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XXXII. Routine

Remus já teve tantos empregos em sua vida que ele sequer conseguia contar ou lembrar-se com exatidão de todos eles. Constantemente se mudando por 12 anos, arranjando um novo trabalho em cada novo lugar para onde ia com os filhos.

Em todos aqueles anos, já foi contratado pelas pessoas mais estranhas e inusitadas possíveis. Passou por variados chefes malucos ou extremamente severos e exigentes, que sugavam todas as suas energias dia após dia.

Após tanto tempo com experiência em diversos lugares, Remus estava mais uma vez caçando uma nova oportunidade de sustento. Entretanto, ele nunca, em hipótese alguma, esperaria que algum dia uma garota de 14 anos apareceria em sua sala de estar com uma boa oferta de emprego.

— Merliah… Você está me oferecendo um emprego na joalheria da sua família? — Remus questionou estupefato, tentando digerir as palavras da garota parada de pé a sua frente.

— O meu avô, na verdade, mas… Sim! — ela respondeu com um sorriso no rosto. — O que acha?

Lupin piscou algumas vezes, ainda surpreso com a oferta repentina e inesperada. Não conseguia sequer falar alguma coisa, completamente em choque. Olhou para Sirius ao seu lado, ambos naquele momento sentados no sofá.

Black abraçou-o de lado de maneira reconfortante para tentar deixá-lo mais calmo.

— Eu sei que o senhor nunca trabalhou em algum lugar do ramo, mas sei que é capaz de aprender rápido e tem muita experiência em várias áreas. E não vai precisar fazer nada muito complicado... Ah, e teremos cuidado para não chegar perto da prata... Prata realmente te machuca?

— M-mais ou menos. E-eu… Eu agradeço muito pela oferta, mas, realmente, não precisa…

— Therion e Canis me disseram que o senhor ainda não tinha conseguido um emprego. Meu avô tem precisado de uma ajuda maior e pensado em contratar alguém para o auxiliar. Podemos ajudar os dois assim.

— Eu entendo que você só queira me ajudar, mas não posso aceitar isso — Remus recusou.

— Mas papai, é uma boa ideia! — Therion falou, ainda sentado no chão em frente a mesa de centro na sala de estar.

— Você sabe porque não posso, Therry…

Merliah respirou fundo, entendendo bem o que Remus estava querendo dizer. Ela deu mais um passo à frente, com um olhar gentil e compreensível para seu antigo professor.

— Eu sei bem que o senhor tem muita dificuldade para encontrar um trabalho graças ao seu pequeno problema de saúde — ela disse.

— Que não é tão pequeno assim.

— Eu sei, e meu avô entendeu quando expliquei que, por causa disso, haveria semanas em que não estaria disposto para trabalhar. Ele sempre preza pela saúde de seus funcionários, e o senhor poderia se ausentar por toda a semana da lua cheia sem que isso afete sua estabilidade no emprego e com total apoio financeiro para cuidados médicos. Nosso plano de saúde é o melhor!

— Contou ao seu avô que eu sou um lobisomem?! — Remus arregalou os olhos, levemente desesperado.

— Que o senhor tem licantropia, uma doença do mundo bruxo, não todos os efeitos dela — explicou. — Acho que o detalhe das transformações seria pessoal demais para eu dizer e deixei para que o senhor explique melhor... Caso queira.

Lupin suspirou, passando as mãos por seu rosto.

— Eu posso explicar todos os detalhes para o senhor, se estiver disposto a me ouvir. Por favor...

— Seria bom ao menos ouvir, Remmy. Me parece uma boa proposta — Sirius falou. — Você está há mais de um mês procurando um emprego.

— Existem leis para contratarem pessoas como eu, Sirius. Por mais boas que sejam as intenções, se o Ministério…

— Eu vim preparada para isso, Tio Remus — Merliah interrompeu, balançando alguns papéis em sua mão. — Analisei todas as leis sobre a empregabilidade de licantropos, inclusive as mais recentes. Minha mãe quase se formou em direito antes de mudar para design e me ajudou nisso. Estará tudo dentro dos conformes.

— Eu não posso trabalhar num estabelecimento de trouxas e correr o risco de revelar sobre o mundo bruxo.

— Mas não é inteiramente trouxa, porque eu sou uma bruxa e dona de 10% da joalheria, que meu avô deixou no meu nome sendo administrada pelo meu pai até eu completar 18 anos, por precaução pelo meu futuro. E a minha família tem ciência do mundo bruxo, pois convivem comigo e está na lei que familiares que residem com nascidos-trouxas necessitam saber, ou seja, o senhor não estaria revelando nada a ninguém — argumentou. — Então, será que poderia ouvir toda a oferta e considerá-la?

— Ela tem um ótimo argumento — disse Canopus. — Não vai estar violando nenhum código da legislação bruxa trabalhando com uma bruxa que por um acaso possui familiares trouxas que já conheciam a magia antes que fosse contratado.

Remus procurou mais algum argumento para contrariá-los, mas não encontrou. Ele olhou para Sirius, engolindo em seco e com as mãos suando pelo nervosismo, buscando ajuda com seu olhar. Sirius continuou o abraçando e tentou sorrir de forma reconfortante.

— Nem sempre uma oportunidade cai do céu, Remmy — Sirius disse. — E acho que ela não viria aqui se não fosse algo bom, certo?

— Exatamente! — Liah concordou.

— Tudo bem, posso… Pensar nisso, mas… Eu realmente não estou mais tão familiarizado com trabalhar com trouxas e uma joalheria me parece algo… Demais para mim — Remus falou e apontou para si mesmo.

— Garanto que será algo que o senhor pode aprender rápido — a garota disse. — Na verdade, não precisará fazer muitas coisas. O meu avô geralmente trabalha com produções específicas, restauração e verificação de autenticidade e valor… As vezes com questões mais burocráticas. Mesmo que o negócio já tenha crescido e tenhamos mais pessoas trabalhando na produção das jóias, vovô gosta de colocar a mão na massa, mas ele tem tido muito trabalho e estava precisando de ajuda.

— Então… Meu trabalho seria ajudá-lo?

— É, como um assistente. Tudo que ele precisar que o senhor faça, ele vai instruir como ajudar, além de ajudar com o estoque que estávamos mesmo precisando de alguém. Eu sei que o senhor é uma pessoa boa e de confiança para o trabalho. Eu expliquei para ele que o senhor estava precisando muito de um emprego, e ele ofereceu esse trabalho.

— Mas… E quando eu não puder trabalhar?

— Não é como se fosse ficar um mês inteiro sem trabalhar. O que puder ajudar pelo resto do mês fora a semana de lua cheia já estará de bom tamanho.

Lupin ponderou bem a situação. Era uma proposta inesperada, mas aparentemente muito boa. Ele já teve a chance de conhecer a mãe de Merliah no Beco Diagonal, e ela sempre fora muito gentil e receptiva, e a garota sempre falou com tanto carinho do avô que não esperava que fosse diferente. Seria difícil encontrar outro lugar em que trabalhasse com tão boas pessoas e que entendessem sua condição.

Ainda havia o medo e receio, mas também uma pontinha de esperança. E se realmente fosse um bom trabalho em que pudesse, finalmente, se estabilizar, sem precisar demitir-se ou ser demitido pouco tempo depois.

Os gêmeos perceberam como Remus estava apreensivo e pensativo demais. Therion conseguia ver que a mente do pai estava um caos.

O mais novo dos gêmeos aproximou-se do sofá e segurou a mão do pai, sorrindo reconfortante, enquanto o outro levantava-se e sentava ao seu lado, abraçando-o e empurrando Sirius, que apenas suspirou, mas não afastou-se de Lupin.

— Sabemos que tem medo, mas o senhor pode tentar, hm? — Canis disse num tom calmo e compreensivo.

— Só tentar, papai. O senhor pode conversar com o Sr. Stuart, certo Liah?

— Sim. Eu já deixei acertado com meu avô. Se o senhor considerar a proposta, pode ir a joalheria amanhã de manhã às oito e meia — Merliah falou. — É só procurar pelo meu avô, Richard Stuart. Aqui está o endereço da joalheria.

Liah entregou um cartão com o endereço da joalheria para Remus.

— Pense bem, sim? Vai ser muito bom ter o senhor trabalhando lá!

— E como é que fica o salário? — Canis perguntou.

— Canopus!

— O que foi? O senhor sempre uma miséria injusta que não é nem metade do que vale o seu trabalho. Já chegou a ganhar 3 galeões por semana nos piores.

— Meu Deus! Isso é quase trabalho escravo! — Merliah exclamou horrorizada. — O senhor pode acertar exatamente com meu avô, mas o senhor não vai ganhar menos que 40 galeões semanais.

— QUARENTA?!?! — Lupin exclamou alto, surpreso com o valor.

— Convertendo do salário em libras, mais ou menos isso, no mínimo. O senhor vai estar trabalhando diretamente com o dono da marca, merece um salário a altura.

Remus e Sirius encontravam-se boquiabertos, ambos surpresos com o mínimo de salário que Lupin poderia receber. Era muita coisa comparado ao que costumava ganhar na maioria de seus empregos. Mais que suficiente para conseguir se manter com os filhos, além da reserva no cofre de Sirius que ele se recusava a tocar.

Era uma proposta realmente tentadora.

— E-eu... Eu vou pensar bem e tentar conversar com seu avô sobre isso, é algo que seria melhor tratar diretamente com ele.

— O senhor pode assinar o contrato e começar a trabalhar amanhã mesmo!

— Conversarei com seu avô sobre isso e pensarei bastante essa noite.

Remus levantou-se do sofá, respirando fundo. Nem conseguia acreditar no que estava acontecendo.

— Eu... Eu realmente agradeço muito a você e sua família, Merliah... De verdade.

— Não precisa agradecer, Tio Remus. Só quero ajudar o senhor e o meu avô também — ela disse, sorrindo amigavelmente.

— Obrigado mesmo, eu vou pensar bastante sobre isso.

— Pense com carinho.

— Prometo que vou pensar.

