Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

XXIII. Truth

Os sete jovens bruxos olhavam boquiabertos os dois homens abraçados, completamente em choque.

Therion e Canopus estavam tão confusos que não sabiam se continuavam a chorar, gritavam ou tentavam afastar Remus de Sirius antes que fosse apunhalado pelas costas. Não sabiam o que fazer.

Enquanto isso, Lupin tratava de apertar a Black naquele abraço depois de tantos anos longe. No fundo, ele queria chorar talvez tanto quanto os filhos, mas fez o seu melhor para conter a emoção - embora algumas lágrimas brigassem para sair de seus olhos.

Black o abraçava de volta com a mesma intensidade. Foi impossível um pequeno sorriso não surgir por entre os lábios de ambos, ao que eram imersos por um forte sentimento nostálgico de saudade.

Sirius sentiu falta daquele abraço.

Remus se afastou devagar, segurando o rosto de Sirius e tornando a encarar seus olhos fixamente. Realmente esperava que fosse tudo um grande mal entendido e que ele não estivesse tão feliz por reencontrar alguém que poderia matá-lo a qualquer instante. Passou longos dias decifrando a mensagem até conseguir entender.

Se Peter estava vivo e em Hogwarts, algo se errado havia na história que conhecia. Por que o amigo se esconderia por tantos anos sendo a vítima que Sirius quase matou? Não fazia sentido.

Não há razão para fugir, a menos que você tenha algo a esconder. E depois de muito pensar na mensagem, Remus supôs o que seria:

Peter Pettigrew era o fiel do segredo dos Potter, não Sirius.

- Não era eu, Moony - repetia Sirius para Lupin. - Sei que pensa que me escolheram, mas trocamos na hora, Peter parecia uma boa escolha e... E ele fez aquilo... Por Merlin! Acredite, eu...

- Hey, está tudo bem... - Remus exibiu um leve sorriso reconfortante, falando num tom calmo. - Eu sei... Acredito em você... - murmurou baixo.

Lupin viu o grande alívio presente no rosto de Sirius e o sorriso leve. O olhando naquele momento, teve mais certeza de que tudo havia sido um grande erro e que ele realmente... Era inocente.

- Onde ele está? - perguntou, apoiando ambas as mãos nos ombros de Black.

- Ele...

- PAPAI?! - os gêmeos exclamaram, tentando chamar a atenção de Lupin, os olhos arregalados e o espanto estampado em seus rostos. Seu tom se misturava entre confusão e alarme.

Remus e Sirius voltaram-se para eles ao mesmo tempo.

- Afaste-se do meu pai, seu verme sujo! - bradou Canopus, com os olhos vermelhos e o rosto encharcados pelas lágrimas. Ia se levantar, mas Remus ergueu a mão e lançou-lhe um olhar que ele conhecia muito bem. Ficou quieto onde estava.

- Acalme-se, Canis. Eu posso explicar...

- Não acredito! - Hermione e Merliah exclamaram juntas. Granger indignada e espantada, enquanto Stuart expressava a mesma surpresa que se estivesse assistindo a uma grande revelação em um episódio de uma novela.

- Por essa eu não esperava.

- O senhor... O senhor e ele... - Hermione gaguejou.

- Hermione, eu vou explicar...

- Nós confiamos no senhor! E esse tempo todo o senhor estava do lado dele!

- Não, não é isso - Lupin tentou explicar. - É uma longa história, mas é tudo um mal entendido.

- Eu entendi muito bem vocês dois se abraçando, viu? - disse Merliah, sentando-se na cama velha ao lado de Rony e cruzando as pernas.

- O senhor estava ajudando ele?! - perguntou Harry num tom exaltado, ainda abraçado a Therion.

- Não, Harry. Confie em mim, eu...

- NÃO! Não confie nele, Harry - disse Hermione. - Ele tem ajudado Black a entrar no castelo, ele... Ele é um lobisomem!

Um silêncio longo e desconfortável se instalou no cômodo. Harry, Rony e Draco arregalaram os olhos surpresos e horrorizados, enquanto os gêmeos olhavam para as garotas, desacreditados.

Para o espanto dos Black mais novos, sua melhor amiga não parecia surpresa com a revelação de Hermione.

- Você está errada em apenas uma coisa, Hermione. Eu não ajudei Sirius a entrar no castelo - disse Remus. Ele respirou fundo antes de prosseguir. -, mas... Realmente sou um lobisomem.

Rony se levantou outra vez e parou ao lado da amiga protetoramente, mas a dor pelo esforço o fez cair outra vez e gemer de dor. Lupin tentou se aproximar dele para ajudar, mas o garoto se arrastou para trás, com uma expressão de pavor no rosto.

- Fique longe de mim, lobisomem!

Remus paralisou no lugar, engolindo em seco. Aquela era a razão para querer que ninguém na escola soubesse de sua condição. A reação de medo e horror de Rony não seria a única.

- Não fale assim com ele, Rony! - Canopus disse irritado ao ver a reação do Weasley e como o pai ficou abalado por causa dela.

- Ele é um lobisomem!

- Vocês sabiam? - Harry perguntou fixando o olhar surpreso em Therion.

O Black mais novo encolheu os ombros, seus olhos ainda vermelhos e cheios de lágrimas. Ele assentiu com a cabeça, desviando o olhar para seu colo. Realmente queria ter contado a Potter antes sobre aquilo, mas seu irmão estava certo ao dizer que ele não podia sem que o pai deixasse.

A surpresa e o espanto aumentaram no rosto de Potter. Vários pensamentos rondaram por sua mente, mas o principal era: Por que não haviam contado a ele?

- Eu quis contar - Therion admitiu rapidamente, assustando Harry por uns instantes, pois estava se questionando exatamente aquilo. - Mas papai não queria que soubessem. Pela reação de Rony, acho que consegue entender.

- Therry...

- Acredite, por favor. Você não faz ideia de como é difícil tanto para ele quanto para nós.

- Bom... Isso explica muita coisa - murmurou Draco, mirando os olhos em Canopus.

- Melhor não começar a falar merda, Malfoy - Canis disse entredentes.

- Há quanto tempo sabe? - Lupin perguntou a Hermione.

- Desde a redação que o Prof. Snape pediu.

- Aquela foi uma aula bastante tendenciosa - comentou Liah. - E Canis e Therry defenderam lobisomens a aula inteira.

- Parece que ele atingiu seu objetivo - riu Remus. - Passou aquela redação na esperança de que alguém percebesse o que significavam os meus sintomas. Vocês perceberam que eu sempre ficava doente na lua cheia? Ou que o bicho-papão se transformava em lua quando me via?

- Os dois - respondeu Hermione.

- E quando eu estava fazendo a redação, Canis quase fez picadinho do loiro aguado quando ele disse sua agradável opinião preconceituosa sobre licantropia, e somando tudo o que ele disse a isso... Um mais um igual a: Titio Remus é um lobisomem - concluiu Liah, com um sorriso divertido. - Mamãe me ensinou a ser bastante observadora. Eu só esperei que eles mesmos resolvessem me contar.

- Vocês são realmente as bruxas mais inteligentes do terceiro ano que conheço.

- Obrigada, eu sei disso.

- Se eu fosse um pouco mais teria contado a todo mundo o que o senhor é - disse Hermione.

- O que não seria nem um pouco legal da sua parte, Mione.

- Todos os professores sabem. Dumbledore também sabe.

- Dumbledore o contratou mesmo sabendo que é um lobisomem?! - Malfoy questionou com uma expressão enojada e espantada. - Ele é louco!

- Eu não acredito que estou concordando com o Malfoy - murmurou Rony.

- Alguns professores também concordam - Lupin admitiu tristemente. - Foi difícil convencer que sou digno de confiança...

- E o senhor certamente não é! - berrou Harry. - Esteve ajudando ele esse tempo todo! - Ele apontou para Sirius.

Black afastou-se e escorou-se na parede, com as mãos trêmulas no rosto. Ele não tirava os olhos dos gêmeos, que permaneciam confusos e ainda com raiva dele.

- Vocês dois também estão envolvidos nisso, né? Caramba! Eu realmente acreditei em vocês... - Weasley dizia.

- Eles não ajudaram! - Harry e Draco retrucaram juntos.

- Como podem ter tanta certeza? Ora, são pais deles! Eles sabiam que ele era um lobisomem e nunca disseram nada.

- Porque todos reagiriam como vocês - lamentou Therion.

- Eu sei que eles nunca ajudariam ele - Harry disse num tom sério e convicto, enquanto sentia o aperto do Black ao lado em seu corpo e ele enterrar o rosto em seu ombro.

- Acredite no que quiser que esse lobisomem possa ter feito, mas Canopus quase jogou uma Maldição Cruciatus nele. Acha mesmo que ajudaria?

- Ora, ora! Parece que a água oxigenada não afetou seu cérebro tanto assim - murmurou Liah.

Canis olhou de Harry, que estava logo ao lado abraçado ao seu irmão, para Draco, que estava em pé a alguns passos atrás de si. Apesar de ainda sentir-se irritado pela forma que falaram do seu pai, ainda estava surpreso por Malfoy tê-lo defendido mais uma vez sobre as acusações de ajudar Sirius Black a entrar no castelo.

Ele e seu gêmeo sabiam também que o pai não havia ajudado, mas a situação estava confusa demais. Estavam quase enlouquecendo.

- Eu acreditei no senhor! - Harry voltou a falar, acusando Lupin. - Como pôde ajudá-lo sabendo tudo que ele fez e como Therry e Canis se sentiam sobre ele?! Therry ficou apavorado quando ele invadiu o castelo pela primeira vez e morria de medo que ele machucasse o senhor, quando na verdade...

- Eu nunca machucaria o Remus - Sirius disse de repente.

- Meio difícil de acreditar considerando o que você fez com seus outros amigos - bradou Canis e olhou para Lupin. Ele secou as lágrimas que ainda residiam em seus olhos, encarando seriamente Lupin. - Espero que tenha uma ótima explicação para estar protegendo ele, papai! E

- Ele não matou o Peter, nem traiu James e Lily.

- Claro que matou! Junto com outros doze trouxas naquela noite depois de entregar Tio James e Tia Lily para o Voldemort.

- Canis, me escuta...

- ELE MATOU TODOS ELES! - continuou a acusar, apontando para Sirius.

Black abaixou a cabeça, enquanto Lupin voltava a se aproximar do filho e se ajoelhar à sua frente. Remus segurou o rosto do garoto com calma, vendo seus olhos tão iguais aos de Sirius brilharem com frustração e raiva em meio às lágrimas, que insistiam em continuar a cair por mais que ele tentasse secá-las e segurá-las firmemente.

Therion estava encolhido com o rosto enterrado no ombro de Harry, também sem conseguir parar de chorar. Havia levado uma mão a sua cabeça, sentindo ela latejar e doer fortemente em meio a toda aquela confusão, todos os pensamentos correndo a mil por sua cabeça, as emoções e sentimentos misturados.

