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XII. Our biggest fear

Enfim chegou o dia da primeira aula de Remus para os terceiranistas, e os gêmeos estavam muito ansiosos. No entanto, ela ocorreria apenas à tarde, então precisam esperar.

Os garotos conseguiram dormir bem na última noite, pela primeira vez em muito tempo. Haviam fugido do dormitório depois do toque de recolher e ficaram na Torre de Astronomia. Levaram seus cobertores e duas fotografias que possuíam da mãe, as quais eles sempre levavam consigo no malão. Ficam observando as estrelas e admirando o sorriso que a mulher exibia em ambas as fotos, uma dela patinando em um lago congelado e outra no campo de quadribol vestida com o uniforme de jogadora.

Esta última estava rasgada, e Canopus quem sempre ficava com ela. Ele não fazia questão alguma de restaurá-la.

Eles faziam isso em casa às vezes. Ficavam admirando as estrelas pela janela junto aos retratos da mãe e imaginando que ela estava com eles, procurando constelações no céu. Isso lhes trazia paz, e foi pensando nisso que o fizeram noite passada. Conseguiram um momento de paz para esquecer de todos os problemas e dormir sem pesadelos.

Acordaram ao amanhecer e voltaram para o dormitório, por pouco não sendo pegos pelo zelador, Filtch.

Naquela manhã, tentaram ignorar os olhares de julgamento e comentários maldosos sobre Sirius Black. Queriam pensar apenas na aula que teriam junto do verdadeiro pai deles, Remus Lupin.

A última aula da manhã foi poções. Therion ficou ao lado de Harry para ajudá-lo como havia prometido que faria. Aquela foi a primeira aula que Malfoy deu as caras depois do incidente com Bicuço, quando esta já estava na metade; com seu braço enfaixado e apoiado em uma tipóia, e ele colocou seu caldeirão ao lado do de Canopus.

O garoto se conteve para não pegar aquele caldeirão e jogar na cabeça do garoto por até então não ter desmentido o que Pansy fez muitos colegas sonserinos — e alguns grifinórios que estavam na aula — acreditar: que tudo foi culpa sua, e por tabela também de seu irmão, pois sempre fazerem tudo juntos. E ainda por cima ter a audácia de se aproximar de si com a maior cara de pau por pura provocação.

Ele olhou para o irmão, que estava na mesa logo ao lado com Harry.

— Se eu fizer alguma coisa com o dragão aleijado, vocês vão me apoiar, não é?

— Claro — disse Therion.

— Até ajudo se quiser — completou Harry.

— Eu testemunho a seu favor com prazer — falou Merliah.

— Eu aplaudirei daqui com muito orgulho — Rony falou em seguida, e os outros quatro riram.

— Eu estou ouvindo tudo, Black — disse Draco.

— Não queria que fosse segredo. Então já fique avisado que qualquer gracinha e eu faço um ensopado de dragãozinho platinado nesse caldeirão.

— Tente algo contra mim, e um braço machucado não vai me impedir de te mandar para os ares e você fazer jus ao seu nome, Estrelinha.

— Eu já sou uma estrela, Malfoy.

— Silêncio, Black! — bradou Snape na frente da sala. — Não quer perder mais pontos para sua casa.

— Claro que não, Professor. E sei que o senhor não quer tirar pontos da Sonserina — retrucou Canopus, com um sorriso provocativo no rosto.

O professor olhou-o com desprezo, antes de voltar a atenção para o resto da sala.

— Vocês irão fazer uma poção redutora. Sigam estritamente as instruções na página 236.

— Consigo fazer essa de olhos fechados — comentou Therion enquanto ia buscar ingredientes no armário da sala.

— Controle seu ego, Black.

— Desculpe se eu me garanto nas minhas habilidades com poções, Professor.

Harry conteve uma risada, também pegando ingredientes para sua poção. Todos começaram a preparar suas poções, e o Black mais novo ajudou Potter a entender os passos descritos no livro.

Canopus estava descascando um pinhão quando uma raiz voou em seu rosto.

— Ai! Corta isso direito, Malfoy. Está voando na minha cara.