— Eu realmente preciso ir, mas... Espero encontrar o senhor amanhã na joalheria.

Remus assentiu com a cabeça. Merliah o abraçou, surpreendendo-o com o ato. Não estava acostumado com muitas demonstrações de afeto além de sua família.

— Pensa bem mesmo. Garanto que o vovô é o melhor chefe do mundo — ela disse e se afastou.

— Tudo bem, Liah.

Ela também abraçou os gêmeos e Harry para se despedir.

— Tchau, Tio Sirius. Tente ficar bem escondidinho, porque vou odiar ter que ajudar a contratar um advogado bruxo.

— Vou tentar — Sirius respondeu, sem jeito.

— Canis, jogue a ducha de cinco, que você vira esse jogo rapidinho — ela disse apontando para o dominó e seguindo para a lareira.

— Obrigado, Liah!

— Ei! Isso é trapaça! — Harry exclamou.

— É apenas um auxílio externo — rebateu Canopus e correu até suas peças, sentando-se no chão outra vez.

— Tchauzinho! — Merliah disse acenando e pegando um pouco de pó de Flu. — Caldeirão Furado!

Ela logo sumiu entre as chamas verdes, deixando todos para trás estáticos.

— Sua vez, Therion! — Canis disse após jogar a peça que Liah indicou.

— Seu filho da puta trapaceiro — xingou ele ao sentar-se de volta ao seu lugar e olhar para sua peças. — Passo!

— Olha a boca, Therion!

— Remus, você já disse coisas muito piores — Sirius defendeu o filho.

— Não comece você também! — respirou fundo. — Eu vou... Terminar o jantar e pensar sobre tudo isso.

Remus correu para a cozinha. Sirius o seguiu logo depois, enquanto os meninos permaneciam jogando na sala, reclamando sobre a jogada de Canis "auxiliada" por Liah.

— Moony, você vai aceitar esse emprego, não é?

— Estou pensando seriamente nisso... É uma oportunidade e tanto — Remus respondeu, voltando a ligar o fogão.

— É mesmo. Você queria continuar trabalhando para manter a casa com o seu dinheiro, acho que é uma boa chance — disse Sirius. — Mas a decisão final ainda é sua.

— Acho que vou... Conversar com o Sr. Stuart. É melhor falar diretamente com ele sobre isso.

— O que você decidir, tem meu total apoio.

— Obrigado, Sirius — Lupin agradeceu, sincero.

— Eu estou aqui por você, Remmy. Não importa o momento — Black disse e aproximou-se para beijar o rosto de Remus. — Vamos terminar de preparar esse jantar. Estou faminto!

Remus concordou.

Todos jantaram um tempo depois. Os garotos discutiam a mesa sobre o jogo, enquanto os dois homens apenas observavam os três, sobretudo Harry, que parecia entretido com os gêmeos.

Mais tarde, Sirius ficou jogando com Therion e Harry, enquanto Remus lia um livro e pensava sobre a proposta de emprego e Canis ia até a garagem cuidar do hipogrifo.

Um tempo depois, Remus pediu aos garotos que fossem se preparar para dormir, pois estava ficando tarde.

Harry pegou emprestado novamente roupas de Therion para vestir, para poder dormir. A camisa vermelha de mangas longas que escolheu ficou um pouco grande em seu corpo, por ser menor e estar bem mais magro, mas não se incomodou.

Os gêmeos foram até Harry quando ele estava se preparando para deitar, juntando-se a ele na grande cama de casal que antes era de Sirius.

— Vai ficar bem em sua primeira noite no seu quarto novo? — Canis perguntou.

— Vou sim.

— Podemos dormir aqui também se quiser — Therion sugeriu.

— Não precisa. Assim fico mal acostumado com vocês.

— Ou bem acostumado pro futuro... — comentou Canopus baixinho olhando na direção do irmão.

— O que disse? — Therion e Harry perguntaram.

— Nada. Bom, tenha uma ótima noite, Prongs.

— Se precisar, é só chamar a gente ali na frente.

Harry assentiu, e os gêmeos o abraçaram, os dois de uma vez. Ele sorriu, retribuindo o ato.

— Boa noite.

— Boa noite! — eles responderam

Os gêmeos deixaram o quarto, e logo Remus e Sirius entraram para também deseja-lo boa noite.

— Se precisar, é só me chamar, está bem? — Sirius disse.

— Pode bater na porta do meu quarto sem problemas.

— Tudo bem, não precisam se preocupar — disse Harry.

— Boa noite, Harry — Sirius falou e beijou a testa do afilhado.

— Durma bem — Remus disse em seguida, fazendo o mesmo.

— Boa noite.

Potter deitou-se, e Sirius cobriu-o com o cobertor, fazendo um leve carinho em seus cabelos antes de sair junto de Remus.

Eles foram até o quarto dos gêmeos também desejar-lhes boa noite antes de seguirem para o quarto do Remus.

Lupin suspirou e jogou-se em sua cama, passando a mão pelos cabelos. A oferta não saía de sua cabeça, nem sabia se conseguiria dormir pensando nisso.

— O que está fazendo? — perguntou ao ver Sirius pegando um travesseiro.

— Indo pra sala. Não quero te incomodar a noite, deve estar pensando em muita coisa.

— Fica — pediu, sem pensar muito. Seu rosto corou imediatamente. — Pode ficar. Não vou te deixar dormir na sala.

— Mesmo?

— Sim... E nem sei se vou conseguir dormir aqui sozinho com tantas coisas na cabeça.

Sirius jogou o travesseiro de volta na cama e sentou-se ao lado de Remus, segurando sua mão.

— Vai ficar tudo bem, hm?

— Eu vou amanhã cedo para a joalheria. Só... Não sei bem o que fazer.

— Sei que você vai se sair bem, Remmy. Você é ótimo.

Black levou sua outra mão até o rosto de Lupin, acariciando delicadamente sua bochecha e então deixando ele apoiar a cabeça em seu ombro. Começou a acariciar os cabelos de Remus calmamente, mantê-lo calmo.

***

Sirius percebia facilmente o quanto Remus estava uma pilha de nervos desde o momento em que foi dormir até a hora de acordar. Não gostava nada disso e fazia o que podia para ajudá-lo.

Os dois acabaram adormecendo juntos após conversar mais na noite anterior. O carinho de Black nos cabelos loiro-escuros de Lupin ajudou-o a tranquilizar-se um pouco até o sono chegar e tomá-lo por completo, mas o nervosismo retornaria quando acordasse. Ao menos, fora uma noite tranquila.

Quando Remus acordou de manhã, não demorou a sentir os braços de Sirius abraçando sua cintura, apertando-o contra si, enquanto seu próprio rosto encontrava-se enterrado na curvatura do pescoço do Black, onde podia sentir o seu perfume com grande poder calmante sobre ele. Também abraçava o outro fortemente, ambos grudados e agarrados ali. Não afastou-se dele, apenas aconchegou-se em seu abraço quente, ainda grogue de sono e sem conseguir formular pensamentos concretos.

Estava tão quente e confortável… Ele não queria sair disso.

Sirius já estava acordado e percebeu quando o outro se moveu. Levou uma de suas mãos até os fios mais claros e começou a acariciá-los. Mesmo já desperto, não quis sair daquele abraço tão confortável que o fez ter uma noite tranquila de sono depois de muito tempo.

— Por que não levantou se já estava acordado? — Remus perguntou, com a voz baixa e rouca, um pouco mais desperto.

— Não queria acabar te acordando — confessou, no mesmo tom baixo. Remus ergueu a cabeça, os olhos ainda semicerrados pelo sono. — Bom dia, Moony.

— Bom dia, Padfoot.

Pela forma em que estavam, seus narizes se roçaram levemente, os rostos bastante próximos. Os olhos fixaram-se um no outro por alguns confortáveis instantes silenciosos. O coração de Remus se agitava pela proximidade do Black, mas decidiu abraçar sua alma grifinória e não fugir disso, pelo menos um pouquinho, por enquanto.

O ajudava a ficar calmo e não pensar demais no dia que teria pela frente. Certamente, estaria um pilha de nervos em ansiedade se não fosse por Sirius ali.

Sirius continuou a acariciar os cabelos bagunçados de Lupin, o que certamente não ajudava a espantar o sono. Remus apenas queria continuar abraçado ao Black recebendo aquele carinho, fechar os olhos e deixar a calma que lhe trazia levá-lo de volta ao mundo dos sonhos.

Mas ele tinha o que fazer.

— Me diga que você não me deixou dormir demais, de novo.

— E deixar você perder seu primeiro dia no novo emprego?

— Eu ainda vou conversar seriamente com o Sr. Stuart sobre isso. Ainda não fui oficialmente contratado — rebateu Remus, suspirando em seguida e desvencilhando-se dos braços de Sirius devagar, mesmo que não quisesse. — Acha mesmo que eu deveria aceitar?

— Já falei e repito: sim, eu acho. É uma oferta muito boa — respondeu Black e virou o corpo para deitar-se de lado, ficando de frente para Lupin enquanto apoiava o cotovelo no travesseiro e a cabeça em sua mão. —, mas a decisão final é sua, você quem decide. E o que você decidir, eu vou estar aqui para ajudar e apoiar.

Remus respirou fundo, mirando os olhos acinzentados de Sirius. Sorriu fraco, balançando a cabeça.

Black curvou os lábios num fraco sorriso de volta, afastando delicadamente os fios rebeldes que caíam sobre o rosto de Lupin. Apreciou a visão daquele belo rosto pela manhã, os olhos esverdeados brilhando com serenidade fixos nos seus.

Sirius nunca se cansava de admirá-lo.

— Acha que Harry teve uma boa "primeira" noite aqui? — perguntou, pensando momentaneamente no afilhado.

— Tenho quase certeza, ele parecia bem confortável ontem de manhã e a noite, e agora não deve ter sido diferente — Remus respondeu. — Ele está seguro agora, isso com certeza o ajudou a ter uma boa noite de sono.

— Quando vai levá-lo até um medibruxo?

