X. The beginning of nightmares
O Expresso de Hogwarts estava pronto para levar os alunos para a escola de magia e bruxaria mais uma vez. Crianças e jovens lotavam as cabines do trem à medida que a hora da partida se aproximava.
Remus e os gêmeos Black foram praticamente os primeiros a chegarem e se acomodarem num dos últimos vagões. Os três encontravam-se exaustos e quase desmaiando de sono.
Naquele dia, Harry foi acompanhado dos Weasley para a estação. Depois de ouvir um aviso nada agradável de Arthur, estava ansioso para encontrar os irmãos Black e contar a eles o que havia descoberto. Não era uma notícia agradável, talvez nem tão reconfortante também, mas precisava dizer a eles e seus outros amigos.
Acenou para Arthur e Molly junto de Rony e Hermione pela janela, antes de buscar uma cabine vazia. Estavam todas lotadas, infelizmente, e Potter também não viu sinal dos Black.
— Vamos para o final do vagão, talvez tenha uma cabine livre — Hermione sugeriu.
O trio caminhou até lá e encontraram espaço na última cabine. Para a felicidade de Harry, era onde estavam os gêmeos, junto do pai. Contudo, tanto os garotos quanto o homem estavam caídos de sono e não demonstraram qualquer reação com sua chegada de tão apagados.
Remus estava escorado ao lado da janela, coberto por um casaco surrado e remendado. Canopus estava logo ao lado, agarrado a ele com a cabeça em seu ombro; e Therion vinha deitado no colo do irmão, que passava um braço sobre ele, coberto por um casaco assim como o pai. Os três pareciam estar num sono pesado e que não acordariam tão cedo.
Harry lembrou-se das olheiras que Therion carregava dois dias atrás, no Beco Diagonal, e imaginou que ele também não tivesse dormido muito bem nas últimas duas noites. Aparentemente, o pai e o irmão também não.
— Quem é o cara com os irmãos Black? — Rony perguntou baixinho.
— Prof. Lupin — respondeu Hermione.
— Como sabe? — Harry perguntou, confuso. Apenas ele conhecia Remus.
A garota apontou para o bagageiro, onde havia uma mala. Ali havia escrito Prof. R.J. Lupin.
— É o pai adotivo deles — Potter respondeu num sussurro. — Ele é nosso novo professor de DCAT. Não façam barulho.
Os três adentraram a cabine com cuidado e sentaram-se logo à frente dos três dorminhocos. Fizeram o mínimo de barulho possível, e Harry quem fechou a porta. Falaram em tom baixo, quase sussurrando, para não acordá-los, por insistência de Potter, que a todo momento olhava para ver se faziam menção de acordar.
Em um momento da viagem, Canopus se remexeu e pensaram que ele acordaria, mas o garoto apenas ajeitou sua posição e afundou ainda mais o rosto no ombro do pai enquanto o abraçava. Ele ressonava baixinho, encolhido contra Lupin. Seu irmão estava da mesma maneira com a cabeça em seu colo, dormindo profundamente.
Harry estava certo, eles não tiveram noites bem dormidas ultimamente. Quando chegaram ao trem, acabaram pegando no sono em pouquíssimo tempo.
Lupin mal dormia pensando nas aulas que iria lecionar e no perigo iminente de Sirius não atender seu pedido de não se aproximar dos meninos e voltar a encontrá-los. E a preocupação de pai com o que tanto tirava o sono dos filhos apenas fazia ele dormir menos ainda.
Os gêmeos vinham tendo pesadelos constantes, todas as noites. Quando não estavam lendo sobre animagia escondidos, mal pregavam os olhos antes de voltar a acordar completamente assustados. A razão de seus sonhos era mais que óbvia.
Saber que Sirius conseguiu se aproximar tanto deles sem que percebessem os apavorou. Frequentemente sonhavam com o enorme cão preto atacando a eles ou ao pai, ou o que mais temiam: a pessoa que tanto estampava as capas de jornais arrastando-os para longe de Remus. Eles temiam muito mais serem tirados do pai adotivo do que realmente atacados pelo biológico. Sirius pode não ter dado a entender que atacaria quando apareceu em sua forma animaga, mas nenhum dos três confiava inteiramente em suas ações.