Doía tanto ver suas estrelas daquele jeito, tão abalados, acanhados e confusos. Ah, Merlin... Ele ia matar aquele rato!

- Me deixe explicar tudo, está bem? - falou com calma, secando o rosto e os olhos molhados do filho. - Foi tudo um grande mal entendido. Sirius é inocente.

- Ele te disse isso? O senhor não pode acreditar! Ele está mentindo!

Canopus agarrou as vestes do pai com desespero, tentando convencê-lo a não ceder e ser enganado por Sirius. Remus o acolheu em um abraço para acalmá-lo, fazendo um carinho em seus cabelos.

Sirius permaneceu apenas observando a cena de longe, vendo o gêmeo mais velho nos braços de Lupin e o outro junto do afilhado.

- Canis, por favor... Eu sei que está tudo confuso - sussurrou Remus, compreensivo, lutando para conter as próprias lágrimas por ver o filho daquela forma. Ele não conseguia vê-los sofrer sem sofrer junto deles. - Precisa ouvir. Também foi difícil entender, mas... Estávamos enganados.

- Mas papai...

- Vamos ouvir - Therion disse baixo.

Os olhares se voltaram para o garoto. Sua voz soara rouca e embargada, e seu rosto deixava claro o quanto esteve chorando nos últimos instantes, vermelho, molhado e levemente inchado.

Ele secou os restos de lágrimas em seu rosto, embora ainda houvesse algumas em seus olhos. Sabia que deveriam ao menos ouvir uma explicação. O pai não estaria defendendo Sirius à toa, tinha ciência de tudo o que ele passou por causa dele.

Alguma coisa lhe dizia que realmente havia algo errado e que precisavam entender.

Harry e os outros ainda estavam hesitantes quanto a isso. Potter olhou para Sirius. Não confiava nele.

- Ele não vai fazer nada - disse Therion, recebendo os olhos verdes de volta em si no mesmo segundo. - ... Eu acho.

- Como pode ter certeza?

Um sorriso mínimo surgiu no rosto de Sirius.

- Não tenho - o garoto respondeu, olhando de soslaio para o homem.

Remus pegou as varinhas de todos e devolveu a cada um, numa tentativa de demonstrar que podiam confiar nele.

- Você está bem? - Harry perguntou a Therion sussurrando.

- Eu estou tudo, menos bem, agora... - riu fraco, guardando sua varinha no bolso.

- Therry, vem aqui... - Lupin chamou, ajoelhado no chão ao lado de Canis, estendendo os braços.

Potter relutou em soltar o garoto de seus braços, mas ele lhe lançou um olhar sereno e apertou levemente sua mão, dizendo silenciosamente que ficaria bem. Então o Black mais novo se jogou nos braços do pai, que o acolheu de imediato.

Remus apertou o filho num abraço forte, com Canis logo ao lado, com um braço ao seu redor e a outra mão segurando sua varinha com firmeza.

Harry, Rony, Hermione e Draco também mantiveram as varinhas em mãos, com olhares desconfiados na direção de Remus e Sirius.

- Como sabia que ele estava aqui se não está ajudando? - Potter perguntou, olhando furiosamente para Sirius.

- Eu suspeitei que ele estivesse escondido aqui há algum tempo, mas não o encontrei.

- Eu estava caçando aquele maldito... - Sirius começou a falar.

- Eu falo agora, Sirius - disse Remus sério, e Black se calou imediatamente. - Bom... E eu vi hoje no Mapa do Maroto em minha sala.

- A casa fica em Hogsmeade. O vilarejo não aparece no mapa - Canis retrucou.

- Eu vi vocês entrando na passagem. Ela ainda fica nos terrenos de Hogwarts - contrapôs. - Imaginei que tentassem sair escondidos para ver Hagrid antes da execução do hipogrifo. Sabia que Canis certamente daria um jeito de ir. - Riu baixo, olhando para o gêmeo mais velho, que permanecia sério. - Então eu vi vocês saindo acompanhados de alguém e encontrando Draco, depois o nome de Sirius correndo até vocês e levando os três pela passagem.

- De que mapa estão falando? - Malfoy perguntou confuso.

- Não interessa agora, Malfoy. Cala a boquinha e deixa ele terminar de falar - disse Canopus. Draco cruzou os braços e bufou, sem dizer mais nada. - E Sirius só arrastou o Rony e eu fui atrás. Dois, não três.

- Três. Você, Rony... E Peter Pettigrew.

Os gêmeos arregalaram os olhos.

- Peter Pettigrew está morto! O mapa está quebrado - Harry disse.

- O mapa nunca mente! Pettigrew está vivo e está bem ali! - Sirius exclamou, saindo de onde estava e apontando na direção de Rony.

- E-eu? Meu nome é Rony, não Peter!

- Você não, o...

- O rato - completou Therion.

- Puta que pariu... O Perebas!

- Canis...

- Não é o momento para sermão por palavrões, papai.

- Rony, cadê o Perebas?

- Está aqui, mas... O que ele tem a ver com isso?

- Pega logo esse rato!

Rony, hesitante, pegou o rato no bolso. Perebas começou a se mexer inquieto em sua mão, tentando escapar outra vez a todo custo. O garoto o segurou pelo rabo longo para não deixá-lo fugir.

Remus soltou os filhos calmamente e se aproximou devagar do ruivo, analisando o rato. Ele já havia o visto vezes o suficiente para reconhecê-lo.

- Este é Peter Pettigrew.

- Não, esse é o meu rato, o Perebas.

- Peter Pettigrew era um animago - Therion disse, fungando e voltando a secar o rosto. - Ele se transformava em rato. Sirius supostamente o matou naquela noite, quando explodiu a rua, e tudo que restou foi...

- Um dedo - interrompeu Harry, pensativo. - Perebas não tem um dedo.

- Estão malucos? Meu rato não é um animago! Ele está na minha família há...

- 12 anos? - sugeriu Sirius, visivelmente alterado. - Uma vida longa para um ratinho comum, não acha? Eu tentei acabar com ele naquela noite, mas o maldito fugiu se transformando em rato e saiu livre... Mas hoje não!

Sirius avançou na direção de Rony na intenção de pegar o rato. O garoto se encolheu, enquanto Harry e Canis se levantavam com as varinhas a postos para proteger o ruivo.

- Sirius, não! - Lupin colocou-se na sua frente e segurou-o pelos braços, levando-o para longe dos meninos. - Vamos com calma. Eles precisam entender!

- Eles vão entender depois! - esbravejou Black, irritado. - EU ESPEREI DOZE ANOS... EM AZKABAN! POR CAUSA DESSE RATO EU PERDI TODA A VIDA DOS MEUS FILHOS!

- NÃO SOMOS SEUS FILHOS! - Canopus e Therion revidaram em uníssono.

Remus suspirou, observando a dor surgir nos olhos de Sirius. Seria uma longa jornada para resolver tudo e colocar as coisas no eixos, principalmente fazer os filhos perceberem que tudo que acreditavam sobre o pai biológico nos últimos anos estava errado.

Se ele realmente era inocente, não conseguia imaginar o sofrimento que deve ter sido todos aqueles anos em Azkaban. Pensar nisso doía muito em Lupin.

Se ele soubesse antes...

- Eles merecem saber e entender - disse calmamente, encarando os olhos de Black. - E também há muitas coisas que você precisa explicar.

Sirius encarou-o de volta, segurando em seus braços. Estava desesperado para acabar com tudo.

- Certo... Mas depressa. Depois, eu vou cometer o crime pelo qual fui preso.

- Olha só, Sirius, sei que tá meio ansioso, os aninhos na cadeia não deve fazer bem a ninguém - Merliah disse, ainda sentada na cama, com as pernas cruzadas e girando a varinha entre os dedos. - Doze anos longe, é difícil e tal... Mas se realmente é inocente, falando assim fica meio difícil acreditar. Acalma um pouquinho aí.

- Sua calma falando isso é impressionante, Stuart - disse Draco.

- Me desesperar não tornaria as coisas mais fáceis. - Ela deu de ombros. - Sempre devemos ouvir os dois lados da história antes de tirar conclusões. E se eles têm algo a contar...

- Por que ainda me surpreendo? - murmurou Rony.

- Gostei dela - comentou Sirius.

- Vamos explicar tudo com calma, desde o início - disse Remus, e Black suspirou. - Sirius, eu sei que está ansioso para acabar com isso, mas não podemos agir de cabeça quente. Vamos deixar que saibam.

Sirius assentiu, cruzando os braços.

Hesitantes, Harry e Canis abaixaram suas varinhas e voltaram a se sentar no chão, ao lado de Therion.

- Nós já suspeitávamos que Perebas era o Tio Peter - confessou Therry. - Bom... Eu e Canis..

- E não me disseram?! - Lupin indagou surpreso.

- Queríamos confirmar antes para não te dar falsas esperanças. Pensamos que talvez Peter tivesse sobrevivido e se escondido como rato - disse Canopus. - Mas aí o Bichento supostamente tinha devorado ele e deixamos para lá.

- Quem me dera ele tivesse feito isso - murmurou Sirius, olhando para o gato alaranjado que se colocava aos seus pés.

- Vocês deveriam ter me dito! - Remus continuou. - Estavam certos, e poderíamos ter resolvido isso antes. Eu não falei que podiam me contar qualquer coisa?!

- Vocês estão malucos! - exclamou Rony.

- Professor, Perebas não pode ser um animago - disse Hermione. - Nós estudamos sobre Animagia com a Profª McGonagall e eu vi o registro de animagos. Não havia nenhum Peter Pettigrew.

- Ele também não está no registro - Harry comentou, apontando para Sirius.

- Esse é o ponto, Harry. O Ministério não fazia ideia de que haviam três animagos ilegais em Hogwarts - pontuou Lupin.

- Não é tão difícil burlar o sistema e se tornar um animago sem ir para o registro - Canis disse despreocupadamente, rindo da situação. - Basta conhecer o processo e realizar sem que o Ministério tenha conhecimento. Foi o que os Marotos fizeram.

- Todos os Marotos? Até o meu pai?

- Sim, Hazz... - afirmou Therion, com um olhar culpado.

- E não me disseram.

- Desculpa...

- Therry, você precisa rever seu conceito de não esconder nada dos amigos - Potter disse num tom sério e levemente magoado. Não gostava que mentissem para ele.

Therion mordeu o lábio inferior nervosamente, olhando para Harry e percebendo o quanto ele estava chateado.

- Desculpa. Não podíamos contar.

- Por quê? Eu tinha o direito de saber que meu pai era um animago. Você me contou que Sirius era!

- E levei uma baita bronca por isso. Só contei porque confiava em você... Que não contaria a mais ninguém e entenderia melhor nossa situação.

- E não confiou para contar sobre o meu pai, por quê? - questionou num tom bravo.