— Quando ele se sentir confortável para ir. Não quero forçá-lo a nada.

— Queria poder ir junto… Quero estar perto e ajudar.

— Você já está ajudando. Aproveite o dia com ele e os meninos enquanto eu estiver em Londres. Pequenas coisas fazem toda a diferença.

— Eu sei bem como é ter uma família que só te faz mal. Fico preocupado com como ele está — Sirius confessou. Ele sempre sentia-se confortável para falar com Remus suas preocupações e medos. — Estava pensando em tentar conversar com ele sobre isso depois…

— Tenho certeza que ele vai se sentir bem em conversar com você.

— E eu tenho certeza de que você vai se sair bem hoje.

Remus sorriu fraco, agradecido pelo apoio do Black.

— Melhor eu ir me arrumar e preparar o café da manhã. Não quero chegar atrasado.

Ele então, por fim, sentou-se na cama e alongou os braços antes de levantar-se e seguir para a porta que levava ao banheiro do quarto. Tomou um longo banho quente e parou em frente ao espelho, com a toalha em sua cintura.

Remus pensou por muito tempo e, mesmo que tivesse certo receio, ele queria aquele emprego. Com tantas novas leis dificultando seu acesso ao mercado de trabalho bruxo e todo o preconceito daquela sociedade, quando teria uma oportunidade boa que aceitasse suas faltas nas luas cheias e talvez lhe pagasse algo minimamente justo que ajudasse em suas contas? Ele realmente não queria precisar tirar dinheiro de sua reserva para os materiais escolares dos filhos ou do cofre de Sirius, mesmo que tivesse acesso e total permissão para usufruir de todo o ouro ali.

Para isso, ele precisaria causar uma boa impressão para seu novo chefe.

Lupin então deu fim a barba rala em seu rosto, deixando-o apenas com as cicatrizes que não haveria como esconder. Também aparou um pouco o cabelo, que havia deixado crescer até demais nos últimos dias, e usou sua varinha para secar os fios rapidamente.

Ao deixar o banheiro, encontrou a cama já arrumada, e Sirius sentado sobre ela o esperando. O rosto de Remus corou ao receber o olhar do Black sobre si, e ele apressou-se em abaixar a cabeça e ir até o guarda-roupa, sem dizer nada.

Enquanto Black tomava o próprio banho, Remus respirou fundo e tentou concentrar-se no que vestir e não no barulho do chuveiro.

Lupin vestiu as melhores roupas que possuía, preocupando-se em parecer bem e apresentável. Parou em frente ao espelho para amarrar sua gravata, e era visível em seu rosto o quão nervoso estava.

Quando Sirius saiu do banho, já vestido e os cabelos molhados caindo pelos ombros, ele riu fraco ao olhar para Remus. Aproximou-se devagar virando-o pelos ombros de frente para si.

— Você está mais nervoso do que quer me dizer, não é?

— Um pouco… Talvez… — admitiu.

Sirius desfez o nó desajeitado e começou a amarrar a gravata do outro novamente.

— Nem consegue fazer um nó decente na gravata. O que houve com você, Remus Lupin? — brincou e olhou para o rosto à sua frente. — Fez a barba?

— Hm… É… — Remus respondeu, tocando o rosto corado e sorrindo tímido. — Não ficou muito ruim, não é?

— Não, ficou bem assim — Sirius disse e levou uma mão ao rosto de Lupin, deslizando os dedos delicadamente pelas cicatrizes marcadas em sua pele. — Você vai se sair bem, okay? Eu sei que vai.

— Acho que realmente quero esse emprego…

— E você já tem. Eu vou estar aqui te esperando quando voltar para que me conte como foi tudo.

Remus apenas balançou a cabeça em concordância, curvando levemente os lábios.

— Eu vou ver como estão o Harry e os meninos.

— Tudo bem.

Remus deixou o quarto e seguiu para as escadas, enquanto Sirius ia até o quarto de Harry, batendo na porta para saber se ele já estava acordado. Ouviu a voz do garoto antes do Black entrar ao que descia até a sala de estar e seguia então para a cozinha, surpreendendo-se ao encontrar um dos filhos ali acordado.

Reconheceu rapidamente Canopus, que pulou de susto ao vê-lo enquanto agarrava firmemente com ambas as mãos um copo.

— Bom dia, Canis. Já acordado? — perguntou confuso.

— Bom dia, papai — ele cumprimentou de volta. — Eu só… Perdi o sono.

— O que está bebendo?

— Suco de abóbora.

Ele bebeu rapidamente em um único gole todo o líquido no copo e colocou-o sobre a pia. Logo sentiu a garganta queimando e começou a tossir, colocando a mão no peito.

Remus correu até ele preocupado e deslizou a mão por suas costas, enquanto o garoto discretamente pegava um frasco vazio e escondia no bolso da calça de flanela de seu pijama. A preocupação de Lupin era tão grande que sequer percebeu a movimentação suspeita, apenas observou atentamente o rosto do filho e acariciou seus cabelos quando ele parou de tossir.

— Está tudo bem?

Estou bem.

— Tenha cuidado. Não beba tão rápido, vai se engasgar — alertou cautelosamente.

Canopus apenas balançou a cabeça em concordância. Forçou um leve sorriso enquanto olhava para o pai e o incômodo em suas costas diminuía, sob efeito da poção que acabara beber junto ao suco.

Ele percebeu que Remus havia feito a barba e estava muito bem arrumado.

— Tanta produção para ir trabalhar, pai? — indagou, mudando o assunto.

— Preciso causar uma boa impressão. E não vou trabalhar, vou conversar com o Sr. Stuart. — respondeu. — Não exagerei muito, não é?

— Até fez a barba! — exclamou ele, e Remus desviou o olhar encabulado. — Mas ficou bem assim. O senhor até parece mais jovem.

— Não exagere, Canis — Remus riu.

— Não estou, e o senhor sabe que sou sempre sincero.

— Às vezes sincero até demais.

Canopus deu de ombros para o comentário.

— Já vai?

— Depois do café da manhã — respondeu Lupin. — Vou deixar pronto para você, seu irmão e Harry. Pode dormir mais um pouco, tá bom?

— Depois. Estou sem sono agora.

— Conseguiu dormir bem? — preocupou-se, olhando atentamente para o garoto.

— Consegui — Canis mentiu.

— Canis, você tem mais olheiras do que eu próximo a lua cheia. Não minta para mim — repreendeu. — Sabe que não gosto que me escondam nenhum problema.

— Eu só perdi o sono… E o senhor vai perder o emprego que mal conseguiu se não apressar o seu café da manhã ao invés de ficar aqui falando comigo. Tenha um bom dia, papai.

Remus encarou o filho boquiaberto, indignado com a audácia do garoto, enquanto Canopus ficava na ponta dos pés para beijar seu rosto e seguia em direção a saída da cozinha.

— Canopus Black! — chamou, e o menino apenas olhou-o por cima do ombro e lançou-lhe um fraco sorriso.

Estou bem, papai. — Ele saiu definitivamente do cômodo e caminhou para o andar superior, deixando Lupin para trás.

Remus não tinha tanta confiança na palavra do garoto no momento e decidiu que conversaria melhor quando voltasse para casa depois de sair da joalheria.

Canopus percebeu a porta do quarto de Harry entreaberta e foi até o cômodo. Encontrou Harry e o irmão ainda de pijama sentados na cama, escorados na cabeceira, junto de Sirius, sentado na beira. Potter parecia bastante desperto, enquanto Therion estava quase dormindo de novo com a cabeça deitada em seu ombro.

Sirius olhou rapidamente na direção da porta, percebendo a chegada do filho, e sorriu gentilmente para ele.

— Bom dia, Canis.

O garoto o ignorou e seguiu até a cama, sentando-se ao lado do irmão gêmeo e abraçando-o de lado.

— Já fugiu para cá, irmãozinho?

— Cala a boca — Therion resmungou, sonolento.

— Bom dia, Canis — Harry cumprimentou.

— Bom dia, Prongs — cumprimentou de volta. — Dormiu bem no seu novo quarto?

— Um pouco. Sirius veio me perguntar a mesma coisa.

— Não esperava te ver acordado tão cedo — Therion disse, com os olhos fechados e a voz ainda arrastada.

— Me acostumei a acordar cedo com os Dursley para o café da manhã. Se eu acordasse muito tarde, não sobrava pra mim… Isso quando não era eu que precisava preparar.

— Ainda quero matar seus tios.

— Infelizmente, não podemos matá-los, e garanto que Azkaban não é um bom lugar para se estar — Sirius disse. 

— Imagino que não — Harry disse, compreensivo.

— Vocês podem descansar mais tempo. Estão de férias, podem dormir bastante. Mais tarde podemos tentar fazer alguma coisa enquanto Remus não volta do trabalho.

— Dispenso a tentativa de dia em família — resmungou Canis, deitando no ombro do irmão e fechando os olhos, assim como ele.

Therion cutucou o irmão com o cotovelo e ele gemeu dolorido, retribuindo com um empurrão leve que levou Harry para o lado.

— Ai, Canis! — Potter resmungou e empurrou o garoto de volta.

— Ei! — Canopus reclamou.

— Deixe de ser chato, Canis — o gêmeo resmungou, voltando a aconchegar-se no ombro de Harry.

Potter abraçou a cintura do Black, percebendo que ele ainda estava com muito sono, e também puxou seu cobertor para ele também. Canopus também colocou-se debaixo das cobertas e arrumou um travesseiro para si, deitando-se e evitando olhar para o homem na beira da cama.

Sirius observou os três garotos e conteve um leve sorriso ao ver a dinâmica entre eles, com os ombros encolhido e as mãos jogadas em seu colo. Ele levou alguns fios de seu cabelo para atrás da orelha, pensando no que propor a eles depois da rejeição direta do filho.

— Eu aceito fazer alguma coisa mais tarde — Harry disse com certa animação.

— Mesmo? — Sirius indagou, os olhos brilhando de ansiedade.

— Sim! Quero aproveitar que agora estou aqui com vocês.