— É difícil fazer isso com apenas uma mão — respondeu o loiro. — Professor, meu braço ainda não está bom. Vou precisar de ajuda para cortar as raize...

— Black, ajude Malfoy com as raízes de margarida.

— Seja mais específico, senhor. Temos dois Black na sala — Canopus falou com desdém.

— Você mesmo. Ajude-o — ordenou com rispidez.

— Por que eu?

— Porque estou ordenando, Black. Menos dois pontos para a Sonserina por sua insolência.

Canis bufou e pegou as raízes de Draco e uma faca, começando a cortá-las a contragosto. Cortava de qualquer jeito, em vários pedaços desiguais, com a cara fechada e usando mais força do que deveria.

— Está mutilando minhas raízes.

— Não queria ajuda para cortar? Estou cortando.

— Se cortasse com a mão certa, não sairia tudo desse jeito.

Black parou de cortar e encarou-o erguendo uma sobrancelha, segurando a faca com força em sua mão esquerda com uma expressão em seu rosto que dizia: "tá de brincadeira?". O outro apenas olhou-o de volta com uma expressão tediosa e impacientemente.

— Mão certa?

— Você está segurando a faca com a mão esquerda.

— Eu sou canhoto, idiota — retrucou irritado. — Essa é a minha mão certa.

— Sério isso?

— Desculpe se não sou como a maioria, mas garanto que sairia pior se eu cortasse com a sua "mão certa". E eu falei isso na primeira aula de voo.

— Tanto faz, só corta direito.

— Malfoy, quer mesmo testar a minha paciência enquanto estou com uma faca na mão?

— Sua reputação já não está das melhores, Black. Me atacar não iria ajudar.

— Se isso te fizer calar a boca, não me importo nem um pouco.

Voltou a cortar as raízes, de forma mais certeira e regulada dessa vez. Resmungava baixinho, quase inaudível, enquanto o fazia.

— Professor, também vou precisar de ajuda para descascar esse pinhão.

— Stuart, descasque o pinhão para ele — ordenou Snape, direcionando o olhar para a garota.

Merliah, que estava na mesma mesa que eles, olhou na direção do professor e bufou. Ela pegou o pinhão e começou a descascar, olhando para Malfoy com raiva e desprezo.

— Faça isso direito, Sang… AI! Você pisou no meu pé!

— Oh!  Desculpe, Draco. Foi sem querer — disse Merliah com um falso sorriso inocente. — E espero ter ouvido errado e que você não estava prestes a me chamar de sangue-ruim. Posso fazer essa sua lesão fajuta se tornar bem real ao estilo trouxa.

— Eu estou realmente machucado.

— Está falando com uma especialista em fingir doenças para faltar à escola e ficar em casa ou não ir numa reunião chata de família, Malfoy — retrucou ela e olhou para o braço enfaixado do garoto — Você ainda precisa aprender muito para dominar essa arte com perfeição. E eu e minha mãe já tivemos o braço machucado de verdade, então consigo reconhecer seu fingimento de longe.

Ela terminou de descascar o pinhão no mesmo instante e jogou-o no ar. Malfoy rapidamente o pegou com a mão que estaria boa, mas não sem acabar movimentando o machucado, sem esboçar nenhum incômodo por isso. A garota riu.

— Boa sorte com seu teatro — concluiu e voltou para a própria poção.

— Deveria desejar boa sorte a Hagrid — rebateu Draco. — Meu pai não gostou nada de saber sobre meu ferimento e fez uma queixa formal ao ministério.

— Seu pai fez o quê? — Harry tirou a atenção do caldeirão e olhou para a mesa ao lado. Malfoy possuía um sorriso vitorioso no rosto.

— Não acho que seu amigo grandalhão continuará a ser professor por muito mais tempo — continuou — ou sequer trabalhando em Hogwarts.

Harry cerrou os punhos, com fogo nos olhos. Therion tocou seu ombro e também direcionou um olhar nada amigável para o loiro, que voltou tranquilamente a preparar sua poção, como se não houvesse dito nada.

Potter respirou fundo e também voltou para sua poção junto do Black mais novo, enquanto ouvia Snape dar uma bronca em Neville por conta da cor de sua poção, e em Hermione por tentar ajudar.

