XVIII. The New Marauders Era
Se desde a briga Canopus e Draco ignoravam completamente a existência um do outro dentro do dormitório, desde o selinho acidental isso ficou quase impossível, embora tentassem.
No dia seguinte, os dois foram os últimos a acordar, e Malfoy certamente bateu o recorde de pessoa a se vestir mais rápido da história com a tamanha pessoa com a qual trocou de roupa e fugiu do quarto assim que seu olhar encontrou o de Black e seu rosto pálido ganhou uma bela coloração rosada nas bochechas. Canis apenas observou em silêncio, para depois suspirar e gritar contra o travesseiro em mais um pequeno surto interno ao lembrar o que aconteceu.
Quando contou a Harry e Therion o que houve, os dois arregalaram os olhos e riram desacreditados, principalmente por causa de como Canopus estava surtando por isso e xingando Malfoy de vários nomes. Ele havia imaginado algo bem diferente quando pensava em algum dia beijar alguém. E é claro que o irmão e o amigo não perderam a chance de provocá-lo enquanto estavam juntos aproveitando o fim de semana sem aulas.
— Estou quase começando a pensar que você gostou — provocou Therion.
— Enlouqueceu?! Eu só quero esquecer que isso algum dia aconteceu! — exclamou exasperado. — Poderia ser qualquer um, seria mil vezes melhor. Até o Zabini eu beijaria! Mas o Malfoy? Eca!
— O Blaise? Sério? — indagou Harry surpreso.
— Ele até que é bonito, mas esse não é o ponto. Eu falei que se ficassem me provocando por isso jogaria vocês dois no lago!
— Eu sei nadar — retrucou Harry com um sorriso ladino no rosto.
— Therion não, pelo menos um se afoga.
— Você também não sabe — rebateu o gêmeo.
— Nem o papai sabe, por isso nunca nos ensinou.
Ao passar a semana de aulas, os surtos do mais velho dos gêmeos acabaram cessando e algumas coisas voltaram a normalidade, como ele se irritando com Malfoy e retrucando, levando a pequenas discussões muito mais acaloradas que antes. Isso depois de um acordo mútuo de esquecerem completamente a festa de comemoração da vitória da Sonserina contra a Corvinal.
No dia, Canis mandou o irmão ir na frente e colocou-se em frente à porta fechada do dormitório antes que Draco saísse. O loiro encarou-o levemente irritado, querendo sair.
— Sai logo da frente!
— Vamos combinar uma coisa — disse. — Eu ainda te odeio.
— Oh, que maravilha. Também te odeio, Estrelinha. Agora pode me deixar sair? — Draco tentou passar, mas Black continuou impedindo a passagem, impassível.
Canopus estava bem na frente de Malfoy, e eles estavam consideravelmente próximos. Seus olhares se encontraram, como vinha acontecendo muito ultimamente, e Black manteve o contato visual. O outro o manteve por um tempo, até desviar o olhar para outro lado e fechar a cara, sentindo as bochechas queimarem.
Não era difícil para Canis notar o rubor na pele tão alva de Draco, o que o fez rir baixo. Era um tanto... Fofo e engraçado.
— Do que está rindo, idiota? — bradou Draco.
— Nada — respondeu Canopus e cruzou os braços. — Concordamos que aquele pequeno evento não deveria ter acontecido, e aliás foi tudo culpa sua.
— Minha?! Você que estava em cima de mim!
— Porque você me derrubou!
— Eu escorreguei!
— E eu também, o que fez eu… Bom, a gente meio que se beijar. — O rosto do garoto assumiu uma leve coloração rosada ao lembrar disso. — Ainda penso seriamente em escovar os dentes com ácido depois disso. E nada teria acontecido se você me deixasse em paz! — vociferou logo em seguida.
— Nada teria acontecido se você não fosse tão insuportável e pudesse manter uma conversa de cinco segundos!
— Com você? Impossível. Mas nós dois concordamos que não era para ter acontecido.
— Óbvio que não. Nem sob a Maldição Imperius eu te beijaria! — exclamou Malfoy num tom irritadiço.
— Se algum dia eu sequer PENSAR na possibilidade de te beijar, pode me internar na ala psiquiátrica do St. Mungus, porque eu com certeza devo estar maluco.
— Concordamos plenamente nisso.
— Exatamente, porque eu simplesmente não te suporto.
— Que ótimo! Porque eu também te odeio com todas as forças e mal vejo a hora de começarem as férias para ficar longe de você!