— Mas vale lembrar que não temos muitas opções com Sirius sem poder sair — Therion lembrou, sem abrir os olhos.

— E não queremos correr o risco de receber uma visitinha dos aurores — Canis acrescentou.

— Ainda não entendi direito o que são esses aurores. É tipo a polícia bruxa?  — Harry questionou.

— Tipo isso  — Sirius concordou.

— Mesmo após três anos, você ainda precisa aprender algumas coisas sobre nós bruxos, Prongs — comentou Canis.

Harry riu baixo, encolhendo os ombros.

— Queria ter crescido no mundo bruxo como vocês.

— Não se preocupe, Harry. Agora, você terá tempo o suficiente para viver entre os bruxos e aprender tudo o que ainda não sabe — Sirius disse. — É meu dever como padrinho te ajudar a viver no mundo bruxo e irei ajudar como puder.

— Como um foragido pode fazer.

— Canis, cale a boca se não quiser receber uma azaração — Therion resmungou.

— Está tudo bem, Theo. Já estou me acostumando com a sinceridade extrema do Canis — Sirius falou. Ele riu baixo, um pouco nostálgico. — Sua mãe era do mesmo jeito. Sempre com a resposta na ponta da língua, não importa a quem possa doer.

— Gosto quando fala dela…

— Posso contar tudo o que quiser sobre ela sempre que quiser… E sobre seus pais também Harry.

— Gosto de saber mais deles — Potter disse, deitando a cabeça sobre a de Therion.

Sirius exibiu um fraco sorriso para Harry. Gostava de poder mostrar ao afilhado um pouco sobre a vida de seus pais, sabia que é o que James iria querer que ele fizesse. Também apreciava que ele tentasse se aproximar de si após tudo.

— Podemos sair para você conhecer o vilarejo — sugeriu.

— Mas você…

— Eu posso sair na forma animaga. Um simples cachorro de estimação.

— Um cachorro bem grande.

— Eu sou ainda maior... — Canopus comentou, com a voz mais arrastada e sonolenta, os olhos se fechando. Efeito colateral da poção que bebeu. — e mais forte.

— Sei bem, Canis. Não vamos demorar muito, mas acho que é uma boa ideia para passar a tarde. Podemos ir depois do almoço.

— Tudo bem — Harry concordou. — Você também vem, não é, Therry?

Potter olhou para o garoto ao seu lado, mas não houve resposta.

— Therry?

Therion não respondeu, apenas ressonava baixinho aconchegado ao amigo. Logo Harry percebeu que ele havia pegado no sono outra vez.

— Ele dormiu.

— É bom você fazer o mesmo, Harry. Está cedo, pode dormir mais.

— E o que você vai fazer enquanto Remus trabalha?

— Vou descansar mais um pouco, talvez ver mais alguma coisa que precise fazer na casa.

— Posso ficar com você.

— Você precisa descansar. Não se preocupe, okay? Logo passamos o dia juntos — Sirius disse e levantou-se da cama.

Harry assentiu com a cabeça. Ele deitou-se com cuidado, tentando não acordar Therion, que apenas o abraçou e continuou a dormir.

Sirius aproximou-se mais deles, fazendo um leve carinho nos cabelos de Harry.

— Descanse, hm?

Potter concordou, fechando os olhos. Black observou os garotos, percebendo que Canopus também havia pego no sono sem que percebessem. Ele deixou um beijo sobre a testa de Harry e Therion, então caminhando até o outro lado da cama.

Respirou fundo, enquanto ajeitava o cobertor sobre os três e observava o mais velho dos gêmeos adormecido. Canopus parecia realmente cansado e dormia serenamente, nem parecia o garoto irritadiço e estressadinho que sempre o respondia seco e impaciente. Um pouco relutante, Sirius levou sua mão até os cabelos do garoto, acariciando-os com delicadeza, exatamente como fazia quando ele era apenas um bebê de um aninho de idade.

Um sorriso pequeno e bobo surgiu por entre os lábios do homem, enquanto também acariciava os cabelos do outro gêmeo, sentindo-se bem por estar perto deles e vê-los dormindo tão tranquilos depois de tantos anos. Era bastante nostálgico. Com Harry ali, recordava-se das vezes que levou os garotos enquanto visitava James, Lily e o afilhado, e os três meninos acabavam dormindo juntos depois de uma tarde inteira brincando.

— Amo vocês… — sussurrou baixinho para os garotos adormecidos.

Ele deu uma última olhada nos três. Ajeitou os cabelos de Therion, tirando-os do rosto e colando atrás de sua orelha, deslizando levemente os dedos pela marca de nascença na lateral da cabeça. Também retirou os óculos de Harry, que ele havia esquecido de tirar, colocando sobre a mesa de cabeceira. Por último, deixou um selar rápido sobre a testa de todos antes de enfim deixar o cômodo e seguir para a cozinha.

Remus estava terminando o café da manhã e os pratos voavam até a mesa de jantar. Sirius ajudou-o, e os dois sentaram-se lado a lado para a refeição.

— E os meninos?

— Dormiram de novo. Estão no quarto do Harry — respondeu. — Ele parece ter dormido bem hoje. Acordou cedo por costume, mas deixei que descansasse mais.

— É bom que ele descanse. Vai fazer bem depois de tudo que ele deve ter passado.

— Vou mostrar o vilarejo para ele hoje. Talvez isso o deixe animado.

Remus encarou Black, enquanto enchia o próprio prato com metade de todo o café da manhã que havia preparado.

— Sirius, você sabe que não pode sair.

— Vou sair como cachorro e tomarei cuidado. Já estou cansado de ficar preso aqui… E isso vai fazer bem ao Harry, não vou prendê-lo aqui também.

— Me preocupo que algo possa acontecer — admitiu Lupin, suspirando. — Tome cuidado, está bem? Com você e com os meninos.

— Eu vou. Sei que anda bastante preocupado com eles depois de tudo que aconteceu na Casa dos Gritos, mas vou cuidar bem deles. Não terão nem um arranhão quando você voltar.

— É para você se cuidar também, Sirius. Seja discreto e comporte-se bem como um cão.

— Vou me comportar — Sirius garantiu, e Remus olhou-o desconfiado, arqueando a sobrancelha. — Estou falando sério!

— Okay, okay — Lupin riu. — Mas, sério… Tenha cuidado. Não quero que acabem te descobrindo e você tenha que ir.

— Vou fazer o melhor, tudo bem?

Remus assentiu, observando Black servir-se do seu café da manhã.

— Eu… Não quero te perder de novo — confessou, sentindo o rosto corar.

Sirius sorriu com a frase, um sorriso confortável e adorável. Mirou seus olhos em Lupin e levou sua mão até a dele, entrelaçando seus dedos. Remus sentiu um pulo em seu coração ao ver aquele sorriso, o qual gostaria muito de ver muito mais vezes no rosto do Black.

— E não irá. No que depender de mim, nunca mais deixarei você e os meninos. Nenhum auror vai me pegar até eu conseguir provar minha inocência.

— E vamos conseguir provar — garantiu Remus. — Você vai recuperar toda a sua vida e sua liberdade de volta.

***

Remus engoliu em seco ao parar em frente a fachada da joalheria. Observou a grande placa dourada com a logo e o nome do estabelecimento: STUART JOALHERIA E OURIVES.

Ele respirou fundo várias vezes e ajeitou suas roupas, o nervosismo crescendo dentro de seu corpo. Pensou seriamente em dar meia volta e desistir, agradecer pela oferta e recusar; porém, precisava tentar, pelos seus filhos. Era uma ótima oportunidade, e certamente ouviria Sirius e os garotos reclamando por um bom tempo se fugisse disso com medo.

Você consegue, Remus, ele pensou. Reuniu toda sua coragem e subiu as escadas de mármore, adentrando o local.

Todo o estabelecimento transmitia uma aura de elegância, os tons de branco e preto muito bem harmonizados. O grande lustre no centro do hall chamava atenção, e Lupin sentiu-se um tanto acanhado por estar em um lugar tão chique.

Remus sentia-se pequeno para aquele lugar, mesmo com seus quase 1,90 de altura.

Aproximou-se de um balcão onde um homem vestido em uma blusa social preta com um crachá dourado estava arrumando um expositor de alianças. Ele não demorou a notar sua presença e exibir um sorriso gentil, com sua postura ereta e feição amigável.

— Bom dia, senhor. Em que posso ajudá-lo? Nós ainda estamos abrindo a joalheria — cumprimentou e perguntou num tom educado.

— B-Bom dia, eu… — Remus gaguejou. Ele coçou a garganta e respirou fundo, recuperando a coragem. — Eu vim falar com o senhor Stuart.

— O Richard?

— Richard, isso mesmo. Richard Stuart. Estava marcado de encontrar com ele aqui.

— Para a vaga de auxiliar e estoque, certo? — indagou.

— É... Acho que sim — Remus respondeu, incerto. — Espero não estar muito atrasado.

— Não, chegou em boa hora. Senhor Richard chegou há pouco e ainda nem organizamos todos os expositores — riu o atendente. — Ele me pediu que o levasse até a sala dele quando chegasse.

— Certo.

Lupin maneou a cabeça em concordância, ainda um tanto nervoso. Observou o crachá do homem à frente, vendo então que seu nome era Louis. Não parecia ser mais velho que ele, talvez tivessem a mesma idade ou o outro fosse até mais novo.

Ele seguiu o homem por uma porta e seguiram por uma escadaria, até chegar a outra porta, onde Louis bateu gentilmente antes de abrir.

— Richard? O auxiliar chegou.

— Oh, sim. Deixe-o entrar. Muito obrigado.

Remus adentrou o escritório, onde escontrou um senhor de cabelos grisalhos sentado atrás de uma mesa com alguns papéis. Louis deixou-os a sós sem dizer nada, voltando ao seu trabalho.

— Bom dia, Sr. Stuart.

— Bom dia. Lupin, certo? — Richard cumprimentou-o educadamente.

— Isso mesmo. Remus Lupin.

— Sente-se, por favor — falou indicando a cadeira a sua frente.