Eles acordaram aterrorizados inúmeras vezes, algumas até mesmo chegaram a chorar. Canopus era o que mais tentava esconder o medo que sentia, como um verdadeiro sonserino. Sempre foi melhor em esconder seus sentimentos. Para sua infelicidade, Remus o conhecia tanto quanto os gêmeos o conheciam, e sabia que ele apenas estava tentando demonstrar uma força maior do que possuía.
Remus e o gêmeo mais velho eram bastante parecidos nesse quesito: tentavam esconder seus verdadeiros medos para não preocupar quem amavam. No fundo, Canis era o mais sensível dos dois garotos, embora não gostasse demonstrar e o fizesse sem perceber.
Therion não hesitava em chorar e correr para os braços do pai, buscando alento sempre que estava assustado demais para conseguir dormir sem o aconchego de Lupin.
Essas eram algumas das coisas que diferenciavam os gêmeos no quesito personalidade.
O mais novo foi o primeiro a acordar, em um leve sobressalto de susto que chamou a atenção dos grifinórios. Sentou-se apressadamente e piscou algumas vezes, olhando ao redor e notando que estava no trem.
— Olá, Bela Adormecida — Harry cumprimentou-o em tom de brincadeira.
Therion bocejou e coçou os olhos, sonolento. Sua mente ainda estava nublada e atordoada, tanto pelo sono quanto pelos sonhos que tivera enquanto dormia. Sorriu fraco quando sua visão focou em Harry.
— Oi — disse baixo, com a voz um tanto rouca. Bocejou outra vez, o que fez Rony acabar bocejando também.
— Para com isso. Está me fazendo bocejar também.
— Desculpa — riu baixo. E olhou para o lado.
Remus e Canopus continuavam a dormir. Therry pegou o casaco que o cobria e colocou sobre o irmão gêmeo. Então voltou a encarar os três à sua frente.
— Comprou um gato, Hermione? — indagou ao olhar para onde o animal estava preso.
— Sim. Esse é o Bichento.
— Esse gato é maluco! Ele tentou assassinar o Perebas — resmungou Weasley exaltado, levando a mão ao bolso do casaco, onde seu rato dormia.
— É o instinto dos gatos. Ele não é tão mau assim. — Hermione liberou o gato e pegou-o no colo.
— Não solta essa coisa!
— Ele vai ficar quietinho.
— Já me bastava o gato sonserino. Agora tem outro gato ainda mais maluco para ameaçar o Perebas.
— Não fale no Bastet senão a Liah aparece aqui para te azarar ou jogar alguma coisa em você de novo. — Rony bufou e cruzou os braços. — Aliás, onde ela está?
— Eu a vi numa cabine conversando com outras garotas — respondeu Harry.
— Devem ser as colegas de quarto dela.
Suspirou e afundou no banco em que estava. Olhou na direção da janela e ficou observando a paisagem em silêncio, até sentir Canis se mexer ao seu lado. O rosto do mais velho apertou-se em uma expressão dolorida, enquanto começava a ficar inquieto.
Soube rapidamente o que era e entrou em alerta.
— O que há de errado com ele? — Ron perguntou.
— Ai! Ele me chutou! — reclamou Harry.
— Canis! — Black começou a chamar pelo irmão e sacudí-lo levemente. — Canis, acorda! Ei… Acorda, irmão!
A voz de Therion para distante na cabeça do garoto. Continuava a se mexer e grunhir enquanto dormia, atormentado por mais um pesadelo. Precisou ser chamado e sacudido várias vezes até acordar assustado e confuso. Quase saltou do banco, mas não o fez apenas porque foi segurado por seu gêmeo, que abraçou-o de lado.
Ele olhou para todos os lados, confuso, com a respiração ofegante. Acalmou-se apenas quando viu Remus dormir tranquilamente ao seu lado e percebeu que estava no Expresso de Hogwarts, e não no meio de uma floresta, vendo o pai ser brutalmente atacado e ele e o irmão sendo arrastado para longe dele a força. Sentia um grande nó em sua garganta e os olhos arderem, mas conteve qualquer vontade que tivesse de chorar.
Encarou o trio por alguns instantes antes de desviar o olhar.
— Está tudo bem — sussurrou Therion, ainda abraçando-o de lado.
— Está se sentindo bem, Canis? — Harry perguntou, recebendo a atenção do Black.
— Estou sim, eu só… — Inspirou fundo e engoliu em seco. — Só tive um pesadelo. Estão há muito tempo aqui?
— Um pouquinho. Não quisemos acordar vocês. Pareciam estar tendo um sono bem pesado.