— Não é como se eu apreciasse a sua companhia, Malfoy.
Draco bufou e grunhiu irritado, virando-se de costas e partindo até as camas e sentando-se de braços cruzados e expressão emburrada.
— Essa é a minha cama.
— Dane-se! Não levanto até você resolver sair da frente da porta.
— Vamos acabar logo com isso. — Canis suspirou, passando as mãos por seus cabelos e bagunçando os fios escuros. — Não quero toda vez que olhar pra você lembrar o que aconteceu porque o Dragãozinho fica vermelho igual um tomate e foge como se eu fosse um mordisco.
— Um mor-o-quê?
— Não importa.
— E eu não fico vermelho!
— Fica sim. Cala a boca e me deixe terminar.
— Cala a boca, você! Eu só quero ir tomar meu café da manhã. Temos aula de Aritmancia daqui a pouco!
Merlin, dai-me paciência, porque se me der uma varinha eu lanço um Avada, pensou, tentando se acalmar e não explodir o dormitório de raiva. Passou as mãos por seu rosto, respirando fundo.
— Vamos apenas fingir que nada aconteceu, está bem? — esbravejou irritado. Draco ficou em silêncio, olhando para os próprios pés. — Aquilo nunca aconteceu e vamos voltar à normalidade. Eu vivendo minha vida com meu irmão, e você sendo o idiota e insuportável de sempre que vive enchendo o saco.
— E você é um anjinho que não faz nada, não é mesmo? Semana passada derramou tinta na minha tarefa de Runas Antigas! — retrucou erguendo o olhar para Black.
— E você me derrubou da vassoura no treino de quadribol!
— Eu não tenho culpa se a Estrela Cadente não sabe se equilibrar em cima de uma vassoura.
— Vamos apenas ignorar tudo depois da festa e voltar para nossas vidas cotidianas, okay?! — bradou Canopus exaltado.
— OKAY! Não é como se eu quisesse me lembrar disso.
— Ótimo, estamos entendidos.
— Posso sair agora ou Vossa Senhoria ainda vai ficar impedindo a passagem?
Black bufou e abriu a porta. Draco levantou da cama e caminhou apressado até a saída, mas Canis esticou o pé na sua frente e ele tropeçou.
— Ah seu…
— Tenha um péssimo dia, Dragãozinho — disse e saiu em direção às escadas.
Ao chegar na sala comunal, suas pernas de repente ficaram bambas e ele se apoiou na parede para não cair.
— Tenha um péssimo dia você também — disse Draco passando por ele com a varinha em punho.
— A azaração das pernas bambas? Sério?
Malfoy não disse nada e apenas saiu das masmorras.
Nos dias que se passaram, Therion e Canopus, também decidiram focar em seu plano secreto de se tornarem animagos. Com muito esforço e pesquisa na biblioteca, Canis capturou dois casulos de aquerôntia, um tipo de mariposa, e prendeu-as em dois frascos bem grandes cobertos com uma rede, que deixou na sua mesa de cabeceira.
Seus colegas de quarto estranharam, é claro. Mas como eles já haviam percebido que o garoto gostava muito de criaturas, não desconfiaram quando ele disse que apenas queria cuidar de uma mariposa prestes a ganhar asas e acompanhar o processo já que as aulas de Trato das Criaturas Mágicas andavam tão desinteressantes. Com seus estudos, soube identificar facilmente o casulo de uma aquerôntia que faltasse o tempo necessário para se abrir e pegou-o com todo o cuidado do mundo.
Sentia-se mal por precisar tirar as coitadinhas da natureza, mas havia jurado a si mesmo que iria soltá-las e até mesmo deu nomes para cada uma
— Só você mesmo para cuidar de bichos aqui dentro — disse Malfoy enojado, sentado em sua cama e observando Canopus olhando para o frasco.
— Se você não é capaz nem de cuidar de uma coruja, a culpa não é minha — rebateu. — O mundo é repleto de criaturas interessantes. As asas das aquerôntias são muito bonitas.
— Qual vai ser o próximo? Um dragão?
— Ah, mas já temos um dragão aqui no dormitório, Dragãozinho. — Sorriu provocativo e viu Draco bufar e voltar sua atenção para seu livro de Runas Antigas. Voltou a olhar para os grandes frascos, analisando o estado dos casulos. — Acho que Lyra vai vir primeiro.