Lupin sentou-se e respirou fundo, analisando o local bem organizado. Olhou para o homem, que organizava os papéis na mesa antes de voltar os olhos para si, os quais percebeu que eram da mesmo tom esverdeado da neta.

— Creio que minha neta já tenha explicado tudo ao senhor sobre a oferta.

— Sim, mas prefiro ainda conversar melhor com o senhor sobre o trabalho — Remus respondeu. — Agradeço muito a oportunidade.

— Merliah sabe ser bastante geniosa quando quer. Ela me explicou toda sua situação e já faz um tempo que minha família insiste que seria bom eu ter um auxílio em meu trabalho, e vi que seria uma boa oportunidade de ajudar — disse Stuart calmamente. — Seus filhos tem sido grandes amigos muito atenciosos com minha neta, vejo como fazem bem a ela, e essa talvez seja minha forma de retribuir tudo o que fazem.

— Therion e Canopus são mesmo ótimos garotos e amigos, mas o senhor não precisaria se incomodar com isso.

— Não seria incômodo algum poder ajudar a família de amigos da minha neta, ainda mais se for mesmo qualificado para a posição e fizer um bom trabalho.

— Nunca trabalhei com jóias, mas tenho experiência com auxílio em outros ramos, e garanto que posso aprender rápido tudo o que for preciso.

— Gosto da sua disposição. Você me parece um bom homem, Lupin, e estarei honrado em contratá-lo.

Remus sorriu leve, sem mostrar os dentes. Respirou fundo, sentindo-se um pouco mais aliviado. Richard transmitia uma boa aura de conforto e tranquilidade, muito diferente da maioria de seus ex-chefes.

— Minha neta me explicou que você possui um problema de saúde vindo do seu mundo e que isso é o que tem atrapalhado sua busca por trabalho.

— Sim, eu... Eu tenho licantropia — confirmou Remus, apertando as mãos uma a outra. Era difícil admitir aquilo, mesmo após tantos anos convivendo com isso. — Ela me deixa bastante... Indisposto durante alguns dias. Porém, garanto que pelo resto do mês estarei bem disposto para trabalhar.

— Não sei muitos detalhes sobre essa doença, na verdade, ainda estou aprendendo muito sobre esse mundo desde que recebi a visita de agentes do seu Ministério para falar sobre minha neta, mas não questiono os efeitos que pode ter sobre você. Se me diz que não impedirá seu trabalho, o que me resta é apenas oferecer todo o apoio médico quando preciso.

— Não é tão fácil de explicar e nem me sinto confortável para falar, mas...

— Tudo bem, eu entendo. Quando sentir-se confortável para explicar mais sobre sua doença, estarei pronto para ouvir e entender — Richard o interrompeu. — No máximo, sobre os dias em que será necessário se ausentar e os cuidados que posso oferecer. Não sei se nossos planos de saúde são aceitos entre vocês, mas prezo pelo bem estar de meus funcionários e ajudarei como for preciso quanto a custos médicos.

— Quanto a isso, não precisa se preocupar. Eu já estou bem preparado para isso e acostumado com os cuidados. Só de poder ter tempo para descansar e me recuperar, já é uma grande ajuda.

— Não precisa hesitar em falar caso precise de ajuda em algum momento.

— Tudo bem, Sr. Stuart. Não se preocupe.

Remus sentiu-se ainda mais aliviado pelo homem não pedir detalhes sobre a licantropia. Não pretendia esconder suas transformações para sempre, pois não achava justo já que Richard estava sendo tão bondoso e atencioso consigo, mas ainda não se sentia preparado. Tinha medo da reação.

A compreensão sobre o que a licantropia lhe causava e a necessidade de um tempo de recuperação já era bom demais para ele.

— Eu preciso muito desse emprego e agradeço, de coração, pela sua compreensão pela minha condição.

— É meu dever como chefe compreender a saúde de meus funcionários, mesmo que nem todos entendam isso — Richard explicou. — E Merliah mencionou algo sobre alergia a prata.

— Não exatamente uma alergia. Apenas não posso manter um contato direto por muito tempo com prata pura, apenas o seu pó... Que me ajuda bastante com meu problema — explicou Remus. — Não sei bem se entre os trouxas é comum o pó de prata...

— Não muito na verdade, mas compreendo. Se eu precisar que você entre em contato, fornecerei luvas de proteção, porém prometo tentar evitar que aconteça.

— Tudo bem.

— No mais, acho que sua contratação está certa — Richard falou. — Você apenas irá me auxiliar em meu trabalho e ajudar com o estoque, e pedirei ao Louis que te ajude nessa parte. Com o tempo, aprenderá como funciona tudo.

Lupin assentiu com a cabeça.

— O trabalho será das oito e meia da manhã até às cinco e meia da tarde, podendo sair um pouco mais cedo ou mais tarde dependendo do que eu tiver para fazer, e suas horas extras serão todas devidamente pagas — Stuart explicou tudo. — Folgas aos domingos, quando reservo o dia para ficar com minha família e não será necessário que venha, e recesso em feriados. Terá também duas horas de almoço e trinta minutos de descanso durante o expediente.

— Tudo bem.

— Minha neta me disse que seria melhor que seu salário fosse em moeda bruxa, então ofereço 60 galeões semanais, incluso sua semana de repouso por questões de saúde, com férias remuneradas.

— S-sessenta?!

— Sim. Algum problema?

— Não, não senhor. Só... Acho demais para mim.

— É um pagamento que julgo justo para seu trabalho. Estamos acertados nesse valor ou gostaria de negociar?

— Estamos acertados! É mais que o suficiente, senhor!

— Ótimo! Um minuto, irei buscar o contrato.

Lupin balançou a cabeça em concordância enquanto o homem ficava de pé e deixava a sala. Ele respirou fundo, levando ambas as mãos a boca, em choque.

Ele tinha um emprego. Ele teria um chefe que compreende sua situação. Ele enfim receberia um salário justo por seu trabalho.

Após Hogwarts, não possuía tanta confiança de que encontraria outro trabalho que pagasse tão bem quanto, mas encontrou. Ele poderia chorar de alívio naquele momento, mas se conteve.

Agora, ele tinha esperança de um trabalho estável e que o ajudaria a oferecer o melhor que pudesse para seus filhos, e a Harry também. Em pouco mais de uma semana seria o aniversário de Potter e, considerando que talvez já tenha recebido seu primeiro pagamento, poderia preparar uma boa surpresa para o garoto junto as economias que ainda possuía.

Logo Richard retornou com os papéis em mãos e sentou-se a frente de Remus, estendendo-os para ele.

— Pode ler e verificar tudo com calma antes de assinar.

— Certo, certo.

Remus pegou os papéis com as mãos tremendo de ansiedade. Mal conseguia ler o que estava escrito, mas forçou-se a ter maior concentração e ler cada parágrafo do contrato. Ao terminar, pegou a caneta e assinou seu nome.

— Muito bem, Lupin. Acho que podemos considerá-lo oficialmente contratado.

— Obrigado, muito obrigado mesmo, Sr. Stuart! — agradeceu. — Posso começar meu trabalho o mais rápido possível.

— Caso não tenha outros compromissos, gostaria que conhecesse toda a joalheria e a parte onde trabalharemos.

— Não, não senhor. Se quiser, posso começar a trabalhar agora mesmo!

— Parece muito bem disposto, Lupin. Realmente, sua ajuda seria útil hoje.

— Então, já posso começar e ajudar no que o senhor precisar.

— Comecemos apresentando seu local de trabalho e seus colegas.

Remus concordou rapidamente, contendo um grande sorriso de animação. Estava mesmo empolgado para começar.

***

— Canis, nós só vamos dar uma volta pelo vilarejo, não a uma viagem por Londres — Therion resmungou enquanto observava o irmão revirando as próprias roupas.

— Eu só estou escolhendo bem minhas roupas, não viu vestir a primeira coisa que encontrar pela frente — Canis respondeu enquanto olhava para uma camiseta que havia pego. — Essa aqui está boa.

— Se não formos sair daqui só ao anoitecer, arrume-se o quanto quiser — Harry comentou num tom sarcástico.

— Fica quieto, Prongs! Dê atenção ao meu irmão que é melhor.

Harry mostrou a língua em provocação, e Canopus devolveu o ato. Therion riu e revirou os olhos, enquanto levava as mãos aos cabelos rebeldes de Potter, que estava com a cabeça deitada em seu colo, ambos em sua cama à espera de que seu irmão termine de se arrumar para que saíssem.

Haviam almoçado há pouco mais de duas horas, e Sirius pediu que já fossem se preparar para sair. Depois que acordaram, Therion e Harry ficaram jogando partidas de snap explosivo e xadrez bruxo com Sirius, enquanto Canis cuidava de Bicuço e lia um de seus milhares de livros sobre criaturas.

O gêmeo mais velho assumiu para si a responsabilidade de cuidar do hipogrifo e toda manhã o alimentava e lhe fazia companhia na garagem. Naquela manhã, ele pediu diversas desculpas ao animal por não direcionar muita atenção para ele no dia anterior por causa de Harry.

Sirius quem preparou o almoço, e após toda a refeição eles descansaram antes de se preparar para apresentar Harry a vizinhança.

Os gêmeos haviam saído algumas vezes para dar uma volta e conhecer o local, principalmente quando estavam muito entediados. Não era um vilarejo muito grande, era ainda menor que Godric's Hollow; porém, ainda era um lugar bastante agradável e os vizinhos eram educados e gentis. Havia alguns comércios, restaurantes, praças, lojas, e outras localidades para irem, tanto trouxas quanto bruxas.

Harry estava ansioso para conhecer todo o vilarejo.

— Vossa Alteza já terminou de se aprontar ou vamos sair para jantar fora?

— Estou pronto, chato! — Canopus respondeu ao irmão, terminando de amarrar seu tênis.

Potter levantou-se e alongou os braços, sob o olhar atento do gêmeo mais novo. Ele ajeitou os óculos e olhou ansioso para os amigos.

— Vamos, então? — chamou animado.