- Porque isso revelaria o meu segredo - Remus quem respondeu, atraindo a atenção do garoto para si. - Seu pai, Sirius e Peter só se tornaram animagos por minha causa... Por eu ser um lobisomem. Eu quem comecei tudo.

Todos, exceto os gêmeos e Sirius, franziram o cenho com aquela afirmação.

- Como assim?

Remus respirou fundo, passando as mãos por seu rosto. Ele olhou para Sirius antes de voltar a encarar os alunos e começar a explicar toda a história.

Aquela parte da história Canis e Therion conheciam, e eles se abraçaram de lado enquanto ouviam o pai contar tudo mais uma vez.

- Eu tinha 4 anos quando fui mordido. Foi uma vingança de um lobisomem contra o meu pai - começou a falar. - Ele provavelmente me mataria, mas meu pai conseguiu impedir e expulsá-lo... Só que eu já havia sido infectado e contraído licantropia. Meus pais tentaram de tudo, todo tipo de tratamento...

- Mas não tem cura - completou Therion, num tom baixo.

- A poção que Snape tem preparado para mim é uma descoberta recente. A Poção Mata-Cão mantém minha consciência durante a transformação, contanto que eu a tome por uma semana antes da lua cheia. Com ela, eu me transformo num lobo inofensivo em minha sala, apenas esperando acabar - continuou. - Mas antes... Quando me transformava, me tornava um monstro sem controle algum. Meus pais não queriam que eu estudasse em Hogwarts, para não colocar outras pessoas em risco. Mas então... Dumbledore me ajudou.

Ele apontou ao redor, indicando toda a casa.

- Ele construiu essa casa e plantou o Salgueiro Lutador para proteger a entrada. Aqui eu poderia me transformar durante as luas cheias e não colocar ninguém em risco. Fez tudo isso para que eu pudesse estudar e... Ter uma vida como qualquer jovem bruxo.

- Aquele velho é realmente biruta.

- Draco, shh! - ordenou Canopus, levando o indicador aos lábios e olhando ameaçadoramente para o loiro. - Mais uma palavra e eu te mando de volta para o Salgueiro Lutador para ele te estraçalhar igual a antiga vassoura do Harry. Hoje minha paciência está por aqui! - Ele elevou a mão até o topo da cabeça, enquanto via Malfoy revirar os olhos. - Continua, pai.

- Okay... - Remus olhou de canto para Sirius antes de prosseguir. - Os gritos e uivos que os moradores ouviam, de onde surgiram todos os boatos sobre a casa ser assombrada... Era eu nas noites de lua cheia. Ficava preso aqui e isso deixava meu eu transformado bastante... Agoniado. Resumidamente, eu acabei ficando amigo de Peter, James e Sirius depois de um tempo do início das aulas. Eles acabaram descobrindo no segundo ano que eu era um lobisomem ao perceberem todos os sintomas e que sempre ficava doente nas luas cheias.

- Você sempre dava as piores desculpas possíveis - Sirius comentou.

- Eu tinha 12 anos, não sabia mais o que inventar - retrucou. - Enfim... Sirius acabou tendo a ideia de todos se transformarem em animagos para me fazer companhia durante as luas cheias.

- Mas o senhor não os atacaria? - Harry perguntou confuso.

- Lobisomens não atacam animais, a menos que precisem, para se defender. Exatamente como um humano e um lobo comum - respondeu Canopus, não deixando de olhar para Draco, que entendeu rapidamente ao que ele se referia. - Não demonstre ameaça, e ele te deixa em paz. Não é, Malfoy?

- Por Merlin, Canopus! Será que você nunca...

- Não. Agora volte a ficar de boca fechada. Foi uma pergunta retórica.

Draco bufou e acabou se sentando na cama, enquanto Sirius e Therion continham uma risada.

- Demorou três anos para conseguirem. O processo da animagia é bastante complexo e por um mínimo detalhe pode dar terrivelmente errado - explicou Lupin e focou o olhar nos filhos. - Por essa razão espero que tenham realmente abandonado aquela ideia maluca de tentarem fazer isso.

- Onde está sua confiança em nós, pai? - indagou Canis, fingindo indignação.

- Eu conheço vocês. Espero que cumpram a promessa que fizeram e nem pensem em tentar virar animagos.

- Não se preocupe. Pode prosseguir, papai - Therion disse, forçando um sorriso.

Sirius olhou-os desconfiado. Conhecia bem aquela expressão no rosto deles.

A cara de quem estava tentando enrolar para encobrir suas travessuras.

- Quando eles conseguiram concluir o processo, nós começamos a sair durante as luas cheias e explorar todo o terreno e o vilarejo de Hogsmeade. Conhecemos tudo como a palma da nossa mão - Remus conteve um sorriso nostálgico. - Sozinho, preso, sem pode sair ou um alvo, eu acaba machucando a mim mesmo. Me arranhava e mordia... Por isso as cicatrizes. Mas quando começamos a sair todos juntos, isso me fez bem... Conseguia ter um pouco da minha consciência, mesmo que não fosse muito... Ajudou bastante. E eu sempre os agradecerei por isso.

Lupin olhou para Black e sorriu fraco. Sirius sorriu de volta para Remus, sentindo-se nostálgico. Foram bons tempos quando estavam em Hogwarts.

- Eu pensei muitas vezes se contava a Dumbledore que Sirius era um animago, mas não tive coragem. Isso seria dizer que nós traímos sua confiança... Cometemos um crime e eu coloquei várias pessoas em risco saindo por aí nas luas cheias. Ele me ajudou muito e ... Não queria decepcioná-lo - confessou. - Snape sabe desde a época em que estudávamos juntos sobre mim e se opôs bastante a minha contratação para o cargo de professor.

- Ainda não entendi o que diabos o Ranhoso tem a ver com essa história.

- Ele é professor em Hogwarts agora.

- Aquele panaca virou professor? Sério?

- Sim. Ele foi contra minha nomeação ao cargo porque pensava que eu não era digno de confiança e estaria te ajudando.

- E vejo que eu estava certo - disse Snape, assustando a todos.

Todos voltaram-se para a porta, por onde agora Snape entrava apontando sua varinha para Sirius e Remus. Ele possuía uma grande satisfação expressa em seu rosto, aparentemente bastante feliz de flagrá-los ali.

Canis e Therion apontaram as varinhas para o professor, prontos para revidar caso ele ferisse Lupin, pois sua varinha estava com Sirius e ele se encontrava desarmado.

- Olha só o que temos aqui - dizia Snape. - Eu estava passando por sua sala, Lupin... Você tem esquecido de tomar sua poção. Encontrei um artefato muito interessante - ele ergueu o Mapa do Maroto. - E aqui encontro uma pequena reunião familiar... Que bonito.

- Severus, deixe-me explicar...

- Eu sabia que estava mancomunado com Black, mas Dumbledore não quis me escutar. Ele vai adorar saber que você e seus pirralhos estão o ajudando.

- Mas nós não estamos ajudando... - Therion tentou intervir, mas foi interrompido.

- Não tente me enrolar, garoto! - bradou o professor. - Não se pode esperar muito de vocês. São iguais ao seu pai. - Apontou a varinha para Black.

- Está apontando para a pessoa errada, porque meu pai é ele - Canis retrucou indicando a Remus.

- Não tenho tempo para suas discussões familiares. Enfim posso provar que estava certo em não permitir que vocês três permanecessem nessa escola com Black a solta.

- Bravo, Snape! Muito esperto, você - disse Sirius num tom sarcástico. - Como sempre, chegando à conclusão errada!

- Sirius... - Remus tentou falar.

- Você sabe muito bem como ele é, Remus!

- Eu cuido disso, okay?

- Eu sei muito bem o que está fazendo, Black. Será um prazer entregá-lo aos dementadores...

- Ah, vai brincar com suas poções, Ranhoso!

- Sirius, cale a boca, pelo amor de Merlin e me deixe resolver isso antes que piore tudo!

- Cala você, Remus! Esse tolo... - Sirius berrou de volta, levado pela irritação do momento.

- Olha só para vocês... Brigando como um casal de velhos - riu Snape.

- Professor, seria melhor deixá-los explicar e... - Hermione começou a falar.

- Cale-se, menina tola! Eles não têm nada que explicar. Serão mais dois para Azkaban essa noite.

- Não seja tolo, Severus! Não vai nem se dar ao trabalho de ouvir e mandar inocentes para Azkaban por um ressentimento da época de escola?! - bradou Remus.

Com um movimento rápido da varinha de Snape, Lupin caiu de joelho no chão com as mãos presas a suas costas e não conseguia falar. Ele começou a se debater inutilmente.

- Seu idiota! Flipe...

Canopus se levantou bruscamente, pronto para atacar o professor, mas uma mão segurou seu pulso esquerdo e outra tampou sua boca antes que terminasse de dizer o feitiço. Therion também havia se levantado e foi impedido de avançar por Harry, que colocou-se a sua frente e segurou-o antes que fizesse algo. Sirius preparou-se para atacar no mesmo instante, furioso, mas parou quando teve a varinha de Snape em seu pescoço.

Draco prendeu o braço na cintura de Canis, trazendo junto seu pulso, impedindo o garoto de avançar e usar a varinha, ainda tapando sua boca. Black tentava se soltar, impaciente.

- Ficou maluco?! Vai mesmo atacar um professor?! - Canis mordeu sua mão. - AI! Filho da p...

- Vou se ele atacar o meu pai. Me solte!

- Que bonito a família defendendo o lobisomem de estimação - caçoou Snape. Ele olhou raivoso para Sirius, empurrando a ponta de varinha contra ele. - Basta me dar um motivo, e eu acabo com você, Black.

- Snape, por favor... Pode ter havido um grande engano. Meu pai não fez nada, e Sirius...

- CALADO! Pode guardar suas desculpas para Dumbledore.

Therion bufou irritado. Odiava ser interrompido. A única coisa que o impedia de avançar era Harry segurando-o.

- Você tem que ouvir, Snape! Aquele rato...

- Eu não tenho que ouvir nada de você, Black!

- Mas é um velho imbecil amargurado mesmo, hein? - resmungou Canis.

- Melhor ficar calado e não piorar as coisas para o seu lado, Estrelinha.

- Fica quieto, Dragãozinho chato! E já pode me soltar!

- Para você fazer alguma besteira? - retrucou e olhou para o professor. - Olha, Professor, estou realmente confuso com essa história, mas acho que...

- Draco, depois conversamos. Agora é melhor irmos todos. - Com um estalar de dedos, Remus estava erguido do chão, ainda preso. Os olhos dos Black faiscaram de ódio. - Eu levarei o lobisomem. Será uma ótima companhia para você em Azkaban, Black.

Quando Snape voltou-se para a porta, Therion e Harry colocaram-se em frente a ela, impedindo a passagem.

- Saiam da frente! Vocês já estão bastante encrencados - ralhor Snape. - Se eu não estivesse aqui, você já estaria morto, Potter. Deveria escolher melhor seus amigos e evitar fazer amizades com os filhos da pessoa que quer te matar.

