurando-se de que ele realmente estava ali e não era apenas um sonho.

Bem ali, sob as estrelas, Harry James Potter e Therion Regulus Black se beijaram pela primeira vez.

Era uma grande mistura de emoções naquele momento. Quando se afastaram e se entreolharam, não disseram nada,a mente de ambos a mil, sem conseguir formular pensamentos concretos.

Tanta confusão em sua mente fazia a cabeça de Therion, geralmente, latejar, mas ele ignorou isso completamente.

— Harry... — murmurou baixo.

Harry engoliu em seco, sem dizer uma única palavra de volta. Ele afastou-se do Black e saiu da janela, correndo para fora do quarto, enquanto Therion respirava fundo e pensava no que acabara de acontecer.

— Por que o Harry saiu correndo assim pro banheiro? — Canopus surgiu na porta com seu pijama e molhado pelo banho.

— Acho que fiz uma grande besteira...

E enquanto Therion suspirava e lamentava ali com o irmão, Harry entrava debaixo do chuveiro e mais uma vez, sozinho, deixava as lágrimas caírem.

O seu dia havia terminado de uma forma que ele realmente não esperava.

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Olá, meus amores!
Tudo bem?

PRIMEIRO BEIJINHO DEERWOLF VEIOOO!!! 🥳🥳🙌🙌
Bem fofinho e romântico 🥺🥺

Terminamos meio mal com um belo bi panic do Harry, mas necessário 🥲

E

u estava tão ansiosa para esse momento! Enfim um importante passo para um dos nossos casais protagonistas rsrsrs
Gostaram?

Façam suas apostas! Quem vem primeiro: o segundo beijo Deerwolf ou o segundo Stardragon?

Harry enfim teve um merecido aniversário de verdade! A partir de agora, vamos correr um pouquinho com tempo para chegar a Copa hehehe outro momento que estou MUITO ansiosa.

Espero que tenham gostado! Comentem e surtem bastante, tá bom?

Antes da primeira att quarta, eu postei uma One Shot especial pro aniversário do James. Quem ainda não leu, recomendo! Se passa no universo de Legacy e tem muitas referências com Deerwolf e coisinhas citadas nesse capítulo rsrsts
O nome é Starry Eyes, só ir conferir no meu perfil!

Em breve retorno com mais um capítulo!

Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 👋😘

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