— Vamos — Therion disse e também ficou de pé, pousando as mãos nos ombros de Harry e guiando-o para fora do quarto.

— Calma aí… — Canis disse, mas foi ignorado.

Therion e Harry desceram as escadas e encontraram Sirius sentado no sofá à espera deles.

— Prontos?

— Sim! — Harry respondeu com um largo sorriso.

— Eu falei para me esperarem, seus idiotas apressados! — ouviram Canopus resmungar.

Observaram o garoto descer rapidamente às escadas enquanto amarrava os cabelos desajeitadamente com um elástico. Ele encarou-os irritado, mas Harry e Therion não deram importância, já acostumados com isso.

Sirius levantou-se do sofá e aproximou-se deles devagar.

— Tenham cuidado e não se afastem muito. Remus vai me matar se eu perder um de vocês ou alguém voltar machucado.

— Não faria a menor falta — murmurou Canis, de braços cruzados e sem encarar o pai.

— E eu também não quero que vocês se machuquem — acrescentou Sirius.

— Já saímos pelo vilarejo antes, Sirius. Não é nada de outro mundo. Quem está arriscado aqui é você.

— Só quero tomar as precauções necessárias.

— Tá, tá. Agora, cadê o nosso cão de guarda?

— Vamos ter cuidado — Therion garantiu.

Sirius respirou fundo e concentrou-se em sua forma animaga. Ele começou a se transformar e logo, em seu lugar, estava sentado um grande cão de pelos negros.

— Devíamos comprar uma coleira — Canis comentou.

— Canis! — Harry exclamou.

— Vai passar mais credibilidade, ué! Quem sai com um cachorro sem coleira?

— Alguém com um cão bem comportado — Therion respondeu e olhou para o cão. — Comporte-se, Padfoot.

O cão latiu em resposta.

— Não parece mais tão assustador quanto antes — Harry disse, acariciando a cabeça de Padfoot.

Para você — murmurou Canis. — Vamos logo.

— Para quem estava demorando, você está muito apressado.

— Cala a boca, Therion.

Canopus saiu na frente, caminhando até a porta e destrancando com sua varinha. Todos saíram atrás dele.

Ao sentir o ar puro depois de muito tempo, Padfoot latiu e correu em disparada pelo jardim, dando voltas pelo lugar. Harry começou a rir, enquanto os gêmeos levavam a mão à testa em uma sincronia invejável.

— SIRI… — Canis ia gritar.

— PADFOOT! — Therion repreendeu ao mesmo tempo. — O que estávamos falando sobre se comportar? — Ele colocou ambas as mãos na cintura, arqueando a sobrancelha e encarando o cão.

Padfoot então sentou-se, como um bom cão comportado, os olhos claros na direção do garoto. Ele conhecia muito bem aquele tom sério, Remus ficava igual quando o repreendia em sua forma animaga… Às vezes na forma humana também.

Harry continuou rindo e correu até o cachorro, fazendo um carinho em seus pelos e sua orelhas. Estava achando aquilo divertido, e Sirius estava adorando ouvir a risada do afilhado.

— Ele só deve estar feliz em sair — disse. — Há quanto tempo ele não sai de casa?

— Sei lá… Um mês? — Therion respondeu incerto.

— Está explicado. Ele está apenas interpretando bem seu papel de cachorro. — Padfoot latiu em concordância. — Vamos, Padfoot!

Harry afastou-se e o cão o seguiu.

Os três garotos então começaram a caminhar pela rua, com Padfoot em seu encalço, as vezes ultrapassando-os e cheirando algumas coisas à frente, ou apenas correndo, para então logo voltar até eles.

Potter observava tudo ao redor, vendo as pessoas caminhando pela rua com sacolas de compras e cestas, passeando entre amigos e casais, crianças brincando em frente às casas. Parecia muito mais alegre e confortável que a Rua dos Alfeneiros. Lá parecia tudo extremamente chato e monótono; ali, transmitia muito mais conforto, um lugar em que os vizinhos são gentis e educados uns com os outros.

— Aquela ali é a floricultura da Sra. Clarke — Therion disse a Harry, apontando para o estabelecimento com várias flores na porta onde uma senhora arrumava um ramo de rosas vermelhas. — Na outra rua tem um bar bruxo. Os trouxas não conseguem ver a placa, para não correr o risco de algum acabar vendo magia acontecendo ali dentro ou beber Whisky de Fogo.

— Bruxos e trouxas convivem normalmente por aqui?

— Sim. Em muitos lugares pela Inglaterra é assim. Hogsmeade é o único vilarejo inteiramente bruxo — Canis respondeu. — Nós vivemos junto dos trouxas discretamente.

— Isso é bem legal! Vocês têm amigos bruxos aqui?

— Novas amizades nunca foi nosso forte, Harry.

— Na última vez que saímos, conversamos com alguns garotos na praça, mas acho que são todos trouxas — Therion respondeu.

— Porque vocês se mudam muito… Não é? — percebeu Harry.

— É… Mas papai tem nos incentivado a tentar fazer novos amigos por aqui. A casa sempre será nossa, e ele disse que mesmo que precisemos ir, podemos voltar se quisermos.

— Esse vilarejo parece bem legal. Não podemos ficar aqui?

— Se ninguém desconfiar sobre papai ter licantropia… — Canopus respondeu. — A maior razão para nos mudarmos sempre é para nos proteger do que outras pessoas podem fazer se descobrirem. O mundo ainda precisa evoluir muito na questão de tratamento dos lobisomens.

Harry suspirou, encolhendo os ombros. Detestava pensar que Remus sofria tanto preconceito por conta de sua condição. Não negava que inicialmente teve receio, mas ele soube entender o que significava a licantropia, e seria muito bom se todos os bruxos fizessem o mesmo.

Entender que uma doença bruxa não torna alguém um monstro e que tudo o que pessoas como Remus precisam é de apoio para que possam viver suas vidas como qualquer um, até que um dia seja encontrada uma cura. E mesmo que demore ou nunca encontrem, ainda sejam inseridos na sociedade como qualquer bruxo, sem distinção. Uma única noite por mês não pode definir uma vida inteira.

Potter gostaria muito de saber como outros lobisomens vivem por aí.

— Bem… Vamos aproveitar enquanto estamos aqui — Harry disse, tentando animar o clima entre eles.

— Vamos à praça principal! Lá tem uma sorveteria maravilhosa — Canopus sugeriu.

Eles seguiram até a tal praça. Padfoot ficou sentado na calçada, enquanto os garotos adentravam uma sorveteria e pegavam seus sorvetes. Haviam muitas opções de sabores e coberturas, e eles passaram um tempo analisando suas escolhas.

Harry pegou um grande sunday com bastante cobertura, e Therion duas bolas de sorvete de chocolate com cobertura de caramelo na casquinha.

Canis ainda estava escolhendo, quando um garotinho passou na sua frente para pedir.

— Um sunday e uma casquinha de morango, Sr. White!

— Ei! Era minha vez! — reclamou.

— Você demorou demais pra escolher.

— Fila é fila, pirralho! Sai!

O garoto, que aparentava ter uns 6 anos, apenas deu de ombros e não saiu. Logo o homem atrás do balcão entregou a ele seus sorvetes, e ele pagou com uma nota trouxa, enquanto Canopus observava indignado.

— Aqui está o troco, Ethan.

— Obrigado, senhor — agradeceu. Ele mostrou a língua para Canopus e então saiu correndo.

— Mas que pirralho filho da…

— Pede logo o seu, Canis! — Therion disse impaciente.

— Me deixa xingar o pirralho em paz! — retrucou. — Quero duas bolas de chocolate e uma de torta alemã e pode caprichar na cobertura.

Canopus tirou do bolso o dinheiro para pagar os sorvetes, e logo os três saíram da sorveteria.

— Onde está o Padfoot? — Harry perguntou ao não encontrar o cão na entrada.

— Só faltava essa…

— Um cachorro daquele tamanho não se perde fácil — Therion disse olhando ao redor, até avistar o cão no playground. — Merlin… PADFOOT!

Eles avistaram o enorme cão no playground da praça brincando com algumas crianças, abanando o grande rabo peludo e apoiado nas patas dianteiras. Ele latia e então corria ao redor das crianças, que tinham entre por de 5 e 8 anos de idade.

Harry divertiu-se com a cena, enquanto Canopus revirava os olhos e começava a caminhar até um banco da praça logo a frente para tomar seu sorvete. Potter e o outro gêmeo aproximaram-se de Padfoot para ficar de olho.

— Ele está se divertindo — Harry disse. — Podemos ficar tranquilos.

— É… Não deve ser bom ficar trancado em casa.

— Podemos sair mais com ele nessa forma.

— Harry…

— Ninguém sabe que ele é um animago além de nós. O que haveria de estranho em um simples cachorro passeando com três garotos?

— Sim, mas… Todo cuidado é pouco.

— Você e Canis se preocupam demais as vezes.

— Somos sonserinos. Pensamos muito mais que vocês Grifinórios.

— Disse o garoto que o Chapéu ficou mais de 10 minutos decidindo se mandava para a Grifinória — caçoou Potter.

— Isso não me faz menos sonserino.

— Mas também não apaga seu lado grifinório, Lobinho.

Therion empurrou Harry de leve com o ombro, e ele apenas riu, tomando mais uma colherada de seu sorvete. Também continuou a se deliciar com seu sorvete de chocolate.

— Mas eu gostaria que você tivesse vindo para a Grifinória. Talvez pudéssemos dividir o dormitório.

— Junto com o Finnigan? Passo — retrucou Black, bufando impaciente. Ainda possuía certo rancor do grifinório colega de quarto de Harry por toda a perseguição durante aquele ano letivo por causa de Sirius.

— Talvez você ficasse com a vaga dele no quarto. — Harry deu de ombros.

— Eu gostaria que você tivesse vindo pra Sonserina, aí não teria que aturar o Malfoy ou o Nott no quarto. Desejei muito que isso acontecesse durante a Seleção.

