XXVI. Until everything is fine
Os gêmeos se acostumaram tanto à presença do pai durante aquele ano letivo que estranharam não vê-lo mais em seus últimos dias na escola.
Graças a revelação de Snape sobre a licantropia de Lupin, logo isso se espalhou por toda Hogwarts, como o próprio Remus avisou. Vários alunos começaram a exibir seus preconceitos e exclamar horrorizados, percebendo que estavam à espreita de um lobisomem o ano inteiro.
Logo também se espalhou junto a isso a notícia de que os dias dos Black na enfermaria e as novas cicatrizes a vista em seus braços foram devido a um suposto ataque de Lupin na última lua cheia. Obviamente, a história foi completamente deturpada e ele saiu como o vilão que atacou seus pobres filhos adotivos inocentes e deixou um assassino escapar.
Os gêmeos já perderam a conta de quantas vezes responderam da forma mais seca possível que não eram lobisomens e nem se tornaram um, porque não foram mordidos.
Therion olhou feio para dois lufanos quando eles o encararam e começaram a cochichar enquanto passou com seu enorme prato de carne na hora do jantar — que ele pegara na cozinha com os elfos domésticos —, e um garfo e uma faca voaram da mesa no mesmo momento, quase os acertando.
Eram comuns rompantes involuntários de magia quando os gêmeos estavam estressados ou com raiva, e o efeito das garras de Lupin deixou esse lado deles um pouco mais aflorado. A cada grito de raiva ou um olhar, alguma coisa explodia ou voava.
Como o garfo de Crabbe voou direto para Theodore, que por pouco desviou, e o copo de Pansy simplesmente explodiu em sua mão e a deixou encharcada de suco de abóbora depois que Canis, irritadíssimo, mandou todos calarem a boca quando começaram a falar de seu pai. Durante essa ação, acabou calando a força alguns dos sonserinos. Uns seguravam a garganta e tentavam falar algo, não saindo nenhum som, e outros que sequer conseguiam abrir a boca.
Não era a primeira vez que, sem querer, usava feitiços silenciadores em pessoas que não paravam de falar sobre seus parentescos.
— O que você fez com o Flint?! — exclamou uma sonserina ao lado de um garoto que tentava falhamente falar alguma coisa.
— Caramba, Black! Eu quase fiquei cego com esse garfo! — reclamou Nott logo em seguida.
— Olha como você me deixou, mestiço idiota! — vociferou Pansy com uma expressão raivosa e enojada.
— Muito bem feito — disse Canopus.
— Você vai acabar matando alguém assim — resmungou Draco, limpando um pouco de suco de abóbora que espirrou em seu rosto.
— Como se eu desse a mínima pra isso. Todos vocês por mim podem ir pra casa do caralho e arder no inferno! — esbravejou. — Se eu ouvir alguém falar mais um "a" sobre meu pai ou lobisomens, essa pessoa irá se arrepender amargamente e clamar por misericórdia. Eu não tenho medo de usar uma maldição imperdoável em qualquer um de vocês.
— Você já provou que não, Black — Draco riu, voltando a se servir do seu jantar.
— Melhor ficar quieto se tem amor a sua vida, Malfoy.
— Vai lançar uma maldição imperdoável em mim, Estrelinha? — provocou, olhando-o em desafio com um sorriso de canto. Estavam sentados frente a frente na mesa da Sonserina.
Canopus pegou sua faca e cravou na madeira da mesa, bem entre os dedos de Malfoy, que olhou estático, enquanto seus amigos ao lado se assustavam. Ele se ergueu do assento, agarrou a gravata do loiro e puxou com certa força em sua direção, com o olhar faiscando de raiva fixos nos olhos claros de Draco.
— Quer me testar? — rosnou entredentes.
Malfoy mordeu o lábio inferior e desceu o olhar pelo rosto do Black. Fechou os olhos por alguns instantes e então sorriu provocativamente, abrindo os olhos novamente e voltando a manter o contato visual.
— Vai começar a rosnar como um cachorrinho, Canopus? — disse num tom baixo, para apenas ele ouvir. — Não pensei que isso se manifestaria até em seu estado normal.
— Se continuar a me irritar, eu vou fazer picadinho de você.
— Tenta. Você nem consegue andar direito.
Outros talheres sobre a mesa começaram a tremer. Canis puxou a gravata com ainda mais força, os nervos fervendo sob sua pele. Ele sequer se preocupou que, por um lado, Malfoy estava certo, e que os cortes em suas costas arderam pelo movimento brusco repentino que fez.
Draco manteve o olhar desafiador em seu rosto, enquanto o outro o olhava com fúria.
— Estar machucado não vai me impedir de socar a sua cara de novo.
— Deveria se preocupar mais com você mesmo do que em acabar comigo — retrucou Draco, ainda com os olhos fixos nos de Black e ignorando o aperto forte da gravata em seu pescoço. — E acho que seria bom aprender a controlar melhor a raiva, Estrelinha. Vai acabar se matando assim.
— Que tal você parar de testar minha paciência?
— Que tal você parar de surtar por tudo e me soltar?
— Canis! — Therion chamou o irmão. — Largue ele.
— Therry…
— Acabamos de sair de uma detenção. Vamos só comer, depois você pode destroçar o Malfoy como quiser, longe da vista dos professores.
— Não seja estraga prazeres, Therry! — exclamou Liah, que estava apenas observando a cena com seu copo de suco de abóbora na mão.
Canopus soltou a gravata do loiro, que ajeitou-se rapidamente no assento, ainda o olhando. Ele puxou sua faca de volta e logo pegou metade de toda a carne que o irmão trouxe, começando a comer ainda estressado e com raiva.
Pegou sua varinha e desfez os feitiços que fez algumas pessoas da mesa se calarem, voltando ao seu jantar. Alguns cochichos começaram, mas ele ignorou todos, apenas devorando tudo o mais rápido que podia. Por vezes notou o olhar de Malfoy para si, mas também tratou de ignorar — a maior parte do tempo, ao menos.
— Hermes já voltou? — Therion perguntou ao irmão com a boca cheia e um pouco de sangue da carne em seu queixo.
— Não. Nenhuma resposta da carta que mandamos. Papai deve estar em viagem ainda para algum lugar — respondeu Canis, bebendo um gole de seu suco de abóbora. — Limpa o queixo.
Therion rapidamente limpou com a manga do seu suéter de quadribol, que ainda servia bem em seu corpo. Merliah, sentada entre os dois, abraçou Canopus de lado e sorriu o mais gentil possível.
— Me dá um pedaço da carne?
— Não.
— Por favor — pediu, usando seu melhor olhar pidão.
— Sabe que essa carne está bem mal passada, não é?
— Sei, mas eu quero. É comida de todo jeito.
Ele revirou os olhos e riu, cortando um pedaço da carne.
— Eu pedi um pedaço, não uma migalha — reclamou ela, indignada.
— A comida é minha, Liah. É isso ou nada — retrucou Canopus, impaciente, erguendo o garfo.
— Chato — resmungou a garota e abriu a boca.
— Para de reclamar, bebezona. — Ele deu a carne na boca dela para ela comer. — Satisfeita?
— Não — respondeu após mastigar e engolir. — E bebezão é você. — Ela o deu um tapa fraco nas costas.
— AI! Ainda dói, porra!