— Eu nem percebi quando dormi.
— Não dormimos muito bem essa noite — confessou o Black mais novo. — Caímos no sono assim que entramos no trem, eu acho. Papai capotou assim que se sentou.
Todos olharam para o homem ao lado da janela. Ele ainda dormia, completamente desacordado, o peito subindo e descendo devagar de acordo com o ritmo de sua respiração. Os gêmeos sentiram uma pontada de culpa por isso, pois era por eles que Remus sacrificava suas horas de sono, para garantir que eles dormissem bem, algo que vinha sendo bastante difícil. O bem estar dos filhos sempre foi mais importante que o seu próprio.
Eles odiavam isso, mas sabiam que nada faria Lupin agir diferente. O máximo que podiam era tentar fingir que estava tudo bem. Os três eram ótimos nisso.
A mulher com o carrinho passou pela cabine. Harry comprou vários doces, como sempre fazia. Ele olhou para os Black.
— Não é melhor acordar ele e ver se quer comer alguma coisa?
— Não, deixa ele dormir. Ele está mesmo precisando — respondeu Canopus enquanto pegava duas varinhas açucaradas no carrinho. — Therry, papai te deixou com alguns sicles, não foi?
O garoto assentiu e pegou as quatro moedas de prata que tinha no bolso, pagando pelos doces.
— Não vai pegar mais nada?
— Não.
— Papai sempre tem barras de chocolate com ele.
A mulher saiu e eles começaram a comer o que haviam comprado. Os três grifinórios não paravam de encarar os irmãos Black, que estavam apoiados um no outro com caras sonolentas, rostos pálidos e olheiras abaixo dos olhos. Remus não possuía uma aparência muito mais saudável, mas já era algo até comum para ele.
Harry comprimiu os lábios após comer um sapo de chocolate, pensando se era um bom momento para falar. Não queria preocupar os garotos, mas também eles estavam apenas entre eles ali no trem e quanto antes ele falasse melhor.
— Eu descobri uma coisa sobre… Sirius Black. — O olhar dos gêmeos imediatamente tornaram-se mais alertas e focaram em Potter. Seus corações aceleraram, e seus olhares tornaram-se apreensivos.
— Vocês por um acaso não sabem onde ele está, não é?
— Rony! — Hermione o repreendeu.
— Não custa nada perguntar.
— Não me surpreende a pergunta — comentou Therion.
— E não. Nós não sabemos nada sobre ele — Canis falou friamente. Já previa muito mais perguntas como aquela, e só de pensar já se irritava. — O que descobriu, Harry?
Harry contou sobre a conversa que ouviu entre o Sr. e a Sra. Weasley, e o alerta de Arthur: que Sirius Black estava atrás deles e que não era para ele tentar encontrá-lo.
— Atrás de você?
— Sim.
— Mas eu acho que seria mais lógico ele vir atrás dos filhos, certo? — sugeriu Hermione. — Por que ele viria atrás de você?
— Por causa de Voldemort, eu acho.
— Ele era um espião — Canopus disse, cruzando os braços. — Na época da guerra bruxa. Ninguém sabia que ele trabalhava para o Você-Sabe-Quem até…
— 31 de Outubro. O dia de sua queda. — Completou o gêmeo.
— E da morte dos meus pais.
— Sirius matou o melhor amigo e doze trouxas naquele dia, quando foi encurralado.
— Depois de trair todo mundo. — Incluindo seus pais, Canis quis dizer também, mas guardou essa parte para si junto com o irmão.
— Com um único feitiço.
Eles sabiam parte da história. Não tudo com muitos detalhes, mas o suficiente. Sabiam que Sirius era um grande amigo dos Potter e que por sua culpa estavam mortos, além de matar Peter Pettigrew quando ele descobriu que era um traidor e tentou encurralá-lo, explodindo uma rua inteira na frente de várias testemunhas que precisaram ser obliviadas.
Tinham apenas um ano e meio quando tudo aconteceu. Mal sabiam falar ou caminhar direto. Sequer possuíam lembranças vívidas de algum dia ter vivido com Sirius Black.
— Ele está atrás de nós — disse Therion, convicto. — E se ele está atrás de você também, acho que ao menos em Hogwarts estaremos mais seguros… Pelo menos por enquanto. Mas não vamos deixar o Sirius chegar até você.
Harry sorriu fraco.
— E eu não vou deixar ele chegar até vocês. Acho que estamos juntos nessa.
— Três garotos na mira de um assassino. Isso é bastante animador — Canis com uma animação forçada.
— Por que o trem está parando? — Hermione perguntou de repente e aproximou-se da janela.
— Chegamos em Hogwarts?
— Ainda não.
— Então por que estamos parando?
Harry e Therion se levantaram juntos para checar o corredor, enquanto a chuva do lado de fora do trem batia forte contra a janela. A locomotiva parou com um solavanco e o som de bagagens caindo ecoou pelos vagões, enquanto Potter caía sobre o Black e todas as luzes se apagavam.
— Ai… O que está acontecendo?
— Não faço ideia, Hazz… Está tudo bem?
— Acho que sim. Desculpa, o trem parou de repente e eu…
— Ai, Rony! Você pisou no meu pé!
— O que está acontece… AI! — Outra voz se fez presente, e Harry sentiu pés em suas costas, esmagando-o contra Therion no chão.
— Au! Liah?
— Pode sair de cima de mim, Harry?
— O-okay, d-descul…
— Rony!
— Ginny?
Harry colocou-se de pé com dificuldade e ajudou Therion a se levantar. Estava escuro e uma verdadeira bagunça, com vozes confusas ecoando por todo o trem.
— Eu vi alguma coisa embarcando no trem.
— Para de me empurrar, Rony!
— Não fui eu, Ginny!
— Quem mais está aqui?
— Ai! Segura esse gato, Hermione!
— Silêncio! — ordenou Remus após acordar com toda a confusão.
Todos se calaram imediatamente. Lupin conjurou uma luz com sua varinha, iluminando a cabine. Ele estava de pé, com uma expressão atenta em seu rosto cansado. Seus olhos rapidamente procuraram pelos filhos, antes de focar no corredor.
Um frio se instalou no vagão, como se alguém tivesse aberto a janela. Os gêmeos se juntaram ao pai, agarrando o tecido de suas roupas com as mãos.
Uma figura escura surgiu na porta da cabine, envolta em um manto negro enquanto flutuava no ar. Os Black arfaram enquanto sentiam o frio assolar seus peitos e todo e qualquer sentimento bom dentro de si ser sugado. Eles começaram a ouvir vozes e sentir sua força se esvair.
"TEM ALGUMA COISA ERRADA. PRECISO IR LÁ" ouviam uma voz gritar ao longe, dentro de sua cabeça.
"CUIDE DELES!"
— Expecto Patronum! — Remus murmurou e uma intensa luz prateada saiu da varinha. Um patrono não-corpóreo que afastou a criatura.
Todos ficaram atordoados, alguns mais que outros.
— Meninos, vocês estão bem?
— Pai… — Foi tudo que os gêmeos conseguiram murmurar antes de desmaiar e caírem no chão junto a um Harry desacordado.
***
— Ai! — exclamou Canis ao acordar com um forte tapa no rosto.
— Therion!
— Finalmente acordou. Sabe como é assustador ver a si mesmo quase morto?
— Se aquele dementador não me matou, seu tapa acaba de terminar o trabalho — murmurou com a voz fraca.
O Black mais velho fechou os olhos com força, sentindo tudo girar ao seu redor. Seu corpo foi erguido pelo pai e o irmão e colocado no assento da cabine, ao lado de Harry, que também estava atordoado pelo desmaio recente.
As luzes estavam acesas outra vez e o trem voltou a andar sobre os trilhos. O garoto lutou para abrir os olhos e piscou algumas vezes até conseguir ver claramente Remus e Therion a sua frente. Forçou um sorriso meio torto e ergueu as duas mãos, dizendo:
— Estou vivo.
— Nem pense em morrer e me deixar sozinho, ouviu? Eu não vou ficar sem você — disse Therry e sentou-se ao lado do irmão.
— Também te amo, irmãozinho.
— O que foi aquilo? — Harry perguntou.
— Um dementador. Guardas de Azkaban — respondeu Lupin enquanto pegava uma barra de chocolate e partia em vários pedaços. Ele entregou um para cada. — Comam, vão se sentir melhor.
Olhava para os filhos com grande preocupação por conta do desmaio. Ele se desesperou internamente ao vê-los desacordados por conta do dementador, com medo de que o pior pudesse acontecer a eles. Felizmente estavam bem. Sentiu um imenso alívio quando Therion acordou dois minutos depois.
Os dedos de Lupin fizeram um leve carinho nos cabelos escuros dos garotos, enquanto os gêmeos rapidamente comeram os chocolates e Harry encarou-os confuso.
— Mais alguém desmaiou? Eu ouvi gritos.
— Só vocês três — respondeu Hermione.
— E ninguém gritou — disse Rony.
— Eu acordei logo. Vocês dois que resolveram ter um sono de beleza.
— Também ouvi alguma coisa antes de desmaiar. Você ouviu, né Therry?
— O homem gritando coisas sem sentido? Ouvi.
— Eu ouvi uma mulher — Harry falou, ainda mais confuso.
— Dementadores sugam todas as suas emoções boas. Por isso deixam uma sensação tão ruim e um pouco delirantes — explicou Remus. — Vou dar uma palavrinha com o maquinista. Não saiam daqui, okay?
— Pode deixar, papai — os gêmeos disseram em uníssono. — Chocolate?
Remus riu fraco e entregou o resto da barra para eles.
— Pode comer, Harry. Juro que não coloquei nenhum veneno — brincou e mostrou um leve sorriso ao garoto antes de sair.
Potter olhou para seu chocolate e então deu de ombros, mordendo um pedaço. O doce rapidamente fez efeito, clareando os pensamentos dos meninos e deixando-os mais alertas.
Rony, Hermione e Merliah continuaram ali e explicaram o que aconteceu. A irmã do Weasley deixou o local também para verificar os amigos depois de ver que o irmão e Harry estavam bem.
— A sensação foi horrível! — Ron disse. — Foi como se… Eu nunca mais fosse ser feliz.
— Espero nunca mais encontrar uma dessas coisas — Merliah falou em seguida, abraçada ao seu gato.
— Eles estavam atrás do Sirius. Não duvido que fiquem rondando a escola — Supôs Canopus e suspirou.
— Por que fariam isso aqui?
— Porque todos os seus alvos estão bem aqui. — Passou os braços sobre os ombros de Therion e Harry, trazendo-os para mais perto. — E eu espero que ele seja esperto o suficiente para não tentar invadir Hogwarts.
— Acho que lá estaremos realmente seguros. Sirius não vai chegar até nós.
Remus voltou para a cabine depois de alguns minutos. Disse que chegariam em pouco tempo à escola e era bom se prepararem.
Assim que desembarcaram do Expresso de Hogwarts, avistaram Hagrid guiando os primeiranistas até os barcos, enquanto seguiam até às carruagens que levariam ao castelo por outro caminho.
Canopus e Therion foram junto de Merliah e Remus em uma, enquanto o trio de grifinórios foi em outra. Não falaram muito durante o percurso, apenas observaram a paisagem até chegarem.
Assim que os gêmeos desceram da carruagem, suspiraram e reviraram os olhos ao ver Draco e seus capangas, Crabbe e Goyle, junto de Harry e os amigos, que claramente já estavam de paciência cheia com o garoto loiro. Apressaram-se em se aproximar.
— Soube que também desmaiaram, Black. É verdade? — perguntou em claro tom de zoação ao vê-los chegar.
— Sim, Malfoy — Therion respondeu seco.
— E você será o próximo se não calar a boca, Dragãozinho metido — ameaçou o outro Black caminhando lentamente na direção dele.
— Estou aguardando o dia que irá cumprir alguma de suas ameaças vazias, Estrelinha. — Malfoy cruzou os braços e esboçou um sorriso provocativo nos lábios. — Ano passado foram quantas? Quinze? Até hoje não cumpriu nenhuma.
— Pois já que insiste… — Canopus empunhou sua varinha e avançou contra ele. Mas antes que pudesse fazer algo, Remus segurou seu pulso e pegou a varinha. — Papai!
— Algum problema por aqui?
— O Malfoy sendo insuportável como sempre, então deixa eu azarar ele só um pouquinho. Amanhã ele estará novinho em folha na ala hospitalar.
— Nada de se meter em encrenca, Canopus. Nós acabamos de chegar.
— Então depois eu posso? Vou adorar estuporá-lo como presente de boas vindas no dormitório.
— Preciso mesmo responder?
Remus direcionou-lhe um olhar severo que não precisava de muito tempo para entender o significado. O garoto bufou e cruzou os braços.
— E nem pense nisso, Therion.
— Eu não fiz nada!
— Mas pensou em fazer. Além de pai, sou professor, posso colocar vocês dois de castigo e fazer já começarem o ano em detenção. — Therry também cruzou os braços, com um bico emburrado nos lábios. Remus olhou para Draco e seus amigos: — E acredito que seus colegas também não irão mais incomodar e correr o risco de lhes fazerem companhia.
Malfoy olhou-o com uma expressão de desgosto e bufou antes de erguer o rosto e subir as escadas até o hall de entrada. Canopus xingou-o baixinho de tantos nomes que Lupin ficou horrorizado e precisou lhe dar mais uma bronca.
— Pode devolver minha varinha? Prometo que não vou atacar ninguém, por mais que ele mereça.
— Não sei com quem aprendeu a xingar assim — Remus disse, devolvendo o objeto.
— Tenho um ótimo professor em casa — rebateu o garoto com um sorriso ladino enquanto guardava sua varinha. — Vamos, pessoal? Eu estou morrendo de fome.
— Canopus Black!
— Ele não está mentindo, papai — disse Therion, enlaçando o braço ao do irmão e começando a subir as escadas.
Remus balançou a cabeça rindo e seguiu os jovens bruxos escadaria acima. Ele sentia-se incrivelmente nostálgico enquanto subia os degraus. Haviam muitos que não pisava em Hogwarts, e hoje retornava como professor.
Era de fato... Emocionante.
Ao enfim adentrarem o castelo, foram recebidos pela Professora Minerva, que chamou Harry e Hermione para sua sala. Antes de partir com os dois alunos, ela cumprimentou Remus e perguntou se os gêmeos estavam bem, e ele respondeu que sim e que não precisariam da Madame Pomfrey, por enquanto. Havia enviado uma carta por sua coruja contando o ocorrido no trem quando saiu para conversar com o maquinista.
Todos seguiram para o Salão Principal. Os Black sentaram-se à mesa da Sonserina com a amiga, enquanto Rony ia para a da Grifinórios. Canopus e Therion receberam olhares de todas as mesas enquanto seguiam até a sua, um pior que o outro.
— Ei, Black! Seu pai ainda está foragido?
— Como seu pai fugiu de Azkaban?
— Sabem onde ele está?
Seus colegas Sonserinos os bombardearam de perguntas, que eles fizeram questão de ignorar, para o bem daquelas pessoas, pois certamente não estavam com muita paciência para aturar aquilo.
A seleção das casas ocorreu normalmente. Harry voltou com Hermione logo quando terminou e acenou para os gêmeos Black antes de se juntar aos colegas.
Logo Dumbledore começou o seu discurso de boas-vindas. Ele notificou a todos sobre a presença dos dementadores nos arredores da escola, a mando do Ministério da Magia, e alertou aos alunos para não darem motivos para serem alvo deles.
Não era preciso pensar muito para deduzir que a razão disso era a fuga de Sirius Black. Naquele instante, diversos olhos por todo o salão voltaram-se para a mesa da Sonserina e os irmãos Black, os filhos do foragido que os dementadores buscavam.
— Gostaria de agradecer ao Prof. R.J. Lupin por aceitar o cargo como novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas este ano — o diretor prosseguiu seu discurso, e ouviram-se algumas palmas, a maioria dos gêmeos Black. — E lamento informar que o Prof. Kettleburn aposentou-se recentemente. No entanto, para a vaga, tenho o orgulho de nomear o nosso guarda-caça, Rubeus Hagrid, como novo professor de Trato das Criaturas Mágicas. Ele concordou em adicionar as aulas às suas funções na escola.
Mais aplausos soaram pelo salão, a grande maioria da mesa da Grifinória, sobretudo de Harry e seus amigos. Canopus e Therion se juntaram à comemoração, animados para terem Hagrid como seu novo professor.
Então iniciou-se o banquete. Ele ocorreu tranquilamente, e os gêmeos fizeram o melhor para manter a pose e ignorar todos os olhares e comentários direcionados a eles.
Ao fim do jantar, eles correram para abraçar o pai e desejar boa noite antes de seguirem para a sala comunal com os outros sonserinos.
— Tenham uma boa noite, minhas estrelas — desejou Remus, fazendo um carinho leve nos cabelos de ambos.
— Boa noite, papai.
Eles se afastaram, mas antes de ir, disseram seu lema de todo início de ano letivo:
— Eu juro solenemente não fazer nada de bom.
Então dirigiram-se para a sala comunal. A iluminação continuava pouca, e as enormes janelas que davam visão para o fundo do Lago Negro ajudava a criar a aura misteriosa do lugar. No fundo, Therion e Canopus sentiam falta de ficarem sentados admirando as profundezas do lago enquanto faziam o dever de casa ou apenas relaxavam.
Eles não ficaram muito por lá. Apenas correram para seu quarto e vestiram seus pijamas. Não demorou para seus companheiros se juntarem a eles.
— Vão mesmo ficar lendo? Não vão dormir? — Theodore perguntou ao ver os gêmeos deitados em suas camas, cada um com um livro, quando todos já estavam prontos para dormir.
— Vamos — responderam em uníssono, sem desviar o olhar das páginas.
— Depois do desmaio no trem, já devem estar bastante descansados e não vão dormir tão cedo — caçoou Draco, ajeitando os travesseiros e depois puxando os cobertores sobre si.
— Sim, claro. Você está certíssimo... — dizia Canopus pegando sua varinha discretamente e murmurando um feitiço que puxou todos os travesseiros para o chão na mesma hora que Malfoy se jogou sobre eles.
— Ei!
— Vai dormir, Dragãozinho. — Voltou sua atenção para seu livro, que fora um presente de aniversário de Remus no ano anterior. — E nem pense em pegar sua varinha. Eu treinei feitiços que você ainda nem sonha em aprender durante o verão, e não vai querer ser meu primeiro alvo.
Draco estava prestes a esticar sua mão sobre a mesa de cabeceira para pegar sua varinha quando ele disse isso, o que fez arregalar os olhos. Canopus sequer havia erguido os olhos das páginas. O loiro fechou a cara enquanto pegava seus travesseiros de volta.
— Claro. Com seu pai adotivo sendo professor de DCAT vocês devem saber muito mais que os outros e vão sair em vantagem nos feitiços durante as aulas.
— Como se você também não despusesse e usasse com prazer dos privilégios da posição de seu pai, não é, Malfoy? — Therion falou em tom de provocação, também sem erguer os olhos de seu livro sobre a preparação da poção para amimagos. — Não seja tão hipócrita.
— Por que não para de encher o saco e vai dormir? Não se preocupe que nossa leitura não irá atrapalhar nenhum de vocês. Podem apagar as luzes.
— Conseguem enxergar no escuro, agora? — Blaise perguntou risonho.
Canopus sorriu ladino e ergueu sua varinha mais uma vez. Todas as luzes do cômodo se apagaram e ele exibiu as letras brilhantes em seu livro, encantando para iluminar as palavras enquanto lia no escuro.
— Somos precavidos — Therion falou com um sorriso vitorioso no rosto. — Agora, boa noite.
Os outros três garotos se entreolharam no escuro e depois suspiraram, deitando-se para dormir.
Os gêmeos continuaram lendo seus livros até a madrugada, sem a mínima vontade de dormir e voltar a ter pesadelos, principalmente sem poderem ir até o pai, mesmo que ele estivesse na escola. Quando todos os outros já estavam num sono profundo, eles ainda estavam focados na leitura.
Em dado momento, a sonolência venceu o mais novo, que guardou o livro e praticamente desmaiou na cama, sem sequer conseguir falar com o irmão. Canopus continuou. Estava tão cansado quanto, mas seu pesadelo no trem e nem os gritos que ouviu quando foram atacados pelo dementador o deixavam dormir.
No fundo de seu ser, sua raiva pelo pai biológico apenas aumentou. Por culpa dele, nem mesmo uma noite no lugar que considerava tão seguro e confortável o trazia paz para ter uma boa noite de sono.
Aquela era apenas a primeira de muitas noites. Nem mesmo toda a segurança de Hogwarts poderia protegê-los de seus temores, ou dos próprios pesadelos. Tudo o que podiam fazer era esperar que as coisas pudessem melhorar e se acalmar enquanto estivessem entre as paredes do castelo.
——————————
Olá, meus amores!
Tudo bem?
O terceiro ano se iniciou oficialmente. É agora que as tretas começam hihihi
Coitados dos meninos, estão morrendo de medo do Sirius 🥺🥺
Doeu escrever eles assim tá?
Em breve veremos a primeira aula dos meninos com o Remus 😁😁
Ansiosos?
Não esqueçam de votar e comentar bastante! Adoro ver os comentários de vocês, quanto mais melhor!
Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋
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