— Eu implorei ao Chapéu Seletor para não me colocar na Sonserina — confessou Harry. Ele nunca tinha contado esse detalhe aos amigos, apenas que o Chapéu cogitou colocá-lo lá.

Therion arregalou os olhos, boquiaberto, e começou a dar leves tapas no ombro de Potter.

— Poderíamos ser colegas de quarto, seu Grifinório idiota!

— Ei, ei! — Harry encolheu-se e esquivou-se dos tapas, afastando-se do Black. — Em minha defesa, eu não recebi boas recomendações da Sonserina. Me disseram que os bruxos de lá sempre eram maus e praticavam Artes das Trevas.

— E você acreditou?!

— Um pouco…

Therion levou uma mão ao bolso onde guardava sua varinha.

— Mas eu mudei de opinião! — explicou rapidamente. — E você não pode me azarar na frente de trouxas.

— Sorte a sua que temos testemunhas demais ou você estava frito!

— Você não teria coragem de fazer algo comigo.

— Quer pagar pra ver? — Therion rebateu, com uma sorriso maldoso e a mão em sua varinha no bolso.

— Acho melhor não — Harry negou, rindo. — Mas, é sério… Agora eu sei que nem todos os sonserinos são como dizem.

— Hm… Acho bom mesmo, Potter.

— Pode confiar, Lobinho.

Therion lançou-lhe um olhar desconfiado e logo então exibiu um sorriso divertido, beijando a bochecha do garoto. O rosto de Harry ficou vermelho no mesmo instante.

— Eu confio em você, Mini Prongs.

Harry sorriu tímido, desviando o olhar, envergonhado. Seu coração batia acelerado no peito, como ficava apenas quando estava com o Black. Ele estava começando a entender ainda o que era, mas não achava ruim o que sentia.

Ele olhou de soslaio para o garoto, que havia voltado sua atenção para o próprio sorvete. A luz do sol da tarde batia na lateral de seu rosto e deixava os olhos cinzentos com um aspecto ainda mais claro, como diamantes brilhantes, e o cabelo escuro solto ao redor do rosto eram apenas um charme a mais.

Por todos os bruxos que já existiram… Therion Black era muito bonito para ser real.

Harry nunca deixaria de ser agradecido ao dia em que um bruxo gigante bateu em sua porta e o apresentou aquele mundo incrível… O mundo onde ele conheceu aquele garoto incrível que deixava tantos questionamentos em sua cabeça e fazia-o sentir-se tão estranho e confortável ao mesmo tempo.

Therion ergueu os olhos para Harry, encontrando as orbes cor de esmeralda e percebendo que estava sendo encarado. Suas bochechas coraram e ele sorriu de leve para Potter, enquanto seu coração batia tão forte e rápido quanto o dele.

— Eu deveria ter trazido a câmera que ganhei de aniversário.

— Por quê? — indagou Harry.

— Para poder gravar o dia de hoje, para não esquecer.

— Eu não vou esquecer — garantiu Potter.

— Bom… Eu também não, mas gostaria de uma recordação.

Harry riu baixo, voltando sua atenção para seu sunday.

Não muito longe deles, Canopus estava sentado em um banco, saboreando o próprio sorvete enquanto observava as pessoas passeando ao redor da praça e algumas crianças brincando. A paisagem era bonita e boa de se apreciar.

Bonita demais.

Os olhos do Black, por alguns momentos, paravam em um garoto que estava sentado nas escadas do coreto posicionado no centro da praça, com um livro e uma guia de cachorro em seu colo enquanto também saboreava uma casquinha de sorvete. O outro olhava na direção de algumas crianças brincando com uma bola.

Canopus estava muito distraído e pensando seriamente em ir falar com o garoto, quando recebeu uma bolada na cabeça que o fez derrubar seu sorvete.

— AI! PORRA, MAS O QUE…? — gritou e xingou, levando a mão à cabeça e fechando os olhos com força.

Como se já não bastasse suas costas…

Resmungou e choramingou baixo enquanto abria os olhos. Ele viu o mesmo garotinho que passou na sua frente na sorveteria pegando a bola caída longe e rindo, com a mão na boca, enquanto o olhava.

— Eu vou matar esse pirralho… — murmurou baixo.

Notou Padfoot aproximando-se de si, apoiando as patas em seu colo.

— Eu estou bem! — exclamou, afastando o cachorro, que continuou ao seu lado.

— Ethan, se você não tiver mais cuidado com essa bola nunca mais verá ela na sua vida! — ele ouviu uma voz séria dizer e logo alguém sentou-se ao seu lado. — Está tudo bem?

Canis olhou para o lado e viu o mesmo garoto que notara antes. Ficou estático por alguns instantes, mirando os olhos verdes, o cabelo loiro escuro e a feição levemente preocupada.

Merlin, pode me levar com você… pensou.

— Como acha que estou depois de uma bolada na cabeça? — retrucou com certa impaciência e sarcasmo.

— Com uma baita dor de cabeça? — o garoto rebateu.

— Exatamente. E ainda perdi meu sorvete — disse e olhou para seu querido sorvete no chão com um ar dramático.

— Desculpa por isso. Aquele ali é o meu irmão.

— Seu irmão?

— É.

— Ah, tudo bem… Garotinho adorável — Canis disse, forçando um sorriso.

O garoto riu.

— Não precisa ser legal, eu sei que ele é uma peste, pode falar a vontade.

— Você vai virar filho único — Canopus foi sincero, arrancando outra risada dele.

— Adoraria, mas eu sou o do meio. Ainda tem a mais velha — falou. — Qual seu nome?

— Canopus.

— Um nome bastante exótico.

— Minha família gostava muito de estrelas, mas pode me chamar de Canis. E o seu?

— Elliot — apresentou-se ele. — Posso te pagar um novo sorvete e uma aspirina como reparação pela peste do meu irmão ter te acertado.

— O que é aspirina?

Canopus exibiu uma feição confusa, ainda sentindo sua cabeça doer pela pancada da bola. O outro garoto encarou-o intrigado, permanecendo em silêncio por alguns segundos antes de falar.

— Tá brincando, não é?

— Não...?

— Acho que a bolada foi mais forte do que pensei.

— Eu estou brincando — começou a rir. — É óbvio que sei o que é uma aspirina.

Canis não fazia a mínima ideia do que era aquilo, mas deduziu que fosse algo que todos os trouxas conhecessem.

— Ainda bem, estava começando a me preocupar — Elliot suspirou aliviado. — Seu cachorro parece bem preocupado.

— Só parece mesmo... — Canis olhou para o cão, que permanecia ao seu lado e empurrou o focinho contra seu braço. — Vai ficar com o Therion e o Harry.

O cão não saiu do lugar, apenas latiu para chamar a atenção dos outros dois. Canopus bufou e revirou os olhos, pensando seriamente em pegar sua varinha no bolso.

— Seu pulguento filho de uma… — murmurava quase inaudível, enquanto Therion e Harry se aproximavam.

— Aconteceu alguma coisa? — Harry perguntou.

— Tirando o fato de eu levar uma bolada na cabeça, está tudo ótimo.

— Já levei várias na Educação Física. Você sobrevive.

— Educação Física?

— Eu também. Não é nada legal — Elliott disse com uma careta dolorida.

— Está doendo? — Therion perguntou.

— Você quer a resposta que eu quero te dar ou a que você quer ouvir? — Canopus retrucou seco.

— Doendo pra caralho. É, papai vai surtar e matar o Sirius... Uma pena.

Elliot olhou se Canis para Therion, momentaneamente confuso por ver dois garotos idênticos, até entender que eram gêmeos.

— Esse é o meu irmão, Therion — Canis apresentou, o que enfim esclareceu a confusão do garoto. — E esse é o Harry, nosso… — Ele pensou por alguns momentos. — Primo distante que veio morar conosco.

Era muito mais fácil do que dizer que era o melhor amigo que eles sequestraram.

— Prazer, sou o Elliot. E… Uau, vocês são iguais mesmo!

— Gêmeos idênticos — os Black disseram juntos.

— Percebe-se.

— Com o tempo se aprende a diferenciar — Harry disse.

— Espero ter tempo para isso — disse Elliot.

— Ah, você vai — disse Canis, sorrindo de canto.

— Quer ir pra casa, Canis? — Therion perguntou.

— Não, não. Eu estou bem, podem continuar passeando e aproveitando por aí, encontro vocês depois. E levem o cachorro — negou rapidamente, olhando para o garoto lado. — Eu aceito o sorvete e a aspirina.

— Santo Merlin, você com dor e quer sair pra paquer…

— Estou bem, irmãozinho. Vai mostrar o vilarejo para nosso priminho, vai! — Canopus apressou-se em expulsar o irmão para longe.

Therion revirou os olhos, concordando com a cabeça. Não iria mais atrapalhar o irmão e seus flertes.

— Se papai surtar quando chegar porque você desmaiou de dor, a culpa não é nossa.

— Exagerado.

— Foi um prazer conhecer você, Elliot. Padfoot, vamos!

O cão olhou de um gêmeo para o outro. Therion percebeu logo a preocupação e sorriu de leve, acariciando a cabeça do cão.

— Venha, Canis está ótimo e em muito boa companhia.

— Tchau! — Harry despediu-se e acenou.

— Tchau! — Elliot acenou de volta.

Therion afastou-se ao lado de Harry com Padfoot logo atrás.

— Acha mesmo que Canis vai ficar bem?

— Ah, ele está ótimo. Não percebeu que ele só queria a gente longe pra paquerar aquele garoto?

— Mais ou menos…

Therion riu, enlaçando seu braço ao de Harry e o guiando até o outro lado da praça para apresentar mais lugares.

— Certo, e agora, que tal meu sorvete? — Canopus falou olhando para Elliot depois que os outros se afastaram.

— Vamos lá então — Elliot disse e sorriu, logo ficando de pé. — Bella! — Ele levou dois dedos à boca e soltou um alto assobio.

Um cão da raça labrador veio correndo até ele e sentou-se a sua frente. Canopus observou a cadela e sorriu gentil, aproximando-se para acariciar sua cabeça.