— Quero mais. E Tio Remus vai adorar saber que ficou ainda mais boca suja depois que ele saiu daqui.
— Te odeio.
— Também te amo. Mais! — Ela voltou a abrir a boca.
— Mais?
Ela apenas balançou a cabeça, assentindo.
— Se me pedir mais ainda, eu frito você — cedeu, e a garota apenas ignorou a ameaça.
Essa era sua relação de amizade. Unidos, mas com línguas afiadas e algumas ameaças gentis.
Depois de Canis lhe dar mais um pedaço como antes, ela bagunçou seu cabelo como se acariciasse um cachorro, ouvindo-o reclamar em seguida. Ele, para revidar, puxou a faixa verde do cabelo dela e bagunçou os fios acastanhados.
— Ei! Eu demorei um tempão para arrumar! — resmungou. — Devolve minha faixa.
— Como se diz?
— Devolva agora ou eu mato você.
— Quanta voracidade, Elizabeth — Canopus provocou rindo, chamando-a pelo nome do meio.
— Tudo o que você merece, Alphard. Minha faixa, agora. E arrume o que você bagunçou.
Ele sorriu de lado e colocou a faixa de volta nos cabelos da garota e ajeitou os fios, enquanto ela se servia de mais suco de abóbora, olhando para os sonserinos que estavam à frente deles.
— Perdeu alguma coisa, oxigenado? — ela indagou arqueando a sobrancelha para Malfoy, que os encarava de cara fechada e bufava impaciente.
— Cala a boca, Stuart — retrucou grosseiramente.
— Você quem está encarando com essa cara feia. Sei que a vista é muito bonita, eu sou maravilhosa e o Canis aqui é gatíssimo, lindo pra caralho… Mas disfarça um pouco.
O loiro desviou o olhar com uma feição irritada, e Therion riu, apoiando-se com os braços sobre a mesa.
— O que está te incomodando, Draquinho? — perguntou risonho, inclinando levemente a cabeça.
— Nada — o outro respondeu seco.
Draco então levantou-se abruptamente e deixou a mesa apressadamente a passos duros. Alguns de seus amigos não demoraram a seguí-lo, e os gêmeos junto de Liah acompanharam com o olhar.
— Já vai tarde — disse Canis sarcástico, acenando.
— Agora podemos terminar nosso jantar em paz — falou Merliah, respirando fundo e voltando a comer.
— Podemos voltar à parte que você disse que eu sou "lindo pra caralho"?
— E eu disse alguma mentira? — perguntou retoricamente, olhando para os dois amigos. — Vocês são lindos mesmo. Eu já vi Sirius jovem no mural de quadribol da Grifinória, a genética de vocês dois é abençoada, meu bem!
— Herdamos o melhor lado da nossa terrível e miserável família biológica: a beleza — disse Therion com um sorriso de canto e indicando o próprio rosto com as mãos. — Algo bom tinha que vir dos Black.
— Somos os mais bonitos de toda a Casa Sonserina, meus caros. Obviamente, eu sou mais, mas…
— Abaixa o ego, formiguinha.
— Muito narcisismo e egocentrismo para pouca estatura.
Merliah puxou as orelhas dos dois.
— O que estão dizendo?
— Nada! — os dois responderam em uníssono.
— Acho bom. Me dá um pouco também, Therry? — Ela apontou para o prato do amigo, mudando rapidamente o tom de voz.
O jantar seguiu normalmente até a hora de todos dormirem.
No dia seguinte, também durante o jantar, quando um trio de grifinórios do quinto ano passou pelos Black, que estavam junto da amiga, fazendo comentários, Canis jogou uma azaração em dois deles, que fez morcegos saírem de seus narizes. O terceiro correu com medo para a mesa da Casa.
Entretanto, quando passaram por ela, ouviram mais uma coisa que não gostaram nada.
— Filhos de um assassino e criados por um lobisomem, não me surpreende que sejam assim e façam isso — disse um grifinório do sexto ano.
— O que disse? — Harry indagou, olhando na direção do dito colega de Casa.
— O que foi, Potter? Nem depois de tudo que aconteceu vai parar de defender eles?
— Não.
— Os filhotes de lobisomem poderiam muito bem ir embora junto do Lupin — disse outro do sétimo ao lado do que havia falado.
Aquela foi a gota d'água.
Enquanto Therion puxava o primeiro pela gola e jogava contra a mesa, Harry levantou-se e empurrou a cara do outro no prato de comida, ambos impulsionados pelo instinto e a raiva do momento.
— O meu pai me criou muito bem, seu idiota preconceituoso — vociferou Therion empurrando a ponta da varinha no pescoço do garoto. — Melhor do que os seus que não te ensinaram o básico sobre respeito!
— Ainda bem que pelo menos é o seu último ano e você vai embora daqui esse ano, imbecil — Potter disse furioso.
— Harry! — Hermione exclamou, surpresa pela atitude do amigo e como ele parecia tão furioso.
— Parece que está ficando igual a eles, Potter.
— Antes igual a eles do que a vocês.
— Se olhe no espelho antes de vir falar de nós — disse Canis.
— Não tem direito algum de falar de nós sendo esse ser mesquinho e idiota — Liah falou em seguida.
Canopus e Merliah puxaram suas varinhas e pressionaram azararam os dois grifinórios.
— BLACK, POTTER E STUART! — McGonagall repreendeu-os num tom alto e severo.
Os quatro pegaram detenção até o último dia de aula. Somente não receberam mais porque voltariam para casa, pois aquela não foi a última vez que perderam a cabeça por causa de comentários dos outros alunos.
A pior coisa que poderiam fazer era irritar dois sonserinos com um vasto conhecimento e habilidade em feitiços e azarações de saco cheio, propensos a perderem a cabeça e com a paciência quase extinta; uma sonserina bastante astuta que adaptava as melhores peças trouxas para a magia contra os alvos e um grifinório com um grande senso de justiça furioso com a hipocrisia alheia e cansado de todos tentando se meter em sua vida e agirem contra seus amigos.
Os quatro começaram a ser bastante falados pelos corredores de Hogwarts. Muitas azarações, feitiços e xingamentos rolaram soltos vindos deles.
Em um só dia, Harry jogou azarações em dois corvinos, três sonserinos e um lufano para defender os amigos. Therion prendeu dois setimanistas da Sonserina no galho de uma árvore no mesmo dia. No dia seguinte, Canis jogou o Monitor-chefe no Lago Negro com a Azaração do Tranco depois de ele tentar lhe dar mais uma detenção por azarar um grifinório.
Deve-se dizer que os irmãos do monitor ficaram bastante satisfeitos por isso.
Um dia, a detenção dos quatro foram separadas. Enquanto Liah e Harry tiveram que limpar a sala de transfiguração, Therion e Canopus passaram horas organizando e limpando livros na biblioteca.
— Nunca pensei que arrumar a biblioteca fosse tão cansativo — disse Therion depois que terminaram.
— Minhas costas estão me matando — Canis disse, gemendo de dor enquanto mancava para fora da biblioteca.
Os gêmeos seguiram juntos até o pátio, onde encontraram Harry e Merliah sentados às sombra de uma árvore, ambos desenhando. Potter estava bastante concentrado e não notou a chegada deles.