- Sou amigo de quem EU quiser! - vociferou Potter, alto e irritado. Ele ouviu aquela frase o ano inteiro e estava a um passo de surtar tanto quanto Canis minutos antes. - Eu confio em Therion e Canopus, e sei bem que nunca ajudariam Sirius. E o Prof. Lupin teve inúmeras oportunidades para me matar ao longo do ano. Acho que se estivesse realmente ajudando Black, eu já nem estaria mais aqui.

- Saiam da frente de uma vez!

- PARA E PENSA POR CINCO MINUTOS, POR FAVOR?! - berrou Therion. - VAI CONDENAR DUAS PESSOAS QUE PODEM MUITO BEM SER INOCENTES, SEM NEM SE DAR AO TRABALHO DE OUVIR, POR UMA SIMPLES VINGANÇA DE CRIANÇA? JÁ FAZEM QUASE 20 ANOS!

- NÃO FALE DO QUE NÃO ENTENDE!

- O MEU PAI NÃO TEM CULPA SE O SIRIUS RESOLVEU AGIR COMO UM IDIOTA E TRAIU A CONFIANÇA DELE AO DIZER PARA VOCÊ COMO ENTRAR AQUI EM PLENA LUA CHEIA!

- Você só quer ferrar ele por causa de algo que a culpa foi única e exclusivamente do Sirius - bradou Canis. - O ano inteiro tentando fazer desconfiarem dele por algo que aconteceu há quase 20 anos e nem é culpa dele. Isso é patético!

- Se realmente acreditam nisso, são mais tolos do que pensei. Saiam e vamos embora, para esses dois terem o que merecem!

- ELES NÃO MERECEM ISSO! - Therion gritou.

- Não vamos sair daqui. Afaste-se e solte Lupin.

- SILÊNCIO! NÃO ADMITO QUE FALEM ASSIM COMIGO! - gritou Snape. - Tal pai, tal filho, Potter! Acabei de salvar seu pescoço. Você devia me agradecer de joelhos! Teria sido bem feito se Black o tivesse matado! Você teria morrido como seu pai, arrogante demais para
acreditar que poderia ter se enganado com um amigo... Agora saia ou eu vou fazer você sair. SAIAM DA FRENTE!

Therion e Harry, então, levados pela raiva e o instinto, agiram sem pensar.

- EXPELLIARMUS!

- ESTUPEFAÇA!

Snape voou até a parede oposta e sua varinha para o chão. O homem caiu desacordado, com um filete de sangue escorrendo de sua cabeça. Fora nocauteado em segundos pelos dois garotos com a mistura de feitiços.

Todos arregalaram os olhos em choque. Draco enfim soltou Canopus e correu em direção ao professor, com um olhar apavorado. Foi notável seu suspiro de alívio ao verificar e ver que ainda estava vivo, apenas inconsciente.

- O QUE VOCÊS FIZERAM?!

- Ele pediu por isso! - retrucou Canis.

- Não deveriam ter feito isso - disse Sirius, preocupado e assustado. - Deveriam ter deixado comigo...

No fundo, Black estava, na verdade, bastante orgulhoso de ver o filho e o afilhado atacando a Snape, mas não diria isso naquele momento.

- Você não parecia que faria muita coisa - bufou Canopus, indo até Remus.

Ele desfez o feitiço que o prendia e permitiu que voltasse a falar. Lupin permaneceu caído de joelhos no chão, respirando ofegante.

- Moony, você está bem? - Sirius abaixou-se ao seu lado, com um ar preocupado, segurando o rosto de Remus com cuidado.

- Estou - respondeu, encarando o Black e sorrindo fraco.

- É bom deixar suas patas sujas bem longe do meu pai - Canis levou a ponta de sua varinha até o pescoço de Sirius, empurrando-o para longe de Remus. - Ainda não confio em você.

- Canopus, por favor... - Sirius ergueu as mãos em sinal de rendição, tentando demonstrar não ser algum tipo de ameaça.

Remus olhou para o filho, percebendo em seu olhar como ainda guardava uma grande raiva e mágoa dentro de si. O garoto olhava com fúria para Sirius, o rosto fechado e maxilar trincado. Poucas vezes o viu daquela maneira.

Olhou brevemente para Sirius, que encarava o garoto com imensa dor e tristeza. Era nítido o quanto ainda se importava com os meninos e com o que pensavam.

- Canis, por favor... - disse com calma, segurando com leveza o pulso do filho.

Canopus encarou Remus, a expressão dura em seu rosto falhando minimamente. Lupin abaixou sua mão que segurava a varinha calmamente, também segurando seu rosto carinhosamente.

- Está tudo bem - garantiu firmemente, ainda num tom de voz leve e calmo. - Não precisa se preocupar.

Era difícil para ele não se preocupar com o pai. É o que tem feito a vida inteira.

Ele suspirou, abaixando a guarda, mas ainda segurando sua varinha com firmeza. Therion se aproximou e ficou ao lado do irmão gêmeo, abraçando seus ombros.

Remus respirou fundo e olhou na direção de Snape caído.

- Ele tem razão. Não deveriam ter feito isso, mas... Obrigado.

- Poderiam tê-lo matado! - exclamou Draco, ainda ao lado do professor.

- Não faria a menor falta - Merliah e Rony resmungaram juntos num tom baixo.

- Vamos nos meter em uma grande encrenca. Vocês atacaram um professor! - disse Hermione, desesperada.

- Até você queria fazer isso com ele, Hermione.

- E não se esqueça de que você colocou fogo na capa dele no primeiro ano durante o jogo de quadribol - lembrou Liah.

- Eu pensei que ele estivesse azarando o Harry!

- Vamos acabar logo com isso antes que ele acorde - Therion disse a todos num tom sério. Ele apontou sua varinha na direção de Sirius. - Termine de explicar tudo. Rápido.

Sirius respirou fundo, pensando em como continuar. Não estava fácil colocar as ideias no lugar.

- Comece com como descobriu que Peter estava aqui e fugiu de Azkaban - sugeriu.

- Parece que você tem mesmo o dom da família - murmurou Sirius, contendo um sorriso, enquanto Therion fazia o cenho. - Certo... Eu vi uma foto do garoto com o rato numa notícia do Profeta Diário.

Ele tirou do bolso um pedaço de jornal com a fotografia da família Weasley. Harry agarrou a foto de suas mãos, observando ali toda a família, junto do rato no ombro de Rony. Ali estavam Arthur e Molly com seus 7 filhos, todos muito felizes e sorridentes com pirâmides atrás deles.

- A notícia do prêmio que o Sr. Weasley ganhou e usou para fazer uma viagem em família para visitar o Egito - lembrou-se Harry.

- Eu vi quando saiu. Foi pouco tempo antes de vermos a notícia da fuga - disse Therion, olhando para a foto depois que Harry se abaixou ao seu lado.

- Está me dizendo que ele fugiu só porque viu uma foto do Perebas num jornal?! - indagou Rony desacreditado. - Okay, mesmo que esse tal Peter Pettigrew realmente se transforme em rato, existem milhões de ratos pelo mundo!

- Como você conseguiu isso? - Remus perguntou surpreso.

- Fudge foi fazer uma inspeção em Azkaban. Ele passou pela minha cela e... Eu pedi para ficar com o jornal - explicou. - Então eu vi a foto, logo na primeira página. Vimos ele se transformar centenas de vezes, Moony... Como não iria reconhecê-lo? Além, é claro, do dedo faltando... O desgraçado arrancou o próprio dedo para me incriminar!

- Não vou negar que foi genial da parte dele.

- Naquela noite, quando Lilian e James morreram...

- E você abandonou dois bebês sozinhos dentro de casa - completou Canis rispidamente.

- Não ficaram sozinhos! Remus tinha acabado de chegar...

- Mas se não tivesse chegado, você sairia mesmo assim, não sairia? - questionou seriamente. - Porque eu me lembro... Graças aos dementadores atrás de você que nos atormentaram... Toda noite eu sonho e lembro muito bem de você andando de um lado para o outro falando sozinho como um louco, pegando sua varinha e as chaves, pronto para sair... Aí meu pai chegou e você foi embora sem explicar nada mesmo que eu e Therry estivéssemos chorando dentro de casa!

Remus encarou o filho surpreso. Ele não havia lhe contado sobre aqueles sonhos.

- E-eu... Não queria abandonar vocês. N-não estava pensando direito, sentia que algo de errado havia acontecido e precisava verificar - Sirius se justificou rapidamente, num tom quase desesperado. - Então fui embora e vi o que tinha acontecido, o que Peter tinha feito... O encurralei naquela rua e exigi satisfações. Como ele poderia ter traído James e Lilian daquela maneira? Mas... Ele estava com a varinha escondida e usou para explodir aquela rua e arrancar o próprio dedo, fazendo todos pensarem que estava morto.

- Mas VOCÊ era o fiel do segredo! Você mesmo disse que matou os meus pais! - rebateu Harry.

- A culpa foi minha, de todo jeito. É quase como se eu realmente tivesse os matado... Foi minha ideia tornar Peter o Fiel no meu lugar.

- Era isso que você queria dizer naquela mensagem, não é? - perguntou Remus, cruzando o olhar com o do Black. Ele assentiu com a cabeça. - Não foi culpa sua.

- Que mensagem? - os gêmeos indagaram juntos.

- Sirius deixou uma mensagem para mim no dia que invadiu minha sala. Eu a encontrei há algumas semanas e somente há alguns dias consegui compreender.

- O QUÊ?!

- Eu não falei nada porque queria verificar tudo. Sabia que tinha algo errado nessa história e precisava entender.

- Agora é o senhor que foi muito imprudente, papai! - exclamou Therion. - Ele poderia estar mentindo e tentado te enganar para te matar! Deveria ter dito.

- Eu precisava entender exatamente o que tinha acontecido! Não entendo tudo exatamente, mas... Percebi que Sirius não era o Fiel do Segredo. Eles trocaram, eu só... Não sei o porquê. - Lupin voltou a encarar Sirius, buscando respostas.

Black abaixou a cabeça, suspirando pesadamente.

- Pensei que seria muito óbvio me colocar como fiel. Eu era o melhor amigo de James, todos pensariam que teriam me escolhido e estavam certos. Sugeri de última hora que escolhessem Peter, ninguém desconfiaria - explicou. - Não contamos a ninguém para manter o segredo com todos pensando que fosse eu. Se eu soubesse...

- Não tinha como sabermos, Sirius. Ele era nosso amigo. Como poderíamos desconfiar?

- Eu deveria ter confiado em você e te contado. Talvez as coisas tivessem sido diferentes.

- Eu fiquei mais de um ano morando na sua casa, te ajudando a cuidar dos meninos... Podia ter me contado em algum momento. Se eu soubesse... Teria te ajudado.

- Desculpa... De verdade.