— É sua?

— É. Ganhei há alguns anos — respondeu. — Bella, de olho no Ethan, está bem?

O garoto sinalizou apontando para os próprios olhos e para o irmão caçula, que estava brincando mais uma vez com a bola junto de outras crianças da sua idade. A cadela latiu em resposta e ganhou um petisco.

— Muito bem — ele elogiou e fez um carinho nela. — Agora podemos ir.

— Vai deixar ela de babá?

— Foi muito bem treinada para isso. Ela é mais esperta do que parece.

Os dois seguiram até a sorveteria, e Canopus ficou sentado em uma das mesas, enquanto observava o garoto buscar o sorvete. Quando ele voltou, entregou-o a casquinha e sorriu gentilmente.

— Espere aqui, rapidinho.

— Onde vai?

— Cumprir minha palavra. Já volto!

Black observou confuso o garoto correr até a farmácia que também ficava naquela região da praça e voltar com uma sacola e uma garrafa de água. Elliot pediu um copo ao sorveteiro, para então sentar-se à frente dele.

Ele estendeu para Canopus o copo cheio d'água e um comprimido, retirando a casquinha de sorvete de sua mão.

— O que é isso?

— Sua aspirina, para a dor de cabeça.

Canis encarou-o confuso e desconfiado. Não estava confiante se realmente era bom aquilo, os trouxas possuíam alguns métodos estranhos para certas coisas. Contudo, resolveu dar um voto de confiança e colocou o comprimido na boca, bebendo água em seguida.

Sentiu descer por sua garganta e fez uma leve careta. Não fazia ideia do tempo que levaria para fazer efeito, mas esperava que fosse logo.

— Obrigado.

— Não tem de quê — respondeu Elliot e o devolveu seu sorvete. — Então… Você é novo no vilarejo, não é?

— Como sabe?

— Nunca tinha te visto até algumas semanas atrás.

— Já me viu?

— É, enquanto andava por aí. E o vilarejo não é tão grande, quase todo mundo se conhece.

— Bom, não sou tão novo. Eu nasci aqui.

— Sério?

— É. Me mudei quando era muito pequeno, até onde eu sei. Voltei agora com meu pai e meu irmão.

— E onde estava antes?

— Digamos que já morei em muitos lugares — Canopus disse vagamente, exibindo um sorriso ladino e então provando de seu sorvete.

— Vai dar uma de misterioso?

— Talvez — riu. — Mas, eu realmente me mudo bastante. E logo, logo terei que ir pra escola.

— A escola daqui?

— Na verdade…

Canopus tentou pensar na melhor forma de falar sobre Hogwarts. Ele lembrava de Liah ter dito algo sobre o que seus pais disseram para seus parentes que não moram consigo sobre a escola.

— Eu estudo em um... Internato! — lembrou o nome. — Um internato na Escócia.

— Um internato? Que legal! E como é?! — Elliot pareceu animado com a informação, os olhos brilhando de curiosidade para saber mais.

Canis nunca pensou que seria difícil conversar com um trouxa e esconder sobre o mundo bruxo, mas estava disposto a continuar. Usaria de toda sua boa lábia para mentir e manipular as respostas para o mais trouxa possível.

Era um bom jeito de aprender mais sobre o mundo não-bruxo. Ele sabia algumas coisas graças ao pai, que é filho de uma mulher trouxa, e a melhor amiga, mas adoraria saber mais.

***

— O que achou, Hazz?

— Esse lugar é incrível! Muito melhor que a Rua dos Alfeneiros — Harry disse enquanto entrava na casa mascando um chiclete. — Aquela loja de doces não é tão boa quanto as Dedos de Mel, mas chega bem perto. — Ele soprou uma bola com o chiclete, que logo estourou em sua boca.

— Como é que você faz isso?

— É fácil. Só praticar! — Ele fez a bola de chiclete novamente.

Therion tentou fazer igual, enquanto Padfoot entrava e se sacudia. A tentativa não deu certo e o chiclete voou da boca do garoto até os pelos do cachorro.

— Ops!

— Tínhamos que voltar tão cedo? — Canopus resmungou enquanto fechava a porta e trancava com um feitiço.

— Você tem tempo o bastante para ficar paquerando garotos trouxas, Canis. Já está quase anoitecendo e você tem um baita hematoma na testa.

Canopus bufou, levando a mão até o local onde foi acertado pela bola, que ainda estava dolorido. Sirius voltou a sua forma humana, alongando os braço em seguida.

O Black mais velho parecia muito bem após aquela tarde. Sair, mesmo que na forma de cão, o fez muito bem. Pôde sentir um pouquinho do gosto da liberdade, e o melhor, junto dos filhos e do afilhado. Estava bastante eufórico.

— Ainda dói muito, Canis?

— Nem tanto.

— Vou buscar algo para você.

— Não precisa — negou, bufando e seguindo para o sofá.

Sirius seguiu para a cozinha mesmo assim para buscar algo para ajudar o filho.

— Quem vai avisar a ele que está com chiclete no cabelo?

— Therry — Harry disse, pulando no sofá com sua sacola cheia de balas que comprou com Therion.

— Por que eu?

— Você que cuspiu o chiclete.

Ele suspirou, sentando-se ao lado de Harry no sofá. Sirius voltou logo depois, colocando uma bolsa de gelo na cabeça de Canopus.

— Ai! Está gelado!

— É gelo, vai ajudar — respondeu.

Canopus respirou fundo e segurou a bolsa de gelo contra a cabeça.

Um tempo depois, chamas verdes brilharam na lareira, e de lá Remus saiu limpando um pouco de pó de suas roupas e exibindo um grande sorriso ao encontrar todos na sala.

— Papai! — Therion levantou-se e correu até Lupin, abraçando-o com força. — Como foi lá?

— Muito bem. Estou oficialmente trabalhando na joalheria! — respondeu animado.

— Que bom, Remmy! — Sirius disse. — Eu disse que daria tudo certo.

— Como foi o dia de vocês?

— Ótimo — Canopus quem respondeu do sofá.

Remus arregalou os olhos ao ver o garoto no sofá com uma bolsa de gelo na cabeça. Correu até ele e sentou-se ao seu lado, visivelmente preocupado.

— Merlin, Canis! O que houve?!

— Só um garoto que jogou uma bola na minha cabeça.

— Um dia que eu passo fora e quando volto você já está assim!

— Menos, pai. Eu não estou morrendo — Canis tentou tranquilizá-lo.

— Está tudo bem, Remus. Foi só uma bola — Harry disse e riu baixo. Ele pegou um chocolate que havia comprado na loja de doces. — Olha, comprei isso na loja de doces que tem perto da praça! O senhor gosta muito de chocolate, não é?

Remus olhou para Harry e pegou o chocolate. O garoto parecia bem e bastante animado, o que era bom.

Ele analisou melhor todos. Apesar do pequeno acidente de Canis, todos pareciam muito bem. Não negava que, no fundo, esteve preocupado durante o dia sobre como eles estariam.

— Obrigado, Harry.

— Estou exausto. Gastei todas as minhas energias como cão hoje — Sirius comentou.

— Pode ir descansar, Sirius. Agora é a minha vez de cuidar dos nossos garotos — Remus disse, abraçando Canopus de lado. — Vou buscar uma poção para dor para Canis e preparar um belo jantar.

— As poções acabaram.

— Eu tinha 7 frascos sobrando ainda... — Lupin olhou confuso para Canis.

— Er...

— Eu sei a receita! Posso preparar, papai? Por favor, por favor! Prometo não envenenar o Canis! — Therion disse animado. — Nós temos todos os ingredientes.

Lupin pensou por alguns instantes.

— Tudo bem, mas eu vou ajudar.

— Posso ajudar também? — Harry pediu.

Remus concordou.

Therion e Harry correram para buscar o caldeirão. Lupin observou e suspirou, levantando-se e deixando Canopus deitado no sofá com cuidado, então indo até Sirius.

Black encarou-o atento.

— Me lembro de você ter dito nenhum arranhão.

— Foi um pequeno evento inesperado... Desculpa — Sirius respondeu, desviando o olhar.

— Mas eles parecem animados... Harry parece ainda melhor do que ontem. Você fez um bom trabalho — Remus falou, ganhando o olhar de Black de volta para si.

— Estou fazendo o que posso.

— Agora que comecei a trabalhar, você vai ter mais tempo sozinho com eles.

— Eu sei... Continuarei fazendo o meu melhor.

— Sei que você consegue.

— E eu sei que você vai conseguir ser ótimo em seu trabalho — Sirius disse.

Eles sorriram fraco um para o outro.

— Vamos seguindo um passo de cada vez — Remus falou baixo.

— Marotos sempre dão um jeito.

— Descanse. Você teve um dia cheio com eles.

— Tudo bem. Mas se precisar...

— Pode ir.

Sirius assentiu, então subindo para o quarto. Remus respirou fundo e viu Harry e Therion voltando com o caldeirão e um livro de receitas de poções.

Aquela talvez fosse a sua mais nova rotina. Trabalhar e voltar para casa onde encontraria Sirius e os três garotos a sua espera, exaustos depois de um dia aprontando muito.

Não parecia tão ruim.

Imprevistos poderiam acontecer, mas eles continuariam dando um jeito. Tudo ficaria bem.

Eles eram família e sempre estariam juntos, isso é o que importa.

————————————

Olá, meus amores!
Tudo bem?

Voltamos com mais um capítulo dessa bela família!
Remus conseguiu um trabalho decente, todo mundo bem e feliz. Foi um capítulo levinho também, espero que tenham gostado!

Em breve começam as emoções!

O que esperam para os próximos capítulos? Me contem!

Espero que tenham realmente gostado. Não esqueçam de comentar bastante!

Legacy finalmente chegou a 50K!!! 🥳🥳
Muito obrigada a todos, essa é uma marca que nunca pensei que chegaria.
Para comemorar, próxima att será dupla!
Pode ser que demore um pouco por ser dois capítulos, mas garanto que valerá a pena!

Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye!😚👋

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