— Estão desenhando? — perguntou Therion ao se aproximar, e Harry pulou de susto ao ouvir sua voz de repente.
— Não, estou tocando violão — a garota respondeu irônica. — Acabaram a detenção?
— Não, Snape só deixou nós darmos um passeio e descansar — ele rebateu.
Liah revirou os olhos, enquanto os Black sentavam-se na grama em frente a eles.
— Acabamos cedo. Eu descobri que o nosso grifinório de estimação adora desenhar.
— Grifinório de estimação? — Harry indagou, indignado com a forma como foi chamado.
— Você é o único da Grifinória entre nós quatro, Potter.
— Mas não sou o bichinho de estimação de vocês!
— Você é nossa cota inclusiva — disse ela dando tapinhas fracos no topo da cabeça do garoto, que a empurrou com o ombro, fazendo-a rir e voltar-se para os amigos outra vez.
— Desde quando você desenha, Hazz? — Therion perguntou a ele.
— Sempre gostei, acho. Era a única coisa que eu podia fazer, já que nunca ganhava brinquedos para brincar — respondeu, dando de ombros. — Eu sempre fiquei com os velhos lápis de cor e giz de cera do Duda quando era pequeno, ajudava a passar o tempo debaixo da escada…
— A cada dia que passa, mais eu sinto vontade de lançar um cruciatus nos seus tios — disse Canis, bufando enquanto se apoiava nos cotovelos.
— O Conselho Tutelar bruxo precisa fazer uma visitinha aos seus tios — disse Liah.
— Não acho que adiantaria muito com meu tutor reserva sendo um bruxo foragido.
— Eu vou te dar um kit de desenho novinho em folha de aniversário para você esfregar na cara do seu primo — prometeu ela para Potter, e ele sorriu fraco.
— O que desenhou? — Therion perguntou curioso, inclinando-se para ver.
— Nada demais — Harry respondeu rapidamente, afastando-se.
— Posso ver?
— N-não é nada, nem está bonito — disse ele, apertando o desenho contra o peito para esconder ao que suas bochechas coravam de repente.
Black franziu o cenho.
— Não deve estar tão ruim.
— Mostra, Harry — pediu Canopus, começando a ficar curioso.
Potter engoliu em seco, afastando-se quando os gêmeos se aproximaram para tentar ver. Ele afastou um pouco o desenho do peito e olhou para o que havia feito, depois erguendo o olhar de volta para os Black.
Liah espiou sobre os ombros dele o desenho, e um sorriso divertido e sacana surgiu por entre seus lábios. Ela riu, e o garoto rapidamente voltou a esconder seu desenho, deixando os gêmeos irritados por ficarem curiosos e não poderem ver o que era.
— O que é, Liah? — Canis perguntou.
— Meio difícil saber, mas minha aposta é…
Harry tapou a boca dela com sua mão, direcionando-lhe um olhar severo.
— Se você falar, eu vou te lançar umas dez azarações!
A garota ergueu ambas as mãos em rendição, assentindo. Ela riu quando Potter a soltou e ergueu o dito desenho para si, levantando-se, fazendo-o arregalar os olhos.
— Me devolve!
— É fofo, Harry. Captou bem a essência, os traços são bonitinhos... Olha esses brilhinhos!
— Eu vou te matar, Stuart!
Harry levantou-se e correu atrás dela, os dois dando várias voltas em torno da árvore enquanto ela fugia, até que a garota acabou subindo na árvore. Ela começou a gargalhar, enquanto ele pulava para tentar alcançá-la quando se sentou em um galho forte o bastante para seu peso.
Os gêmeos começaram a rir e Potter continuou a pular freneticamente, tentando a todo custo alcançar o galho. Merliah apenas balançava as pernas tranquilamente enquanto ria e observava o desenho. Ela havia gostado do resultado, realmente.
— Desça já daí e me devolva!
— E se eu não descer? — provocou.
Harry pegou sua varinha e apontou na direção da garota.
— Uh! Vai me ameaçar agora, Potter? — Liah também pegou sua varinha. — Podemos brincar o dia todo.
— Expelliarmus!
A varinha voou da mão da garota até o chão, e ela abriu a boca indignada.
— Você não conhece nenhum outro feitiço, meu filho?
— Prefere um estuporante? Ou a Azaração do Tranco?
— Não sei, vamos ver… — ela fingiu pensar.
— Merliah!
A garota riu e pendurou-se no galho pelas pernas, ficando de cabeça para baixo com as mãos jogadas, os braços estendidos na direção do chão, enquanto segurava o desenho de Potter. Ela exibiu um sorriso divertido ao que observava a expressão irritada no rosto do grifinório.
Harry avançou em sua direção e pegou o papel com certa brutalidade, guardando-o no bolso rapidamente.
— Tudo isso para não mostrar, Harry? — provocou Liah, rindo alto.
— Odeio você.
— Eu sei que me adora, Potter — disse e deu uma piscadela. O rosto de Harry corou violentamente no mesmo instante, e ele desviou o olhar.
— Senta, Harry. Temos pouco tempo para aproveitar antes de voltarmos para casa — disse Canopus, e Potter o fez.
— Que tal uma ajudinha aqui, por favor?
Canis revirou os olhos e foi ajudar a amiga.
— Hazz — Therion chamou, e o outro rapidamente o encarou. — Amanhã é nosso último dia aqui. Topa uma última fuga a Hogsmeade?
— Hogsmeade?
— É. Nossa última visita não acabou muito bem…
Ambos sentiram calafrios na espinha ao lembrar-se dos dementadores na última visita a Hogsmeade. Após a fuga de Sirius e ordens de Dumbledore, os dementadores deixaram definitivamente as proximidades de Hogwarts, então os riscos de ataque não existiam mais.
Therion queria poder ter uma última lembrança boa do vilarejo e dos seus últimos dias na escola antes de ir embora.
— Eu topo. Canis também vai?
— Bem… Acho que sim...
— Estarei esperando com minha capa então.
***
O banquete de fim de ano letivo foi agitado como qualquer outro. Todos os alunos estavam devidamente uniformizados e o resultado da Taça das Casas estava prestes a ser revelado.
Tanto a Grifinória quanto a Sonserina perderam muitos pontos nas últimas semanas graças a Harry, os gêmeos e Liah, e nenhuma das duas casas estavam esperançosas quanto ao resultado.
— Grifinória, em primeiro lugar!
— Como é?! — os gêmeos exclamaram juntos.
— Que pontos que ainda sobraram para pegarem o primeiro lugar? — indagou Liah, surpresa. — Harry deve ter pedido uns 100 essa semana!
— Nós ficamos em último por causa de vocês! — um sonserino exclamou apontando para os gêmeos.
— Continue apontando esse dedo e vai perdê-lo em um segundo! — Therion rosnou irritado em resposta.
Começou uma grande discussão na mesa da Sonserina, enquanto a Grifinória comemorava a vitória pelo terceiro ano consecutivo. As mesas da Corvinal e da Lufa-Lufa permaneciam em paz, todos apenas aproveitando o banquete e a última noite na escola.
Horas mais tarde, todos voltaram para as salas comunais e os dormitórios. Therion e Canopus arrumaram seus malões junto dos colegas de quarto, preparando-se para retornar mais uma vez.