— Como sabe? — Therion quem perguntou, sentado em sua cama, analisando os cuidados para a poção de animagia com um livro, um pergaminho e uma pena na mão.
— Um pequeno palpite. O casulo dela está mais firme. O da Hydra ainda precisa ganhar um pouco mais de rigidez.
— Lyra e Hydra? Você deu mesmo nomes para os casulos? — perguntou Draco.
— Para as mariposas dentro dos casulos.
Nos dias seguintes, as tarefas foram divididas. Canopus se preocuparia em cuidar das suas mariposas e garantir que os casulos se abrissem na hora certa, enquanto pesquisava como extrair as crisálidas da maneira e na quantidade correta. Já Therion, buscaria cuidar de encontrar o orvalho intocado pelo sol e o ser humano por sete dias e fazer a poção corretamente. Eles acabaram passando longas horas na biblioteca com Hermione, que estava mil vezes mais atarefada que os outros e não fazia ideia do porquê estavam ali e o que tanto pesquisavam.
Harry, Merliah e Rony ficaram ali apenas para fazer companhia a eles, apesar de bastante entediante. Os três tiveram tempo de sobra para se aproximarem fazendo palavras cruzadas para passar o tempo, e até mesmo ensinaram o Weasley a jogar jogo da velha.
— Trouxas inventam muitos jogos estranhos — comentou o ruivo. — É só ficar fazendo um X e um círculo num papel.
— É bom para passar o tempo — disse Harry. — Ganhei!
— Shh! Comemore mais baixo, Harry — reclamou Canis.
Potter resmungou baixo em resposta, enquanto desenha mais uma velha no pergaminho para jogar contra Liah.
Como esperado, na véspera da lua cheia, os casulos se abriram. Canis pulou de felicidade com um grande sorriso no rosto ao ver as mariposas saindo deles com suas asas tão belas. Recebeu olhares de testas franzidas de Malfoy, Nott e Zabini por sua alegria por algo que parecia tão bobo.
Podia parecer algo insignificante para outros, mas para ele era algo lindo e incrível. Somente Remus e Therion conheciam a dimensão do fascínio do garoto por animais e criaturas. Já perderam a conta de quantas vezes quando menor ele pediu para ter um bichinho de estimação, e quando tiveram condições de comprar uma coruja no primeiro ano ele certamente foi quem ficou mais feliz.
Como não tinham muitos brinquedos para se distrair, e Remus os ensinou a ler bem cedo, ele e o irmão sempre acabavam pegando livros do pai para passar o tempo. Canis apreciou bastante os livros que encontrou da época em que Lupin estudou Trato das Criaturas Mágicas em Hogwarts.
Certa vez, quando tinha 9 anos, ele subiu no telhado de sua casa apenas para ver um okami que viu ir até lá. Remus ficou desesperado e fez o menino descer flutuando com sua varinha, e depois de abraçá-lo aliviado, deu-lhe uma grande bronca pelo susto. O garotinho ficou emburrado com o pai por três dias inteiros.
Por isso, Trato das Criaturas Mágicas era sua matéria favorita. Mesmo que as últimas aulas não fossem das mais interessantes, cuidando apenas de vermes, ele já devorou o Livro Monstruoso dos Monstros página por página. Adorava descobrir as maravilhas das criaturas do mundo bruxo.
Ele e o irmão libertaram as mariposas durante a aula de Hagrid, que ficou tão maravilhado quanto os garotos, e elogiou Canopus por cuidar muito bem dos casulos e ter a bondade de soltá-los na natureza.
Antes de anoitecer, os dois visitaram Remus, que estava em seu quarto descansando. Deram-lhe um grande abraço e ficaram agarrados a ele como ficavam desde pequenos.
— Tomou sua poção? — perguntou Therion.
— Sim. Não precisam se preocupar, eu serei apenas um manso lobo que irá descansar a noite toda — tranquilizou Lupin. — E no fim de semana estarei bem para podermos ir a Hogsmeade juntos.
Os gêmeos sorriram, felizes em poder visitar o vilarejo junto com o pai. Esperavam que muito em breve pudessem estar ao lado dele em suas difíceis noites do ciclo.
Remus pediu para que saíssem um tempo depois, e eles prometeram voltar de manhã bem cedo. Saíram do quarto com um aperto no peito, como sempre acontecia nas noites de lua cheia.
Mas hoje eles seguiriam em frente com o plano, e logo não precisariam mais deixar o pai sozinho.
Quando anoiteceu, chegou a enfim hora de executar o próximo passo, um dos mais exigentes, depois de um mês. Com a ajudinha da capa da invisibilidade que pegaram emprestada com Harry, eles saíram do dormitório escondidos até o lado de fora para prosseguir.
Eles roubaram uma colher de prata na cozinha usando a passagem secreta pela dispensa e saíram do castelo em direção a Floresta Proibida com as varinhas em punho.
Caminharam devagar, Therion indo a frente para guiar o irmão. Em meio a todas as árvores, eles chegaram até uma parte bastante obscura da floresta. Canopus manteve sua atenção nos arredores, segurando firmemente a varinha, com a ponta iluminada pelo feitiço Lumus, enquanto Therion usava a colher de prata para pegar duas colheres de chá de orvalho de uma árvore, uma para cada um.
Então eles seguiram para fora da floresta. Graças a Merlin, nada ocorreu e eles estavam são e salvos.
Então, a luz da lua cheia, eles tiraram as folhas de mandrágora de suas bocas e colocaram em dois frascos de cristal junto a um fio de seus cabelos.
Therion tinha cuidadosamente marcado as tampas dos frascos com suas iniciais para não confundirem. Embora, por serem gêmeos univitelinos, fossem geneticamente iguais, com magia não se podia brincar e ceder a possíveis enganos.
— Pronto. Está com as crisálidas? — Canis assentiu e entregou dois outros frascos para o irmão, e o ajudou a colocar junto aos outros ingredientes.
Crisálida era a secreção dos casulos das aquerôntias, e Canopus havia extraído logo após a aula de Trato das Criaturas Mágicas, no dormitório. A poção não parecia das mais saborosas, certamente, mas por Remus, beberiam até veneno.
Therion adicionou as colheres de orvalho e depois tampou os dois frascos.
— Agora teremos que guardar os frascos num local escuro, sem que possa receber o mínimo de luz. Não podemos olhar para eles até o fim do processo — disse.
— E esperar até a próxima tempestade de raios — completou Canis.
— Pode demorar anos!
— Ninguém disse que seria fácil.
— Há algumas tempestades no começo do verão. Quem sabe damos sorte de vir uma com muitos raios.
— Teremos que contar com a sorte mesmo.
— Para de ser pessimista, Canis!
— Não sou pessimista, sou realista. Nunca saberemos quando virá uma tempestade de raios.
O mais novo suspirou, choramingando baixinho. Os passos para se tornarem animagos eram extremamente exigentes e complicados. Entendia por que os Marotos demoraram três anos para conseguir, desde o momento em que Sirius teve essa ideia para ajudar Remus.
Eles olharam na direção do Salgueiro Lutador, que fora plantado no ano em que Lupin entrou para Hogwarts, como forma de guardar a entrada para a Casa dos Gritos. Podia demorar, mas eles iriam conseguir.
— Ouviu isso? — disse Canopus, parando de andar de repente.
— Isso o quê?
Ele havia ouvido algo e tratou de ergueu a varinha, atento. Olhou ao redor, procurando a fonte dos sons.
— O que… AH! — dizia Therion e gritou de susto ao ver algo pular próximo. Canopus colocou a mão em sua boca imediatamente.
— Não grita!
Eles baixaram o olhar e viram um pequeno ser de pelagem amarelo-alaranjado, com seu rabo felpudo erguido no alto. O mais velho suspirou aliviado, afastando-se do irmão e pegando o animal do chão.
O gato de cara amassada olhou-o com desinteresse, virando a cabeça depois.
— É só o Bichento.
— O gato da Mione? O que ele faz aqui?
— Parece que ele resolveu dar um passeio noturno. — Canis sorriu de leve, acariciando a orelha do bichinho e ouvindo-o ronronar. — Não sei como Rony reclama tanto de você. É tão bonitinho… Estava passeando ao luar, Bichento? — disse e beijou os pelos do gato, que miou alto. — Fica quietinho, hm? Vamos voltar para o castelo e você vai voltar para a Mione. Está frio aqui fora.
Eles olharam ao redor uma última vez antes de tornar a jogar a capa sobre suas cabeças. De volta ao castelo, Canis soltou Bichento próximo às escadas, e ele correu a caminho da Torre da Grifinória, enquanto os garotos voltavam para as masmorras.
Entraram cuidadosamente no dormitório, tentando não acordar seus companheiros de quarto. Guardaram os frascos dentro de uma caixa, e a colocaram no fundo falso da gaveta na mesa de cabeceira de Therion. A capa de Harry foi dobrada e colocada embaixo da cama de Canis antes de se deitarem.
Os dois suspiraram. Mais um passo já havia sido feito.
De manhã, eles acordaram antes de todo mundo, faltando pouco para o nascer do sol. Trocaram de roupa, pegaram a capa de invisibilidade e foram para a Torre de Astronomia.
Enquanto observavam o sol nascer, eles pegaram suas varinhas e apontaram-nas para seus corações, respirando fundo.
— Amato Animo Animato Animagus — recitaram ao mesmo tempo e então se entreolharam.
Começava um novo ritual até a parte final do plano, que agora estava ao mesmo tempo tão próximo e talvez tão distante, aguardando uma tempestade de raios. Todos os dias, sem exceção, ao nascer e pôr do sol eles apontariam as varinhas para o coração e recitariam aquelas palavras.
Eles sorriram de leve um para o outro, dando as mãos em seguida.
— Agora é só esperar — disse Canis.
— Papai nos mataria se soubesse que estamos fazendo isso.
— Estamos fazendo isso por ele, não é? Quando estiver terminado, ele não poderá fazer nada. Só temos que… Esperar.
— É… Nós vamos conseguir.
— Pelo papai. Lua por lua.
— Lua por lua.
***
Os gêmeos Black observaram a dupla ruiva de longe no pátio. Com a pausa para a conclusão do plano relacionado a Animagia, chegou a hora de outra conquista: recuperar o Mapa do Maroto.
Eles se aproximaram de Fred e George com olhares determinados no rosto, convencidos de que muito provavelmente os Weasley haviam encontrado o mapa e o usaram em muitas de suas travessuras ao longo dos anos. Já os avistaram com um estranho pergaminho por duas vezes, e precisavam tirar a prova final.
Os gêmeos ruivos notaram a aproximação de seus concorrentes sonserinos e exibiram sorrisos divertidos em seus rostos.
— Nossos queridos amigos sonserinos — disse Fred.
— O que os traz à nossa humilde presença? — indagou George.
— Nada demais, estávamos apenas passando e resolvemos cumprimentar as cópias grifinórias — respondeu Canis, apoiando-se despojadamente em uma árvore próxima ao banco onde os Weasley estavam sentados.
— Planejando muitas pegadinhas? — perguntou Therion descontraidamente.
— Sempre — disse Fred.
— E vocês?
George encarou-os desconfiado, enquanto os Black se entreolharam e sorriram de canto. Canopus começou a olhar distraído para suas unhas, como se elas fossem muito mais interessantes no momento.
— Temos algumas coisas em mente, mas nem sempre é fácil colocar em prática, sabe?
— Entendemos perfeitamente.
— Há sempre Filch ou os professores à espreita nos corredores. Não queremos ser apanhados no ato, não é mesmo?
— Imagina se soubéssemos alguma passagem secreta por Hogwarts — dizia Therion.
— Ou algo que mostrasse exatamente onde as pessoas estão para podermos escapar caso alguém se aproximasse — completou seu gêmeo.
Os Weasley sorriram minimamente, entreolhando-se e então voltando a olhar para os Black.
— Imagina se existisse algo assim, não é mesmo? — falou George.
— Sim. Algo que mostrasse toda Hogwarts, cada corredor, suas passagens secretas, as pessoas circulando pelo castelo…
— Tipo o Mapa do Maroto — sugeriu Canis, cruzando os braços e voltando sua atenção para os gêmeos ruivos.
Houve alguns instantes de silêncio em que as duplas de gêmeos trocaram olhares. Os sonserinos assumiram expressões sérias em seus rostos, mirando Fred e George fixamente à procura de qualquer sinal de nervosismo ou hesitação.
Os Weasley comprimiram os lábios, dando de ombros.
— Parece que nos pegaram, George.
— É, Fred... — concordou. — Mas como sabem sobre ele?
— É uma relíquia de família — disse Therion, não se estendendo muito nesse ponto.
— E nós queremos de volta.
— E quem disse que está conosco?
— Não somos burros, Fred. Está com vocês, não está?
— Está. Mas por que daríamos algo tão valioso para vocês? — indagou George.
— Porque é nosso por direito — Canopus disse, afastando-se da árvore e aproximando-se mais dos garotos mais velhos, com um ar intimidador. — Herança nossa, entende?
— Não, não entendemos.
— E não iremos dar a vocês dois.
— Esse mapa é nosso!
— Nós encontramos primeiro — Fred e George retrucaram juntos.
— Sabemos sobre ele porque conhecemos muito bem os seus criadores — disse Therion. — Nós temos uma relação bastante próxima com o Moony. Ele próprio nos contou sobre a criação do mapa. — Estendeu a mão. — Passa pra cá.
Os gêmeos Weasley arquearam as sobrancelhas, rindo. Cruzaram os braços em perfeita sincronia e ficaram encarando os Black, impassíveis.
— Fingiremos que acreditamos — falou Fred.
— Sabe Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs? Nós conhecemos eles. Sabemos quem são, e um deles era meu padrinho, inclusive — Canis disse impaciente. — Eles exploraram cada milímetro do castelo e conhecemos de ponta a ponta a história de como criaram esse mapa. Ele é nosso!
— Seu padrinho? — questionou George.
— É. O Prongs, mais especificamente, mas isso não importa muito agora. Filch confiscou o mapa quando eles estavam no sexto ano. Imagino que tenham encontrado na sala dele.
— No primeiro ano — confessou Fred. — Ele foi de grande ajuda para nós.
— Imaginamos que sim. E depois de três anos, acho que já aprenderam quase todas as passagens que ele mostra, não é mesmo? — disse Therion. — Agora é hora de passar para seus verdadeiros donos.
— Ah, mas seria tão difícil nos despedir dessa tão importante relíquia que tem nos ajudado há tanto tempo, não é, Fred?
— Irão dificultar as coisas, então? — Canis sorriu maliciosamente, pegando sua varinha no bolso.
Os Weasley riram.
— Vai nos ameaçar? — perguntaram juntos.
— Não, não. Apenas mostrar algo que aprendemos no verão. Um pequeno feitiço bastante útil — falou calmamente, apontando a varinha para eles. — Accio mapa.
Um pergaminho antigo dobrado voou das vestes de Fred direto para as mãos do Black, que sorriu vitorioso. Estava completamente em branco, mas ele sabia que aquele era o mapa.
— Feitiços convocatórios só são ensinados no quarto ano!
— Meu pai é o professor de DCAT, e o meu avô é um excelente bruxo renomado que trabalha para o Ministério e que decidiu ensinar algumas coisinhas úteis para os netos no verão. É óbvio que aprendemos algumas coisinhas adiantadas. Para nos defender, sabe?
— Não é útil contra um bicho papão, mas pode nos salvar de algumas encrencas às vezes. Convocar a coisa certa pode salvar vidas — Therion falou em seguida, lembrando-se do que Lyall lhes disse quando ensinou aquele feitiço no dia que o visitaram. — Não costumamos nos gabar por causa de nossa família, mas admitimos que eles nos ajudam bastante.
— Accio — conjurou George, recuperando o mapa. Os Black exclamaram exasperados. — Nós conhecemos esse muito bem também.
Therion e Canopus bufaram irritados.
— Boa tentativa, meninos, mas não entregaremos nosso maior segredo. — Guardou o mapa no bolso com um sorriso vitorioso.
— Que maldade, Weasley — a voz feminina soou próximo a eles.
Os olhares dos quatro foram para a árvore logo ao lado, onde agora estava apoiada a garota com seu uniforme completo, acompanhado do cachecol verde e prata, luvas pretas e uma faixa também verde nos cabelos. Ela estava de braços cruzados e possuía um brilho divertido no olhar. Ao seu lado estava Potter, com seu uniforme e cachecol vermelho e dourado da Grifinória, apenas observando a cena e contendo o riso.
Os Black sorriram ao ver os amigos.
— Maldade? — indagou George.
— Não devolver o mapa que pertence a eles — disse. Os gêmeos sonserinos haviam lhe contado sobre o mapa e a tentativa de recuperá-lo no dia anterior.
— Nós vimos primeiro e não vejo nada escrito que eles sejam os donos — retrucou Fred.
Ela afastou-se da árvore e aproximou-se deles, juntando ambas as mãos atrás de suas costas enquanto se colocava entre os dois melhores amigos.
— Ora, George! E tem os seus nomes aí por acaso?
— Er… Não.
— Ela tem um ponto — comentou Harry.
— Não acredito que está nos traindo dessa maneira, Harry — disse Fred com falsa mágoa, levando a mão ao coração. — Te considerávamos um irmão!
— Se juntando ao inimigo… Quanta desconsideração por nós — continuou George, fingindo secar uma lágrima.
— Não sejam tão dramáticos. Eles são meus amigos também.
— Uma escolha de amigos bastante questionável, devemos acrescentar — disse Fred.
— Embora vocês sejam os mais suportáveis e por quem temos maior consideração dentre aquelas cobrinhas na masmorra.
O trio de sonserinos riu, e Harry se conteve para não rir também.
— Antes ser uma cobra que o rato no estômago dela — Merliah disse, dando de ombros. — Mas os leõezinhos são muito confiáveis, não é mesmo? Sem ofensa, Harry.
— Sem problemas, Liah.
— Claro que somos confiáveis — disse Fred. — Mais que os sonserinos, pelo menos.
— Claro que são. — Ela sorriu irônica, aproximando-se mais dos gêmeos Weasley. — Os grifinórios são os melhores. Vocês são os anjinhos da escola toda.
— Ah, me chamando de anjo? Que fofo da sua parte — provocou George.
— Que tal acabarmos com logo isso?
— Acabar? Mas está sendo tão divertido!
— Imagino que esteja. Aliás, varinha legal!
Os gêmeos Weasley franziram o cenho, até então verem a menina girando a varinha de George entre os dedos. Ele arregalou os olhos, tocando as roupas à procura da varinha, que não estava mais consigo.
— Como...?
— Pequenos truques de mágica trouxa — disse enquanto jogava a varinha de volta. — Isso é seu, Fred? — Abriu um leque de cartas de baralho de snap explosivo em sua mão.
— Mas… EI! — ele se levantou para pegar o baralho de volta.
— Como você pegou? — George perguntou rindo enquanto encarava a garota levemente impressionado.
— Não vou revelar meus segredos. Agora, vamos indo, meninos? Acho que não vamos conseguir esse mapa hoje. Tenham uma boa tarde, cuidado com seus pertences!
Merliah passou os braços pelos ombros dos amigos, e Potter se juntou a eles, passando o braço nos ombros de Therion. Os quatro foram deixando os Weasley para trás e sorriram de lado enquanto se entreolharam.
Canis pegou discretamente o pergaminho escondido nas costas da amiga, por trás da capa do uniforme. Puxou a varinha do bolso e olhou para o irmão e os dois amigos ao lado, com um brilho maldoso no olhar.
— Eu juro solenemente não fazer nada de bom — disseram eles juntos ao chegarem ao corredor.
Inscrições começaram a surgir na frente do mapa, como se alguém escrevesse nele.
Os senhores Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs têm o orgulho de apresentar
O Mapa do Maroto.
— Sabia que eles não cederiam fácil.
— O segredo é sempre manter a atenção da pessoa em outro lugar — disse Merliah.
— Muito bem, Liah! — falou Harry. — Nem mesmo eu te vi pegar a varinha do George.
— Quanto tempo acha que vão demorar para perceber? — perguntou Therion.
— Acho que já perceberam — declarou Canis, apontando para dois nomes no mapa que iam rapidamente em direção a eles.
— PARADOS AÍ! — Fred e George gritaram.
— CORRAM! — gritou Harry, e os quatro começaram a correr.
Os Weasley os seguiram pelos corredores, enquanto eles corriam a toda velocidade e riam. Pegaram suas varinhas e tentaram jogar azarações nos dois, que também pegaram suas varinhas para se defender.
Todos que passavam pelos corredores olhavam-nos com estranheza e confusão. Sentiram-se de volta ao dia no Beco Diagonal, porém com muito mais adrenalina, e agora podiam usar magia.
A todo momento Canopus olhava para o mapa, usando-o como guia para não se encontrarem com nenhum professor. Graças a ele, escaparam de dar de cara com McGonagall, Snape, Sprout e Flitwick. Por vezes, até o próprio mapa ajudou a encontrar os melhores caminhos, desenhando setas e com pequenas frases.
Ao passarem por um grupo de alunos setimanistas corvinos e lufanos, carregados de livros, Therion usou sua varinha para fazer os livros voarem na direção de Fred e George e atrasá-los, atraindo reclamações no processo.
— Desculpa, livrinhos! Prometo que vou passar mais tempo na biblioteca depois — disse, arrancando risadas dos amigos.
Viraram em mais um corredor e subiram as escadas até o segundo andar apressadamente, ainda com os Weasley em seu encalço.
George conseguiu chegar mais perto. Esticando o braço, conseguiu segurar na ponta do cachecol de Liah que caía por suas costas, mas ela rapidamente girou para desenrolar a peça de si, rindo. Virou-se de frente para o ruivo e sorriu de canto.
— Pode ficar pra você. Tarantalegra! — azarou-o e voltou a correr, enquanto as pernas do Weasley se mexiam sem seu controle e ele se desequilibrou, caindo no chão.
Therion jogou a azaração das pernas bambas em Fred, que vinha logo depois, e o quarteto disparou por entre os corredores, todos rindo alto. Correram por um longo corredor, desviando de outro ao ver no mapa que Filch se aproximava por ele.
Então Canis abriu uma porta, e todos entraram, fechando-a rapidamente.
Respiravam rápido por conta da corrida. Em meio às risadas entrecortadas pela respiração ofegante, os quatro se entreolharam e miraram o mapa nas mãos de Canis. Fred e George não estavam por perto, nem mais Filch.
Desabaram no chão, as costas contra a parede e a porta, os rostos vermelhos e levemente suados.
Harry tirou seu cachecol vermelho e dourado e afrouxou a gravata. Os gêmeos se desfizeram de suas capas, sentindo um pouco de calor pelo esforço exercido, mas permaneceram com os suéteres com o emblema de sua casa.
Foram recuperando o fôlego, pensando no quanto haviam se divertido naquela fuga.
— Conseguimos — disse Therion.
— Os Marotos estão oficialmente de volta.
— De quem são os nomes no mapa? — perguntou Liah, curiosa.
— Os apelidos do meu pai e seus amigos que criaram o mapa — respondeu Canis. — Ele é o Moony. Prongs é o pai do Harry.
— Por isso esse apelido, Therry?
— Exatamente, Hazz. Você é exatamente uma cópia do Prongs.
Harry sorriu com isso. Finalmente havia entendido o apelido pelo qual Therion sempre o chamava desde o dia no trem, Mini Prongs. Ele nunca havia explicado, mas Potter acabou se acostumando e deixando pra lá.
Então ele lembrou o que Canis disse sobre Prongs e encarou o amigo. Se Prongs era padrinho dele, e ele era o seu pai...
— O meu pai era o seu padrinho, Canis?
— Era.
— Pensei que fosse o Prof. Lupin.
— Ele é o meu padrinho — Therry explicou.
— Sirius escolheu padrinhos diferentes para nós dois. Tio James era o meu.
— Por que nunca me contaram?! — perguntou exasperado. Não era algo que se escondia de um amigo.
— Era importante comentar?
— O QUE VOCÊ ACHA?
— Essa é uma história muito longa.
— Estou ansiosíssimo para ouvir — Potter disse friamente.
— Hazz... — começou Therion.
— O que vocês aprontaram? — a voz de Remus ecoou pelo cômodo, de repente.
Os quatro olharam para cima e viram Remus no mezanino que levava ao seu quarto. Haviam entrado na sala dele, e o barulho chamou sua atenção e o fez sair de seu descanso.
— Nada, papai — os gêmeos responderam.
— Sabem que não acredito, não sabem?
— Poderia fingir que acredita só um pouquinho, Tio Remus?
— Não, Merliah. Estão com cara de que aprontaram alguma. De quem estão se escondendo?
— Papai às vezes é esperto demais — murmurou Therion, fazendo uma leve careta.
Lupin desceu até embaixo e caminhou até eles, que continuavam sentados no chão. Cruzou seus braços, analisando os quatro.
— E então? O que andaram fazendo?
— Sabe, Professor… — começou Harry, mas não concluiu.
Remus riu e continuou a aguardar a resposta. Seus olhos passaram de Harry até Canis, e se arregalaram quando o filho ergueu o Mapa do Maroto.
— Recuperando uma herança de família. Pode fazer chocolate quente pra nós?
———————————
Olá, meus amores!
Tudo bem?
E o Mapa do Maroto voltou para os descendentes de seus criadores. O que acharam? Marotos 2.0!!
Continuamos o processo de animagos, e eu estou bastante ansiosa para a conclusão dele. Façam suas apostas para os animais em que eles vão se transformar!
E amo sempre que vou escrever mais dessa amizade linda do Harry com os gêmeos e eles se divertindo juntos. Fico toda boba imaginando eles aprontando. Remus fica todo bobinho também 🤧
Chegamos a metade do terceiro ano e estamos nos encaminhando para a final dessa segunda fase da história. Estão gostando do desenrolar do enredo?
Não esqueçam de votar e comentar bastante!
Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋
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