XLI. Our Moons
Mergulhando em mais um sonho confuso, de alguma forma, Canopus desejava que Sirius não estivesse nele.
Para sua infelicidade, ele estava.
Não eram imagens muito claras, mas ele sabia que era. Tinha o seu irmão a sua frente brincando com uma miniatura de goles que flutuava sempre que ele jogava antes que esticasse os braços para pegar de novo. Ele estava voando também, em uma vassoura de brinquedo, rodando toda a sala rápido demais. Então tudo ficou de ponta cabeça, suas pequenas mãos agarradas a vassoura.
“EI! Cuidado aí, artilheiro!” ouviu a voz de Sirius, antes de ser pego para os braços dele e ter a vassoura tirada de suas mãos. “Não posso nem chamar seu padrinho sem que você quase caia da vassoura?”
Viu Sirius pegar sua varinha e apontar para a goles, fazendo-a voar de volta para seu irmão. Esticou suas mãozinhas na direção da varinha, tentando pegá-la, mas ele não deixou.
Começou a resmungar e choraningar.
“Sabe que não pode brincar com isso. É do papai e um dia você terá a sua.” Sirius beijou a ponta de seu nariz. “Sem vassoura por enquanto. Não queremos que se machuque, hm? ”
Canis começou a chorar quando foi colocado no chão. Sirius tentou acalmá-lo, deixando-o aninhado em seu colo e brincando com ele e com Therion, fazendo luzes e faíscas coloridas saírem da varinha. A todo momento olhava para o relógio.
“Eu preciso falar com Tio James. Fica quietinho com seu irmão.” Ele o deixou com Theion, mas logo estava chorando de novo, esticando os braços na direção dele. “Calma, calma! Vou só falar com Tio James. Papai já vem brincar com você.” disse passando a mão por seus cabelos e beijando o topo de sua cabeça.
E começou uma sequência que ele já havia visto muitas vezes em outros sonhos. Sirius ao telefone, na lareira, com o espelho em mãos. Ele e Therion começaram a ficar nervosos com o pai andando de um lado para o outro alterado e começaram a chorar.
Sirius novamente tentou o telefone. Xingou a lareira que parecia não estar funcionando. Os levou para o quarto e os deixou nos berços, cantarolando de forma embolada e nervosa com um espelho na não.
"James, me responde, caramba!" exclamou andando de um lado para o outro no quarto e voltando a cantarolar para acalmar os garotos. “Merlin! Que horas Remus volta?”
Canis começou a chamar por Sirius, mas ele parecia não ouvir. Não importava quantas vezes falasse “papai”, ele parecia não ouvir. Então ele saiu do quarto e voltou vestindo uma jaqueta de couro.
“Onde estão as malditas chaves?”
Ele revirou os bolsos da jaqueta, então tirando as chaves dali. Poucos instantes depois, Remus chegou e franziu o cenho.
“Sirius, o que...”
O pesadelo se repetia. Remus brigando com Sirius perguntando porque estava tão nervoso... Sirius indo embora.
Remus o pegou no colo junto a Therion, ambos chorando e chamando por Sirius.
“Estou aqui. Papai já vai voltar”
Mas não voltou.
O sonho mudou. Agora, ali estava ela.
Era a segunda vez que sonhava com sua mãe. Segunda vez que via com detalhes os olhos cor de mel claros como o céu do crepúsculo. Olhos que transbordavam em lágrimas.
A imagem era um tanto desfocada, mas sabia que era sua mãe, e ela estava chorando enquanto tocava algumas teclas do piano. Era uma melodia calma que o fazia sentir-se relaxado e tranquilo. Os olhos dela voltaram-se para ele.
Sentiu como se seu corpo fosse erguido e carregado. Ela estava agora o aninhando em seus braços. Agora via com nitidez seus olhos tão tristes, enquanto ainda podia ouvir algumas notas melancólicas.
“Seu pai é muito muito idiota e cabeça-dura” ela disse em irlandês, mas ele compreendeu perfeitamente. “Mas seu tio Moony consegue ser tanto quanto. Ele não acredita que não estarei mais aqui e vocês precisariam dele...”
Ela exibiu um sorriso fraco, melancólico, ainda chorando.
“Ele sempre seria a escolha certa e o melhor para cuidar de vocês” continuou e beijou sua testa, segurando a pequena mão de bebê. “Diga isso a ele por mim, okay?”
A imagem do rosto de sua mãe começou a se desfazer, e ele chamou por ela. Ele precisava dela mais um pouco.
— Mamãe! — chamou e acordou num pulo.
— Canis, finalmente acordou! — Remus exclamou e suspirou aliviado, ao lado do filho, segurando seu rosto.
— Papai?
Canopus sentou-se com dificuldade, logo sentindo-se zonzo e com pontinhos surgindo em sua visão. Remus o segurou e o ajudou a escorar-se na cabeceira. Após alguns instantes, percebeu que estava na cama do pai, e Therion logo ficou ao seu lado.
Demorou alguns segundos para se recuperar e sua visão entrar em foco, enquanto se lembrava de tudo que aconteceu antes de desmaiar. Ele encarou o pai, preocupado, e esticou a mão na direção da cabeça dele.
— O senhor está bem? E-eu… Eu não queria te machucar!
— Eu sei, minha estrela. Estou bem — Remus tranquilizou-o e segurou sua mão com força. — Como você está se sentindo? Harry e Liah contaram sobre o bicho-papão…
— Estou bem.
— Canopus, não minta mais para mim — Lupin o repreendeu firmemente. — Me diga a verdade. Não pode me impedir de me preocupar com você.
— Estou bem… Só…
— Canis, não adianta esconder — Therion disse. — Sabemos que não está bem.
Canopus suspirou, derrotado. Não gostava de preocupar o pai com suas dores. Sabia que ele faria muito mais importância a elas que às suas próprias.
— Um pouco fraco, eu acho. E com fome.
— Vou preparar o jantar, mas só depois de conversarmos.
— Sobre o quê?
— Sobre hoje, sobre tudo. Isso não pode continuar assim.
Remus acariciou levemente os cabelos dos gêmeos. Estendeu um copo d'água e uma poção revigorante para Canopus. O garoto logo sentiu-se melhor. A mente ficou mais clara, o corpo mais enérgico.
Therion permaneceu ao lado do irmão e observou o pai endireitar-se na cama para ficar de frente para eles. Lupin respirou fundo, encarando aos dois. Precisavam ter aquela conversa.
Sirius havia pedido para falar com eles primeiro, mas depois de tudo, achava que seria melhor ele mesmo falar antes de conversarem. Ele conhecia bem os garotos, os criou e os viu crescer. Saberia como lidar e guiar o caminho antes de tudo. Sirius não precisava fazer tudo sozinho.
— Na primeira aula, eu fiquei tão preocupado e focado no Therion que sequer percebi quando você enfrentou o bicho-papão, Canis — começou a falar. — Por que nunca me disse que era o próprio Sirius?
— Não tinha porque falar…
— Entendo que não se sinta confortável com Sirius aqui, mas eu sempre disse que vocês poderiam confiar em mim para tudo e nunca precisariam ter receio de conversar comigo. Deveríamos ter conversado sobre tudo, tentando resolver… Não pode simplesmente guardar tudo só para você.