Nott, Zabini e Malfoy começaram a falar sobre a Copa Mundial de Quadribol que aconteceria nas férias, e os gêmeos não entraram muito no assunto. Eles queriam muito ir, mas não sabiam se poderiam.
Therion logo depois começou a se arrumar para sair, enquanto Canis permanecia na cama e seus colegas de quarto estavam na comunal.
— Não vem mesmo? — Therion perguntou ao irmão gêmeo.
— Vou guardar nossas aventuras para as férias, não estou em condições de sair por aí agora. Pode aproveitar uma noite a sós.
Therion corou.
— Me conta tudo depois. Tenha um ótimo encontro romântico. — Canis pegou um livro que estava lendo na mesa de cabeceira ao lado e abriu na página onde havia parado.
— Não é um encontro!
— Harry já deve estar esperando. Vá logo antes que ele desista.
Therion mostrou o dedo do meio para o irmão antes de deixar o quarto, e Canopus apenas riu e continuou a ler o seu livro.
Harry realmente já estava esperando, com sua capa da invisibilidade em mãos, próximo a entrada da comunal da Sonserina. Therion logo o encontrou e sorriu ao vê-lo.
Ambos haviam deixado os uniformes de lado. Potter estava com suas roupas sempre grandes demais para seu corpo, o moletom quase o engolindo e não deixando ver suas mãos, o que o fazia aparentar ser ainda mais baixo do que era. Black usava um velho e surrado cardigã azul do pai, que destacava mais a cor de seus olhos.
Os dois se encararam por alguns instantes, e Therion notou como Harry acabou se perdendo nos próprios pensamentos.
— Oi, Hazz — cumprimentou, enfim, e Potter piscou algumas vezes, voltando a si.
— Oi, Therry… Onde está Canis?
— Ele disse que vai ficar no quarto… Acho que só está muito cansado para andar até Hogsmeade.
— Ah… As feridas ainda devem incomodar — lembrou-se Harry, compreensivo. Logo tomou uma feição preocupada. — Você está bem? Ainda está com alguns curativos também. Podemos ficar só na Torre de Astronomia para você não se machucar mais e…
— Está tudo bem, Hazz — garantiu Therion. — Eu quero ir a Hogsmeade.
— Tem certeza?
— Tenho.
Black sorriu confiante, e Potter retribuiu o sorriso.
— Então, vamos? — Harry estendeu a mão para Therion.
Ele encarou a mão do amigo por alguns instantes, antes de segurá-la com a sua e ambos serem cobertos pela capa de invisibilidade. Saíram das masmorras e seguiram para fora do castelo por um caminho que conheceram graças ao Mapa do Maroto.
A capa os protegeu de serem pegos pelo zelador, Filch, na saída. Alguns alunos do sétimo ano também estavam indo a Hogsmeade naquela noite, então o zelador estava bastante atento para garantir que nenhum aluno menor de idade saísse.
Eles prosseguiram ao longo do caminho ainda de mãos dadas, cada um segurando um lado da capa. Conversavam baixo, apenas por precaução, até chegarem ao vilarejo bruxo. Therion guardou a capa em seu bolso, que possuía um feitiço de extensão, depois que chegaram.
Os dois passearam por Hogsmeade, apenas conversando de forma descontraída. Harry comprou doces para dividirem e cerveja amanteigada, e eles seguiram caminhando até os limites do vilarejo, onde Therion convenceu o outro a escalarem e subirem em rochas altas próximo ao início de uma montanha.
— Se eu cair e acordar amanhã na ala hospitalar, a culpa é sua.
— Onde está seu espírito aventureiro, Prongs? — riu Therion, continuando a subir até o topo de uma rocha e sentando-se na beira.
— Tem certeza de que você é sonserino, Lobinho?
Black revirou os olhos, voltando a rir. Potter sentou-se ao seu lado, próximo o bastante para seus ombros se tocarem e as mãos roçarem uma na outra.
Harry deixou a sacola de doces em seu colo e abriu as duas garrafas de cerveja amanteigada, entregando uma a Therion, que sorriu de leve para si e bebeu logo um gole. Ele viu os olhos acinzentados olhando para as cadeias de montanhas e fixar-se na mais próxima deles.
— Eu já escalei e acampei nas montanhas uma vez — comentou Black.
— Sério? — Harry perguntou, empolgado e surpreso. — Eu sempre quis acampar com os escoteiros quando era pequeno, mas meus tios nem me deixavam participar.
— O que são escoteiros? — Therion perguntou, genuinamente curioso.
— Não sei explicar… É meio que um grupo de crianças que saem para acampar, cuidam da natureza e às vezes arrecadam dinheiro para a caridade. Meu primo fez parte por um tempo, até se cansar. Sempre pareceu legal.
— Não parece ruim.
— Uma vez eu vesti o uniforme do Duda só para ver como era e acabei sujando sem querer… Levei uma baita bronca… — Harry desviou o olhar para as árvores no horizonte ao comentar, recordando-se daquele dia. Bronca era um verdadeiro eufemismo. — Eu tinha uns seis anos.
— Mas foi sem querer.
— Acho que já te falei o suficiente dos meus tios para você saber como eles são.
Sim, Harry já tinha falado. Therion nunca pensou que odiaria tanto algum trouxa quanto odiava a família não-bruxa de Potter.
E ele detestava ver Harry mal por pensar neles e por ter que voltar para casa. Queria poder fazer alguma coisa para ajudá-lo.
— Como foi quando você acampou? — Potter perguntou, desviando um pouco assunto de volta para Black. Não gostava de falar na sua pseudo-família.
Therion suspirou e tentou resgatar aquelas memórias. Um pequeno sorriso surgiu por entre seus lábios com a lembrança, e Harry voltou seus olhos para ele, ouvindo-o e admirando-o atentamente.
— Foi incrível — disse e bebeu mais um gole de cerveja amanteigada antes de olhar para Harry. — Eu e Canis tínhamos 7 anos. Foi uma pequena "viagem em família". — Fez aspas com os dedos.
— "Viagem"? — Potter também fez aspas com os dedos, confuso.
— Estávamos nos mudando. Papai tinha perdido o emprego há alguns dias e os vizinhos já estavam começando a comentar demais sobre as luas cheias — explicou e respirou fundo, olhando para o céu. — Ele resolveu se mudar para o norte daquela vez, perto das montanhas. É meio difícil achar uma hospedagem barata em pleno verão, então papai disse que iríamos acampar nas montanhas, e com o dinheiro que gastaríamos com um dia numa pousada compramos comida o suficiente para um adulto e duas crianças acamparem por três dias antes de ele nos deixar com nosso avô até conseguir um emprego.
— O que vocês fizeram?
— Papai tem uma barraca que os Marotos usaram quando resolveram acampar juntos nas férias depois de terminar o quinto ano. Seu pai quem comprou. Nós dormimos lá e durante o dia saíamos para brincar e explorar. Até achamos uma cachoeira com um lago e um riacho raso.
— Você não disse que não sabe nadar?
— Por isso mesmo entramos na parte rasa do riacho e a cachoeira foi única e exclusivamente para aproveitar a vista e fazer um piquenique.
Harry riu e pegou dois doces da sacola, entregando um para Black.
— Bem… Eu posso te ensinar a nadar algum dia.
— Mesmo? — Os olhos de Therion brilharam com a proposta.