— Ei Harry, viu o Profeta Diário hoje? — perguntou Simas após pedir a balança de Harry emprestada.

— Não.

— Sirius Black foi visto próximo daqui — ele olhou para os gêmeos. — Mas imagino que vocês dois já saibam.

— Perto quanto? — perguntou Therion.

— Me diz você, Black.

— Nós não fazemos aula de adivinhação e nem temos uma bola de cristal, Finnigan.

— E não possuímos nenhum tipo de contato com ele desde que resolveu deixar nós dois no berço e sair para explodir uma rua — disse Canopus — Não ouse insinuar que sabemos alguma coisa.

Simas voltou-se para sua mesa outra vez, e os gêmeos se entreolharam. Ambos com medo transbordando de seus olhos, pois Sirius ainda estava atrás deles e provavelmente de Harry. 

Therion suspirou e tentou concentrar-se em sua poção redutora. Adicionou as raízes cortadas e começou a mexer o líquido esverdeado no caldeirão.

— Não ligue para o que dizem — Harry tranquilizou-o. — Simas pode ser um tanto inconveniente às vezes.

— Eu já estava me acostumando com alguns comentários, mas esse ano está mil vezes pior e ainda estamos na primeira semana de aula. Maldita hora que ele resolveu fugir de Azkaban.

— Uma hora vão conseguir pegá-lo. E vocês podem contar comigo para azarar algumas pessoas chatas.

Therion riu e sorriu fraco para Potter.

— Muito bem, Hazz, coloque as lesmas logo no caldeirão e mexa bem. Não vai querer uma bronca do Snape também — disse.

— Pode deixar!

Harry fez o que ele pediu rapidamente.

Ao final daquela aula, todos foram almoçar. Os gêmeos almoçaram no Salão Principal, pois o pai estava ocupado com os preparativos para a aula daquela tarde.

Quando chegou a hora da aula de Remus, eles encontraram Harry, Rony e Hermione e apressaram-se em ir até a sala de aula. Eles sentaram-se e ficaram à espera de Lupin, que chegou um tempo depois.

Canopus e Therion sorriram largo para o pai, enquanto ele parava na frente de toda a sala.

— Boa tarde — cumprimentou ele — Guardem seus livros e pergaminhos. Hoje teremos uma aula prática. Peguem apenas suas varinhas e deixem suas mochilas.

Os gêmeos apressaram-se em guardar os materiais. Os outros alunos entreolharam-se confusos, pois nunca tiveram uma aula prática antes, para então guardarem também seus pertences.

Remus então fez a chamada para verificar se estavam todos ali.

— Queiram me seguir, por favor — disse ele quando todos estavam prontos e seguiu para fora da sala.

Os Black correram para ficar logo atrás dele e seus amigos precisaram se apressar para acompanhá-los. Todos seguiram o professor pelos corredores até outra sala, intrigados. Encontraram o poltergeist Pirraça logo quando estavam chegando.

O fantasma flutuava sobre eles, pulando no ar e agitando os dedos enquanto cantarolava próximo a Remus:

— Louco, lobo, Lupin… Louco, lobo, Lupin…

Therion e Canopus imediatamente encararam o poltergeist com expressões nada amigáveis. Eles geralmente gostavam de vê-lo aprontando e irritando algumas pessoas, e ele amava suas travessuras. Mas naquele momento, eles apenas queriam esganar Pirraça para ele calar a boca.

Enquanto isso, todos olharam para Lupin para ver o que ele faria.

— Pirraça… — Canis chamou entredentes em tom de ameaça. Remus direcionou-lhe um olhar para ficar calmo, e então sorriu para o Poltergeist.

— Bom te ver, Pirraça — ele voltou-se para os alunos. — Observem com atenção.

Ele apontou a varinha para a fechadura da porta, onde havia um chiclete enterrado.

Uediuósi!

O chiclete voou direto na cara do poltergeist, arrancando risadas dos alunos. Ele fugiu xingando, enquanto Remus mantinha um sorriso satisfeito no rosto.