— Sempre deixei bem claro que não queria ele aqui.
— Você nunca disse que sentia medo dele, Canis. Eu não posso te ajudar se você não me falar! — Remus rebateu num leve tom repreensivo. — Guardar tudo até explodir é o que fez você quase matá-lo no porão.
— E também te machucar — Therion completou.
— Estou bem agora. O que me preocupa são vocês…
— O senhor sempre pensa mais em nós do que em si mesmo.
— Porque amo vocês. Vocês são meus filhos, minhas estrelas.
Remus sorriu fraco, mas encarava-os seriamente.
— Sirius não vai embora.
— Ele tem que ir — Canopus disse.
— Não é seguro para ele.
— É seguro para nós?
— Canopus, não será fácil, entendo perfeitamente agora. Mas Sirius não quer nos machucar.
— Ele vai. Um dia ele vai.
— Por quê? Diga tudo o que sente e me fale porque pensa isso. Fale comigo!
Canopus ficou calado. Therion segurou a mão do irmão, tentando transmitir conforto a ele. Sabia que estava precisando.
— Canopus, eu sinto muito por não ter percebido antes o quão mal isso te fazia, mas você também precisa me ajudar. Se continuar se escondendo e guardando tudo só para você, na próxima vez pode se machucar, machucar alguém de verdade! — Remus lamentou. — Eu descobri sobre as poções.
— Que poções?
— Eu sei que você pegava minhas poções para dor, Canis. Sirius viu os frascos no seu quarto. Você deveria ter me dito que ainda estava com dor! Por que nunca diz nada?
— Porque o senhor se sentiria pior — confessou.
— Canis…
— O senhor me machucou na lua cheia porque estava sem consciência do que fazia. Eu sei que se culpa até hoje, mas a culpa não foi sua! — Canis exclamou. — Assim como eu não quis te machucar hoje. Eu não estava conseguindo controlar minha magia.
Remus comprimiu os lábios. Canopus estava certo sobre o quanto ainda se sentia culpado, e saber que o filho ainda sentia dor e não o contou não ajudou nem um pouco. Isso o fazia sentir-se péssimo.
— Eu tenho culpa por esquecer a Poção Mata-Cão Canis. E o meu trabalho é cuidar de vocês…
— Mas…
— Me deixe falar! — repreendeu o garoto, mantendo a expressão séria. — Eu não queria, mas fiz aquilo, não posso mudar. Sei que não quis me machucar, mas você também sabe muito bem que a magia está ligada às emoções… Se isolar é perigoso. É meu dever como pai cuidar de vocês e me preocupar! Me esconder quando está mal não vai ajudar nem a mim nem a você ou seu irmão! Não importa se é uma dor de dente, pelas feridas que te causei ou se sente acanhado por ter a forma viva do seu bicho-papão dentro de casa!
Canopus abaixou a cabeça.
— Você não pode e nem precisa fazer tudo sozinho, porque eu estou aqui! — Remus olhou para Therion. — E isso vale para você também. Desde que vocês eram pequenos sempre puderam contar comigo. Eu quero que me digam exatamente o que incomoda vocês para que possa ajudar.
— E nós também queremos te ajudar — Therion falou. — Não é só Canis que tem medo que algo aconteça ao senhor.
— Eu sei, Therry… E agradeço que se preocupem. Mas vocês precisam confiar em mim e nas minhas decisões. Se por algum dos últimos eventos vocês perderam a confiança em mim…
— Não! — os gêmeos exclamaram juntos, e Canis ergueu a cabeça rapidamente.
— Eu vou entender. Mas preciso que confiem em mim!
— Confiamos — disseram juntos outra vez.
— Nós vamos dar um jeito de resolver tudo com Sirius. E ele realmente entende que não é fácil se aproximar de vocês…
— Ele precisa ir embora — Canopus falou firme.
— Agora entendo o quão difícil é, Canis… Mas ele também precisa de ajuda.
— Eu não quero continuar vendo ele aqui! — o garoto exclamou e seus olhos ficaram marejados. — Não quero ele aqui, não quero ele se aproximando e indo embora de novo como sempre faz, não quero que por culpa dele possamos te perder também!
— Vocês não vão me perder.
— Se o Ministério pegar ele aqui, vamos sim! — retrucou. — Ele nos abandonou aqui uma vez. Por causa dele há anos tem dias que Hogwarts parece um inferno porque sempre nos comparam a ele! Tudo que temos é o senhor, e ele vai nos tirar isso também! Ele ficou longe durante toda a nossa vida e não o quero aqui se por ele eu posso perder o único pai que tive!
— Nem imaginamos como teria sido se não tivesse ficado com a gente… — Therion murmurou. — E nem Canis nem eu queremos saber como é não ter.
— Nosso pai é você, não ele — Canopus falou num tom firme. — Ele pode tentar, mas nunca vai ser. Ele não vai te tirar de nós.
— Não é isso que ele quer, Canis…
Remus respirou fundo e aproximou-se mais dos filhos. Levou suas mãos ao rosto de cada um, acariciando suas bochechas e olhando em seus olhos tão brilhantes. Ele amava aqueles garotos mais que tudo no mundo.
Também não queria perdê-los. E não iria permitir isso.
Eram seus filhos. Suas estrelas. Ninguém os tiraria dele. Ninguém.
— Vocês são meus filhos e nada nem ninguém irá mudar isso. — Ele beijou a testa de ambos, puxando-os calmamente para um abraço. — Nem mesmo Sirius.
Os garotos passaram seus braços ao redor dele, enterrando os rostos em seus ombros. Sentir aquele abraço quente dos filhos com tanto amor e carinho era uma das melhores coisas para Remus; poder tê-los em seus braços, onde estariam seguros… Na maior parte do tempo.
O medo de ser um perigo constante sempre que chegava a lua cheia nunca iria embora, mas ele os amava demais para deixar que isso fosse um obstáculo.
— Eu amo vocês — sussurrou. — Não sou perfeito, mas sempre faço o melhor por vocês. Podem confiar em mim, está bem?
— Também te amamos, papai — os gêmeos disseram e cada um beijou um lado de seu rosto.
Remus sorriu com a atitude e então encheu-os de beijos pelo rosto, arrancando pequenos risos deles antes de se desfazerem do abraço.
— Ainda quero falar mais um pouco com você, Canis… — disse segurando a mão do garoto firmemente. — Therry, se incomoda de ir ver como Sirius está?
— Tudo bem — ele concordou.
Therion apertou fraco o ombro do irmão como forma de conforto antes de sair do quarto. Remus abriu a gaveta da mesa de cabeceira, pegando um caderno e um par de óculos, então ficando ao lado do filho, também escorado na cabeceira, posicionando o que pegou sobre seu colo.
Canopus aguardou em silêncio, já esperando por mais sermões com relação a Sirius. Ele recolheu sua perna boa contra o peito, abraçando-a e apoiando o queixo sobre o joelho, enquanto mantinha o pé machucado estirado sobre dois travesseiros.
Lupin respirou fundo, pensando bem nas palavras.
— Você sabe por que meu bicho-papão é uma lua cheia?
— Porque é quando se transforma em lobisomem.
— Também. Era noite de lua cheia quando fui transformado, obviamente. Mas antes disso, eu gostava muito da lua.