Potter não pôde evitar sorrir ao ver o brilho no olhar do amigo e o sorriso que surgiu em seu rosto.
— Não sou profissional, só fiz algumas aulas de natação junto com o Duda há alguns anos, mas posso te ensinar.
— Então, aguardarei ansiosamente por essas aulas, Professor Potter.
Os dois riram de como a nomenclatura soou. Ambos beberam um longo gole de cerveja amanteigada e fixaram os olhos no céu iluminado pelas estrelas e a lua.
Enquanto Therion inconscientemente procurava constelações, Harry logo captou uma.
— A Canis Major, certo? — perguntou, apontando no céu.
— Muito bem, Hazz! — Black sorriu largo. — E aquela estrela ali, bem brilhante, é a...
— Sirius.
— É-é… É Sirius… — o garoto gaguejou, encarando a estrela por alguns instantes antes de abaixar a cabeça.
Fazia um tempo que não mencionavam Sirius e nem falavam nele. Therion tinha sonhos todas as noites com tudo o que ocorreu na Casa dos Gritos e quando se despediram dele na Torre Oeste, até de coisas que ele nem sabia se realmente aconteceram ou era imaginação sua. Canis continuava a ter pesadelos, e Therry sempre acordava com a sensação de tristeza e agonia do irmão gêmeo, que sempre se levantava de supetão e se encolhia na cama em meio aos sonhos.
Canopus tem feito muito sua maior especialidade quando não quer ter pesadelos e nem incomodar o irmão: enfiar a cara num livro e se distrair, lutando contra o sono. Therion apenas abraçava o travesseiro e se encolhia sentado na cama, ao lado da janela ou na sala comunal por um tempo; isso quando não ia para a cama do irmão e ficava abraçado a ele.
Os dois ainda estavam digerindo tudo, cada um ao seu tempo e maneira. O mais velho, como o outro já esperava, era o menos flexível para isso, mesmo aceitando que Sirius era realmente inocente. Era difícil para ele lidar com aquilo.
Também não era fácil para Therion, mas ele entendia melhor o quanto aquilo também afetou Sirius. Todos saíram machucados.
— Therry… Hey… — Harry chamou num tom baixo e preocupado.
Ele apertou a mão de Black fortemente, levando sua outra mão até o ombro do outro e tocando com delicadeza.
— Está tudo bem?
— Você vai acreditar se eu disser que está? — perguntou, sem erguer a cabeça.
— Depende bastante — disse Potter.
Therion riu fraco e sentiu os dedos de Harry tocando seus cabelos e colocando as mechas soltas para trás de sua orelha. Ergueu seu olhar até os olhos esverdeados, sorrindo leve.
— Me fala. O que houve?
— Nada, eu só… Pensei no Sirius — respondeu baixo e suspirou. — Tenho pensado bastante, na verdade, principalmente antes de dormir. São muitas coisas para digerir.
— Um dia você pensa que seu pai biológico é um assassino e no outro descobre que foi tudo uma armação. Não deve ser fácil, realmente — Harry falou.
— Exatamente — concordou. — Como você está lidando com isso?
— Sinceramente? Não faço a menor ideia. Só estou… Seguindo — respondeu. — Mas… Penso muito se ele está bem agora, em algum lugar seguro.
— Ele conseguiu fugir do Ministério e se esconder até agora desde que fugiu… Acho que ele consegue dar um jeito — disse esperançoso. — Mas eu também espero que ele fique mesmo bem e seguro, onde quer que esteja. Não será fácil daqui pra frente.
— Eu realmente pensei que ele poderia ficar livre e… Poderia ir com ele. — Harry sorriu triste.
— Ainda acho uma decisão precipitada, mas considerando seus tios, não vou mais julgar.
— Talvez um dia… Quando conseguirmos provar a inocência dele.
— Sim, um dia.
— Eu já imaginei como seria… Viver com meu padrinho, poder descobrir mais sobre o meus pais… Ter um verão tranquilo sem todo mundo me dizendo o quanto sou estranho e que não pertenço àquele lugar, àquela família...
Therion comprimiu os lábios, apertando a mão de Potter para transmitir conforto. O outro apertou de volta, e ambos entrelaçaram seus dedos juntos.
Eles se entreolharam, e Black podia sentir toda a angústia de Harry por precisar voltar para casa e não ser como imaginou que seria. Potter, definitivamente, não queria voltar; ele sabia disso. Isso o deixava tão agoniado e triste quanto.
Ele faria alguma coisa. Ah, ele faria. Não ia deixar Harry sofrer tanto naquele verão como aconteceu em todos os outros anos.
— Já imaginou como seria? — questionou Harry. — Morar com Sirius?
— Não — respondeu sincero. — E eu não consigo me imaginar em qualquer lugar sem o meu pai. Vai demorar para nos acostumarmos com Sirius por perto.
— Sei que vai… Foram doze anos.
— Eu tenho tido sonhos com ele — confessou. — Muito com a Casa dos Gritos, mas… Às vezes aparecem lembranças muito antigas… Eu acho que são lembranças, pelo menos.
— De antes que ele fosse preso?
— É… Canis tem muitos sonhos e pesadelos também, principalmente com o dia que ele foi embora. Isso o afeta mais do que ele gosta de falar.
— Lembro de ele falar sobre isso na Casa dos Gritos…
— Isso já tem um tempo… E ainda continua. Ele quase não dorme por isso.
— E você também não muito, eu percebi.
Therion mordeu o lábio inferior e encolheu os ombros.
— Nosso sono não foi dos melhores esse ano — disse.
— Foi um ano complicado.
— Foi… Para todos nós.
— Acha que o próximo será melhor?
— Temos que esperar para descobrir.
Ambos suspiraram e passaram a encarar o céu estrelado, as mãos ainda unidas e entrelaçadas. Harry, inconscientemente, deitou sua cabeça no ombro de Black, que sorriu de leve e sentiu as bochechas corarem. Therion apoiou sua cabeça sobre a do outro, e assim permaneceram.
A calmaria tomava conta ao redor, e eles apenas aproveitavam o tempo que tinham antes de retornar, curtindo a presença um do outro.
Era reconfortante para ambos estarem ali juntos, apenas observando as estrelas à noite. Pequenos momentos como aquele que solidificavam a ligação que construíam entre si sem perceber.
***
— Acorda logo, Estrelinha!
Canopus resmungou sonolento após acordar sentindo o corpo ser chacoalhado e ouvindo a voz de Malfoy. Abriu levemente os olhos, aguardando a visão borrada focar numa cabeleira platinada e um par de olhos azuis.
— Posso saber por que caralhos você está atrapalhando meu sono, Dragãozinho idiota? — indagou com a voz carregada de sono.
— Bom dia para você também. Um obrigado por te ajudar a não perder o trem seria bastante educado.
— Não espere gentileza depois de me tirar do meu sono precioso — resmungou.
— Ninguém mandou ficar acordado metade da noite com a cara enfurnada num livro, Black. Saímos em 20 minutos.
— VINTE MINUTOS?! — Canopus gritou, despertando completamente pelo susto.
Ele levantou-se num pulo, alvoroçado, trombando em Draco que estava em pé bem à sua frente enquanto se embolava e tropeçava nos lençóis, quase levando os dois ao chão se o outro não tivesse agido rápido.
Malfoy cambaleou e apoiou-se com uma mão no dossel da cama, enquanto seu outro braço rodeou Black para segurá-lo. Canis gemeu de dor, pois o loiro havia usado certa força para contê-lo e tocou suas feridas por baixo da blusa larga de pijama.
— Cuidado, Estrelinha — disse Draco. — Não vai querer outro acidente.
— Cala a boca, Dragãozinho — retrucou Black, também apoiando uma mão no dossel. — Me solte. Você quase abriu as feridas de novo.
Draco rapidamente soltou-o e se afastou, observando-o tocar as costas com uma expressão de dor. Não percebeu que havia machucado.
— Onde estão Zabini e Nott?
— Acabaram de descer. Você e sua cópia que estavam praticamente desmaiados e não levantaram cedo.
— THERION, ACORDA! — Canopus gritou, seguindo para a cama do irmão e puxando os lençóis da cama. — ACORDA LOGO! — Puxou também os travesseiros, acordando o gêmeo.
Therion xingou o irmão de nomes extremamente variados por acordá-lo de seu primeiro sonho bom em meses.
— O que foi, Canis? — o garoto resmungou sonolento.
— Temos 20 minutos para nos arrumarmos e ir pegar o trem.
— Melhor se apressarem ou partimos sem vocês.
— Vai cuidar da sua vida, Malfoy. Sai logo daqui antes que eu perca minha paciência, anda!
— Já não perdeu? — provocou.
— Ah, querido, você ainda não me viu com a paciência esgotada. Não vai querer estar aqui quando isso acontecer.
— Claro que não — retrucou ironicamente, com um sorriso ladino, virando-se para ir embora. — Até setembro!
— Se não quiser voltar para o próximo ano, eu agradeceria.
Malfoy apenas revirou os olhos e deixou o dormitório, e os irmãos Black usaram de toda sua agilidade para tomar um banho, arrumar as camas, trocar de roupa e pegar os malões para irem embora.
Eles saíram da comunal correndo até o grupo de alunos que seguia para a estação pegar o Expresso de Hogwarts de volta para casa. Encontraram Harry e Merliah juntos de Hermione, Rony e os gêmeos Weasley à espera deles.
— Olha quem resolveu aparecer! — disse Fred.
— Pensei que iriam ficar na escola — disse George.
— Por que demoraram tanto? — Harry perguntou.
— Dormimos demais. Demoramos para acordar — explicou Therion, ofegante pela corrida.
— Harry também estava dormindo feito uma pedra hoje de manhã! Foi difícil acordar ele — comentou Rony logo em seguida.
— Claro, ele e Therion ficaram até a madrugada de namorico em Hogsmeade — disse Canis.
— Como é?! — Liah e Hermione, que estavam conversando, miraram os garotos no mesmo instante.
— Canis! — Harry e Therion exclamaram em uníssono, ambos corados.
— Vamos indo logo antes que o trem parta sem nós. Quero voltar o mais rápido possível e ver o meu pai de novo — ele apressou a todos e marchou logo à frente.
Os outros o seguiram.
— Vocês dois… — Rony começou a falar, apontando entre Harry e Therion.
— Só fomos passear por Hogsmeade! — Harry explicou rapidamente.
— Apenas isso — confirmou Therion.
— Vocês estão mais vermelhos que um tomate — comentou Liah enquanto acariciava as orelhas de seu gato, que estava em seu colo.
— Não estamos, não! — exclamaram juntos.
— Estão sim — a garota insistiu, junto de Hermione.
— Aquela cheia de glitter cor de rosa é a Pansy? — Canopus perguntou rindo ao ver a garota tentando tirar todo o brilho rosa enquanto reclamava para Draco.
— Fiz um encantamento para ficar caindo glitter nela e na Daphne até saírem do dormitório depois que ficaram me irritando a manhã toda — Merliah disse, e todos os outros riram.
— Você fez isso? — questionou George com um sorriso divertido.
— Eu acabei de dizer que fiz, não ouviu? Pena que não vou poder usar magia para aprontar com meus primos no verão sem receber uma intimação do Ministério da Magia.
— Que feitiço usou e onde achou isso? — perguntou Fred.
— Não pergunte. Mas posso dizer que glitter gruda que é uma beleza. Você arranca a pele e os cabelos, que ainda terá algum resquício.
— E é por isso que você é nossa melhor amiga — Canis disse passando o braço pelos ombros da amiga.
— BELO VISUAL, PARKINSON! — disse Therion, rindo.
Pansy olhou furiosa na direção deles, proferindo xingamentos nada gentis para eles.
Eles chegaram à estação e adentraram rapidamente o trem, despedindo-se de Hagrid no caminho. Os Black adentraram um vagão ao fim do trem juntos com Liah, Harry, Rony e Hermione.
Potter sentou-se entre os gêmeos Black, e os outros três ficaram no assento logo à frente. Os seis começaram a conversar sobre as férias, e Rony e Canis entraram em dado momento numa longa discussão sobre a Copa Mundial de Quadribol que iria começar e sobre quem ganharia.
— Com certeza a Irlanda chega à final — disse Canopus.
— Tá brincando? Sem chances! A última vez que a Irlanda chegou PERTO de uma final foi antes da Segunda Guerra Trouxa!
— Aposto 2 galeões!
— Apostado!
— A Copa Mundial de Quadribol é na mesma época que a de futebol? Sério? — indagou Merliah, de sobrancelhas arqueadas, impressionada. — O maior evento esportivo bruxo junto de um dos maiores eventos trouxas? A Copa Mundial é o maior evento internacional que temos.
— Ah! Então a Copa trouxa que tem é disso aí? — Canis falou.
— E a Copa Mindial de Quadribol é o maior evento internacional que nós bruxos temos. Os trouxas estão ocupados demais com o próprio evento esportivo para descobrirem o nosso — justificou Rony. — Papai disse que é o melhor ano para se fazer a Copa.
— Estratégia política da Confederação Internacional dos Bruxos para manter o sigilo da magia e ainda podermos aproveitar o bom e velho quadribol — disse Therion.
— De todo jeito, normalmente todo o Ministério da Magia do país sede da Copa organiza toda uma super operação no dia para manter tudo seguro. Alguns bruxos de outros países ajudam nessa parte da organização, já que é um grande evento internacional. — Canis concluiu a explicação.
— Esse ano o Reino Unido vai sediar a Copa. A Final vai ser na Irlanda — disse Rony.
— E é exatamente por isso que a Irlanda vai chegar à Final. Eles não vão perder a chance de poder ganhar dentro de casa.
— Isso é baboseira! Já pode preparar os meus galeões.
O som alto de algo se chocando contra a janela interrompeu a conversa e assustou a todos. Então viram uma corujinha pequenina carregando duas cartas usando de toda sua força para voar e acompanhar o trem.
Canopus arregalou os olhos e abriu a janela rapidamente e pegou a coruja, com cuidado. Tirou as duas cartas e jogou sobre o colo de Harry, sem dar importância, olhando para a ave com preocupação e acariciando as penas cinzentas.
A coruja piou alto, e ele verificou se ela não havia se machucado. Viu que ela estava muito bem quando começou a voar pela cabine e piar alegremente, feliz por conseguir entregar as cartas. Ele pegou um pouco da comida que Harry levava para sua coruja, Edwiges, e deixou em sua mão, chamando a corujinha com um assovio.
Ela pousou no braço do garoto e começou a bicar a comida, enquanto Edwiges piava indignada por ter sua comida roubada.
— Own que coruja fofinha! — Liah exclamou.
— Ela é bem pequena — comentou Hermione, intrigada. — Não é um filhote, é? Não deveriam usar filhotes para entregar cartas!
— Não é um filhote — garantiu Canopus, sem tirar os olhos da ave. — Talvez mais jovem que a Edwiges, mas esse é o tamanho natural dela — Canis explicou e analisou a coruja. — Na verdade, dele. Acho que é macho.
— Como você sabe? — perguntou Rony.
— O padrão das penas. As fêmeas dessa espécie de coruja são um pouco diferentes.
— Canis já leu dois livros inteiros sobre corujas — comentou Therion. — Deve conhecer a maioria das espécies existentes.
— Quatro — corrigiu. — Um que o papai tinha e outros três que pedi de aniversário. Sei tudo o que é preciso saber sobre corujas.
— Por que diabos alguém iria querer virar quase sim especialista em corujas e ler tanto sobre elas? — Rony perguntou sem entender.
— Porque eu quero.
Ele olhava para a pequena coruja com um grande brilho e uma admiração no olhar. Sorriu doce enquanto acariciava as penas da ave, pensando no quanto sentia falta da sua própria, que ainda não retornou com uma resposta do pai para suas cartas.
A coruja voou e pousou em sua cabeça, fazendo-o rir enquanto erguia os olhos tentando vê-la.
— Essa aqui é para vocês — Harry disse erguendo uma das cartas.
Os gêmeos franziram o cenho, confusos, ao ver que estava endereçada aos dois: Therion e Canopus Black.
— E a outra? — perguntou Hermione, curiosa.
— É pra mim.
Harry abriu a própria carta, enquanto Canis se estica sobre ele para ver a que seu irmão havia pego, com os nomes deles.
— É do Sirius! — Potter disse com um grande sorriso.
— Ele mandou uma carta pra gente? Sério? — indagou Canopus com a sobrancelha arqueada.
Therion assentiu, permitindo que o irmão visse o conteúdo da carta.
Caros Canopus e Therion,
Estou bem e escondido em um local seguro por um tempo. Acho que conseguirei despistar o Ministério por um bom tempo em breve.
Sinto muito, de verdade, por não poder estar com vocês como eu gostaria, ainda. Tem muito o que eu queria poder dizer e também saber.
Foram longos doze anos longe e sempre pensei em vocês dois, a todo momento.
Entendo se ainda estiverem receosos e com medo, mas quero que saibam que nunca deixei de amá-los e de pensar no quanto queria estar com vocês. Não quero voltar a ficar longe e abandoná-los mais uma vez.
Manterei contato e, algum dia, darei um jeito de vê-los de novo.
Amo muito vocês, de verdade.
Ass.: Sirius
Os garotos observavam estáticos as letras um pouco garranchadas. Canopus não sabia o que pensar, sentia apenas um grande bolo em sua garganta, e ele logo endireitou-se no banco. Ele pegou a corujinha em sua cabeça, aninhando-a em seu braço, pensativo.
Therion permaneceu com a carta em mãos, sentindo um aperto no peito e mais uma vez pensou em como viu o quanto Sirius sentiu falta deles e realmente gostaria de ter se despedido antes de tudo.
A carta havia afetado bastante os dois, de maneiras distintas. O mais velho ainda tinha uma grande amargura em relação a Sirius, enquanto o outro gêmeo tentava entendê-lo.
Canis era realmente um sonserino rancoroso. Não cederia tão fácil.
— O-o… O que ele disse para você? — Therion perguntou a Harry, com a voz falha e gaguejando, contendo as lágrimas que queriam deixar seus olhos.
— Ele disse que estava escondido em um lugar seguro e vai manter contato — respondeu ele, sorrindo. — A coruja é pra você, Rony.
— Pra mim? — o ruivo arregalou os olhos.
— Você perdeu seu rato de estimação, então ele achou que uma coruja seria uma boa forma de se redimir.
Weasley sorriu animado e olhou para a pequena ave. Estendeu o braço e ela voou até ele.
— Eu tenho uma coruja! — exclamou feliz.
— Sirius disse que foi ele quem comprou as Firebolts para nós no Natal.
— Eu avisei! — Hermione falou rapidamente. — Eu falei que podia ter sido ele!
— É, você está sempre certa, Mione — disse Rony.
Os gêmeos encararam Potter, perplexos. Embora não tivessem certeza, eles preferiram acreditar que o avô havia comprado as suas. Realmente foi um presente que eles amaram e tentaram colocar na cabeça que Sirius não tinha nada a ver com aquilo, pois não queriam se desfazer das vassouras.
— Ele me pediu para dizer que pensou em comprar algo para o aniversário de vocês também, mas não sabia do que gostariam, e vai enviar presentes no próximo... Outro para mim também no meu! — O sorriso de Harry se alargou ainda mais.
— Diga em sua resposta que ele não precisa se incomodar com isso — Canis disse secamente, encarando a janela.
— Canis… — Therion tentou falar.
— Eu não quero nada dele, Therion!
— Tente ao menos entender, Canis!
— Entender o quê?! Ele não vai resolver tudo do dia pra noite e vamos virar uma família feliz como se ele não tivesse ficado longe por mais de uma década.
— Não vai! Mas ele...
Canopus virou-se de cara amarrada para a janela, sem deixar o irmão terminar. Não disse mais nada, apenas cruzou os braços e focou o olhar na paisagem do lado de fora. Therion suspirou, não insistindo na conversa.
— Ele disse mais alguma coisa? — Olhou para Harry.
— Ele… Assinou uma permissão para eu ir a Hogsmeade — Harry forçou um sorriso, conseguindo sentir a tensão entre os gêmeos.
Ele mostrou ao amigo a permissão que vinha junto a carta:
Eu, Sirius Black, padrinho de Harry Potter, autorizo sua ida às visitas a Hogsmeade.
— Acho que Dumbledore com certeza vai aceitar.
Therion mostrou um leve sorriso para Harry, sabendo que ele estava realmente feliz com aquilo e a carta que recebeu de Sirius.
— Agora não vai mais precisar fugir.
— É… Isso é demais!
Black suspirou, baixando o olhar para a carta mais uma vez e relendo tudo de novo. Ele acabou por guardar em seu bolso e jogar a cabeça para trás no assento, enquanto Harry olhava de um gêmeo para outro, sem saber o que fazer.
Potter lembrou-se da conversa com Therion na noite anterior, sobre como não estava sendo fácil para eles lidar com tudo. Isso era bastante perceptível agora.
Ele pegou um pergaminho e uma pena, e começou a escrever uma resposta para Sirius. Therion apenas o observou em silêncio, e deixou a cabeça cair sobre o ombro do garoto enquanto via o que escrevia. Harry não se importou com isso.
Potter abriu a gaiola de Edwiges ao terminar e libertou-a pela janela para que fosse entregar a carta.
O resto do caminho se seguiu em quase absoluto silêncio, tirando por vezes que Harry conversava com os outros amigos. Os gêmeos permaneceram calados a maior parte da viagem, imersos nos próprios pensamentos.
Horas mais tarde, o trem parou na Estação King's Cross. Todos deixaram a cabine com seus malões e saíram da locomotiva.
Harry e os gêmeos passaram pela parede que levava até a coluna entre as plataformas 9 e 10, sendo seguidos dos amigos. Os Black imediatamente procuraram por Remus, mas não o avistaram por perto.
Molly Weasley já estava a espera dos filhos, e Ginny foi a primeira a ir até a mãe e abraçá-la. Ela cumprimentou a Harry e os gêmeos Black gentil e carinhosamente, com um sorriso doce no rosto.
— Como está, Harry? — perguntou ela.
— Muito bem, Sra. Weasley. Obrigado — respondeu Potter, e voltou seu olhar para Therion e Canopus, que apenas olhavam ao redor à procura do pai, ansiosos.
— Rony, meu bem. E a sua perna? Por Merlin! Fiquei tão preocupada!
— Estou bem, mamãe! Nem estou mancando — ele respondeu, andando para mostrar que estava bem.
— Tio Remus ainda não chegou? — Liah perguntou aos gêmeos.
— Parece que não — respondeu Therion.
— Liah!
— Papai! — A garota pulou alegre e sorriu largo, correndo para abraçar o homem de cabelos castanhos vestido num terno cinza que se aproximou. — Pensei que estivesse trabalhando.
Enquanto Merliah falava com o pai, os gêmeos continuavam a procurar atentos por Remus. Eles avistaram um homem em roupas trouxas de aproximando, parecendo procurar algo.
Por um momento pensaram que fosse ele, mas a surpresa os atingiu ao perceber quem realmente era.
— Vovô?! — eles disseram surpresos com os olhos arregalados e logo abraçaram ao homem.
— Olá, meninos! — cumprimentou Lyall, alegremente, feliz em rever os netos. Retribuiu o abraço e depois analisou-os com cuidado. — Vocês cresceram.
— O que faz aqui? — perguntou Therion. — Cadê o papai?
— Vim buscar vocês. Remus me pediu para levá-los para casa.
— Ele não vem? — Canopus questionou num tom desanimado.
— Não… — respondeu, observando as expressões desapontadas nos rostos dos garotos.
Eles estavam ansiosos para ver Remus. Ele sempre estava lá, por que não foi dessa vez?
— Vamos ficar com o senhor, não é? — Canis perguntou, mesmo já sabendo a resposta.
Lyall assentiu, e eles suspiraram.
— Você deve ser o famoso Harry Potter.
— Sim — Harry confirmou com um sorriso torto. Ele ainda não gostava nem um pouco daquela fama.
— Você é mesmo muito parecido com James.
Potter ficou feliz com aquela frase, mesmo que já tivesse a ouvido milhares de vezes. O tio de Harry chegou para buscá-lo, e o garoto bufou desanimado, olhando com pesar para os gêmeos Black. Ele não queria voltar para casa.
Eles viram Valter Dursley ali, como sempre, com uma cara séria e apressando o sobrinho.
— Nós mandamos uma carta, Harry — Canis disse. — Melhor ir.
— Se precisar de alguma ajuda, é só mandar a Edwiges, que vamos voando até você — Therion disse e sorriu levemente.
— Mandem notícias do Remus depois — pediu Potter, e os gêmeos concordaram.
Harry se despediu dos amigos e seguiu até o tio.
— Hazz, espere! — chamou Therion.
Ele se aproximou de Harry e o abraçou. Potter surpreendeu-se com o ato, mas não reclamou e apenas retribuiu, apertando-o com força naquele abraço.
— Eu prometo que vou te tirar daquela casa nesse verão — Therion sussurrou em seu ouvido.
— Vai me sequestrar? — perguntou também sussurrando, rindo baixo.
— Talvez — disse e sorriu de canto, desfazendo-se do abraço e beijando a bochecha de Potter. — Até logo, Harry.
— Até logo! — despediu-se ele e então seguiu até o tio, que os encarava de cara amarrada com bastante desgosto.
Logo os Weasley também foram embora, e Hermione foi com seus pais. Merliah abraçou aos gêmeos para se despedir, beijando a bochecha de cada um.
— Tenham um ótimo verão.
— Você também — eles disseram em uníssono.
— Tchau, Sr. Lupin! — ela disse e foi embora com o pai em seguida.
Therion e Canopus suspiraram, olhando para o avô e forçando um leve sorriso.
— Papai está bem... Não está? — o gêmeo mais novo perguntou.
— Está — garantiu Lyall. — Ele me explicou algumas coisas que aconteceram. Me pediu para ficar com vocês até… Tudo se estabilizar.
Os garotos suspiraram mais uma vez, tristes. Estavam, sim, felizes por poder ficar perto do avô, mas tudo o que mais queriam agora era ver o pai de novo.
— Vocês estão bem? — perguntou a eles, preocupado. — Remus me contou sobre… A lua cheia. Sei muito bem como deve estar doendo ainda.
— Estamos bem, vovô — Canis disse e forçou um sorriso até bastante convincente.
— Eu conheço essa cara, Canis. Seu pai fazia a mesma quando se cuidava sozinho depois do lua cheia — disse Lyall e o garoto conteve um pequeno sorriso. Mesmo não sendo a melhor das comparações, gostava quando diziam que lembrava a Remus em algum ponto. — Madame Pomfrey deve ter recomendado muitas poções para dor, não é?
— Sim... — eles admitiram, juntos, encolhendo os ombros.
— Já comprei um bom estoque. Vamos para casa para cuidarmos disso e eu vou fazer um bom chocolate quente para vocês descansarem depois.
Lyall pegou os malões dos dois garotos e seguiu com eles até a saída da estação.
— Me contém como foi em Hogwarts esse ano.
— Foi um ano e tanto... — murmurou Therion.
Canopus ficou ao lado do irmão e seguiram juntos de braços dados junto do avô até uma localidade bruxa onde poderiam acessar a Rede de Flu até a casa dele.
Eles estavam realmente tristes por não ver o pai, mas esperavam poder vê-lo em breve. E, onde quer que Remus estivesse, eles esperavam que ficasse bem.
Mais um ano havia terminado. Agora, era a hora de seguir para um novo capítulo daquela jornada.
——————————
Olá, meus amores!
Tudo bem?
E acabamos oficialmente a fase Prisioneiro de Azkaban!! 🙌🙌
O que acharam?
Foi um ano bastante tenso e movimentado. Agora chegaremos a uma nova fase da vida de todos, que eu particularmente estava bastante ansiosa pois tenho muitas coisas para a parte Cálice de Fogo :)
Hoje teremos att dupla para comemorar os +4k de Legacy!
Gostaria de agradecer muito a todos vocês que lêem. Saibam que cada um de você tem um lugarzinho especial no meu coração 🥺🥺
Eu leio todos os comentários e amo ver vocês se entretendo com a história! Amo muito escrever Legacy e aprecio o apoio de todo mundo!
A noite irei postar mais um capítulo, focado inteiramente nos Wolfstar, não só como um presentinho para comemorar, mas também para explicar melhor toda a relação deles.
Ansiosos para o que vem a seguir?
Tenho diversos planos para o futuro rsrsrs 🤭🤭
Até a próxima!
Beijinhos,
bye bye 😘👋
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