O professor então abriu a porta e permitiu que todos adentrassem o recinto. O espaço era amplo e possuía apenas um armário no fundo. A maioria dos alunos encontrava-se confusa, sem a menor ideia do que aconteceria.

Quando o armário começou a mexer, alguns pularam de susto. Os gêmeos Black inclinaram a cabeça e analisaram-no com expressões curiosas antes de se entreolharem e terem certeza de que estavam pensando na mesma coisa. Eles rapidamente deduziram o que poderia estar ali dentro, lembrando-se do que o avô os ensinou no dia que foram visitá-lo.

— Não precisam se preocupar — disse Remus. — Há apenas um bicho-papão ali dentro.

Os gêmeos xingaram baixinho ao ver que estavam certos. A maioria pensava que aquilo era algo com o que se preocupar.

— Essa coisa existe mesmo? Mamãe vivia me assustando dizendo que o bicho-papão ia me buscar se eu não dormisse na hora certa — choramingou Merliah.

— Acho que todos no mundo trouxa já ouviram isso quando criança — murmurou Hermione para ela.

— Tem um bicho-papão no armário? — perguntou Simas apontando para o armário, que voltou a sacudir.

— Exatamente.

— Bichos-papões gostam de lugares fechados e escuros — explicou Canopus. — Guarda-roupas, debaixo das camas, armários, etcetera.

— Isso mesmo, Canopus — confirmou Lupin. — Eu já encontrei um dentro de um relógio de parede antigo.

— Esse dia não foi legal — comentou Therion baixinho.

— Nem um pouco — concordou Canis.

— Este foi encontrado aqui em Hogwarts, e o diretor me permitiu usá-lo para uma aula prática com o terceiro ano — informou Remus. — A primeira pergunta que faço é bastante simples: o que é um bicho-papão?

Hermione quem respondeu.

— É um transformista. Ele assume a forma do que mais temos medo.

— Uma perfeita definição — disse Lupin e Hermione sorriu orgulhosa. — O bicho-papão que está aí dentro ainda não assumiu nenhuma forma. Ninguém sabe a forma real de um bicho-papão quando está sozinho. Quando eu deixá-lo sair, ele se transformará imediatamente naquilo que cada um de nós mais teme. O que significa que temos uma enorme vantagem contra ele. Sabe qual é, Harry?

Lupin apontou para Harry, que estava ao lado de Therion e Hermione. O garoto comprimiu os lábios e começou a tentar pensar numa resposta, sob o olhar dos três amigos que obviamente sabiam a resposta.

— Somos muitos? — tentou ele. — Ele não saberia qual forma assumir com tantas pessoas presentes.

— Precisamente, Harry — concordou Lupin — Por isso, é recomendado sempre estar acompanhado quando for enfrentar um bicho-papão, pois assim ele irá se confundir sobre que forma tomar. Uma vez vi um bicho-papão cometer exatamente este erro. Tentou assustar duas pessoas e se transformou em meia lesma. O que, nem de longe, pode assustar alguém.

— Pode me assustar — comentou um dos alunos da Grifinória, arrancando algumas risadas.

— O feitiço para repelir o bicho-papão é simples, mas exige concentração — prosseguiu Remus — O que realmente acaba com um bicho-papão é o…

Riso — Completou Therion. — Fazer ele assumir uma força que achamos engraçada.

— Mais especificamente usando o Riddikulus — disse Canopus. — Visualizamos algo engraçado, dizemos o feitiço e… voilá!

Remus riu baixo e balançou a cabeça em concordância, olhando para os filhos logo à frente. Eles estavam parados com expressões animadas e confiantes, como quando dava-lhes aulas em casa.

— Poderiam ao menos fingir que já não aprenderam isso duas semanas atrás, meninos — murmurou ele, curvando-se levemente na direção deles com as mãos para trás, mas ainda com um sorriso divertido no rosto.

— Como quiser, papai — falou Canis, rindo. — Digo, Professor Lupin.

— As aulas serão mais divertidas do que eu imaginava — Remus disse contendo uma risada. Então voltou-se novamente para os outros alunos. — Como Therion e Canopus disseram, a melhor forma de acabar com um bicho papão é com o riso, transformando-o em algo que achem engraçado — continuou — Repitam o feitiço comigo: Riddikulus.