Canopus voltou os olhos para o pai, atento.
— Eu adorava observar o céu à noite quando pequeno, principalmente a lua e ver a mudança de todas as suas fases. Eu amava ver a lua sempre brilhante no céu enquanto minha mãe lia O Pequeno Príncipe pra mim. — falou. — E fiquei um tempão observando o céu pela janela naquela noite. As estrelas estavam lindas, e eu nunca havia visto a lua tão grande e brilhante como naquele dia… Fiquei encantado. As noites de lua cheia eram minhas favoritas porque a lua estava sempre em sua forma mais majestosa brilhando no céu...
Remus comprimiu os lábios. Era uma lembrança difícil e bastante dolorosa.
— Horas depois, eu estava dormindo e… Minha noite favorita se tornou um pesadelo.
— O senhor nunca gosta de falar desse dia — Canis murmurou.
— Eu não gosto sequer de me lembrar daquela noite. Mas sempre que se aproxima a lua cheia… Os pesadelos me atormentam, e eu lembro de tudo que aconteceu — confessou. — E o que eu mais me lembro é de ver como a lua estava grande e bonita momentos antes de ele… — Remus suspirou, não concluindo a frase. — Depois disso, nunca mais consegui olhar para a lua da mesma forma. O que eu mais gostava se tornou o símbolo do meu maior fardo que eu carrego…
— Por que está me contando isso?
— Porque o Sirius é a sua lua cheia.
Canis encarava o pai com os olhos intensos ainda marejados. Apertou as mãos nos braços ao redor de sua perna, sentindo o peito doer.
— Não estou comparando ele ao Greyback. Sirius está longe de ser aquele verme sujo e asqueroso — Remus disse. — Estou dizendo que ele é como a lua pra mim. Algo que eu sempre amei e admirei, mas que hoje me assusta e me lembra de um fardo constante. Não é a mesma dor, mas é algo que carrega a sua vida inteira e não gosta de falar com ninguém. Não é por ser uma dor diferente que tem menos valor...
— Está delirando… Não amo o Sirius.
— Mas você amava ele. Antes de tudo… Antes de Sirius decidir ir ajudar James e Lily… Ele era o que você mais admirava.
— Não era — Canopus negou com a voz falha.
— Era. Eu sei, Canis. Eu vi.
Canopus desviou o olhar, em silêncio. Não ousou olhar para o pai enquanto uma lágrima escorria por seu rosto lenta e dolorosamente. Sentiu a mão de Remus em seus cabelos e fechou os olhos, balançando a cabeça.
— Sabia que você e seu irmão começaram a andar com apenas 9 meses? — Remus começou a contar. — Sirius estava brincando com vocês em frente a lareira. Então chegou uma coruja e ele foi buscar a carta, mas você começou a chamar por ele. Sirius começou a me chamar pedindo a câmera… Você e Therry estavam de pé tentando ir atrás dele… Sabe quem chegou até ele primeiro?
— Eu?
Remus assentiu, sorrindo fraco.
— Sim. Vocês dois caíram no meio do caminho, mas você logo ficou em pé de novo e foi até Sirius — riu baixo. — Therion se levantou depois e foi até ele chorando.
— Ele sempre foi mais sensível.
— Você que era o mais sensível e chorão — Remus corrigiu. — Estava sempre chorando por tudo. Você chorava todas as vezes que Sirius precisava sair para alguma missão da Ordem ou estava ocupado escrevendo um relatório e não podia te dar a atenção que queria.
— Está inventando isso.
— Não tenho porque mentir.
Canopus ergueu o rosto, os olhos transbordando. Remus não parou o carinho nos fios escuros. Ele gostava disso, o deixava mais calmo.
— Você era o mais apegado ao Sirius, e ele se lembra disso.
— Que ele fique com as lembranças, porque eu não sou mais aquele bebê.
— Não, você não é — Remus concordou. — Não é mais o bebê que chorava praticamente todas as noites chamando por ele depois que foi preso.
Ele não era, mas Canopus se lembrava de ser. Os pesadelos constantes dos últimos meses não o deixaram esquecer isso. Esquecer que Sirius foi embora e não estava lá todas as vezes que chamou por ele, todas as vezes que precisou.
E se lembrava de todas as vezes que alguém o olhou torto por se parecer com ele. Tudo o que ouviu.
Um dia ele era um pequeno garoto chorando, desejando com todo seu coração que Sirius voltasse pra casa. Em outro, era um garoto assustado e desejando que ele ficasse longe para sempre, com medo de que ele o levasse embora do homem que passou a considerar seu pai, que matasse Remus como supostamente havia feito com outras pessoas.
E ele ainda tinha medo. Sabia que Sirius não era um assassino, mas ainda era um garoto assustado e com medo de perder tudo e se machucar de novo.
Bichos-papões são muito mais complexos do que as pessoas costumam imaginar. Nem sempre será um simples medo de uma criatura ou coisa qualquer. E o de Canopus o assombrava desde o dia que Sirius saiu pela porta daquela casa e se tornou cada vez mais forte.
E o medo causa as mais diferentes e desesperadas reações, nem todas agradáveis para outras pessoas. Nunca se deve duvidar do que o medo pode fazer ou de como ele pode se mostrar.
— Ver Sirius te lembra de quando ele foi embora?
Canopus assentiu com a cabeça.
— E te assusta ele voltar de repente?
— Se ele não tivesse ido ser um maldito herói em vez de ficar aqui com a gente... Em vez de trazer Harry e deixar que os autores ou os próprios malditos Comensais matassem o Pettigrew, ninguém ficaria todo santo dia me atacando e duvidando de mim. As pessoas olham pra mim e vêem ele!
Remus permaneceu em silêncio, deixando que ele falasse.
— Até quando éramos pequenos. As pessoas não viam a mim e Therion como duas crianças. Elas viam a imagem de um assassino. Olhavam para nós e diziam que um dia seríamos bruxos das trevas como ele. Se algo ruim acontece, apontam para mim porque eu tenho o mesmo rosto de alguém que todos achavam ter se aliado ao pior dos bruxos e matado várias pessoas! — Canopus continuou a falar. — Por anos, qualquer bruxo que olha pra mim e sabe meu nome acha que sou como falam de Sirius nos jornais. Não importa se eu e Therion somos dois adolescentes ou dois bebês, não vêem como somos, vêem a porra de um assassino que estava em Azkaban e nos tratam como se fôssemos um!
Canopus abaixou a cabeça, deixando-se chorar. Remus o abraçou, acolhendo-o em seus braços.
— A única coisa boa em todo esse tempo foi que tínhamos o senhor conosco. Estava sempre aqui por nós... Mas se pegarem Sirius aqui, tudo isso vai voltar ainda pior e não vamos te ter aqui!
— Eu não vou embora, okay? Ninguém vai me tirar de vocês.
— Mas ele vai... Ele vai embora de novo. E não quero te perder também...
Remus apertou-o com mais força em seus braços, contendo as próprias lágrimas. Beijou o topo da cabeça do filho e o consolou por longos minutos.
— Eu sei que ele vai embora de novo algum dia. Quanto antes, melhor.
— Sirius não quer ir. Ele está aqui agora…
— E é exatamente por isso que estamos conversando agora.
— Ele estar aqui não vai mudar nada entre nós e vamos tomar as melhores precauções possíveis sempre. Você tem medo de deixar ele se aproximar, mas eu ainda estarei aqui — Remus disse calmo. — Não vai ser fácil, mas tratar o Sirius daquele jeito não vai melhorar nada.
— Eu não quero ficar perto dele agora, pai… — Canopus choramingou. — Não quero...
Lupin secou as lágrimas do filho, sentindo os próprios olhos marejarem. Não conseguia suportar ver alguma de suas estrelas chorar.
— Qual é o nosso lema?
Canopus comprimiu os lábios, sentindo um nó na garganta e continuando em silêncio.
— O que nós sempre dizemos, Canis? — Remus insistiu.
— Lua por lua.
— Então, seguiremos lua por lua. — Sorriu fraco e amoroso para o garoto. — Sua visão sobre o Sirius não vai mudar tão cedo, mas vamos uma lua de cada vez, está bem? Ele não vai te forçar a ser próximo dele. Seja compreensivo, ele também vai ser. E vamos lua por lua.
Canis ficou em silêncio por mais um tempo, enquanto o pai secava as lágrimas em seu rosto.
— E-está bem…
— E quando você estiver pronto para conversar com Sirius, ele também vai estar para te ouvir e te entender, exatamente como estou fazendo agora. — Secou mais algumas lágrimas no rosto dele, olhando em seus olhos. — Lua por lua?
— Lua por lua.
Remus sorriu fraco, e Canis retribuiu da mesma forma. Depositou um beijo na testa dele e permitiu que aconchegasse a cabeça em seu ombro.
Lupin sentia-se um pouco mais leve após a conversa. Ainda preocupado com o filho e com Sirius, mas mesmo assim… Um pequeno passo parecia resolvido. Colocar tudo pra fora fazia bem.
Era exatamente como havia falado com Sirius antes sobre a relação deles. Iriam devagar e com calma, no tempo deles. Tudo parecia impossível, mas não havia necessidade de pressa. Eles sempre estariam ali.
— Você ainda está sentindo dor? Não minta pra mim.
— Incomoda, mas não. Não dói como antes — respondeu sincero.
— Assim como sobre Sirius, quero que me fale quando não estiver bem fisicamente, está bem? — Remus pediu. — Beber muitas poções sem controle é perigoso. Não faça mais isso.
— Tudo bem…
Canopus permaneceu aconchegado a Lupin, abraçando-o forte exatamente como quando era criança.
— Sempre que quiser conversar, eu estou aqui. Não esqueça disso.
O garoto apenas balançou a cabeça.
— Você chamou por sua mãe quando acordou. Estava sonhando com ela?
— Estava…
— Quer me contar?
— Eu não entendi bem. Foi um sonho confuso.
— Ela tinha muitos. — Remus riu. — Quero te dar mais uma coisa dela, mas isso é bom que compartilhe com seu irmão. Ele também vai gostar.
— O quê?
Ele secou o rosto molhado, fungando e erguendo a cabeça do ombro de Remus. O caderno foi entregue em suas mãos.
A capa era dura e de couro azul. Possuía uma fechadura, a qual se abriu assim que os dedos de Canopus tocaram nela. Ele abriu e encontrou páginas preenchidas por uma caligrafia bonita e delicada, algumas delas contendo rabiscos.
Folheou rapidamente, notando ser um diário e caderno de anotações. Havia uma foto na contracapa colada com um feitiço adesivo.
Canopus sentiu as lágrimas voltando ao reconhecer sua mãe aos 14 anos vestida com o suéter do time de quadribol da Corvinal e imaginou que o garoto tão parecido com ela ao lado fosse seu tio, irmão gêmeo dela, Killian. Junto a eles estava uma garota loira sorridente com o uniforme habitual também da Corvinal, muito parecida com uma das colegas corvinas de Liah.
Franziu o cenho ao ver um garoto de uns 12 ou 13 anos com uniforme de quadribol da Sonserina, segurando um polo de ouro e uma vassoura na foto. Por um momento, pensou em seu irmão, mas logo viu que era apenas assustadoramente parecido com ele e, consequentemente, consigo mesmo e… Sirius. Aquele garoto era muito parecido com Sirius, quase tanto quanto ele e Therion.
Era o irmão dele, não tinha dúvidas. Nunca havia visto uma foto do irmão de Sirius antes, mas soube que era ele.
— Esse é o irmão do Sirius. Ele era da Sonserina?
— Sim, ele era. E também era amigo da sua mãe.
— O senhor nunca falou dele. Sirius só disse poucas coisas vagas. Qual era o nome dele?
— Regulus.
Canopus logo entendeu o porquê do nome de seu irmão. Era uma homenagem a alguém da família de Sirius que ele se importava, assim como o seu.
— Por que nunca falam dele? Você sempre falava do Tio Killian.
— Porque… Tudo ficou complicado com Regulus na Guerra.
— Por que ele morreu?
— Isso é algo que talvez eu deva deixar Sirius te responder… Ou sua mãe. Acho que ela escreveu sobre isso. Esse é o diário dela — disse. — Sirius já contou que ela o detestava nos primeiros anos?
— Acho que já mencionou algo.
Remus apoiou o queixo sobre a cabeça do filho.
— Ela conseguia ser pior que você quando falava com ele — disse e riu baixo. —, mesmo que sempre tentasse se aproximar dela. Ela demorou um pouco para ver que Sirius era uma pessoa boa e que queria ser diferente de sua família, mas ela viu... Ela escreveu sobre Sirius também. Talvez você encontre aqui algumas qualidades que a fizeram mudar de ideia sobre ele.
— Está me dando só por causa do Sirius?
— Não. Você e seu irmão merecem conhecer mais da família de vocês — Remus falou. — Eu dei de presente para ela no terceiro ano. Encontrei no escritório enquanto você estava desacordado. Vai encontrar tudo sobre ela a partir daí até… Até quando ela morreu.
— Já leu?
— Não ousaria fazer isso, mas acho que ela gostaria que eu desse para você e Therry. E também, não conseguiria. Ela trancou com magia antiga, somente ela e vocês, descendentes dela, poderiam abrir.
— Magia familiar antiga? Isso é complicado.
— Sua mãe era uma bruxa extraordinária. Aprendi a nunca subestimar o poder e a capacidade dela. Vocês tiveram a quem puxar.
Canopus riu baixo.
— Vou mostrar para o Therry mais tarde. Obrigado!
— Você vai precisar disso aqui pra ler. — Remus estendeu um par de óculos.
— Eu não preciso mais de óculos.
— Leia alguma coisa do diário.
Canis levou o caderno para mais perto de seu rosto para ler. Mais perto que o normal para alguém com boa visão.
— Hoje meu irmão… — começou a ler, mas Remus afastou o diário de seu rosto.
— Além da grande habilidade com o quadribol, você também herdou a necessidade de óculos de leitura. Também encontrei no escritório, são lentes mágicas.
— Vou adorar ficar com os óculos da minha mãe, mas não vou usar eles. Consigo ler muito bem.
— Vai usar sim, apenas para ler. Não é tão grave quanto Harry que precisa usar o tempo inteiro. Você lê muito, isso vai ajudar.
Remus sorriu ao ver o filho suspirar derrotado e colocar os óculos. Pela primeira vez, ele estava muito mais parecido com a mãe do que com Sirius.
Canopus piscou, surpreso com o quanto sua visão melhorou. Ela normalmente não era tão ruim quanto a de Harry, como Lupin disse. Ultimamente, apenas tem sido mais cansativo e doloroso para seus olhos após tanto tempo forçando a vista para ler o dia e a noite inteira.
— Vou encomendar novos para você e seu irmão usarem na escola, já que percebi que se depender de vocês, estarão morrendo, mas não vão falar comigo para não me preocupar — Remus riu baixo. — Isso é uma bobagem, aliás.
— É coisa de Lupin. Vovô também fica preocupado por nunca pedir ajuda.
— Casos completamente diferentes.
— Por quê?
— Seu avô já se arriscou demais por minha causa e pelo que eu sou. Não vamos atrapalhar ainda mais a vida dele. — Remus abraçou o filho de lado e beijou a lateral de sua cabeça.
Canopus ficou pensativo sobre o que ele disse. Sabia bem como ele tinha uma relação difícil com a licantropia e como o deixava inseguro. Até mesmo fazia duvidar de sua capacidade de cuidar dele e do irmão, mesmo que os amasse mais que tudo e que também fosse o mais importante na vida deles.
Pensou no seu sonho. Apesar de tudo que Remus pensasse sobre si mesmo, ele sempre foi o melhor para eles.
— A licantropia não atrapalha nem impede que te amemos e nos preocupemos — murmurou.
Remus comprimiu os lábios, suspirando.
— Eu também amo muito vocês… Mas sei que causo muitos problemas — disse. — Suas dores são uma grande prova disso.
— Você sempre foi a melhor escolha.
Lupin paralisou, desconcertado. Voltou os olhos para o filho, que o encarou.
— Mamãe acreditava nisso.
— Sim… Ela acreditava…
— Eu e Therry concordamos com ela. Com ou sem licantropia. Não tinha ninguém melhor para cuidar de nós.
Remus sentiu seus olhos marejarem e respirou fundo. Apertou o filho em seus braços, afastando as lágrimas.
— Você queria ver o piano dela no porão, não é? Quando foram lá.
— Sim... Vi ela tocar quando sonhei com ela ontem.
— Vamos tirar ele de lá amanhã então. Uma boa música sempre ajudou. Dessa vez, eu Sirius vamos lidar com os bichos-papões.
***
Pelo segundo dia seguido, o café da manhã na casa estava banhado de tensão.
Um silêncio quase incômodo reinava sobre a mesa enquanto Remus servia suco de abóbora e sentava-se com seu chocolate quente. Canopus e Sirius estavam o mais afastados possível na mesa, e o garoto sequer erguia o olhar para ele. Therion daquela vez estava mais afastado do irmão, com Harry e Liah entre eles.
Nenhuma palavra era dita. Tudo o que foi ouvido foi um mero cumprimento de "bom dia" ao chegarem à mesa — nem isso foi dito pelo gêmeo mais velho.
Naquela noite, todos haviam dormido no quarto de Harry, que possuía mais espaço. Therion revelou parte do que conversou com Sirius, apenas o que achou necessário, como seu aparente dom de família e o tio ter sido um Comensal. Potter ficara um bom tempo mal encarado com o Canis, irritado por Sirius e tudo que ele havia dito.
— Você jogou na cara dele que não adiantou ele ir ajudar meus pais porque não salvou eles. Não passou nem por um momento na sua cabeça o que eu sentiria ouvindo isso? — ele resmungou para Canopus quando Therion estava entretido demais com Merliah observando uma pintura que havia feito com Harry.
— Não, não pensei — admitiu. — Mas não era mentira.
— Você é um imbecil.
— Quer que eu peça desculpas? Eu posso pedir pra você, não queria te magoar, de verdade. Mas não para Sirius.
Harry ainda ficou bastante magoado e irritado com o amigo, mas o perdoou… Um pouco. Ao menos, sabia que Canis estava sendo sincero sobre não querer realmente magoá-lo.
Canopus mostrou ao irmão o diário da mãe. Combinaram de ler juntos alguma hora, mas já estavam cansados demais de um dia cheio naquele momento para isso.
Agora, naquela manhã, o silêncio estava quase deixando alguns deles malucos. Remus havia deixado todos dormirem um pouco mais naquele dia. Eles precisavam de um merecido descanso.
Tirando Remus, todos ainda estavam de pijama e com os cabelos bagunçados.
O silêncio foi quebrado pelo som de asas batendo quando corujas entraram pela janela aberta na sala de estar trazendo cartas.
— Tem alguma pra mim? — Canopus perguntou rapidamente.
— As cartas de Hogwarts — Remus respondeu ao pegá-las e buscar petiscos para as corujas. — Chegou a sua também, Liah.
— Não devia chegar na minha casa?
— Elas chegam onde você estiver. Você está passando uns dias aqui.
— A precisão dessas cartas ainda me assusta.
— Hermes não voltou ainda com alguma coisa? — Canis perguntou.
— Não.
— Acho que ele vai devolver sua varinha pessoalmente, Canis. Wiltshire não fica longe daqui — disse Liah.
— Como sabe que ele está em Wiltshire?
— Pansy. Eu sou colega de quarto dela, lembra? A casa dos Malfoy fica em Wiltshire.
Canopus choramingou baixo. Até mesmo fora da escola, Malfoy morava a não muitas horas de distância de sua casa. Pelo menos, significava que ele não teria desculpas para não devolver sua varinha até o fim da semana.
Remus entregou as cartas de Harry e Merliah. Abriu a de Therion para verificar a lista de materiais daquele ano, enquanto Canis pegava a sua própria para olhar junto do irmão.
— Por que precisamos de trajes a rigor? — Harry perguntou.
Remus lembrou-se do que conversou com o pai durante a tarde na Copa enquanto os garotos passeavam pelo acampamento. Ele mencionou o que o Ministério andava planejando para aquele ano.
— Quando recebemos isso na nossa carta do quinto ano, aconteceu o baile de aniversário de mil e cem anos de Hogwarts — Sirius comentou baixo, comendo uma torrada.
— Hogwarts existe há mil e cem anos?!
— Mais ou menos. Acontece um baile para comemorar a cada década.
— O baile de aniversário vai ser no próximo ano letivo deles. Esse ano ocorrerá outro, meu pai contou — Remus disse. — Vamos ao Beco Diagonal amanhã.
— Um baile? Meu Deus! — Merliah sorriu animada. — Meus vestidos formais não são bons para um baile. Deviam ter enviado com mais antecedência! Como a estilista vai finalizar um vestido em menos de duas semanas?!
— Por Merlin, Liah! Não é pra tanto. Você não acabou de dizer que tem vestidos formais?
— Potter, eu sei que você está acostumado com aqueles trapos velhos do seu primo, mas é um baile! Não podemos usar qualquer coisa!
Se existia alguma tensão naquela mesa, Stuart acabara de dar fim a ela comentando o quanto está ansiosa para qualquer que fosse o baile e como queria que fosse seu vestido. Os garotos falavam junto com ela sobre o que esperava que fosse acontecer.
Sirius observou em silêncio os outros conversando. Remus segurou a mão dele por baixo da mesa, e ele sorriu fraco para si.
— Vou pedir a tiara da vovó emprestada e os brincos de esmeralda.
— Okay, princesa da Sonserina. Vai querer um sapatinho de cristal também? — Harry caçoou.
— Não, são extremamente desconfortáveis.
— Merliah, eu posso conversar com seus pais para te levar ao Beco Diagonal conosco amanhã. Madame Malkin também faz trajes formais e tem outras lojas de roupas. Podemos ajudar a encontrar algo que goste.
— Eu topo, mas quero que minha mãe venha com a gente. Ela tem um ótimo gosto.
— Sirius pode vir também? — Harry pediu.
O silêncio voltou para a mesa. Remus olhou para Sirius e depois para os garotos. Canopus ainda não ousou erguer os olhos na direção de Sirius, mas Therion olhou-o junto de Potter.
— Eu adoraria, mas… Não sei se é uma boa ideia.
Harry encolheu os ombros, revirando os ovos no prato com o garfo sem ânimo.
— Ainda tenho Polissuco no caldeirão — Therion falou.
— Therry, isso já deu errado o bastante. — Canopus olhou para o irmão.
— Não por culpa da minha poção. Ela durou exatamente o tempo que deveria. Ninguém desconfiou do disfarce. Eles o viram quando já estava sem ele.
— Theo, eu não quero causar mais problemas. Vou ficar bem aqui.
— Eu queria que você viesse… — Harry disse.
Sirius olhou na direção de Canopus.
— Melhor eu ficar.
Remus apertou a mão de Sirius por baixo da mesa e tocou seu ombro com outra. Respirou fundo, lembrando da conversa que teve com o filho. Precisavam ir com calma.
Lua por lua.
— Conversaremos sobre isso.
Todos voltaram a comer. Continuaram a conversar sobre o baile e ler o restante da lista de materiais.
— Quem será o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas? — Merliah perguntou.
— Deveria ser o papai — Therion disse.
— Eu não serei mais professor, Therry.
— Ninguém será melhor que o senhor — Canis falou. — Quem mais levaria criaturas para as aulas?
— Terá de se contentar com as da aula de Trato das Criaturas Mágicas.
— Espero que Grifinória e Sonserina continuem tendo aulas conjuntas, pelo menos — Harry comentou. — Vocês não querem inserir Adivinhação na grade?
— Ter aula com a charlatã maluca? Nem pensar!
— Por favor, Therry… Eu, Rony e Liah estamos esgotando nossa capacidade de inventar previsões de mortes terríveis para os deveres de casa.
— Fale por você — disse Liah. — Eu sou mestra nisso.
— Poderia, talvez, só… Fazer o dever corretamente, para variar — Canopus disse sarcástico.
— É a única outra matéria conjunta com a Sonserina além de Poções, DCAT e Trato das Criaturas Mágicas. Herbologia é com a Lufa-Lufa, Astrologia é com a Corvinal… O resto são individuais.
Harry adoraria ter mais aulas juntos dos amigos sonserinos e passar mais tempo com eles nas aulas.
— Bem que Herbologia poderia ser com a Grifinória… — Therion suspirou.
— Ah, não, Therry. Estamos muito bem tendo Herbologia com a Corvinal. Eu não mudaria.
— Só está dizendo isso porque acha os garotos da turma bonitos.
— E ele tá errado? — Merliah disse arqueando a sobrancelha. — Isso torna as aulas muito mais interessantes.
— Liah, vamos à aula para ver plantas, não admirar e paquerar garotos.
— Eu sei de alguns que têm um penhasco por vocês dois.
— Quem? — os gêmeos indagaram ao mesmo tempo.
Harry fechou a cara, apertando o garfo em sua mão com mais força. Encarou os Black aguardando a resposta da amiga, sentindo-se levemente incomodado não só pela informação como pelo interesse de Therion sobre ela.
— Conto depois. Não queremos tentativas de assassinato no trem ou mais alguém explodindo por emoções fortes — disse a garota com os olhos em Harry.
Potter sentiu o rosto corar imediatamente. Baixou o rosto e voltou a comer.
— Pensem nisso — disse. — Sobre Adivinhação. Vai ser legal ter vocês lá.
— Bom, vou pensar nisso, Harry. Therry lê mentes. Quem sabe eu não leia o futuro.
— Eu não diria que leio mentes…
— Essa é a definição de legilimente.
Therion ainda estava associando aquela informação. Fazia muito mais sentido algumas coisas que vinham acontecendo, de fato, mas ele não quer ouvir os pensamentos de todos ao redor na sua cabeça. Sirius prometeu que o treinaria nos próximos dias até o início das aulas para conseguir controlar e não deixar que o que aconteceu na Copa se repita caso fique muito nervoso na escola por alguma razão.
Isso parecia fluir com muito mais facilidade quando ele ou alguém perto estava abalado emocionalmente, segundo Sirius.
— Por falar nisso… Vamos começar que horas, Sirius? — perguntou.
— Ah… Se você quiser, depois que terminarmos de comer — Sirius respondeu, olhando para Therion.
— Pai, quando vou me livrar dessas muletas?
— Amanhã.
— Ótimo. Liah, divirta-se com o Harry enquanto Therion faz sei lá o quê, porque eu vou sair.
— Vai me trocar sua amiga por namorado? É isso mesmo?
Canopus bebeu um último gole de suco e ficou de pé, pegando suas muletas.
— Ei! Onde pensa que vai? — Remus perguntou.
— Me trocar e ir ver o Elliot.
— Você ainda não se recuperou.
— Com sorte, ele vai sentir pena do meu machucado, e eu terei uma manhã maravilhosa para compensar os últimos dias — disse. — E quanto menos tempo eu passar trancado nessa casa, melhor.
— Canis…
— Esse é meu jeito de cumprir o que conversamos, papai. Eu não incomodo ninguém, ninguém me incomoda.
Remus suspirou, observando o garoto pegar a varinha de Therion para mandar seu prato voando para a cozinha e então seguir para o andar de cima. Ele trocou de roupa e voltou logo após todos terminarem e Sirius lavar a louça.
— Tenha cuidado e volte antes do almoço — Lupin disse.
— Tudo bem— concordou e saiu de casa.
— Parece que vou ter que ficar com o grifinório de estimação. Vamos gastar seu novo kit de arted — Merliah disse.
— Eu não sou um grifinório de estimação! — Harry resmungou, seguindo ela.
— É sim.
Harry bufou. Therion observou os dois sumindo de suas vistas, então voltando-se para Sirius.
— Podemos começar?
***
Remus terminou de escrever a carta, assinando seu nome. Leu-a várias vezes antes de suspirar e ir até o quarto de Harry. Bateu na porta entreaberta, ouvindo a voz do garoto permitindo que entrasse no mesmo instante.
Harry estava com várias manchas de tinta azul e roxo espalhadas pelos braços e no rosto. A tela que havia dado de presente para ele estava posta em um cavalete, e ele deslizava o pincel por ela. Merliah também estava banhada em tinta, de várias cores diferentes, pintando em uma folha de papel sobre a escrivaninha de Potter.
Lupin riu baixo, entrando no quarto.
— Harry, pode emprestar Edwiges? — pediu. — Preciso enviar uma carta, mas Hermes ainda não voltou.
— Claro! — concordou. — Edwiges!
A coruja de penas brancas voou de cima do armário até o ombro de Harry, piando alto. Remus estendeu o braço para chamar a ave, que pousou nele. Ele deu-lhe um petisco antes da carta destinada a Andrômeda Tonks e ir até a janela, deixando-a voar e desaparecer no horizonte.
Voltou-se novamente para Harry, que continuava a pintar.
— O que está pintando, Harry?
— Eu… Estou só deixando a inspiração me levar… — respondeu com as bochechas coradas, sorrindo tímido.
Therion entrou no quarto alguns instantes depois, com as mãos apertando as têmporas. Harry rapidamente sacou a varinha e convocou um lençol para cobrir a tela, largando o pincel num pote cheio de água.
— Já posso xingar meu outro tio morto por me passar esses malditos genes de legilimencia?
— Acho que deveria atribuir essa culpa a sua avó — Remus falou.
— Então que a velha queime no inferno — resmungou, sentando-se na cama de Harry.
— Como foi?
— Tirando a parte que minha cabeça parece que vai explodir… Não foi tão ruim. Sirius está preparando um chá pra mim.
— Vou lá falar com ele. Se deite um pouco — disse e beijou a testa do garoto.
Remus deixou o quarto e seguiu até a cozinha. Sirius estava escorado na bancada observando a chaleira no fogão. Os dois se olharam quando Lupin adentrou o cômodo e parou ao seu lado.
— Para o primeiro dia, Theo foi muito bem.
— Mas deu muita dor de cabeça… Literalmente — Remus riu.
— Vou fazer o melhor para diminuir a frequência das dores. Ele está indo bem até.
— Quem sabe um dia consiga ajudar Canis com oclumencia. Tenho certeza de que ele vai odiar ter o irmão dentro da sua cabeça.
Sirius riu baixo.
— Talvez — suspirou. — Se antes ele já me ignorava, agora nem parece que existo.
— É um processo lento…
— Eu sei como é conviver com alguém que te assusta. Não o culpo.
— Você não é como seus pais Sirius. Com o tempo, ele vai se sentir pronto para falar com você e te ouvir, assim como Therion. — Remus segurou a mão de Sirius. — Já enviei uma carta para Andromeda. Logo ela deve responder.
— Eu pensei muito em realmente tentar me esconder com ela…
— Por causa do Canis?
— Não quero deixar tudo pior para ele… Mas Therion também precisa de mim. E não quero deixar eles.
— Depois da conversa que tive com ele, Canis vai aliviar um pouco. Ele precisa de tempo para assimilar que você realmente voltou e não pretende ir embora de novo… Ele tem muito medo disso, mesmo que não admita... E também já ouviu muita coisa nos últimos anos pelo que pensam de você.
Sirius respirou fundo. Se dependesse dele, nunca mais abandonaria seus filhos por nada no mundo. Estaria com eles para protegê-los como não esteve nos últimos anos. E respeitaria o espaço e o tempo deles.
Se um precisava de mais tempo que outro, ele entendia e daria isso a ele. Apenas queria que soubesse que estava ali, pronto para quando estivesse seguro para se aproximar.
— E… Tem mais uma coisa que eu realmente não sei como ele ou Therion iriam reagir.
— O quê?
Com tanta confusão e emoções, Remus ainda não havia encontrado o momento para falar sobre Killian. Mesmo na noite anterior, quando todos foram dormir, viu que Sirius estava exausto e que a conversa com Therion havia sido longa e muito importante para ele. Não queria estragar tudo e piorar a situação.
Agora também talvez não fosse o melhor dos momentos, mas precisava falar. Não esconderia nada de Sirius.
— Killian está vivo.
Sirius encarou-o num misto de surpresa e apreensão. Ele apertou a mão de Remus inconscientemente ao que sua mente processava a informação. Nunca havia tido certeza sobre a morte de Killian, era apenas uma teoria.
Não gostava de admitir, mas houve momentos em que esperava que fosse verdade.
Killian e ele não tinham uma relação tão boa quanto a com os outros Marotos ou com seu irmão. Eram muito amigos, de fato, mas a proximidade não era a mesma, principalmente nos últimos anos de escola. A amizade se deteriorou muito com o tempo, enquanto ele parecia cada vez ainda mais próximo de Remus e James, talvez até de Peter.
Tinha a impressão de que talvez Remus e Karina fossem um grande fator.
Remus tinha absoluta certeza que era. Sabia muito bem que era uma das razões para Killian não ter um apreço tão grande por Sirius e facilmente pegar raiva dele.
Ele tinha certa culpa nisso. Buscar consolo em outra pessoa nunca foi uma boa ideia.
— Ele estava na Copa, não estava? — Sirius perguntou.
— Você o viu?
— Eu pensei ter visto ele falando com a filha da Andromeda quando estávamos acompanhando os garotos nas compras… Achei que fosse só alguém muito parecido…
— Era realmente ele.
— Dessa vez eu não estava louco, então.
— Eu o encontrei depois que nos separamos a procura dos meninos. Ele estava procurando pela filha — Remus contou, suspirando. — Louise, a garota que estava perto dos meninos na arquibancada.
Sirius riu baixo. Louise era o nome do meio da Karina.
— Ele não sabe que ela morreu.
— O quê?
— Ele não sabe que a Karina está morta — explicou. — Fugiu para a França e nunca mais soube de nada. Ele trabalha para o Ministério francês agora.
— Então ele realmente fugiu… Simplesmente sumiu por anos.
— Ele ainda se sente magoado pela briga, mas... Eu não tive coragem de contar que estava morta.
Sirius abraçou a cintura de Remus de lado.
— Eu entendo… — disse. — Nem sei se eu teria coragem.
— Não sei onde deve estar, mas se não tiver voltado para a França, não vai demorar para descobrir. Você está em todos os jornais, Karina trabalhava para o Ministério e metade das pessoas importantes hoje conheceram ela na época e vieram ao funeral…
— Ele ainda não sabe sobre os meninos…
— Se ele leu o Profeta Diário… Talvez associe que os seus filhos também são da Karina. Eu não disse nada também sobre eles, só que estava procurando meus filhos.
— Ele foi embora antes de ela engravidar. Se não sabia da morte dela, provavelmente não sabe do Theo e do Canis.
— Acho que ele deveria saber… Não sei como contar isso. Poderia mandar uma carta, mas…
Remus tornou a suspirar, abaixando a cabeça.
— Ele vai me odiar…
— Não é como se ele já não estivesse com raiva de você e da Karina quando foi embora.
— Ele deixou bem claro que ainda se ressente com isso. Não o culpo por ter raiva de mim depois do que fiz, mas toda a discussão com a Karina começou porque nós acreditávamos que você não faria o mesmo que Regulus… Ele ainda não acredita. Ele deixou bem claro que ainda está magoado e ressentido.
— Ele era muito compreensivo na maior parte do tempo, mas quando queria guardar rancor... Ele e Karina eram muito bons nisso.
— Mas ele sente falta dela... Como vou contar a ele que ela está morta e teve dois filhos com você que ele nunca soube a existência?
Os dois ficaram calado por alguns instantes, pensativos. Não sabiam o que fazer agora.
— Podemos nunca mais voltar a vê-lo... — Sirius disse.
— Mas agora sabemos que está vivo. Não seria certo esconder a morte da irmã e os sobrinhos dele... Por que ele teve que sumir tanto tempo e aparecer só agora?!
Remus bufou frustrado. Realmente não sabia que caminho seguir e o que fazer.
— Acha que deveríamos falar com os meninos primeiro?
— Aconteceu muita coisa. Jogar mais uma bomba agora... — Sirius suspirou. — Acho que antes de mais nada teríamos que falar com o próprio Killian... Depois. Quando a poeira abaixar.
— Primeiro ele deixa a Karina quando mais precisava, agora estamos nessa confusão... Vou me segurar para não lançar uma azaração nele quando o ver de novo.
Sirius riu baixo.
— Vamos resolver isso juntos, está bem? — disse baixo.
Remus assentiu, encarando Sirius e colocando uma mecha do cabelo dele atrás de sua orelha. Sorriram fraco um para o outro, unindo suas testas.
Black segurou a mão de Lupin, mantendo outra na cintura dele. Fez um leve carinho nas costas da mão do outro num silêncio confortável. As vezes não precisavam falar muito, apenas estar assim perto. Isso já era o bastante.
— Vou ficar maluco com tantas coisas acontecendo — Remus murmurou.
— Nem imagino como foi todos esses anos sozinho com os meninos... Mas agora estou aqui e não pretendo ir embora.
Sirius apertou a mão dele e o encarou. Remus acariciou seu rosto, olhando em seus olhos.
— É bom que esteja aqui. Acho que estaria surtando sem você.
— É bom ver você admitir que precisa de nós tanto quanto precisamos de você.
— Sirius!
Os dois riram. Sirius beijou o rosto de Remus.
— Eu também nem sei o que seria de mim agora sem você, Remmy — disse. — E agora que tiramos o piano do porão, quero te ouvir tocar toda noite.
— Não começa...
— Não trouxemos ele aqui pra cima para pegar poeira.
— Tudo bem, eu vou tocar hoje a noite...
— E amanhã. Precisamos de um pouco da sua música para animar a casa.
Remus riu e assentiu, rendido. Também beijou o rosto de Sirius, que sorriu e afastou-se ao ouvir a chaleira chiar. Lupin convocou com a varinha o restante.
Ajudou Sirius a preparar duas xícaras de chá, uma para o filho e outra para ele próprio. Black logo seguiu para o andar de cima com as xícaras.
Remus ficou na sala, observando o piano de volta ao seu devido lugar. Sentou-se em frente a ele e tocou algumas notas, sendo invadido pelas lembranças de todas as vezes que tocou enquanto Sirius assistia e ouvia com os gêmeos. Sentia falta de tocar.
Tocar sempre o lembrava de sua mãe. Ela o ensinou a tocar. Era tudo o que podia fazer, já que não poderia sair de casa para brincar com outras crianças.
Tocava distraidamente as teclas de uma das primeiras melodias que aprendeu quando era criança, até ouvir a maçaneta da porta. Franziu o cenho, ouvindo vozes, até a porta se abrir.
— Até parece que nunca usou a chave antes.
— Não trancamos a porta com frequência.
Remus ficou de pé e viu Canopus para a porta com o braço sobre os ombros de um garoto que o ajudava com o braço ao redor de sua cintura.
— Acredita que minha muleta quebrou, papai? — Canis disse.
Lupin arqueou a sobrancelha.
— Oh, que estranho!
— Elliot foi gentil e veio me trazer em casa de bicicleta. — Canopus sorriu, abraçando o pescoço do garoto, que ficou corado imediatamente.
— Olá, Sr. Black! — Elliot cumprimentou. — É um prazer conhecê-lo. Espero que já esteja melhor. Canis mencionou há uns dias que o senhor esteve doente.
— Já estou melhor. Mas...
— Piano bonito.
— Era da minha mãe. Meu pai vai me ensinar a tocar.
— Não me lembro de ter me pedido para ensinar.
— Estou falando agora.
Remus riu, balançando a cabeça, observando o garoto ajudar Canopus a entrar mancando até o sofá.
— Obrigado por trazer ele, Elliot.
— Não tem de quê — disse. — Preciso voltar pra casa. Até sexta, Canis!
— Até sexta! — Canopus disse, ficando de pé apoiado na perna boa para beijar o rosto do garoto. Elliot rapidamente ficou mais vermelho que um tomate, olhando envergonhado para Renus.
— Tchau, Sr. Black! — disse e saiu apressado.
— Tchau...
Remus viu o filho jogar-se no sofá.
— Parece que sua ideia funcionou.
— Perfeitamente! — Canis disse com um grande sorriso. — Ganhei um beijo e um encontro sexta-feira.
— Fico feliz que tenha tido um bom dia.
— E o Therry?
— Sirius acabou de levar um chá pra ele. O treinamento o deixou com dor de cabeça. Que tal me ajudar com o almoço enquanto me conta sobre sua manhã tão divertida?
— Quer mesmo que eu conte tudo? — Canopus arqueou a sobrancelha.
— Poupe os detalhes mais carinhosos entre você e seu namorado, mas quero que fale sobre seu dia.
Remus o ajudou a ficar de pé e mancar até a cozinha.
— Que tal eu falar sobre o quão bom seria se o senhor me deixasse adotar um crupe?
— Não.
— Um cão de apoio emocional seria bom.
— Já temos cachorros demais nessa casa.
— Posso ter pelo menos mais um bichinho? Eu prometo que vou cuidar bem. O Hermes está ótimo!
Lupin revirou os olhos, mas deixou-se rir. Ao menos, podia ver que Canopus estava se sentindo melhor após toda a confusão e a conversa da noite anterior.
Canopus falando de animais e criaturas mágicas era sempre um bom sinal.
— E uma doninha? Ou um petauro de açúcar? Posso conseguir comida para um petauro na cozinha e na estufa de Hogwarts!
— Vou ensinar você, seu irmão e Harry a tocarem piano. Animais de estimação é conversa para outro dia.
Canopus bufou, mas deu-se por vencido, por enquanto. Ele começou a falar de sua manhã, enquanto ajudava Remus com o almoço.
Em certo momento, Remus viu Sirius observando discretamente da entrada. Canis não havia notado sua presença. Olhou para ele, mas Black negou com a cabeça para que não denunciasse que estava ali. Sirius fechou os olhos e se concentrou , então abrindo-os e fazendo as duas xícaras que trazia voarem até a pia sem que o filho notasse em meio a todos os utensílios que voavam pela cozinha.
Não era sempre que conseguia usar sua magia sem varinha, mas precisou muito se esforçar nos últimos meses sem a sua.
Ele sorriu fraco para Remus, então saindo em silêncio e voltando para o quarto de Harry. Lupin respirou fundo e olhou para o filho.
Sirius estava em total acordo com o dito anteriormente. Com calma, no tempo dele.
Lua por lua, um dia estariam prontos para se resolver.
————————————
Olá, meus amores!
Tudo bem?
Voltamos com mais um capítulo!
Falta muito pouco para a volta a Hogwarts. Ansiosos?
Espero que tenham gostado!
Gostariam do Sirius indo as compras com os filhinhos e o Harry, hm? 🥺
Em breve retorno com mais!
Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro