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LI. Facing the past

Dois dias apenas e Remus já recebeu uma carta dos filhos informando que ganharam duas semanas de detenção. Com isso, ele já esperava que aquele não seria um ano tranquilo.

O surpreendente foi a detenção de cada um ser por motivos diferentes, pois eles faziam tudo juntos, inclusive ir para a detenção. Quando um aprontava, o outro obviamente estava ao lado.

Canopus por irritar o novo professor de História da Magia — ele não especificou o que fez para isso —, Therion e Harry por brigar com Malfoy com feitiços e socos. As razões para as detenções não foram uma surpresa para Lupin, no entanto. Isso ocorrer no primeiro dia? Sim, foi.

Ele quis muito responder imediatamente, mas precisaria esperar, não apenas por precisar ir trabalhar, mas também por algo que Canis revelou em sua carta que precisaria pensar melhor.

— Você entende melhor de memórias e coisas mentais do que eu — Remus falou para Sirius após entregar a ele o que Canopus escreveu. — É possível? Tipo… É um diário, não uma penseira. Ela usou um encantamento poderoso para trancar, mas…

— Eu não acredito que ela realmente fez isso — Sirius murmurou e deixou a carta sobre a mesa, então enterrando as mãos no rosto. — Puta que pariu… Karina, você é impossível… Porra! — ele exclamou e grunhiu em seguida, ficando de pé de repente e começando a caminhar pela sala de jantar. — Eu não sei se amo ou odeio essa sua maldita mente genial.

Remus observou-o, confuso. Sirius parecia agitado repentinamente, passando as mãos pelo rosto e os cabelos, agarrando alguns fios.

— Do que está falando, Sirius? O que ela fez?

— Ela fez exatamente o que está escrito ali. Ela colocou memórias dela naquele maldito diário que você deu de presente pra ela — respondeu falando rápido, bastante agitado. — Foi ingenuidade minha pensar que ela estava sendo metafórica. Não, não, isso não seria o bastante. Maldita corvina maluca!

— Sirius! — Remus exclamou, e então Black parou de andar de um lado para o outro e encarou-o, completamente transtornado. — Fale com calma.

— Você praticamente já morava aqui conosco, sabe que ela… — Sirius grunhiu de novo levando as mãos ao rosto. — Ela não largava aqueles livros e sempre dizia que provavelmente não estaria aqui ao fim da guerra e…

Remus suspirou e ficou de pé também. Aproximou-se de Sirius e segurou as mãos dele, entrelaçando seus dedos e apertando com força entres eles. Seus olhares se encontraram com intensidade, os olhos do Black marejados com um brilho de agitação e dor.

Ainda era doloroso demais para ele não ter chegado a tempo de salvá-la.

Também era difícil para Lupin. Ele esteve com Sirius durante os longos dois dias de busca até encontrarem ela. Tudo isso pouco tempo depois de ela tê-lo feito prometer que sempre estaria ali cuidando de seus filhos caso algo acontecesse.

— A Karina tinha muitos planos para tentar impedir Voldemort, eu sei. Ela nunca conseguia ficar parada se poderia descobrir mais… Eu sei…

— Ela pesquisou muito sobre memórias durante a gravidez, principalmente para nunca mais acontecer o mesmo que quando Voldemort descobriu a localização da primeira sede da Ordem. Guardar em objetos é possível, mas é algo muito mais complexo do que guardar num frasco para jogar numa penseira depois. Ela me disse uma vez que se algo acontecesse, iria querer poder deixar memórias para que nossos filhos a conhecessem… Estava com o diário no colo, então eu apenas disse: "Bom, eles sempre vão poder ler o seu diário se você deixar"...

Sirius riu, uma risada fraca sem humor algum, em descrença.

— Eu devia ter imaginado que isso despertaria alguma ideia nela. Ela foi lá e literalmente deixou memórias no diário.

— Como ela fez isso?

— Não faço a menor ideia. Eu sei que isso é possível, não sei os detalhes do processo, mas é algo poderoso. Óbvio que ela conseguiria, mas… Caralho!

— Acha que ela deixou alguma memória sobre a guerra?

— Não sei… Talvez? Vai saber o que se passava na cabeça dela, além de… — Sirius suspirou pesadamente. — Nem ela acreditava que eu conseguiria fazer alguma coisa.

— Não diga isso, Sirius…

— É a verdade.

— Não é. Há coisas que não estão sob nosso controle, e você fez muito… Fizemos tudo o que podíamos — Remus falou e apertou as mãos do Black com mais força.

Ver a dor passar por aqueles olhos mais uma vez lhe partia o coração. Aqueles momentos de Sirius remoendo seus arrependimentos e dores sempre vinham de repente com qualquer simples gatilho. Não podia fazer nada além de tentar ajudá-lo e estar ali…

Mas também não é como se nada o afetasse também. Ele esteve presente em muitos dos momentos ruins da vida de Sirius, também perdeu seus amigos.

— Também sinto falta dela — admitiu. — E descobrir isso sobre o diário pode ser realmente… Difícil.

— Ela sabia que não voltaria… E não deixou aberto para ninguém além dos meninos… Você fez bem em dar a eles agora. É o que ela iria querer.

— Eu sei…

— Acho melhor deixar claro na resposta para eles não compartilharem isso com ninguém mais.

— Vou dizer isso.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Sirius.

— Mesmo depois de todo esse tempo, ela ainda consegue surpreender.

— Estamos falando da Karina. Ela sempre tinha uma resposta na ponta da língua e um truque na manga. — Remus secou aquela lágrima.

— Você ainda não enviou a carta para o Killian, enviou?

Lupin respirou fundo e comprimiu os lábios, negando com a cabeça. Ele já tinha aquela carta escrita e pronta para ser enviada há dias, mas ainda não enviou, mesmo os gêmeos já tendo ido para Hogwarts. Sabia que não devia esperar muito mais, principalmente se ele ainda estivesse na Inglaterra e vendo as notícias do Profeta Diário.

No fundo, ele não se sentia nem um pouco pronto para encarar Killian. Era óbvio que ele ainda guardava uma grande mágoa por tudo. Contudo, também não conseguia assimilar que durante todos aqueles anos, ele apenas preferiu se esconder.

Eles precisavam conversar… Conversar sobre tudo.

E, claro, Sirius não fazia ideia de nem metade do que precisava ser dito. Remus não sabia se deveria ou queria contar, por mais que ele fosse um grande fator essencial. Ao menos, não agora com tudo tão frágil e caótico.

Remus sabia que tinha cometido muitos erros na sua juventude quando se tratava de seus sentimentos por Sirius e como Killian acabou entrando em sua confusão de emoções. Na época não queria reconhecer e admitir, mas hoje ele tinha plena ciência.

Quando se tratava de Sirius ele perdia completamente a razão. Talvez ainda perca até hoje.

— Vou enviar amanhã.

Sirius apenas assentiu com a cabeça e então abraçou sua cintura e deitou a cabeça em seu ombro. Remus suspirou e abraçou-o de volta, beijando a lateral de sua cabeça.

Infelizmente, não poderiam ficar muito tempo abraçados. Remus ainda tinha que trabalhar.

— Eu vou voltar para o almoço.

— Pode almoçar no trabalho. E-eu… Preciso de um tempo.

— Sirius…

— Por favor, Moony. Não precisa se preocupar, eu só… Eu envio um patrono se precisar.

Remus compreendeu.

Quando teve certeza de que Sirius estava mais calmo, encolhido na cama com uma pena e um pergaminho depois de insistir em escrever para Harry e os gêmeos, deixou um beijo em seu rosto e saiu para o trabalho. Não queria deixar Sirius depois de vê-lo tão agitado com a carta, mas Black garantiu que ficaria bem, e Lupin precisaria confiar.

Era dia de receber seu salário da semana, então talvez comprasse algo para o jantar para animar Sirius.

O dia iniciou-se como qualquer outro na joalheria. Como fazia em todos os sábados, ajudou Louis a fazer a contagem do estoque e organizar as fichas de todas as encomendas de Richard para a próxima semana. Depois limpou todo o estúdio de trabalho e o escritório, em seguida começou a preparar a base dos relatórios do rendimento dos últimos dias e o fechamento da análise do mês anterior.

Quando Richard chegou, um pouco atrasado pelo trânsito, Remus já o recebeu servindo seu café e não demoraram para começar a trabalhar.

— Hoje trabalharemos com muita prata — disse Richard ao ver os pedidos do dia. — Tenho luvas novas para você.

Remus colocou as luvas novas antes de pegar as ligas de prata e levar para fundir. Richard raramente o deixava trabalhar sem as luvas, não depois que ele se queimou sem querer com prata. Ainda não fazia ideia que ele era um lobisomem, mas entendeu bem o quanto aquela "alergia" a prata era severa.

Enquanto trabalhava, sua mente a todo momento voltava para aquela manhã mais cedo, quando estava tomando seu café da manhã com Sirius e chegou Hermes e Edwiges pela janela. Estava preocupado com os filhos, pensativo sobre o que Canis relatou sobre o diário e também sobre a carta que ele próprio teria de enviar no dia seguinte.

E, claro, em Sirius.

Sabia que precisar passar boa parte do dia sozinho em casa o afetaria. Já estava afetando. Quando retornou para casa após o trabalho no dia anterior, ele abraçou-o e não quis soltar por quase quinze minutos. O jornal da manhã com certeza não ajudou.

Sirius ficou transtornado ao ver a matéria, temendo o que o Ministério planejaria. Remus inclusive se atrasou para o trabalho por ter precisado de um bom tempo para acalmá-lo e garantir que tudo ficaria bem, para aguardarem Andrômeda entrar em contato. Passou o dia inteiro preocupado, então, quando Black abraçou-o por todo aquele tempo, não questionou nem reclamou, apenas retribuiu.

Infelizmente, aparentemente ele não estava conseguindo esconder sua preocupação tão bem quanto gostaria.

— O que está afligindo seus pensamentos, Remus? — Richard perguntou repentinamente enquanto soldava uma grande safira em um colar e Lupin abria uma liga de prata no compressor para fazer um par de alianças sem qualquer esforço.

— Hã? — Franziu o cenho.

— Desde ontem você tem estado muito avoado, pensativo. Algo está te preocupando. — Ele ergueu os olhos do colar por alguns instantes.

— Ah… Desculpe por isso — disse rapidamente.

— Não precisa pedir desculpas por isso, todos nós temos preocupações. Pode dizer o que está havendo. Precisando de algo?

— Apenas… Muitas coisas acontecendo e que preciso resolver.

— Algo com seus filhos?

— Sim… Problemas bruxos. Alguns nem tanto, na verdade.

Remus soltou um longo suspiro e puxou a alavanca, tirando a liga de prata dali e então colocando mais uma vez.

— Aliás, sobre isso… — Voltou os olhos para a mesa de trabalho de Stuart. — Haverá uma audiência no Ministério da Magia no final do mês… Uma audiência dos meninos por usarem magia fora da escola. Vai ser numa sexta-feira, então…

— Isso parece importante, então, não se preocupe. Poderá tirar o dia de folga.

— Obrigado — agradeceu e sorriu fraco. — Não queria deixá-los ir sozinhos.

— Isso que está o preocupando tanto?

— Também. A notícia sobre a audiência saiu ontem no Profeta Diário e hoje de manhã recebi uma carta deles sobre estarem de detenção pelas próximas duas semanas por desrespeitar um professar e brigar com outro aluno, então… Está tudo muito difícil e caótico.

— Mas o governo bruxo precisa intervir com uma audiência porque duas crianças fizeram magia? — Richard perguntou confuso. — Merliah já explicou que não pode usar fora da escola, mas não imaginei que fosse tão grave.

— Não deveria ser, mas além de terem usado contra trouxas, mesmo que em legítima defesa… A ligação deles com o que realmente querem não ajuda — explicou. — E essa é só uma das muitas coisas na minha cabeça. Está sendo um período complicado.

— Bruxos ou não, ninguém escapa de momentos difíceis, Remus. O que nos resta é saber como passar por esses momentos.

— Essa é a pior parte.

Remus respirou fundo, então mais uma vez pensando na carta guardada no fundo da gaveta ao lado de sua cama. Ele realmente não sabia o que faria depois de enviar.

Pedir desculpas? Explicações? Brigar com Killian por ter simplesmente sumido e deixado todos preocupados? Ele realmente não sabia nem por onde começar um diálogo. Não seria tão fácil quanto na época de Hogwarts.

— E também... Eu reencontrei recentemente um… Amigo. Um amigo que eu não via há muito tempo — confessou.

— Isso é bom, não?

— A última vez que nos vimos não foi muito amigável. Isso foi há quinze anos. — Parou para refletir o tempo. Foi realmente muito. Ainda mais tempo do que ele passou longe de Sirius. — Uma briga bem feia. O vi de novo quando fomos à Copa Mundial no meio de toda a confusão.

— Muitas amizades se vão de repente de forma brusca e retornam quando menos se espera. Imagino que tenham muito o que conversar.

— Temos mesmo, eu só… Não sei como. — Encolheu os ombros. — Acho que grande parte da culpa por ele ter ido embora foi minha.

— Por que acha isso?

— Além da briga de anos atrás… O magoei mais do que gostaria de admitir. — Sua mente rapidamente viajou para a época de seus estudos em Hogwarts, todas as tarde e noites com Killian; as vezes que ele o chamou para irem juntos a Hogsmeade, o grande sorriso quando aceitava e o olhar decepcionado e triste toda vez que negava; a expressão dolorida quando dizia que precisava ir para o dormitório enquanto ajeitava as roupas. — Ele esperava mais de mim do que eu poderia oferecer.

— Não podemos sempre nos culpar por expectativas alheias, Remus.

— Falar é fácil. — Riu baixo. — Eu era um jovem tolo. Devia ter sido mais sincero… E estávamos prestes a começar uma guerra, isso certamente não ajudou. Ele nunca gostou disso, sempre teve medo.

— Me pergunto como uma guerra entre bruxos aconteceu bem debaixo do nosso nariz e não vimos nada.

Remus riu.

— O Ministério faz um ótimo trabalho para que os trouxas não percebam. Em momentos mais críticos, o Primeiro Ministro trouxa está sempre a par de tudo para ajudar — explicou. — E também ajudamos nas guerras trouxas… Algumas, pelo menos, as que mais chegam perto de também nos afetar.

— Magia com certeza me ajudaria bastante quando lutei na guerra.

— Nós estávamos enfrentando uma própria na época. Esse meu amigo… Ele também pensava que os bruxos poderiam ajudar mais nos conflitos trouxas. Os pais dele eram trouxas e morreram em um na Irlanda no nosso primeiro ano. — Suspirou. — Ainda estou criando coragem para enviar uma simples carta pra ele.

— Imagino que seja difícil depois de tanto tempo e com um afastamento complicado, mas, se quiser resolver as questões pendentes, não poderá fugir delas. Em algum momento será tarde demais para isso.

— Talvez já seja…

— Não saberá se não tentar.

Remus sorriu fraco para Richard. Ele estava certo, afinal.

— O que quer que aconteça, bom… Sou um ótimo ouvinte quando quiser desabafar.

— Obrigado, Richard — Remus disse com sinceridade.

Ouviu passos vindos da escada e logo reconheceu como sendo de Helena. A mulher adentrou o estúdio com com papéis em mãos e sorriu amigável para eles com sua energia de sempre.

— Olá, Remus!

— Bom dia, Helena!

— Rick, preciso que assine aqui, por favor. — Ela voltou para o sogro. O homem pegou os papéis e começou a ler antes de assinar. — Já terminei nossa coleção de jóias para o inverno.

— Mal saímos do verão — Remus comentou e mais uma vez ajustou a liga de prata e puxou a alavanca.

— Os meses passam voando. Em um piscar de olhos o Natal já vai estar chegando e teremos vários clientes querendo novas jóias — ela justificou-se ao olhar para Remus outra vez. — Como você consegue usar essa coisa tão fácil? Tony quebra as mãos tentando usar isso para ajudar o Rick antes de te contratarem.

— Eu sou bem forte. — Lupin deu de ombros. Força de lobisomem tinha suas vantagens.

— Eu vou almoçar com o Mattias mais tarde. Lembra dele? Conhecemos no Beco Diagonal. Quer vir?

— Acho que vou almoçar por aqui, mas obrigado.

— Vai ser por minha conta. Não é longe daqui.

Helena conseguia ser tão convincente quanto a filha quando queria, então Remus acabou aceitando.

Mais tarde, na hora do almoço, ele e Helena seguiram até um restaurante próximo. Quando chegaram, o homem loiro já se encontrava numa das mesas ajeitando os cabelos de uma bebê sentada num cadeirão infantil.

Ele exibiu um largo sorriso ao vê-los, demorando o olhar por mais tempo em Lupin.

Buonasera — ele cumprimentou alegremente.

— Olá — Remus cumprimentou timidamente.

— Consegui convencer Remus a vir hoje.

— Bom vê-lo novamente — disse Mattias com seu sotaque.

Remus sentou-se de frente para ele na mesa quadrada. Helena pegou a bebê no colo e sentou-se ao lado, brincando e falando num tom fino e fofo com a menina, que riu para ela exibindo os pequenos dentinhos que começavam a nascer. Ela possuía cabelos loiros claros e finos que formavam gloriosos cachinhos, enfeitados com um laço azul bebê. Os grandes olhos azulados observavam os arredores com curiosidade e energia.

Lupin sentiu-se nostálgico e lembrou-se de quando os gêmeos eram daquele tamanho, tão pequenos, e ele e Sirius lutavam para começar a introduzir alimentos enquanto eles faziam uma bagunça gigantesca.

— Lupin, essa é a minha outra principessa, Pandora.

— Pandora? Nome bonito — Remus franziu o cenho por alguns instantes.

— Tão curiosa que faz jus ao nome. Tudo bem te chamar só de Remus? — perguntou.

— Claro, sem problema nenhum.

— Ela é um amor — Helena comentou beijando a bochecha gorducha da bebê. — Foi difícil achar o restaurante?

— Um pouco, mas estou conseguindo me localizar. Chegamos há alguns minutos. Pandora também estava um pouco agitada depois que deixamos o irmão na chave de portal para a escola, tive que parar para acalmá-la.

— Chave de portal? Ele não estuda em Hogwarts?

— Non, estuda na França. Beuxbatons. Não conseguimos fazer a transferência ainda e ele preferiu ir como intercambista esse ano com o torneio. Meu marido não queria ficar longe da Stella, e ela adorava ouvir sobre Hogwarts — explicou. — Ele é professor novo.

— Oh! Er… História da Magia?

.

Remus comprimiu os lábios, lembrando das cartas dos filhos e de Harry. Eles mencionaram que Alastor Moody ocupou seu antigo cargo e que Binns havia sido substituído.

— Acho que seu marido mandou meu filho para a detenção ontem.

Vero?! — Mattias arregalou os olhos. Remus assentiu. — Ma perché??

— Ele não foi muito claro, só disse que irritou o professor de História da Magia.

— Archie não perde a paciência fácil. Ele é… Come dire? Molto… Paciente? Acho estranho falar assim. Repetitivo. — Mattias franziu o cenho pensativo. — Bem, uma vez antes de saber a magia e namoramos eu gritei com ele por cinco minutos, e ele só olhou para minha cara e me deu um copo de água num silêncio muito irritante.

— Meus filhos são mestres em esgotar a paciência das pessoas. Às vezes é difícil até para mim — Remus riu. — Peço desculpas por eles.

— Meu filho também adora nos tirar do sério às vezes, então te entendo.

— Todo filho faz isso às vezes — Helena comentou, ainda com Pandora em seus braços.

— Vamos comer? Pandora logo vai começar a chorar pedindo comida. Vieni con papà principessa. — Mattias estendeu os braços, e Pandora logo esticou as mãozinhas em sua direção. Ele pegou-a nos braços e aninhou-a em seu colo quando ela cismou em não querer sentar-se no cadeirão. — E será ótimo conhecer melhor outro bruxo além de meu marido e os amigos dele.

— Não há muito de interessante para conhecer sobre mim.

— Certeza que tem, Remus. Sou novo por aqui e preciso de amizades novas. — Ele sorriu amigavelmente. — Aposto que podemos ser grandes amigos.

***

Quando Remus chegou em casa, Sirius não estava na sala de estar para recebê-lo como de costume e a casa estava muito silenciosa.

O silêncio sempre foi seu maior sinal da ausência dos filhos. Era sempre estranho precisar se acostumar a não ouvir eles brincando ou bagunçando pela casa quando iam para Hogwarts. No primeiro ano deles, Lupin até mesmo chorou na primeira semana de tanta falta que sentiu.

Ainda que fosse comum o silêncio naquela época do ano, estranhou não avistar Sirius ou ouví-lo pela casa.

Deixou suas compras sobre a mesa e adentrou a cozinha, não encontrando sequer um sinal de que Black havia começado a preparar o jantar como fazia algumas vezes.

— Sirius? Sirius, já cheguei! — falou alto.

Não ouviu resposta.

Franziu o cenho e seguiu para o andar de cima, retirando o casaco enquanto entrava em seu quarto. O cômodo estava vazio e uma grande bagunça.

A cama estava desarrumada com os lençóis amarrotados. As gavetas das cômodas e as portas do guarda-roupa estavam abertas, algumas peças de roupa jogadas no chão, outros objetos caídos.

Na verdade, uma das portas do guarda-roupa estava no chão também.

A respiração de Remus ficou mais rápida e difícil enquanto seu coração acelerava. Ele foi até o quarto do Harry. Vazio. O quarto dos gêmeos. Exatamente como deixaram.

Lupin começou a desesperar-se, sua mente formulando milhares de possibilidades sobre o que poderia ter ocorrido. Os aurores vieram? Encontraram Sirius? Pegaram ele? Ele fugiu?

Não haveria como, eles não conseguiram encontrar nada na batida. Era certo que usariam a audiência dos gêmeos para atrair Sirius, ele disse que até mesmo Tonks tinha plena certeza de que esse era o plano do Ministério. Será que mudaram de ideia?

Remus desceu as escadas correndo e foi até a garagem. O hipogrifo ainda estava ali, alimentando-se de um cesto repleto de ratos que Canopus havia encomendado para servir de comida antes de ir para Hogwarts. Sirius não estava ali.

Procurou no escritório da Karina. Alguns livros estavam caídos no chão e as gavetas da escrivaninha também estavam abertas, exceto aquela que ela havia selado com uma magia mais forte e nem os aurores chegaram a abrir.

Os olhos de Remus encheram-se de lágrimas. Ele andou pela casa respirando rápido, sem saber o que fazer.

Onde estava Sirius? O que havia acontecido?

— De novo não… De novo não… — começou a murmurar com as mãos agarrando os próprios cabelos. — Você não vai me deixar aqui sozinho de novo, Padfoot. Você não vai…

Então ouviu batidas na porta.

Lupin congelou com uma lágrima já escorrendo lentamente por seu rosto. Tornaram a bater, dessa vez mais forte. Ele engoliu em seco.

Mais batidas.

Remus respirou fundo, temendo ser os aurores prontos para prendê-lo por abrigar um foragido. Se fossem, talvez não seriam tão gentis de bater na porta. Nunca saberia se não atendesse.

Com o coração quase pulando pela garganta, ele foi até a porta e a abriu, já esperando o pior.

Não eram os aurores.

Muito menos Sirius.

Killian…

Remus ofegou ao ver o homem parado à sua frente.

Não era mais uma noite caótica em pleno ataque em que sua maior preocupação era encontrar seus filhos, então agora podia analisá-lo com mais cuidado. Killian estava muito diferente, mas ao mesmo tempo havia algo ali que o fazia reconhecê-lo imediatamente e ser inundado por todas as lembranças da última vez que se viram, de tudo que viveram.

Os olhos azuis intensos como safiras não tinham mais o mesmo brilho descontraído e alegre, não olhavam para si com carinho como antes. Eles agora encaravam-no com mágoa e ressentimento, uma fúria intensa faiscando. A expressão em seu rosto demonstrava uma frieza que nunca esperou ver em Killian até o último dia que se viram anos atrás.

Porém, naquela época ele ainda podia ver um apreço por si. Isso já não existia mais, conseguia ver. Não como antes.

— Remus.

— E-eu… O que faz aqui?

Conversar. Nós temos muito o que conversar, não é? — Killian falava com convicção e frieza em sua voz, e seus olhos expressaram então uma grande dor em meio a mágoa e raiva.

— Eu sei que precisamos conversar, te devo muitas explicações e desculpas por tudo que aconteceu, mas agora não é um bom momento.

— Não é um bom momento, Remus? Está falando sério?

— Killian…

— Em que momento você pensaria dizer que minha irmã está morta?

Remus paralisou mais uma vez, exatamente como no momento em que ouviu o outro citar o nome de Karina durante o ataque. Não disse nada, apenas encarou o homem, sem conseguir que uma única palavra deixasse sua boca.

Seu peito se apertou, seu coração doía como se tivesse recebido uma facada. Uma faca talvez não seria tão doloroso quanto a conversa que estava por vir.

Mas ele precisava encontrar Sirius.

— Não vai dizer nada? — indagou. — Vai apenas continuar aí parado? Nada, Remus?

— E-eu… S-sinto muito, Killian — Lupin gaguejou. — Sinto muito mesmo, m-mas…

— Sente? Realmente sente, Remus?

Remus fechou os olhos com força.

— Você sempre diz isso. Você sentiria por quê? Por esconder que minha irmã morreu? Esconder que ela teve filhos com aquele maldito babaca por quem você é apaixonado? Ficar ao lado dele em vez de vir comigo? Quebrar meu coração milhares de vezes?

— Killian, não posso falar disso agora, por favor… — suplicou, a voz falha e mais lágrimas querendo cair.

— Você é um maldito maldito idiota insensível, Remus — Killian falou num tom mais dolorido, a voz embargada de quem está se contendo para não chorar, mas ainda raivoso.

Ele não conseguiria escapar agora.

— Eu sei que ainda está magoado. — Remus tornou a abrir os olhos.

— Magoado? Magoado é um grande grande eufemismo. Você sequer se importaria com o que sinto — continuou a falar, sem deixar que Lupin prosseguisse. Seus olhos estavam tão marejados quanto os dele. — Se importou alguma vez? Será que realmente tem um coração? Magoado? Estou furioso!

— Killian…

— Eu tinha muito a falar contigo, Remus, e agora irá ouvir. Até me preocupei naquele maldito ataque depois que você sumiu, porque eu sou um grande tolo — interrompeu. — Você sempre esteve a fazer isso, me transformar um bobo idiota a acreditar que se importaria, que sentiria qualquer coisa, que diria algo…

— Por favor, Killian! — Remus exclamou em súplica, a voz tão trêmula quanto suas mãos. — Eu sei… Eu sei que fui um idiota. Eu sei que te devo muitas explicações, mas agora… Por favor, eu… Eu preciso procurar Sirius. Depois eu vou te ouvir e explicar o que você quiser, eu juro.

Killian não retrucou de imediato. Ele apenas encarou-o em silêncio antes de balançar a cabeça negativamente e começar a rir com descrença.

— Você só poderia estar de brincadeira! — exclamou com indignação. — Sirius. Sempre o Sirius. Agora, depois de tudo, depois de quinze anos, estou aqui e você, como sempre, a pensar nele.

— Não é como você está pensando!

— Estou a pensar nada, Remus, apenas vendo com meus próprios olhos que nada mudou… A Karina era minha irmã!

— Eu nem sabia que você estava vivo!

— Saberia se procurasse.

— Eu não precisaria procurar se você não tivesse fugido como a porra de um covarde sem dar notícias e deixado todos preocupados — Remus exaltou-se e deixou as palavras saírem por sua boca, sem filtro algum.

Ele poderia se arrepender dessas palavras, talvez da forma como as disse, mas era algo que estava entalado em sua garganta desde que soube que Killian estava vivo. Por anos ele refletiu como seria se não tivesse ocorrido aquela briga, se ele tivesse sido um pouco mais compreensível para entender que estava apavorado e o quanto feriu os sentimentos dele.

Não foi algo que percebeu de imediato. Porém, a constatação de que Killian provavelmente havia sido morto depois de tudo, sem que pudesse reparar seu erro, foi dolorosa.

— Se eu sou covarde, você é um maldito hipócrita, Remus — Killian retrucou friamente.

— Eu sei — Remus disse, derrotado. Ele realmente era. — Entre.

— Demorou. Pensaria que continuaríamos a discutir aqui à porta.

— Entre, Killian.

Remus deu um passo para trás e deu espaço para que o outro passasse. Killian apenas encarou-o em silêncio por alguns instantes antes de entrar, e a porta foi fechada rapidamente e Lupin apoiou-se contra ela, a testa tocando na madeira enquanto as lágrimas não eram mais contidas.

Tudo ao redor de Remus parecia desmoronar. De um segundo para o outro, tudo estava ruindo mais uma vez, e ele estava sozinho com seus próprios pensamentos e arrependimentos.

Foi como se tivesse vinte e um anos mais uma vez, chorando naquela sala de estar com um coração partido por pensar que fora enganado e usado pelo homem que amava.

Ou dezenove, refletindo em seu quarto uma promessa que havia feito depois de avistar o corpo sem vida de uma de suas melhores amigas totalmente desolado enquanto ouvia Sirius gritar dolorosamente ao abraçá-la e repetir várias vezes o feitiço de despertar usado para cortar o efeito de estuporantes.

Ou dezoito, ouvindo Killian dizer aos prantos que a irmã era uma tola por entrar em uma guerra e correr o risco de ter o mesmo destino de seus pais para lutar ao lado de Sirius; dizer que ele era um covarde filho da puta que preferia ir em direção à morte por alguém que nunca lhe deu valor e provavelmente iria abandoná-lo e traí-lo na primeira oportunidade, pois assim eram todos da família dele.

Todo o sofrimento que remoeu dentro de si por anos e que nos últimos três meses pareciam, enfim, começar a ser superados, pois tinha Sirius ao seu lado e a verdade diante de seus olhos, que tudo antes de toda a tragédia foi real… Agora tudo retornava como uma grande facada.

Onde Sirius estava?

Agora eram apenas Killian e ele mais uma vez, quinze anos depois. Ele teria de encará-lo, pronto ou não.

Remus virou-se lentamente na direção de Killian e fungou, não se dando mais ao trabalho de tentar não chorar, porque ele não conseguiria. Era fraco demais para isso, sempre foi.

Radcliffe observou os arredores da entrada e da sala de estar, os olhos parando por longos instantes no piano antes de retornar para Lupin. As lágrimas dele também não eram mais contidas.

— Ele não está mesmo aqui, está?

Essa foi a primeira pergunta de Killian.

— Não — Remus respondeu, rápido e firme. Não precisava pensar muito para saber que ele estava perguntando sobre Sirius. — Eu acabei de chegar do meu trabalho e não o encontrei. Ele não pode sair.

— Está mesmo surpreso?

— Eu sei muito bem que não é sobre o Sirius que você quer falar. Quer conversar? Está bem, vamos conversar. Mas depois que eu terminar de falar, sairei por aquela porta e irei atrás dele.

— Isso não seria uma surpresa. Já me habituei há muito muito tempo. — Deu de ombros.

Remus comprimiu os lábios, sentindo uma dor no peito. Oh, isso seria realmente difícil e doloroso.

— Por onde quer que eu comece? Pelos garotos, Karina, desculpas…

— Poupe seus pedidos de perdão.

— Não pouparei, sinto muito.

— Menos surpreendente ainda. Você se desculpa demais.

Remus sabia que sim.

Minha irmã — Killian disse. — Por que me escondeu a morte dela?

— Um ataque de Comensais da Morte não me pareceu um bom momento para isso. De início, pensei que já soubesse, até perguntar por ela. E na época… Eu realmente pensei que estava morto e que se ainda estivesse vivo saberia e viria ao velório.

— Voldemort não obteve tanto sucesso quanto Grindelwald para dissipar o terror. A guerra não saiu do Reino Unido, e os franceses são muito muito bons em olhar apenas para o próprio umbigo, faz sentido o lema dos Black ser em francês.

— Seus sobrinhos são Black.

— Sobrinhos que eu desconhecia a existência nos últimos dezesseis anos. Eles estão em Hogwarts agora, presumo.

— Sim, quarto ano. Eles vão fazer quinze anos em dezembro.

— Quinze anos… Quinze anos, e eu só soube que eles existem há menos de duas semanas. Quando pretendia me contar? Diga a verdade.

— Eu ia te enviar uma carta pedindo para conversarmos e te contaria tudo.

— Quando? No aniversário de trinta?

— Killian…

Killian soluçou e virou o rosto, desabando de uma vez. Remus não pôde fazer nada além de observar.

Não sabia o que mais faria. Qualquer aproximação agora parecia perigosa demais, um verdadeiro campo minado.

Porém, imaginava e entendia o que ele deveria estar sentindo. Certamente era muito do que o próprio Sirius sentia. Ambos perderam boa parte da vida dos gêmeos.

— Eles são filhos dela, uma parte dela, da minha família. Eu tinha o direito de saber.

— Se eu soubesse onde você estava, te contaria.

— Começo a duvidar disso. Eles são os seus filhos que você disse na Copa, não são? Você quem criou eles.

— Sim. Eu já vivia aqui com o Sirius para ajudá-lo a cuidar deles depois que a Karina morreu, então… Eles são os meus filhos. Eu criei eles e fiz o possível para dar a melhor vida que pude, eles… Eles são garotos incríveis e são tudo pra mim.

— Realmente contaria ou ficaria com eles somente para você? Certamente foi ótimo acompanhar cada passo deles. Ainda me deixaria ficar com eles? Realmente?

Remus ficou em silêncio, refletindo sobre a pergunta. O que Killian estava pensando sobre ele?

As lágrimas caíam como uma cachoeira por seu rosto enquanto sua mente divagava por todos os últimos anos desde que decidiu ir embora de Rowen's Valley com dois meninos de dois anos nos braços e apenas uma mala e uma mochila nas costas.

Cada vez que bateu na porta de um estabelecimento pedindo um emprego ou de uma pousada pedindo um quarto, que preferiu deixar de comer para dar a eles para não precisar pedir ajuda ao seu pai novamente tão cedo. Anos fugindo por todo o Reino Unido. Inglaterra, Escócia, Gales, Irlanda… Nunca ficando muito tempo no mesmo lugar.

Não foi uma vida fácil, mas era a vida deles. Cada dia ruim em um trabalho miserável era compensado ao ver aqueles sorrisos e olhinhos no final do dia durante o jantar. Os dias seguintes as luas cheias por mais doloridas que fossem eram sempre mais iluminados ao ter aqueles garotos ao seu lado, quando sozinhos pegavam o pote onde guardava os chocolates e levavam para ele no quarto.

Remus nunca conseguiria se imaginar vivendo sem eles, eles quem lhe deram forças para viver. Não impediria Killian de ver o bem que eles sempre faziam.

— Claro que contaria! E-eu… Nós podíamos ter feito isso juntos.

— Juntos? — Killian riu sem animação alguma.

— Eu te contaria se soubesse, mas isso não significa que ficaria longe deles. Prometi a Karina que estaria com eles e estou cumprindo minha palavra.

— E seríamos uma bela família feliz até aquele cachorro idiota fugir da prisão e você correr atrás.

— Você não faz a menor ideia do quão difícil foi, Killian. Eu também acreditei por muito tempo que Sirius… Que ele… — Não conseguiu concluir a frase. — Ele não fez nada. E isso é uma longa história que não vou conseguir contar se você não esquecer o passado e ao menos tentar acreditar nele.

— Ah, eu tentei esquecer. Na verdade, por muito tempo eu até pensei que tinha esquecido completamente, mas… — Killian não concluiu.

Um silêncio desconfortável se instaurou.

Remus respirou fundo e deu alguns passos à frente, encarando os olhos de Killian. As orbes cor de safira que um dia transbordaram alegria, mas agora possuíam apenas dor.

Não conseguiriam conversar sobre nada se aquilo não fosse resolvido. Um ponto final definitivo.

— Eu sinto muito.

— Não diga isso.

— Eu, de verdade, sinto muito mesmo, Killian.

— Eu não quero ouvir suas desculpas.

— Mas você precisa.

Killian não rebateu. Ele apenas encarou-o em silêncio, as lágrimas escorrendo. O olhar dolorido e exausto. O rancor ainda estava ali, uma ferida nunca cicatrizada, algo que por mais que seguisse em frente não se curaria tão fácil.

Remus estava com muita raiva também, principalmente por ele ter simplesmente se escondido. Porém, os dois tinham que reconhecer seus papéis para tudo ocorrer como ocorreu.

— Não vamos conseguir conversar se eu não disse, e estou dizendo. Por como tudo terminou, por não ter valorizado tudo o que você fazia por mim tanto quanto deveria, por tudo que eu fiz… — disse com sinceridade, a voz falha e embargada. — Eu sei que errei com você. Fui um idiota e deixei aquilo ir para muito mais longe do que deveria.

— Então se arrepende?

— Do que aconteceu entre nós? Não. Realmente não me arrependo.

Para o bem ou para o mal, Killian esteve ao seu lado num de seus piores momentos.