Riddikulus! — repetiu a turma.

— Ótimo — Remus sorriu. — Agora, prossigamos. Neville, venha aqui.

Neville engoliu em seco, tremendo como se estivesse no meio da neve sem agasalho. Ele aproximou-se do professor como se estivesse indo até o carrasco que estava prestes a decepar sua cabeça na guilhotina.

— Certo, Neville. Vamos partir do princípio: o que mais te assusta no mundo?

— Prof. Snape — respondeu quase inaudível.

— Poderia repetir? Não consegui ouvir direito.

— O Prof. Snape — repetiu.

Quase todos riram, enquanto o menino ficava vermelho de vergonha e sorria tímido para o professor. Remus sorriu-lhe compreensivo.

— Snape, hmm… Não me surpreende tanto, acredite, ele pode realmente assustar quando quer — comentou e mais risadas soaram pela sala. — Então, Neville… Imagino que more com sua avó paterna, certo?

— Sim. Mas não quero que o bicho-papão se transforme na minha avó…

— Não, não, Neville — riu Remus. — Me digam: como sua avó costuma se vestir?

Neville encarou o professor confuso, mas respondeu:

— Ela sempre usa um chapéu. É bem grande e pontudo, com o corvo empalhado… E também um vestido verde, com uma bolsa vermelha bem grande.

— Consegue enxergar essas roupas com clareza? Visualizá-las na sua mente?

— C-consigo.

— Então, Neville, quando eu soltar aquele bicho-papão, e ele vir até você, vai tomar a forma do Prof. Snape. Você erguerá sua varinha… assim… — explicou, mostrando ao garoto como apontar a varinha para o bicho — E gritar Riddikulus. Se tudo der certo, o bicho-papão se transformará num Snape com as roupas da sua avó.

Mais risos explodiram pela cena com a imagem do professor de poções vestido com roupas da avó de Neville.

— Depois, o bicho-papão provavelmente irá partir para cada um de nós individualmente. Quero que todos pensem naquilo que mais tem medo e como transformar em algo cômico. Conseguem?

Todos ficaram pensativos naquele momento.

Os gêmeos sabiam muito bem o que mais tinham medo. Conseguiam visualizar com bastante clareza, como transformar em algo engraçado… talvez nem tanto. Eles respiraram fundo e se entreolharam.

Canopus sabia exatamente o que o irmão mais temia. Therion tinha uma grande ideia também, mas sabia que o irmão temia mais coisas do que gostava de admitir.

— Todos prontos?

Todos assentiram.

— Certo, vamos recuar um pouco. Depois, chamarei o próximo a frente. Agora, Neville… Quando que contar até três. Um… Dois… Três!

Com um agitar da varinha, Lupin destrancou o armário e deixou o bicho-papão sair. De lá saiu Snape com um olhar ameaçador, avançando na direção de Neville.

O garoto agitou sua varinha freneticamente.

Ri...R-riddikulus!

Ouviu-se um ruído seguido de um estalo alto. Agora Snape tropeçava em um vestido longo de cor verde e usava um enorme chapéu bruxo com um corvo empalhado e carregava uma grande bolsa no braço. A sala explodiu em gargalhadas.

O bicho-papão pareceu confuso.

— Parvati! — chamou Remus.

A garota, da Grifinória, aproximou-se do bicho-papão, que tomou a forma de uma múmia ensanguentada.

Riddikulus!

Mais um estalo e o bicho-papão mudou de forma, enquanto mais risadas ecoavam pela sala.

— Vejamos… Draco!

— Eu?

— Venha! Seu braço da varinha está bom, não está?

O loiro olhou para o professor e depois para a mão que não estava enfaixada. Ele segurou sua varinha e deu um passo à frente. Mais um estalo, e o bicho-papão mudou de forma. Agora, em frente a Malfoy, estava um grande lobo cinzento, como o que encontrou na Floresta Proibida no primeiro ano.

O olhar do garoto encheu-se de pavor. Ele recuou e virou o rosto para encarar Canopus por alguns instantes. Black encarou-o de volta, surpreso. Ele voltou a olhar para o animal, engolindo em seco.

R-riddikulus! — bradou alto.

Mais um estalo foi ouvido, e o bicho-papão tomou a forma de um filhote de cachorro correndo atrás do próprio rabo.

O próximo foi Rony. O bicho-papão transformou-se em uma aranha gigante para ele. Até mesmo outras pessoas se assustaram, antes que ele dissesse "Riddikulus" e transformasse a aranha em um brinquedo de pelúcia.

— Therion!

Therion respirou fundo ao dar um passo à frente, enquanto ouvia o estalo e via o bicho-papão tomar a forma daquilo que tanto atormentava seus pesadelos. Um enorme cão de pelos negros, muito maior que um cachorro comum, olhava-o de forma ameaçadora e rosnava com raiva.

Ele engoliu em seco, sentindo o medo lhe invadir e todos os seus pesadelos virem à tona. Seu peito se apertou e ele sentiu o ar faltar em seus pulmões, enquanto os olhos enchiam-se de lágrimas. Começou a respirar rápido e com dificuldade, tremendo tanto que mal conseguia erguer a varinha.

Canopus também ergueu sua varinha, encarando o animal. Olhou preocupado para o irmão, que apenas recuava e ficava cada vez mais pálido.

— R-ri… R...R-riddi… — Therion gaguejou, mas não conseguiu dizer nada.

— Therry… — murmurou Remus, preocupado com o filho, e ao mesmo tempo surpreso com a forma do bicho-papão.

Harry possuía os olhos arregalados na direção do enorme cão. Ao ver como o amigo estava apavorado e não conseguia dizer o feitiço, não se conteve. Correu até ele, segurou-o pelos ombros e afastou-o do bicho-papão quando este avançou mais contra ele.

— Aqui! — Merliah colocou-se à frente deles.

O bicho-papão tomou a forma de uma enorme serpente, a qual Potter conhecia muito bem: o basilisco. A garota havia sido uma das vítimas dele no ano anterior.

Riddikulus!

Agora havia uma serpentina de festa em forma de cobra pulando pela sala. O bicho-papão mudou sua atenção para Canopus, tomando a forma de um homem muito parecido consigo, porém mais velho e com cabelos até os ombros.

RIDDIKULUS! — gritou antes que alguém pudesse prestar atenção na forma que havia tomado e deixou que partisse para outra pessoa.

Draco olhou curioso em sua direção, pois ele havia conseguido identificar a forma do bicho-papão antes que se transformasse outra vez e fosse assustar outro aluno. Aquilo deixou-o intrigado. Ele se aproximou do outro devagar, hesitante.

Canis encolheu os ombros e contraiu os lábios, desviando o olhar para a janela.

Canopus...

— Calado, Malfoy — Black disse entredentes, sem encará-lo.

O bicho-papão voltou-se para Harry. Tomou a forma de uma figura escura, mas antes que pudesse fazer algo, Lupin colocou-se à sua frente. Então uma enorme bola brilhante e prateada rodeada de nuvens estava na frente dele: a lua cheia.

Ele agitou a varinha e entrou o feitiço, fazendo o bicho-papão voltar-se para o resto da sala. Tomou a forma de um rato, uma cobra, uma ave, Snape outra vez. Estava começando a ficar confuso com todas as pessoas ali.

— Ele está ficando confuso. Em frente, acabe com ele, Neville! — disse o professor.

Riddikulus! — berrou o garoto. Em menos de um segundo, a figura do Snape de vestido gargalhou e explodiu em fumaça.

Os outros alunos gritaram em comemoração.

Harry encarava o professor em completa confusão, ainda sentindo Therion atrás de si com as mãos agarradas firmemente a sua capa. Ele virou-se e viu o garoto ainda assustado e respirando com dificuldade, os olhos apavorados desfocados e cheios de água. Havia alguns rastros molhados em seu rosto, mostrando que não conseguira conter algumas lágrimas.

Ele sentiu uma grande dor por vê-lo assim e abraçou-o para consolá-lo, sendo retribuído no mesmo instante.

— Excelente! — exclamou Lupin, mirando seu olhar nos filhos com uma expressão preocupada. Sentia seu peito doer, porém precisou manter o profissionalismo por alguns instantes. — Excelente aula. Vejamos… Cinco pontos para Sonserina e Grifinória por cada um que enfrentou o bicho-papão. Dez para Neville por ter derrotado no final, e… Mais cinco para Hermione, Harry e os gêmeos por terem respondido corretamente no início da aula.

Os olhos de muitos brilharam de felicidade pelos pontos conquistados.

— Dever de casa: leiam o capítulo sobre bichos-papões e façam um resumo para me entregar na… Terça-feira. Estão todos dispensados! — Lupin respirou fundo. — Therry, Canis, vocês ficam.

— Hey, Therry… — chamou Harry e fez o garoto encará-lo. — Está tudo bem agora.

— S-sim, sim… E-eu… — ele gaguejou e se desfez do abraço. — Pode ir, eu vou falar com meu pai. Vou ficar bem.

— Mesmo?

Therion assentiu com a cabeça.

Mesmo hesitante, Harry guiou-se para a saída junto com os amigos. Antes de sair, ele virou-se a tempo de ver o mais novo dos gêmeos correr para os braços de Lupin, enquanto o outro permaneceu num canto da sala. Deixou o lugar não tão animado quanto os outros, preocupado com o estado dos amigos, principalmente Therion.

Remus fechou a porta com um aceno de varinha, enquanto apertava o outro braço ao redor do filho. Logo guardou-a e levou sua mão até os fios escuros do garoto, começando a acariciá-los com calma. Olhou na direção de Canopus, que tinha as mãos enterradas no bolso e o olhar cabisbaixo.

O soluço de Therion ecoou pela sala vazia, e seu irmão sentiu o peito doer ainda mais. Eles sempre sentiam quando o outro não estava bem, fazia parte da grande conexão que possuíam. Ele também não estava em melhor estado.

— Está tudo bem — sussurrou Remus — Eu estou aqui.

O mais novo afundou o rosto no peito do pai, a imagem do enorme cachorro rosnando ainda em sua mente.

— Canis — Lupin chamou.

O garoto encarou-o, os lábios contraídos enquanto ele tentava conter toda a confusão de emoções dentro de si. Ele suspirou e correu para os braços do pai, que juntou-o ao abraço e beijou o topo da cabeça de cada um.

— D-desculpa — disse Therion.

— Por quê?

— Eu quase estraguei tudo porque não consegui enfrentar o bicho-papão — lamentou — Eu não queria, eu só… Fiquei com medo…

— Eu sei, não precisa se desculpar. É isso que um bicho-papão faz, se aproveita do seu maior medo. Ele só… Teve bastante êxito contra você — Remus o tranquilizou, enquanto ele se afastava um pouco para encará-lo. — Está com medo de que Sirius chegue até aqui, não é?

— Ele foi visto perto daqui…

— Eu sei. Mas vai ficar tudo bem, estamos seguros aqui. — Segurou delicadamente o rosto do garoto e secou as lágrimas que escaparam de seus olhos. — Respire fundo… Devagar…

Therion fez o que o pai pediu, respirando fundo e tentando se acalmar. Canopus abraçou-o de lado, sendo prontamente retribuído.

Remus ficou de frente para eles e acariciou os cabelos de ambos, descendo as mãos para seus rostos e olhando naquela imensidão azulada em seus olhos brilhantes. Encarou-os com um olhar protetor e determinado, pronto para mandar para os ares qualquer coisa que aflige seus meninos.

— Eu não vou deixar ninguém derrubar minhas estrelas. Nem mesmo Sirius.

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Olá, meus amores!
Tudo bem?

A aula do Remus foi bastante intensa e reveladora, não acham? Rsrsrs 
Não foi fácil pensar num bicho-papão para eles, pois tinha muitas possibilidades, mas encontrei o que melhor se encaixava no que venho mostrado deles e no que ainda irá acontecer.
As coisas serão bem tensas nesse ano, mas vou tentar trazer alguns momentos mais leves e divertidos para aliviar a tensão em breve :)

Estão gostando?

Não esqueçam de comentar e votar!

Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋

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