- Está tudo bem, Pads - Remus disse e sorriu fraco, tocando o ombro de Sirius. - Agora estamos aqui e vamos resolver isso. Juntos.

- Depois que fugi, eu procurei por vocês - Sirius continuou a contar a história. - Não foi fácil e a viagem foi longa, mas... Depois de tantos anos em Azkaban, a primeira coisa que eu queria fazer antes de me vingar daquele rato sujo era ver vocês três. Tive esperança que você tivesse ficado com eles...

- Não poderia deixá-los... Principalmente sabendo que acabariam com sua mãe ou em um lugar qualquer.

- Eu fiquei dois dias pelos arredores antes de me aproximar quando vi Therion e Canopus treinando em frente a casa. Estava um pouco ferido pela fuga e toda a viagem, faminto e morrendo de sede...

- E nós cuidamos de você pensando que fosse um cachorro normal - disse Therion. Se lembrava bem daquele dia. Isso o atormentou por meses. - Sua sorte é que Canis ama animais e nunca permitiria que continuasse ferido.

- Eu não deveria ter ajudado.

- Eu agradeço muito a vocês por isso. Depois de tantos anos, fiquei tão feliz de ver vocês dois... Aí Remus chegou... - Ele voltou a olhar para Lupin. - Não era difícil perceber que você também pensava que eu era o culpado... Ouvi tudo o que você disse.

- Ouviu? - Remus ofegou surpreso. Pensava que ele já estivesse longe quando o perdeu de vista.

- Ouvi... Isso só me deu mais forças para continuar e vir atrás daquele desgraçado e provar minha inocência... Recuperar a minha família.

- Não somos sua família, acalme um pouco os ânimos aí, Sirius - resmungou Canopus. - Você acabou de fugir da prisão.

- E por isso eu quero acabar com esse rato imundo de uma vez! - exclamou Sirius após ouvir o garoto. - Desde que cheguei aqui tenho tentado pegá-lo, mas ele sempre escapa! No Halloween, eu sabia que todos estariam no Salão Principal, então tentei entrar na Torre da Grifinória para pegar ele, mas o quadro da Mulher Gorda não deixou.

- E você o fez em pedacinhos por isso. Precisa controlar melhor os nervos.

- Olha só quem fala.

- Ninguém te perguntou nada, Dragãozinho!

- Confesso que me estressei um pouco por isso. Eu só queria acabar logo com tudo... - Sirius suspirou. - Com todos me procurando, eu fui até a sala para o Professor de DCAT, continua a mesma da época em que estudávamos aqui. Queria que você soubesse de tudo, Moony, então deixei aquela mensagem no livro que te dei na esperança que visse e entendesse e... Viesse me encontrar.

- Eu viria amanhã, mas... Eles vieram antes - confessou Remus, coçando a nuca sem jeito. Então franziu o cenho. - Como descobriu que eu era professor de Defesa Contra as Artes das Trevas?

- Além de saber que você leva muito jeito para isso e se trabalharia aqui certamente seria ensinando essa matéria - explicou, e Lupin sorriu sem jeito. - Aquele é o gato mais inteligente que já conheci. Consegui me comunicar com ele na forma animaga, e ele tem sido minha maior fonte de informações.

- O Bichento?! - Merliah e Hermione exclamaram em uníssono, enquanto viam o gato ao lado de Black.

- É. Ele percebeu logo que eu não era um cachorro, nem Peter era um rato.

- O nome dele é Perebas! - disse Rony, apertando o rato inquieto contra o peito. O bichinho não parava de mexer em suas mãos e guinchar desesperado.

- Ele quem trouxe as senhas para entrar na Torre da Grifinória. Acho que pegou da cama de um garoto, se entendi bem...

- O Neville... - disse Harry, logo lembrando do amigo e colega de quarto. Ele havia anotado as senhas para não esquecer e perdido o pergaminho depois.

- Acho que vamos precisar pedir desculpas... - murmurou Therion, recordando-se de ter gritado com o pobre garoto junto do irmão por ele ter perdido as senhas e assim todos acreditarem que eles haviam deixado Sirius entrar.

- Enfim... Ele me ajudou bastante. Às vezes aparecia com outro gato, mas esse era bastante... Intransigente e arisco.

- Esse gato por acaso é cinza escuro, olhos bem verdes e sempre te olha como se você fosse um ser insignificante que não vale o tempo dele?

- Não fale assim do Bastet, Potter! - resmungou Liah.

- Liah, seu gato é a personificação em forma animal da maioria dos sonserinos.

- EI! - os quatro jovens sonserinos exclamaram.

- Eu vi ele pelos terrenos com Bichento uma vez quando voltava de um treino de quadribol à noite, quando estava treinando com minha vassoura nova.

Sirius e Remus riram. Lupin não pôde deixar de notar o olhar de Black focar por alguns instantes na gravata verde e prata dos gêmeos e o símbolo da Sonserina no colete que vestiam.

Aquilo certamente renderia uma boa conversa no futuro.

- Eu passei a maior parte do tempo escondido aqui, só saí para tentar pegar o rato ou encontrar comida em Hogsmeade... E também saía para ver o quadribol - continuou Sirius e sorriu orgulhoso na direção de Harry e dos gêmeos. - Você voa bem como seu pai, Harry.

Potter sentiu-se feliz por aquela afirmação e sorriu timidamente.

- Vocês dois também jogam muito bem. São ótimos artilheiros... Como a sua mãe... - Therion deu um sorrisinho involuntário ao ouvir aquilo, enquanto Canis permanecia sério. - Você herdou a força e garra dela no campo, Canopus.

- Alguma coisa tinha que vir dela - resmungou o garoto.

- Na última vez que deixei a Casa dos Gritos, estava em Hogsmeade... Estava faminto procurando algo para comer. Vi vocês três brincando com seus amigos com os doces da Dedos de Mel e artigos da Zonko's.

- Eu sentia que tinha alguma coisa estranha...

- Foi você que espantou os dementadores? - Therion perguntou, pensando nos latidos que ouviu e alguém usando o Feitiço do Patrono antes de desmaiar, quando foi atacado pelos dementadores em Hogsmeade. Sirius assentiu.

- Vi quando os dementadores atacaram vocês... Não podia ficar parado sem fazer nada.

- Eles não deveriam nem estar no vilarejo, para início de conversa - lembrou Remus, encarando os três garotos. - Fugiram sabendo que estavam proibidos de ir.

- O senhor que foi muito ingênuo de pensar que não daríamos um jeito de ir - disse Canis.

- E já recebemos nossa bronca - completou o outro gêmeo.

- E o castigo - ainda disse Harry.

Lupin sorriu fraco, balançando a cabeça.

- Bom... Terminando a história, eu estava decidido a tentar pegar Peter de uma vez antes que terminasse o ano letivo. Então quando vi o garoto com o rato, aproveitei a chance. - Concluiu Sirius. - Preciso acabar com isso. Perdi muito por causa daquele maldito.

- Nós vamos resolver isso, Sirius - garantiu Remus, segurando o ombro de Black carinhosamente.

Todos encararam Black com um olhar levemente desconfiado, processando toda a história que contou. Parecia bastante plausível e convincente, mas ainda tinham medo de acreditar.

Canopus não confiava nele. A história parecia verdade, mas ele poderia muito bem estar mentindo e tentando enganá-los, iludir a todos para no fim apunhalá-los pelas costas como fez com os amigos. Nunca cedeu sua confiança com muita facilidade, não seria diferente agora, principalmente com toda a raiva e mágoa que guardava do homem há tanto tempo.

Harry também estava hesitante em confiar, embora estivesse um tanto mais solicito que o amigo a aceitar aquela história.

Therion analisou a Sirius cautelosamente. Encarou o homem, afrouxando o aperto em sua varinha enquanto sua mente organizava o caos que havia ali e o desespero que partia do outro Black. Sabia que era a verdade. Por mais difícil que fosse de acreditar, aquilo é o que realmente havia acontecido.

Ele queria estar errado e que tudo o que lhe contaram durante os últimos anos fosse verdade, seria muito mais fácil. Não estaria com a cabeça explodindo para absorver todas aquelas informações, as emoções do ambiente e formular uma ideia coesa.

- Então é nisso que espera que acreditemos? - indagou Canis secamente.

- É a verdade.

- Uma ótima história, mas sua palavra apenas não vai bastar, por mais que faça sentido.

- Nem mesmo a minha palavra, Canis? - questionou Lupin, encarando o filho. O garoto suspirou.

- Papai, o senhor acredita mesmo inteiramente nisso? Confia mesmo nele?

- Confio.

Canopus comprimiu os lábios, tentando processar aquilo. Não entendia porque o pai agora confiava tanto em Sirius. Logo ele, que perdeu tudo, supostamente, por causa dele.

- Ele está falando a verdade - Therion disse convicto.

- Acredita mesmo, Therry? - indagou Harry, colocando sua mão sobre dele, assim fazendo-o encará-lo. Não queria ver o garoto sair ferido e magoado daquela história.

- ... Acredito... Por mais difícil que seja. Sirius... É inocente... - abaixou o olhar, encolhendo os ombros. - Sinto isso...

- Eu já aprendi a confiar nos seus instintos, então... - Harry sorriu fraco para o garoto. Olhou de volta para Sirius. - Também acredito. Mas quero ver se Perebas é realmente Pettigrew.

- Não me restam dúvidas sobre isso. Rony, me dê esse rato - Remus disse, colocando-se de pé outra vez e aproximando-se do ruivo.

- O que vai fazer com ele? - perguntou receoso, segurando o rato carinhosamente contra o peito.

- Provar que estamos dizendo a verdade.

- Dê o rato a ele, Rony - pediu Harry.

Hesitante, Weasley deixou Lupin pegar o rato. Sirius pegou a varinha de Snape, que continuava desacordado com Malfoy ao lado apenas observando tudo com atenção.

O rato se mexia inquietamente na mão de Remus, tentando escapar. Ele apenas apertou-o forte para não deixá-lo fugir e se aproximou de Sirius, enquanto Harry e os gêmeos se afastaram na direção onde estava o professor desmaiado.

- Sua varinha... Desculpa por roubá-la. Eu não tenho mais a minha - Sirius desculpou-se, devolvendo a Lupin sua varinha.

- Tudo bem - pegou o objeto de volta, com um sorriso leve nos lábios. - Vamos acabar com isso.

- Juntos? - perguntou Sirius, olhando nos olhos de Lupin.

- Juntos - concordou ele. - Um... Dois... TRÊS!

Após um lampejo de luz que saiu de ambas as varinhas, Lupin soltou o rato. O animal bateu no chão e Rony berrou aterrorizado, pensando que seu fiel companheiro havia partido dessa para melhor. Mas então, começou.

Num instante havia um rato no chão, no outro um homem baixo, de cabelos ralos e roupas maltrapilhas.

Os gêmeos foram os únicos que não pareceram surpresos com aquilo além de Remus e Sirius.

- Eu disse! - exclamou Therion para o irmão.

- Sorte a dele não ter sido realmente devorado pelo Bichento - comentou Canis, analisando o homem. - Tantos anos como um rato não te fizeram nada bem, Tio Peter.

- Olá, Wormtail - saudou Lupin num tom sarcasticamente educado. - Quanto tempo, meu amigo.

- Re-Remus... Ah, Sirius! - a voz de Peter soava fina e entrecortada, com o guincho de um rato. - Meus velhos amigos... Meus queridos amigos...

- Seu rato sujo, desgraçado, filho da...

- Sirius! - Remus repreendeu-o, segurando seu pulso quando viu que ele ergueu a varinha, pronto para atacar. Lançou-lhe o mesmo olhar severo que direcionava aos filhos, que fez Black bufar frustrado, exatamente como eles faziam. Voltou a olhar para o homem no chão. - Sabe, Peter, estávamos conversando sobre a noite que James e Lilian morreram. Talvez você tenha ouvido. Adoraríamos ouvir sua parte na história também.

- N-não acredita nele, né, Remus? Ele... Ele veio me matar! Ele quer me matar como fez com James e Lily!

- Vim mesmo!

- Não é por nada não, Senhor Black... Mas como eu disse antes, não é falando isso que vai parecer inocente, sabe? - caçoou Liah, recebendo o olhar de todos em sua direção. - Assim... Pode continuar, mas não pega bem pra quem tá tentando escapar de uma acusação teoricamente injusta de assassinato dizer que vai matar alguém.

- Ela tem razão - concordou Rony.

- Eu sempre tenho razão.

- Está vendo? - Peter disse alarmado. - Não pode acreditar, Remus. Precisa me ajudar. Ele vai me matar!

- Não até resolvermos tudo.

- Eu sabia que ele viria atrás de mim! Ele voltaria para me pegar, ele mesmo acabou de dizer que veio me matar. Espero isso há anos!

- Olha, Tio Peter, sendo sincero, eu até estava realmente acreditando nisso quando percebi que era o Perebas e tal. Uma razão bastante plausível, mas... Por que ficaria com medo de ele vir atrás de você se estava em Azkaban e até então ninguém havia fugido? - questionou Therion, intrigado. Ele deveria ter pensado melhor nisso antes.

- Ele era um seguidor do Você-Sabe-Quem! Com certeza aprendeu alguns truques das trevas que usaria para escapar!

- Eu NUNCA me envolveria com artes das trevas! Vivi rodeado por ela em casa e vi meus pais usarem para coisas terríveis... Usaram em mim... - retrucou Sirius, completamente alterado e abalado pela acusação. Lembranças bastante dolorosas estavam voltando a sua mente, e ele precisou se esforçar para focar no que importava no momento.

Therion olhou intrigado na direção de Sirius, percebendo sua expressão e como havia ficado com as palavras de Peter. Levou uma mão à têmpora esquerda, abaixando a cabeça em seguida ao sentir uma dor latejar.

Para ele, não restava mais dúvidas sobre a inocência do pai biológico. Sirius havia realmente sofrido demais com as artes das trevas para se aliar a esse lado.

Ignorando a dor, olhou para Pettigrew. Ele estava obviamente nervoso e apavorado, tentando a todo custo convencê-los de seu lado da história.

- Não estava fugindo do Sirius, estava? - indagou, e ele olhou-o apavorado.

- E-eu...

- Estava fugindo dos seguidores de Voldemort - disse Sirius, num tom firme. Peter se encolheu ao ouvir o nome do Lorde das Trevas. - Uma parcela minúscula sabia sobre você... Mas depois de tudo, a notícia logo se espalhou. Voldemort caiu por uma informação sua. Eu ouvi algumas coisas em Azkaban... Mas nem todos estão lá. O matariam se soubessem que está vivo.

- N-não sei do que está falando... Remus, não pode acreditar nele.

- Wormtail, eu gostaria muito de saber... Por que um homem inocente passaria doze anos escondido sob a forma de um rato?

- Inocente e apavorado! - retrucou, levantando-se do chão com ansiedade. - Os comensais certamente me matariam por mandar para Azkaban o mais leal deles, o espião, Sirius Black!

- Você está se contradizendo um pouquinho - notou Canis, inclinando levemente a cabeça e franzindo o cenho. - Primeiro disse que estava fugindo do Sirius, agora diz que era dos comensais por ter mandado o espião deles para Azkaban. Afinal, do que estava fugindo?

- Eu? Espião? Como se atreve a me acusar de algo assim, Peter? - Sirius falou indignado. - Perdi pessoas muito importantes e que eu amava para Voldemort e seus seguidores... Acha mesmo que me aliaria a eles? EU PERDI TUDO POR CAUSA DELES! E VOCÊ NOS TRAIU! VOCÊ ERA K ESPIÃO.

- E-eu... Espião? Traidor? É... É loucura...

- Lilian e James só te escolheram como Fiel do Segredo porque eu sugeri. Ninguém suspeitaria de você, seria um plano perfeito... Quem acreditaria que confiariam tamanho segredo ao pequeno e desajeitado Peter Pettigrew? Mas você entregou a cabeça deles para o Voldemort!

Pettigrew resmungava baixo, olhando para todos os lados. Parecia pensar no que dizer.

- Hmm... Sr. Black? - chamou Hermione, erguendo levemente a mão como se estivesse na sala de aula.

Ele a encarou, surpreso por lhe dirigir a palavra daquela maneira.

- Sim?

- Se o senhor não se importar que eu pergunte, como... como foi que o senhor fugiu de Azkaban, se não usou artes das trevas?

- Exatamente! - guinchou Peter.

- Do mesmo jeito que os dementadores não o deixaram maluco... Bom, não completamente - Canis quem respondeu, de braços cruzados. - Dementadores não compreendem emoções de animais tanto quanto a de pessoas.

- Na forma animaga, conseguiria passar por entre eles sem ser notado. Eles geralmente ignoram animais - completou Therion, e Sirius sorriu orgulhoso.

- Precisamente, meninos! - disse. - Acho que a única coisa que me manteve são foi saber que era inocente. Às vezes eu me transformava em cachorro, quando... Quando aturar os dementadores se tornava excessivo demais... Eles me deixavam em paz quando estava assim. - Suspirou, lembrando-se de cada sentimento terrível que aquelas criaturas o fizeram reviver quando conseguiam sugar suas emoções. - Mas quando vi a foto de Peter... Não consegui me conter. Vi que ele estava aqui com vocês, com Harry... Pronto para agir quando tivesse certeza que Voldemort voltaria. Então escapei por entre as grades. Estava tão magro que passei por elas com facilidade. Depois eu... Fugi pelo mar e nadei até a costa. Foi aí que decidi procurar por vocês e vê-los outra vez antes de vir até Hogwarts...

Therion comprimiu os lábios, voltando a recordar-se do dia que viram Sirius na forma animaga. Agora entendia porque o cão estava tão dócil com eles e choramingava. Eram a emoção e a saudade falando mais alto.

Sirius realmente havia sentido falta deles.

Canis manteve uma expressão neutra em seu rosto, não transpassando nenhuma emoção identificável, mas seus olhos diziam tudo. Ele virou o rosto quando o olhar de Sirius focou em si e no irmão, evitando encará-lo.

Aquilo certamente não fazia seu feitio, o que causou estranheza em quem conhecia certo aspecto do garoto e percebeu o que havia acabado de fazer.

- Eu precisava fazer alguma coisa. Não podia deixar que Peter fizesse algo a Harry, que entregasse o último Potter quando tivesse certeza que Voldemort voltaria... Seria recebido com todas as honras! Eu... - Sirius respirou fundo, tentando controlar as variadas emoções dentro de si. Sentiu as mãos de Remus em seu ombro e suas costas, e isso o acalmou instantaneamente. - Acreditem... Eu nunca trairia seus pais, Harry. James era um irmão para mim, uma das pessoas mais importantes na minha vida e que esteve ao meu lado quando mais precisei.

Harry acreditava. Ele viu a sinceridade no olhar de Sirius e teve uma certeza ainda maior de que era inocente.

- E... E eu nunca abandonaria vocês... Nunca. - Concluiu olhando para os filhos. Merlin, como ele queria abraçá-los!

- Mas abandonou... - Canis murmurou seco, ainda sem encará-lo. - Não tem como voltar atrás.

- Canis... - Sirius deu um passo na direção deles, mas Canopus foi para trás bruscamente.

- Vamos terminar logo, Sirius - disse Remus após ver a imensa dor no olhar de Sirius pela reação do filho quando se aproximou.

- Não! Remus... Moony... - Peter se jogou de joelhos no chão, desesperado. - Você não pode acreditar nisso. Sou o seu amigo... Wormtail... Sirius não te diria se mudassem os planos do fiel do segredo?

- Eu nem sabia que fariam esse feitiço, para início de conversa. Só descobri depois...

- Então! Por que ele esconderia algo assim de você? Vocês eram tão próximos... Estavam até morando juntos!

- Você também não me disse nada, Peter.

- Claro, porque eu era o fiel do...Ah...

- AÍ ESTÁ! - gritou Sirius. - Acabou de confessar!

Pettigrew resmungou baixinho, começando a ficar ainda mais nervoso.

- Podemos matá-lo agora, Moony?

- Como quiser, Pads.

- Não... Vocês não podem me matar! - Ele se arrastou até Rony. - Rony... Não pode deixar que me matem... Eu fui um bom rato, uma boa companhia... Era da família, não era?

Weasley afastou, encarando o homem com uma expressão enojada.

- Você enganou todo mundo!

- Não deveria se gabar por ser um rato melhor do que foi um homem, Peter! - bradou Sirius.

Wormtail então, desesperado, recorreu a sua última esperança. Ainda de joelhos, colocou-se aos pés de Harry e Therion, clamando por sua vida.

- Harry... Não pode deixar que me matem... Canopus...

- Gêmeo errado - os gêmeos, Harry e Draco disseram em uníssono.

Canis olhou para o loiro atrás de si, com o cenho franzido. Ele apenas deu de ombros.

- Sou o Therion.

- A-ah, certo... Certo... Desculpe... - Peter disse rapidamente, logo voltando a implorar. - Não podem permitir... Harry, Therion... Seus pais não iriam querer isso. Eu era amigo deles... James e Karina não iriam querer que me matassem... Eles jamais iriam querer...

- COMO OUSA FALAR DELES?! - berrou Sirius, irado, avançando contra Peter, que rapidamente fugiu para o lado oposto do cômodo. Agora ele estava realmente furioso. - COMO CONSEGUE OLHAR PARA ELES DEPOIS DE TUDO?! COMO TEM CORAGEM DE FALAR DO JAMES E DA KARINA NA FRENTE DELES?

- Por favor, não...

- VOCÊ ESTAVA JUNTO DAS PESSOAS QUE OS MATARAM! ELES ESTÃO MORTOS POR SUA CULPA!