— Me arrependo de como aconteceu, como levamos adiante. E-eu… Eu estava preocupado demais em não aceitar os meus sentimentos e no fim acabei não pensando nos seus também.

— Eu nunca fiz questão de esconder eles.

— Eu sei…

A voz de Remus saiu muito mais dolorida, porque ele sabia e se lembrava. A memória veio como se tivesse ocorrido há minutos, não anos.

Junho de 1978. Eles haviam se formado em Hogwarts há poucos dias. Todos planejando entrar para a Ordem da Fênix, exceto Killian.

Sirius e Karina estavam, enfim, juntos e haviam saído para um encontro em Londres. Remus e Killian estavam no quarto dele na Irlanda, completamente sozinhos. Conversas sobre o futuro sobre o travesseiro de uma cama bagunçada, muitas palavras sendo ditas.

Três pequenas palavras ditas.

Ditas por Killian, nunca respondidas por Remus.

— E sei muito bem que não podemos escolher quem amamos. Você também sabe.

— Eu sei… — Killian sussurrou.

— Sinto muito por não poder te amar de volta.

E ali eles eram jovens novamente. Mais uma vez com dezoito anos, recém formados e com planos totalmente opostos em suas mentes.

Remus, enfim, disse o que deveria ter dito naquele dia dezesseis anos atrás.

— Eu realmente sinto muito, mas esse não é o meu pedido de desculpas. Não posso me desculpar por algo que não é minha culpa e não está sob meu controle.

Killian permaneceu em silêncio.

— Eu peço desculpas por como eu agi. Não tinha escolha quanto aos meus sentimentos, mas tinha sobre minhas ações e eu errei quando continuei magoando você por tanto tempo. Mesmo inconscientemente, eu sei que alimentei suas expectativas.

— Fui um idiota por realmente acreditar por tanto tempo que você esqueceria ele.

— E eu, de algum jeito, te fiz acreditar que poderia. É por isso que te peço desculpas.

Eles não disseram mais nenhuma palavra por um tempo, mas Remus podia sentir que aquilo era tudo que Killian precisava ouvir e ele nunca pôde dizer. Um grande peso foi tirado de seus ombros.

— Eu estou realmente feliz de saber que você está vivo e bem… De verdade — admitiu. — Você pode não acreditar em mim, mas… Eu senti sua falta.

— Tem razão, custo consigo acreditar.

— Além de tudo, você era meu amigo. Você foi o meu primeiro amigo de Hogwarts, você era importante pra mim. Eu fiquei sozinho por anos… Meus filhos eram tudo que eu tinha. Perdi tudo na guerra. Você fez falta, e a Karina sentiu sua falta também.

— Eu disse para ir embora… E-eu implorei para vocês virem comigo, mas…

— Não podíamos ficar parados e fugir, Killian. Ir embora foi uma escolha sua e você não podia nos obrigar a te seguir. Você quis fugir? Ótimo. Nós escolhemos lutar.

— Eu perdi meus pais numa guerra, Remus... Você não poderia julgar por não querer entrar em outra e ver quem eu amava ter o mesmo destino.

Killian soluçou, a dor chegando com um grande baque. Ele afastou-se de Remus escondendo o rosto entre as mãos e desabou no banco do piano. Não disse mais nada, apenas continuou chorando, completamente destruído.

Lupin tornou a se aproximar, com cuidado. Ele sabia o quanto a guerra assustava Killian, porém admitia que nem ele nem Karina foram tão compreensíveis quanto poderiam na época. Cada um reagiu de uma maneira diferente com o terror de Voldemort crescendo cada vez mais entre os bruxos.

Ainda se recordava de quando, em seu primeiro ano, Killian e Karina foram chamados ao escritório do diretor um mês após o retorno das Férias de Fim de Ano.

Manhã de 31 de janeiro de 1972. No dia anterior eles estavam felizes comemorando o aniversário de Lily e alegrando seu dia por estar longe da família numa data tão importante. Durante o café da manhã do daquele dia, Killian e Karina receberam a notícia de que haviam perdido a sua família.

Outros alunos nascidos-trouxas irlandeses também foram chamados, um de cada vez. A notícia para quase todos foi a mesma, quando não foi, chegou bem perto de ser.

Remus soube disso por James e Sirius dias depois, quando retornou para o dormitório depois de passar o resto da semana na Casa dos Gritos se recuperando de uma lua cheia extremamente complicada. Eles pensaram que ele havia estado fora pelo mesmo motivo, já que mencionara uma vez que estava vivendo na Irlanda do Norte com os pais quando recebeu sua carta, e apenas fora quem recebeu a notícia primeiro e por isso não foi ao dormitório após a comemoração do aniversário de Lily naquela tarde. Não foi fácil pensar numa boa desculpa daquela vez.

Ele só viu os irmãos Radcliffe novamente no início da semana seguinte e foi um dos primeiros a recebê-los com uma grande abraço.

Lembrava de ouvir seu pai comentar nas férias como alguns bruxos das Irlandas estavam exigindo alguma ação do Ministério Britânico quanto a guerra civil dos trouxas enquanto outros recebiam vários processos por usar magia para ajudar a conter os desastres causados e serem flagrados. Infelizmente, não seria do interesse intervir até que afetasse diretamente a eles. A maior atitude veio do Departamento de Desinformação para encobrir as ações dos bruxos que intervinham.

Soube depois que os trouxas nomearam o dia da morte dos pais dos amigos de Domingo Sangrento. A sede irlandesa do Ministério da Magia Britânico foi contra as ordens da central da Inglaterra e permitiu a ação de bruxos para auxiliar os trouxas naquele dia e isso foi manchete do Profeta Diário por todo o mês de fevereiro.

Os pais de Killian e Karina foram vítimas daquele dia trágico. Descobriram posteriormente que eles não morreram diretamente para as bombas que explodiram em Dublin naquele dia, mas salvando vítimas e sobreviventes, principalmente crianças. O pai deles, inclusive, recebeu uma medalha de honra póstuma, e foi homenageado junto da esposa pelas pessoas que salvou no ano seguinte, algo que Karina contou a Remus aos prontos por telefone, pois fizeram questão de realizar a homenagem durante as férias para que ela e Killian estivessem presentes.

Remus não conheceu bem eles, mas fez questão de mencionar aquele feito para os gêmeos quando moraram na Irlanda. Karina sempre lembrava-se com muito orgulho disso, por saber que os pais conseguiram ajudar muitas pessoas em seus últimos momentos de vida.

Ela usava desse fato com um incentivo para fazer sua parte durante a Guerra Bruxa, assim como seus pais fizeram o que estava ao alcance deles no conflito na Irlanda.

Para Killian, por outro lado, aquilo era um incentivo maior para fugir. A ideia de mais uma guerra deixou-o apavorado. Ele não queria ter o mesmo destino de seus pais.

— Eu não te julgo por ter medo, Killian — Remus falou com calma.

— E eu tinha razão, não é?

— Mas você não precisava ter sumido desse jeito! Nós ficamos preocupados, pensando no pior e que Voldemort podia ter te capturado e te matado!

— A minha irmã está morta! — Killian esbravejou. — Esse era justamente o meu medo, por isso mesmo eu fugi. Eu sabia que essa guerra nos mataria… E matou.

— Ela escolheu lutar e sabia dos riscos.

— Uma escolha burra.

— Uma escolha corajosa.

— Uma frase muito Grifinória de se dizer.

— Ela escolheu lutar, assim como seus pais. Ela lutou e conseguiu salvar muitas pessoas, assim como eles. Graças a ela vários espiões foram presos e planos que matariam dezenas de trouxas e nascidos-trouxas foram descobertos. Até o último momento possível ela quis lutar — Remus retrucou. — Ela… Porra! Ela invadiu a merda de uma reunião de Comensais sozinha grávida e conseguiu informações essenciais. Imprudente? Com certeza, mas porque ela queria ser útil e derrotar Voldemort de uma vez por todas.

Killian abaixou a cabeça, e Remus sentou-se ao seu lado.

— Você precisa entender que essa foi a escolha dela. E saiba que a sua irmã foi uma heroína, assim como seus pais. Não vou brigar com você por fugir, acho que já não vai adiantar mais, mas não a julgue por ficar, nem a mim. Nós escolhemos lutar.

— Eu queria poder ver minha irmã de novo — confessou Killian num tom mais baixo.

Relutante, Remus tocou o ombro de Killian e deu um aperto forte para confortá-lo. Ele olhou-o de volta e tornou a soluçar.

O silêncio retornou. Eles precisam disso, daquelas pausas para absorver. Ainda havia muito o que conversar, Killian também tinha muito o que falar sobre onde esteve nos últimos anos. Porém, aquele era o instante para aceitar que Karina já não estava mais ali para se resolverem.

— Posso te levar ao túmulo dela, se quiser. Está aqui em Rowen's Valley.

—  Eu quero.

Remus paralisou por alguns instantes.

Oh, Merlin… O túmulo da Karina.

— Merda… Sirius…

— Remus John Lupin, esse não é o momento para você ir atrás do Sirius! — Killian fechou a cara imediatamente e levantou-se irritado.

— Ele deve estar exatamente onde precisamos ir.

Lupin ficou de pé e agarrou o braço de Killian. Antes que o outro pudesse discutir, ele deu um passo à frente e aparatou da casa até o cemitério do vilarejo.

Radcliffe xingou-o em irlandês, enquanto Remus suspirou de alívio.

Ao lado do túmulo de Karina, Sirius estava sentado encolhido no chão, vestido nas roupas de Remus muito largas em seu corpo, abraçando as próprias pernas escorado na lápide com um buquê de violetas aos seus pés. Os cabelos estavam completamente bagunçados e caindo pelo rosto cabisbaixo que era encharcado pelas lágrimas, os olhos acinzentados completamente perdidos e sem foco fixos no chão.

— Sirius!

Remus desabou de joelhos diante dele e segurou seu rosto entre as mãos, analisando-o com cuidado.

— Moony…

— Merda, Sirius! Você me deu um grande susto! — exclamou, suas próprias lágrimas agora sendo de alívio. — Já estava pensando no pior que poderia ter acontecido. Não saia assim de repente sem me avisar, por favor. Pode ser perigoso.

— Desculpa… — ele murmurou.

Remus respirou fundo e beijou a testa do Black, deixando que deitasse a cabeça em seu ombro. Seus olhos então foram para Killian, que estava paralisado diante deles.

Porém, seus olhos não estavam em Remus e Sirius. Ele encarava fixamente a lápide com o nome de sua irmã. Pareceu como se, somente naquele momento, a ficha enfim tivesse caído.

Sirius afastou-se de Remus, percebendo a presença do antigo cunhado. Olhou para ele e então para Lupin, que entendeu sua confusão e apenas balançou a cabeça para confirmar que era realmente Killian.

Black, então, ficou de pé, com cuidado. Caminhou a passos lentos até Radcliffe, então recebendo o olhar dele para si.

Sempre comentara na juventude o fato de como era impressionante o quanto Killian conseguia ser ao mesmo tempo tão parecido e tão diferente da irmã gêmea. Os cabelos dele eram um pouco mais escuros que os dela; enquanto os olhos de Karina eram de um claro cor-de-mel que brilhavam como ouro, os dele eram de um azul profundo como safiras; sua pele era mais pálida. Ainda assim conseguia enxergar semelhanças.

Conseguia vê-la ao olhar para ele.

Não disseram nada, um tenso silêncio crescendo ao redor. Não havia mais ninguém ali naquele cemitério.

Sirius não teve tempo de pensar em palavras, na verdade. Mal havia tentado organizar seus pensamentos e formular alguma frase em sua mente quando, de repente, apenas sentiu a dor do punho de Killian socando seu rosto.

Ele cambaleou para trás e caiu sobre um de seus joelhos, desnorteado e sentindo o gosto ferroso de sangue na boca.

— Sirius! — Remus exclamou e aproximou-se preocupado. Percebeu o sangue e então encarou Killian e avançou na direção dele com raiva. — O que deu em você?!

— Remus, não… — Sirius murmurou.

— Estava devendo isso há muito tempo — Killian respondeu, a fúria misturada a dor de volta aos seus olhos.

— Descontar sua raiva nele agora não vai adiantar de nada!

— Remus, me deixe falar com ele. — Sirius ficou de pé novamente e aproximou-se devagar, mas Remus continuou parado entre ele e Killian.

— Cão sarnento, idiota, filho da puta…

Killian tentou avançar mais uma vez, mas Lupin agarrou a gola de seu sobretudo e empurrou-o para longe de Sirius. Ele olhou para os dois irritado, com muito mais raiva do que quando bateu na porta quando falava tão magoado no ataque à Copa.

Toda a dor dentro dele estava sendo convertida em raiva e direcionada para Black naquele momento. Os punhos cerrados, a respiração pesada.

— Eu disse que isso aconteceria! Eu sabia que você ia destruir tudo! — vociferou. — MINHA IRMÃ ESTÁ MORTA E A CULPA É SUA!

— EU SEI! — Sirius dolorosamente gritou de volta, destruído em lágrimas. — Eu sei…

— Não é culpa dele. Os Comensais da Morte mataram a Karina, eles e Voldemort são os únicos culpados.

— Não é o que estariam a falar no Ministério da Magia.

— O MINISTÉRIO NÃO SABE DE PORRA NENHUMA! — Remus gritou, exaltado.

— Ele é exatamente igual a todos da família dele.

Sirius engoliu em seco, sentindo aquelas palavras como mais uma lâmina em seu peito. Durante os últimos anos, até mesmo algumas vezes nas últimas semanas, ele acreditava nisso.

— Me desculpe — pediu.

— Suas desculpas não trarão minha irmã de volta.

— Eu tentei salvar ela, juro que tentei… Mas eu não consegui chegar a tempo.

— Também não chegou a tempo para James?

Aquele foi o golpe final para Sirius.

— Eu soube o que aconteceu com ele e Lily.

— A culpa é de Peter! Ele quem nos traiu e entregou a localização de James e Lily para Voldemort — Remus explicou exasperado. — Ele era um Comensal da Morte!

— Mas a ideia foi toda dele! Sirius quem sugeriu Peter como Fiel do Segredo. Preferiu confiar em um rato.

— Como você sabe?

— Eu deveria chamar os aurores e entregá-lo agora mesmo. Azkaban seria bom para aguardar até conseguir a revisão da sentença.

— Você não ousaria.

Killian não respondeu de imediato, apenas voltou os olhos para Remus em desafio enquanto afastava a lapela do sobretudo e exibia o símbolo do Ministério Francês em suas vestes abaixo.

— Meu dever como um político visitante, certo?

— Nem… Pense… — Lupin retrucou pausadamente.

— Não dirá nada, Black? Sem mais desculpas? Vamos! Mostre como você é inocente! — Killian voltou a se aproximar. — Você queria conversar? Vamos lá! DIGA ALGUMA COISA!

Sirius permaneceu sem dizer nenhuma palavra, apenas chorando com as mãos agarrando os cabelos. Killian sacou sua varinha e apontou para o Black.

— Não! — Remus exclamou e colocou-se à frente.

— Saia da frente, Remus. Agora o assunto será entre mim e ele.

— Não. — Sacou sua varinha também e apontou na direção de Radcliffe. — Não vou permitir que o machuque.

— Como sempre, protegendo ele. Nada mudou.

— Abaixe sua varinha.

— Abaixe a sua Remus. Eu não quero ferir você.

— Também não quero te machucar, Killian, mas não vou deixar que faça algo com Sirius.

— Minha irmã morreu e vocês não fizeram nada!

— Você também não estava aqui para ela!

A tensão cresceu. Os olhos de Killian e Remus estavam presos um no outro, firmes e decididos, faiscando de raiva, as varinhas em punho.

— Eu avisei, Remus. Agora sou eu quem peço desculpas — Killian disse. — Expulso!

— Protego!

Um duelo de iniciou diante dos olhos de Sirius, mas ele não pôde fazer nada. Não tinha forças para isso. Apenas desabou de joelhos e Remus continuou ali de pé, pronto para protegê-lo.

Não havia ninguém por perto para presenciar o conflito. O cemitério ficava próximo aos limites do vilarejo e o sol deixava seus  últimos raios de luz do dia.

Feitiços eram lançados e rapidamente defendidos. Remus era um excelente duelista, conhecedor de muitas magias, tanto que fora professor em Hogwarts. Killian sempre fora um exímio aluno na juventude, aprendia magia com facilidade e estudou muito para aprimorar suas habilidades, além de ter recebido treinamento em seu trabalho no Ministério Francês. Estavam páreos um ao outro.

Mas Killian foi o primeiro a conseguir acertar o feitiço que derrubou Remus no chão.

—  Perdoe por isso, Remmy — ele disse dolorosamente, sincero.

— Pare, por favor. Você veio conversamos, nos deixe explicar tudo.

— Sirius explicará às autoridades.

— Killian, por favor…

— Expelliarmus.

A varinha de Remus voou de sua mão, mas isso não o deteu. Ele voltou a ficar de pé e permaneceu diante de Sirius de forma protetora.

— Remus, saia da frente.

— Não.

— Por favor, Remus.

— Não! Você não vai machucá-lo.

— Deixemos isso para os aurores, então.

— Não.

— Eles não vão demorar a chegar se chamá-los agora. Provavelmente trarão os dementadores também.

A raiva explodiu dentro de Remus.

Ele agarrou o pescoço Killian e mais uma vez o empurrou com força em direção a uma árvore, pressionando sua traquéia de modo que o impedia de falar, e a varinha dele caiu com o impacto.

Sua visão parecia totalmente nublada. Apenas de imaginar os dementadores prendendo Sirius outra vez, todo o sofrimento que trariam outra vez, como isso afetaria seus filhos quando soubessem… Lupin não conseguiu pensar em mais nada. Ele era puro instinto, tudo para proteger Sirius.

Para proteger o homem que ele amava.

— R-Remus… Remus, não faça isso. — Sirius, enfim, disse, saindo de seu estado de torpor.

Killian debateu-se e tentou inutilmente afastar Remus, porém ele era muito mais forte. Os olhos arregalados ainda encarando os de Lupin.

As lágrimas escorriam pelo resto de Remus, mas ele não afrouxou o aperto. Toda a sua vida passava diante de seus olhos. Aquele não era mais o Killian que ele conhecia. Tudo havia mudado.

O olhar de Killian, então, de repente, não parecia mais fixo em Remus, mas em algo atrás dele.

— Tire suas garras do meu marido ou as minhas cortarão o pescoço do seu amigo aqui — uma voz feminina com um leve sotaque francês ecoou atrás de Lupin.

Remus olhou para trás e sua fúria imediatamente se esvaiu, e ele soltou Killian, que caiu no chão tossindo e respirando com dificuldade.

Uma mulher alta e de volumosos cabelos cacheados segurava Sirius, uma de suas mãos rente ao pescoço dele, grandes garras afiadas no lugar de suas unhas.

Ela sorriu de canto diante da reação de Remus, exibindo dentes caninos afiados.

Lupin imediatamente ergueu as mãos em rendição e afastou-se de Killian, sabendo muito bem o estrago que aquelas garras poderiam fazer. Ele já visto o efeito com as suas próprias, as quais sempre mantinha escondida e retraídas e um dia deixou que escapassem e arranhassem alguém para proteger seus filhos.

Sabia reconhecer alguém igual a ele.

— Boa escolha.

— Solte ele — pediu.

Ça va, mon cher?  — ela perguntou, mas não para Remus.

Bien, ma lune — Killian respondeu com a voz um pouco falha, recuperando o fôlego.

Remus observou Killian levantar-se devagar, apoiando-se na árvore, então voltando os olhos para a mulher, que ainda não soltou Sirius e nem afastou as garras de seu pescoço.

— Você deve ser o Remus — ela disse. — Não era bem assim que eu esperava enfim conhecer o primeiro lobisomem a se formar em Hogwarts. Prazer, Yvaine Radcliffe.

— Prazer… — Remus disse, incerto. — Solte o Sirius, por favor.

— Você estava quase levando meu marido para junto da minha cunhada bem sobre o túmulo dela, isso é bastante desrespeitoso.

Remus engoliu em seco. Sua mente entrava muito confusa com toda aquela confusão e ele buscava palavras em sua mente para convencê-la, porém, não foi preciso.

— Solte ou terá as garras da minha esposa no seu pescoço.

Remus não acreditou no que ouviu.

Sua atenção foi para a direção de onde veio a voz. Vindo pela trilha do cemitério, ele avistou duas mulheres se aproximando segurando suas varinhas com as pontas iluminadas.

Uma delas, a que havia falado, tinha cabelos ainda mais volumosos que Yvaine, a pele escura refletindo a luz da varinha.

— Mary — Remus ofegou surpreso.

— Elas estão bem afiadas — disse a outra ao lado dela.

Os longos cabelos platinados caíam por suas costas, os olhos claros encarando a lobisomem. Ela ergueu a mão livre. Suas unhas cresceram rapidamente e tornaram-se garras afiadas.

— Não precisamos chegar a isso, Hadria. Deveria ter ficado descansando.

— Eu imaginei que as coisas estariam complicadas quando você aparatou para vir atrás do Killian — Hadria respondeu calmamente. — Sirius e eu nunca fomos grandes amigos, mas eu agradeceria se você não cortasse a garganta dele em frente ao túmulo da sua cunhada.

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Olá, meus amores!
Tudo bem?

Clima tenso!
HADRIA CHEGOU HEHE

Esse capítulo acabou ficando muito maior do que eu esperava e tomou caminhos bem diferentes. O próximo em Hogwarts eu já estava escrevendo também e tava gigante e muito pra fazer ainda, então acabei dividindo eles em dois e provavelmente irei intercalar.

E me pareceu perfeito encerrar o capítulo aqui e deixar o momentinho fofo de encontro Wolfstar na sorveteria para acalentar o coração depois de todo esse caos e sofrimento.

Essa parte do Killian e do Remus foi bem tensa e chorei muito escrevendo. A história deles foi bem complicada e mesmo tendo seguido em frente ainda restam mágoas.

E a esposa do Killian tem licantropia também! Pretendo abordar bastante na história mais sobre como são os lobisomens e trazer outros.

MARY TAMBÉM VOLTOU!! Gostaram?
Não podia deixar ela de fora!

Teoria para o futuro da fic? Rsrsrs

Espero que tenham gostado do capítulo. Não esqueçam de comentar bastante!!

Em breve retorno com mais!

Até a próxima!

Beijinhos,
Bye bye 👋😘

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