- E-eu precisei... Ele me mataria... O que queria que eu fizesse? O que você faria?

- EU MORRERIA! MORRERIA PARA PROTEGER MEUS AMIGOS, MAS NUNCA OS TRAIRIA DESSA FORMA! - respondeu Black. - Como você pôde? Nós confiávamos em você... Mas já estava do lado dele quando te fizeram o fiel, não foi?

Peter não disse nada, mas estava claro em seu rosto que sim.

- Como pôde visitar James e Lily tão friamente sabendo que tinha entregado eles? - questionou, com a varinha apontada para Peter. As lágrimas queimavam em seus olhos, mas ele as segurava firmemente. - Como pôde ir ao funeral da Karrie e dizer que lamentava, estando aliado às pessoas que a mataram?

- Eu não podia impedir - choramingou Peter.

- Pois nada vai me impedir de cometer o crime pelo qual fui preso e te matar agora!

Sirius ergueu a mão com a varinha e Pettigrew se encolheu, esperando por sua morte. Porém, ela não veio.

- NÃO! - Harry e Therion berraram ao mesmo tempo.

Potter se colocou à frente de Peter, encarando o padrinho. Black franziu o cenho confuso.

- Harry, por causa dele seus pais morreram! Por causa do que ele fez você cresceu sem eles, e eu passei mais de uma década em Azkaban sem ver meus filhos! Ele merece pagar por isso!

- E ele vai - respondeu Harry. - Em Azkaban.

- Ah Harry... Obrigado, muito obrigado... Eu...

- Não encoste em mim! - esbravejou, afastando-se de Pettigrew. - Não fiz isso por você.

- Vamos entregá-lo aos dementadores para que o levem para Azkaban e tenha o que merece - disse Therion, aproximando-se e ficando ao lado de Harry. - Se o matar, não vai ter nenhuma prova de sua inocência e vai continuar foragido, Sirius.

- Ele tem razão - concordou Remus, fazendo Sirius encará-lo. - Entregando ele, você será inocentado.

Sirius suspirou, balançando a cabeça e se acalmando.

- É... É, vocês estão certos. Não posso deixar a raiva estragar minha chance de ser livre outra vez.

- Você vai ficar livre de novo, Padfoot. - Lupin sorriu fraco. Com sua varinha, conjurou cordas que amarraram a Pettigrew.

- Mas se você se transformar ou fizer alguma gracinha, Peter...

- Está livre para acabar com ele - disse Harry e deu de ombros.

- Ótimo.

- Rony, é melhor imobilizar essa perna até o levarmos a Madame Pomfrey - Remus disse, aproximando-se do ruivo. Inconsciente, Weasley acabou se afastando, gemendo de dor logo em seguida.

- Eu faço isso - disse Canis, indo até o garoto. - E é melhor você não começar a agir como um imbecil preconceituoso igual o dragãozinho ali com o meu pai ou eu quebro sua outra perna.

- Cala a boca, Black!

- Eu não ouvi histórias muito boas sobre... Sobre coisas como ele - justificou Rony, olhando desconfiado para Lupin.

- Ele é uma pessoa, não uma coisa - retrucou Therion rispidamente. - Aperta bem as ataduras, Canis. Não precisa ter pena.

- Férula - disse o garoto e ataduras se enrolaram na perna do ruivo. Canopus usou mais alguns feitiços para imobilizá-la, e Rony grunhiu de dor quando ele apertou as ataduras sem dó.

- AI! Vai quebrar ainda mais!

- Eu te avisei. Aqui foi só uma demonstração. - Sorriu cínico e ficou de pé.

- Onde aprendeu a fazer isso? - Harry perguntou.

- Muitas luas cheias. Aprendi alguns feitiços de cura e primeiros socorros.

- E o Prof. Snape? - perguntou Hermione.

- Ele foi estuporado. Não vai acordar agora - Draco quem respondeu. - Sorte a nossa que não foi tão grave e ele ainda está vivo.

- Azar, você quis dizer. Eu voto por deixarmos ele aí - disse Merliah.

- Claro que não! Não podemos deixar ele aqui.

- Podemos levá-lo, Draco, não se preocupe - disse Remus. - Mobilicorpus.

Snape foi erguido no ar e começou a flutuar a alguns centímetros do chão.

Todos se aprontaram e então saíram do cômodo, prontos para voltar ao castelo e dar um ponto final àquela história.

Merliah e Hermione foram na frente, ajudando Rony a caminhar. Logo atrás vinha Draco, com Snape flutuando, sendo levado por Sirius com a própria varinha, seguido de Harry. Por último vinha Remus levando a Peter junto dos gêmeos, que seguiam a sua frente; Therion às costas de Potter e o irmão atrás com a varinha apontada para Pettigrew.

Desceram as escadas e seguiram em direção ao túnel estreito. Sirius olhou para trás, vendo Harry e Therion iluminando aquela parte do caminho com suas varinhas. Remus era o último na fila e parecia mais pálido, caminhando mais devagar que os outros.

Lupin estava sentindo-se bastante exausto e dolorido, além de com o corpo estranhamente quente.

- Agora, entregando Peter... Enfim, serei inocentado. Eu...

- Você vai ficar livre - completou Therion. - Não vai mais ser um fugitivo.

- Então... Vai poder seguir em frente? - disse Harry, mais num tom interrogativo que uma afirmação. Sirius assentiu com a cabeça.

- Bom, Harry, não sei se te explicaram sobre padrinhos no mundo bruxo...

- Lupin me explicou. Geralmente, são os responsáveis pelo bruxo apadrinhado quando algo acontece aos pais... Precisam cuidar e garantir que aprendam tudo que precisam para viver...

- É. Eu quero realmente recomeçar, com uma nova casa e... Todos juntos - disse. - Vou entender se quiser continuar com seus tios, mas... Você pode ao menos pensar na possibilidade de... Participar disso.

- Morar com você? - Potter arregalou os olhos, compreendendo a proposta do padrinho.

- Sim. Therion e Canopus também.

- Vou poder deixar os Dursley?

- Bom... se quiser. Gostaria de recomeçar com todos juntos... Todos nós. - Black guiou seu olhar para os gêmeos e Remus.

Lupin ofegou ao ouvir aquilo. Encontrou o olhar de Sirius, desacreditado. Ele estava falando sério?

Sentiu seu coração bater mais rápido no peito por alguns instantes, enquanto seus olhos iam até os filhos para observar suas reações. Estava muito bem expresso em seus rostos que não pareceram gostar nem um pouco da ideia.

- Eu não vou morar com você - Canis disse ríspido.

- O-o... O quê? - Sirius indagou surpreso, piscando os olhos afetado.

- Nem te conhecemos! Não queremos morar com você. Quero ficar com o meu pai.

- Nós nunca deixaremos ele - falou Therion seriamente. - Acreditamos em você, fico feliz que possa limpar seu nome e resolver essa confusão, mas... Eu não vou morar com você, Sirius.

- Mas...

- Você ficou longe por 12 anos. Não pense que tudo vai se resolver tão fácil e vamos voltar correndo para você - Canopus resmungou num tom sério, sem medir o peso de suas palavras. - Vou ficar com o meu pai.

Black encolheu os ombros, a tristeza voltando a tomar seu olhar.

- Eu posso pensar seriamente em aceitar! - Harry disse com um sorriso brilhante, muito mais animado que os amigos.

- Sério?

- Sim!

- Você nem o conhece, Harry! - argumentou Therion.

- Qualquer lugar é melhor que os Dursley. E meus pais o nomearam meu padrinho porque confiavam nele, e sabemos agora que ele é inocente. Então... - Ele deu de ombros.

- Não é hora para decisões impulsivas de grifinório, Harry - retrucou Canis.

- Eu quero deixar os Dursley! Não aguento mais morar lá! - insistiu Harry. - Quando acha que eu poderia me mudar, Sirius?

- Espero que o mais rápido possível - respondeu Sirius e um sorriso fraco surgiu em seu rosto, embora ainda fosse perceptível a mágoa e tristeza em seu olhar.

- Meninos, não sejam tão duros... Vamos resolver tudo quando terminarmos - interveio Remus, um tanto nervoso.

Seria bom que os gêmeos voltassem a conviver com Sirius, mas também não iria querer se afastar deles. E nem permitiria que isso acontecesse.

- Nem vem, papai! Eu não vou morar com ele - Canopus insistiu, intransigente. Nada o faria mudar de ideia sobre aquilo.

- Vamos com calma, Sirius. As coisas não vão se resolver tudo do dia para noite - complementou Therion e olhou para Harry. - Eu sei que quer sair da casa dos seus tios, eles são terríveis, mas tem certeza que quer sair assim sem nem pensar?

- Eu já pensei e já decidi.

- Como o Chapéu Seletor ainda sequer cogitou te mandar para a Sonserina, hein? Por Merlin!

- Você que é muito rancoroso e pensa demais, Canis.

- Porque decidir de repente morar com seu padrinho que até então estava sendo acusado de assassinato do dia pra noite é bastante sensato, não é mesmo? Precisa ser um pouquinho mais racional, meu caro Prongs.

- Já pensei o suficiente e estou bastante certo de minhas decisões, obrigado. Não preciso de seus conselhos sobre o que escolher para minha vida.

- Meninos, sem briga! - repreendeu Remus. Eles se calaram no mesmo instante.

- Está tudo bem, Moony - disse Sirius. - Eu... Entendo eles. E entenderia se Harry também não quisesse...

- O que eu mais quero é deixar aquela casa e nunca mais voltar.

Sirius não entendia o porquê daquela declaração do afilhado, mas resolveu que perguntaria mais tarde. Havia muito o que saber dos últimos 12 anos.

Therion olhou para Harry. Ele sabia que os tios de Potter não eram os melhores exemplos de trouxas e sempre o trataram mal por ser um bruxo, entendia a ansiedade em querer sair de lá, embora ainda achasse que uma decisão precipitada como aquela não fosse a melhor.

Se pudesse, o tiraria daquela casa e o levaria para morar consigo, o irmão e Remus. O faria sem nem pensar duas vezes.

O resto do caminho se seguiu em silêncio, mas as mentes de todos gritavam em meio a toda a confusão até o exato momento.

Canis queria apenas acabar com tudo e entrar de baixo do chuveiro por longas horas para relaxar. Foram muitas informações para processar.

O mais novo dos gêmeos estava decidido a beber uma poção para dor de cabeça e dormir até a tarde do dia seguinte quando tudo acabasse, para poder enfim descansar e parar de sentir como se a cabeça fosse explodir.

Mas após tudo aquilo, havia algo que ele queria fazer. Tudo estava esclarecido e não queria continuar a esconder mais uma informação de Harry.

- Hmm... Hazz... - chamou baixinho.

- O que foi? - perguntou Potter sussurrando de volta.

- Tem mais uma coisinha que eu queria te contar...

- Mais? - Harry virou o rosto completamente para encará-lo.

Therion sentiu as bochechas corarem e mordeu o lábio inferior nervosamente.

- Eu e Canis fizemos uma coisa... - sussurrou.

Parou de falar ao perceber que já estavam saindo do túnel. Ao perceber como estava escuro e o quão tarde estava, ele sentiu que havia algo errado. Olhou para o relógio em seu pulso e observou enquanto colocava os pés para fora da entrada os ponteiros e números brilharem de uma cor prateada.

Estavam cada um deixando o túnel, e Lupin vinha por último. Sua pele parecia mais acinzentada e suas olheiras muito profundas, aspecto mais fraco e estranhamente... Os dentes caninos mais afiados.

- Nem pense em tentar algo, Peter - ameaçou Sirius.

- Um passo em falso... - disse Remus, com certa dificuldade. Então ele sentiu todos os ossos começarem a latejar.

Canopus também viu o próprio relógio brilhar com os ponteiros prateados. Tanto o seu quanto o do irmão possuíam um encantamento semelhante ao do calendário que possuíam, um presente do avô. Ele sinalizava a hora exata em que a lua estava inteiramente no céu.

Mais especificamente a lua cheia.

- Como eu pude esquecer? - murmurou Therion.

- Droga! Eu nem vi o calendário...

- Ele não tomou a poção... - O garoto arregalou os olhos.

- Merlin... PAPAI VOLTE PARA O TÚNEL AGORA! PRECISA IR PARA A CASA DOS GRI...

Mas já era tarde demais.

Todos olharam na direção de Lupin, enquanto ele soltava Peter e se afastava, com o corpo curvado e gemendo de dor. A lua cheia brilhava no alto em meio ao céu estrelado, iluminando os jardins do terreno com sua luz prateada.

Ele estava começando a assumir sua forma de lobisomem.

- Ele não tomou a poção, não vai conseguir se controlar! - choramingou Canis enquanto observava o pai sofrer com a dor da transformação.

Remus gritou de dor quando os pelos começaram a crescer e suas mãos e pés davam lugar a patas. Logo em seu lugar um lobisomem que rosnava, pronto para atacar.

Sirius afastou Harry e os gêmeos num ato protetor.

- E-ele vai nos atacar! - exclamou Draco, aterrorizado, com a voz trêmula.

- CORRAM! Eu cuido dele.

- Mas Sirius... - Harry tentou impedir o padrinho, mas ele num instante assumiu a forma animaga.

O enorme cão negro saltou para frente e avançou sobre o lobisomem, puxando-o para longe dos outros. Enquanto Potter arregalava os olhos e observava assustado a cena, os Black ao seu lado sentiam o sangue ferver.

O espanto foi inevitável quando, de repente, um grande lobo cinzento entrou para a briga e pulou sobre os outros dois que se atracavam e lutavam com suas garras e dentes. Harry olhou para o lado e se assustou ao não ver Therion.

Canopus seguiu para avançar logo em seguida, mas seus braços foram segurados tanto por Potter quanto Malfoy. Contudo, eles não foram capaz de conter a fúria implacável do Black. Ele empurrou-os brutalmente com os cotovelos e avançou a passos duros.

- CANOPUS, NÃO SEJA IDI...

Então Canis assumiu a forma de um grande cão, com pelos tão escuros quanto os de Sirius, as patas mais longas e a estatura ainda maior. Um rosnado raivoso saiu de sua boca, seguido de um latido.

Ele avançou contra o cão em defesa do lobisomem, arranhando-o com suas garras e mordendo com uma força descomunal seu dorso. O grunhido de dor ouvido foi alto e agoniante, sendo seguido de choramingos.

Em meio a briga, as garras do lobisomem rasgaram a pele do garoto transformado, fazendo-o uivar de dor.

O lobo afastou-se do lobisomem, ferido pela briga, mas não menos feroz, e também atacou o cão. Sua garras cravaram sobre o corpo peludo e arranharam-no, junto aos dentes do irmão canino.

Apesar de também ferido, Canis tornou a atacar Sirius, mordendo uma de suas patas para proteger o pai adotivo.

Os outros observavam a cena aterrorizados e surpresos, tentando raciocinar o que estava acontecendo. Como os gêmeos haviam se transformado naqueles animais?

- E-eles... - Harry não conseguiu formular uma frase conexa.

- Eles também são animagos! - disse Hermione, perplexa.

- Estão defendendo Remus - comentou Merliah, tão surpresa quanto. - Estão protegendo ele do Sirius!

- Protegendo o lobisomem?! - questionou Draco, desacreditado e tremendo de medo.

- É o pai deles!

- Nós quem precisamos ser protegidos aqui! - disse Rony, horrorizado. - Aquele lobisomem pode fazer pedacinhos da gente!

Sirius se afastou das formas animagas dos gêmeos, ainda transformado, bastante ferido. Ficou parado de frente para o cão e o lobo, que posicionaram-se lado a lado, rosnando, em proteção ao lobisomem logo atrás.

Os três sangravam repleto de arranhões, com as respirações pesadas.

Stuart estava certa. Estavam ali, transformados, em defesa de Lupin. Prontos para atacar qualquer um que ameaçasse ao lobisomem. Estavam cumprindo seu objetivo de conquistarem a animagia: ajudar o pai.

Eles não hesitariam em fazer picadinho de Sirius Black se fosse preciso para proteger Remus Lupin.

- Ele vai fugir! - Rony exclamou.

Apenas então eles se lembraram de Pettigrew. Ele havia se jogado no chão e pego a varinha de Remus.

Weasley tentou ir até ele, mas com um som alto e um clarão de luz, foi jogado no chão. Harry tentou desarmá-lo, mas já era tarde.

Peter assumiu sua forma de rato e fugiu.

Então, um uivo alto de um lobo foi ouvido ao longe. Não estava tão próximo para ser Therion. Draco arregalou os olhos, assustado, encolhendo-se levemente ao ouvir outro uivo, olhando para todos os lados tentando encontrar a origem do som.

- O-o que foi isso? - questionou com a voz falha e trêmula, banhada em medo. Aquele uivo lhe trazia péssimas lembranças do primeiro ano.

- Sirius, Pettigrew fugiu! - Harry alertou, ignorando o uivo.

Ele estava muito ferido. Os cortes profundos no focinho e nas costas sangravam sem parar, mas ao ouvir o alerta, tentou ir atrás do rato.

Remus também havia sumido, ido embora assim que ouviu o uivo.

- Não sei que feitiço Pettigrew usou, mas Rony não está nada bem - constatou Liah.

- Vamos levá-lo para a Madame Pomfrey - decidiu Harry.

Seu olhar então foi para o cão e o lobo.

O lobo estava parado no mesmo lugar, e o cão agora estava mais afastado, e parecia chamá-lo, indicando com a cabeça para onde Remus havia ido. Therion assumiu sua forma humana outra vez, caindo de joelhos no gramado.

Pouco depois, os lamúrios sofridos e latidos de um cachorro foram ouvidos.

- Sirius - murmurou Harry.

Ele olhou para a escuridão da noite que havia caído e depois na direção de Rony, em seguida dos gêmeos Black.

Therion comprimiu os lábios ao encarar o horizonte, e então olhou para o irmão. Os olhos claros do enorme cão estavam fixos nele, num claro pedido para que fossem atrás do pai. Havia arranhões feios nas costas e no peito de Canis, assim como em seu próprio corpo, mas ambos estavam ignorando a dor.

Remus precisava deles. Era o momento pelo qual eles tanto esperaram e decidiram virar animagos.

Mas, agora, também tinha outra pessoa precisando de sua ajuda.

- Cuide dele - disse.

Canis hesitou, mas depois de encarar os olhos do irmão em uma conversa silenciosa, ele latiu e foi embora, seguindo pela mesma direção que Remus havia fugido.

- Para onde ele está indo?

- Atrás do nosso pai.

- Isso é loucura! Ele vai matá-lo! É lua cheia!

- Não entendeu ainda, Malfoy? Foda-se se é lua cheia e ele está transformado e descontrolado! Ele é nosso pai! - retrucou impaciente e gemeu dolorido, se levantando com dificuldade. - E ele não vai ferí-lo outra vez na forma animaga a menos que se sinta ameaçado. Diferente de você, meu irmão sabe o que está fazendo e como deve agir com cada criatura, mesmo que ela seja o nosso pai.

Therion seguiu pela direção em que Sirius havia ido sem dizer mais nada, mancando com as roupas ensopadas de sangue. Harry e Liah rapidamente o seguiram antes que acabasse se machucando ainda mais. Hermione e Draco foram atrás logo depois.

Eles chegaram as margens do Lago Negro. O clima havia esfriado rapidamente, e todos conheciam a sensação.

A beira do lago, Sirius estava de volta a forma humana, bastante machucado, com dezenas de dementadores seguindo em sua direção.

Eles se aproximaram do Black, com suas varinhas a postos.

- Deve ter uns cem deles! - constatou Malfoy.

- Pensem em alguma coisa feliz! A lembrança mais feliz que tiverem!

- O quê?!

- SÓ O FEITIÇO DO PATRONO ESPANTA UM DEMENTADOR! PENSEM NA MEMÓRIA MAIS FELIZ QUE TIVEREM! - berrou Therion, voltando a cair de joelhos no chão, ao lado de Sirius. - EXPECTO PATRONUM!

- EXPECTO... PATRONUM! - Harry tentou conjurar seu patrono.

Os outros tentaram imitá-los, sem sucesso.

Therion e Harry conseguiram conjurar um escudo fraco, mas não durou muito. Logo estavam todos caídos, rodeados de dementadores que tentavam sugar todas os seus sentimentos bons.

- Expecto Patronum! EXPECTO... PATRONUM... - continuaram a tentar.

Os dementadores se aproximaram baixando a capa, exibindo os rosto cinzento sem olhos. Havia apenas uma grande boca que usavam para sugar toda sua energia.

Então, o frio desapareceu de repente. Therion olhou para o lago, a visão nublada e embaçada. Via duas figuras prateadas, mas não conseguiu identificar o que seria. Apenas sabia que era um patrono... Mas não fazia ideia de quem.

Ele tentou se manter acordado, mas não conseguiu. Antes de desmaiar, seu último pensamento foi o pai e o irmão.

Esperava que ao menos Canis pudesse ajudar a Remus, enquanto ele estava ali caído e impotente.

-----------

Olá, meus amores!
Tudo bem?

E finalmente a verdade apareceu, mas as coisas não acabaram tão bem quanto esperávamos rsrsrs

O que acharam das formas animagas dos gêmeos? Acertaram suas suposições? Hehe
Canis está se lamentando até agora por ter a mesma forma animaga do Sirius 😂

Hoje tivemos migalhas de vários casais rss gostaram?

Espero que tenham gostado do capítulo! Não esqueçam de comentar bastante e deixar seu voto!

Em breve teremos mais capítulos!

Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro