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IX. A calm moment

Os fios negros caíam pelo chão a medida que a tesoura cortava as mechas do Black mais novo. Permanecia parado e ereto, sentado no topo da pilha de malas pois não havia cadeiras no quarto, enquanto o pai cortava seus cabelos, os quais já estavam maiores que o necessário.

Canopus estava sentado na única cama presente no cômodo, com um livro aberto apoiado sobre as pernas. Também havia ganhado um novo corte de cabelo e a franja caía charmosa por sua testa.

Os garotos pediram ao pai para cortar após o jantar. Estavam em uma pequena hospedaria bruxa num vilarejo próximo a Londres depois de uma longa viagem, todos em um único quarto pois, além de ser o que Remus podia pagar com que ainda restava de dinheiro guardado, sem sacrificar a reserva para os materiais escolares, ele não queria os filhos longe de vista depois do ocorrido.

Não gostavam de deixar o cabelo crescer, porque isso os deixava mais parecidos com Sirius na juventude. Detestavam qualquer comparação entre as semelhanças que possuíam com o pai biológico, então quanto menos parecidos conseguirem ficar fisicamente com ele, melhor seria. E depois da fuga, não queriam mesmo se parecer com ele.

Remus estava quase finalizando o corte, quando os garotos decidiram voltar ao assunto do cachorro.

— Sirius é um animago, não é? — Therion perguntou, direto.

Lupin suspirou. Sentia que havia chegado a hora de contar tudo.

— Sim, ele é.

— Um animago ilegal?

— Isso mesmo, Canis — afirmou — James e Peter também eram animagos ilegais.

Os garotos arregalaram os olhos e encararam o pai. Canopus abandonou seu livro e engatinhou sobre o colchão até a beirada da cama, ficando mais próximo de Remus e Therion.

Remus apenas forçou um sorriso fraco e endireitou a cabeça do filho para continuar cortando seus cabelos enquanto contava a sua história e dos amigos. Nunca havia mencionado que eram todos animagos, apenas que eles foram muito compreensivos com sua condição pela licantropia e fizeram o possível para ajudá-lo.

— Os apelidos que contei a vocês vinham de suas formas animagas — prosseguiu — Sirius era o Padfoot, por causa das patas.

— As almofadinhas das patas de cachorro — deduziu o gêmeo mais velho. Lupin assentiu com a cabeça.

— Faz sentido.

— Peter era um rato de rabo longo, por isso Wormtail.

— Cauda de minhoca… Rony tem um rato. O rabo dele realmente parece uma minhoca.

— E quase perdeu quando o Bastet o pegou por ele. Lembra, Therry? Rony brigou feio com a Merliah nesse dia.

— Lembro. Ela jogou uma azaração que fez ele soluçar sem parar por uma semana.

Os garotos riram, e Remus os acompanhou. Se divertia com as histórias que os filhos contavam de seus dias na escola, o lembrava dos velhos tempos em Hogwarts.

— E Prongs?

— A forma animaga dele era um cervo com galhadas enormes e pontudas.

— Sempre achei esses apelidos estranhos — Canopus comentou. — Só nunca questionei. O seu era por causa da lua cheia, não é?

— Sim.

— Moony, Wormtail, Padfoot e Prongs… Os Marotos.

Remus sentiu-se nostálgico ao ouvir isso. Ele e os amigos tiveram grandes aventuras durante aqueles sete anos em Hogwarts. Certamente foram anos inesquecíveis. Pela primeira vez, ele tinha amigos de verdade que sempre estariam ao seu lado para tudo.

Infelizmente, por causa da traição de um deles, eles não estavam mais juntos. Com dois mortos e um preso, havia restado apenas Moony. O último Maroto.

Lupin respirou fundo após terminar de cortar os cabelos de Therion. Limpou a bagunça com um rápido aceno de varinha e observou os dois garotos ajeitarem-se juntos na cama, lado a lado, ambos encarando-o abraçando as próprias pernas, ansiosos para que continuasse a contar sobre seus amigos e a animagia.

Ele sentou-se na cama e mirou os dois rostos ansiosos e pares de olhos brilhantes e curiosos. Sabia que Canopus e Therion adoravam ouvir histórias sobre a época dos Marotos em Hogwarts.

— Quando eles se tornaram animagos?

— Como eles fizeram isso?

— Demorou muito?

— Calma, meninos — pediu e riu baixo. Respirou fundo mais uma vez antes de encará-los e começar explicar: — Eles conseguiram se tornar animagos no quinto ano, mas vinham tentando desde o segundo, quando descobriram que eu era um lobisomem. Foi uma ideia boba e precipitada para me ajudarem nas noites do ciclo. Pensaram que como lobisomens não atacam animais…

— Se eles fossem animais, poderiam te fazer companhia porque não os atacaria — interrompeu Canopus, concluindo a fala do pai.

— Exatamente. E deu certo.

Os garotos se entreolharam e sorriram. Isso dizia que eles não estavam tão malucos em pensar no mesmo.

— Isso é incrível!

— Mas arriscado — disse Remus, mas não evitou um sorriso leve — A ideia foi… Foi do Sirius.

O sorriso dos gêmeos morreu instantaneamente.

— Pelo menos alguma coisa boa ele fez — Canopus disse seco.

— Sirius era bem diferente antes da Guerra implodir de vez — Remus disse num tom banhado em dor e tristeza. — Eles deduziram que eu era um lobisomem por causa dos sumiços nas luas cheias e... Todas as cicatrizes.

— O senhor contou uma vez.

— Eles começaram a procurar formas de me ajudar, mesmo que eu dissesse que não precisava.

— Sinceramente, papai — Therion suspirou — o senhor precisa parar de ser tão orgulhoso. Deixa as pessoas se preocuparem e te ajudarem!

— Therry, você sabe que ser um lobisomem no mundo bruxo é... Complicado. Não quero ninguém se arriscando por minha causa.

— Uma bobagem. Okay, o lobisomem que te atacou com certeza não era uma pessoa boa, mas isso não significa que sejam todos assim.

— Muitos só atacam porque o primeiro instinto de um lobisomem é atacar uma pessoa — completou Canopus. — Isso é o que o diferencia dos lobos. Tem um instinto mais selvagem, mas isso é só na transformação. No dia a dia o senhor é... Só o nosso pai.

— O melhor pai.

Lupin abaixou o olhar por alguns instantes. Muitas vezes ele se questionou se realmente era um bom pai para eles. Ouvir aquilo deles sempre mexia consigo.

Respirou fundo antes de continuar:

— Bom, eles não se importaram com a licantropia, de todo jeito. E depois de algumas pesquisas, Sirius sugeriu que eles virassem animagos. James e Peter aceitaram logo a ideia. Demorou três anos, mas conseguiram.

— E as noites de ciclo melhoraram, não foi? — Canopus perguntou baixo.

— Muito — concordou ele.

— Foi uma ideia genial. Eu sabia que era um bom plano.

— Eu pensava que isso seria loucura, mas se eles conseguiram, nós também conseguimos.

— Eu falei que daria certo, Therry. Agora só precisamos preparar todos os ingredientes e...

— Ei, espere um momento... — interveio Lupin. Queria muito estar louco e que aquelas palavras não tivessem nada a ver com eles lerem muito sobre animagos nas férias. Pensava que estivessem apenas curiosos com o assunto. — Me digam que eu entendi errado e vocês não estavam lendo aqueles livros de animagia pensando em se tornarem animagos para me ajudar na lua cheia.

As bochechas de ambos os Black coraram e eles desviaram o olhar. Recebiam um olhar desacreditado do pai, que logo tornou-se sério. Seus olhares entregaram que era exatamente isso que eles estavam fazendo, o que deixou-o irado.

Tudo fazia sentido agora. Eles pegando os livros que possuía sobre animagia e transfiguração, da época em que os amigos estavam pesquisando como ajudá-lo daquela maneira, lendo todos várias vezes. Os garotos sempre gostaram de leitura, então pensou que fosse apenas sua curiosidade e o gosto literário aflorado.

Mas não era, e não demorou para entender. Talvez apenas estivesse se recusando a aceitar que eles pensariam em algo assim.

— Nem pensem em fazer isso!

— Mas papai…

— Não, Therry. Eu agradeço que vocês queiram me ajudar, mas estou bem. Nós estamos bem. — Remus falava num tom de voz consideravelmente alto que raramente usava com os garotos. Seu peito se apertava e um grande nó se formava em sua garganta, partindo do desespero por conta daquela ideia absurda. Merlin! Eles fariam mesmo isso sem lhe dizer nada?  — Vocês NÃO vão ser animagos ilegais por minha causa.

— Só queremos que as noites do ciclo sejam menos dolorosas. Se fizermos companhia ao senhor…

— Canis, não. Eu não vou deixar vocês se arriscarem assim! Eu proíbo vocês de fazerem isso.

— Por quê? — os dois questionaram em uníssono.

Lupin desviou o olhar e passou as mãos por seus rosto, suspirando audivelmente enquanto tentava raciocinar direito e pensar no que dizer a eles. Ele estava preocupado e com medo, e deixar eles se arriscarem ainda mais se tornando animagos ilegais era a última coisa que queria no momento.

Adoraria ter a companhia deles, mas precisava ser responsável e pensar com clareza. Seus amigos se arriscaram demais fazendo aquilo, não permitiria que seus filhos se arriscassem também. A vida deles era preciosa demais para si.

— Se tornar um animago não é fácil e esse é o pior momento para pensarem em algo assim. É arriscado, um mísero detalhe errado por ser extremamente perigoso.

— Sabemos disso, mas nós queremos tentar.

— Pense, se formos animagos também, além de te ajudar, estaríamos páreos para nos proteger do Sirius — Canis tentou argumentar. — Por favor, papai...

Não! — negoou veemente — Eu não vou deixar. Me prometam que não vão seguir com essa ideia de se tornarem animagos.

Os dois ficaram em silêncio, sem dizer nada. Apenas comprimiram os lábios e balançaram a cabeça negativamente. Odiavam contrariar o pai, mas eles apenas queriam ajudá-los.

— Canopus e Therion Black — Remus disse seus nomes seriamente — Prometam-me que vocês não vão tentar se tornarem animagos.

Eles se entreolharam. Uma conversa através do olhar sobre que o fazer a partir dali. Não foi difícil entrarem em um consenso, mesmo sem dizer nada.

— Prometemos, papai — juraram, ambos com os dedos cruzados atrás de suas costas.

Os gêmeos encararam-no calados, ainda surpreso com o estado que ele ficou. Nunca haviam visto o pai tão sério. Eles queriam apenas ajudar. Entendiam os riscos, mas pensar em Lupin sofrendo em todas as luas cheias sozinho, se machucando por isso, era mil vezes pior. O risco valia a pena para eles.

Eles cresceram vendo o sofrimento do Remus, cada vez mais cicatrizes surgirem por sua pele, e ele se martirizando e sentindo-se um monstro por ser o que é. Viram ele chorar diversas vezes nas manhãs seguintes à lua cheia, sabiam o quanto doía para ele deixá-los por toda a noite e como ele se sentia um péssimo pai por isso.

Tudo o que Lupin queria era protegê-los. Não queria que eles se preocupassem consigo. Já havia sido um fardo na vida de muitas pessoas por sua condição.

Para os gêmeos, Remus era o melhor pai que poderiam ter. A licantropia não mudaria isso. E se não podiam curá-la, fariam o que pudessem para torná-la menos dolorosa. Pedir para não se preocuparem com isso era tolice. O amavam muito para simplesmente ignorar.

— Eu só quero o bem de vocês, minhas estrelas — ele disse baixo.

— Sabemos — retrucaram juntos.

Detestavam quebrar promessas, mas aquela eles não poderiam cumprir. E foi com muita dor que eles abraçaram o pai, olhando um para o outro enquanto tinham suas cabeças deitadas sobre o ombro do lobisomem, decididos sobre o que fariam.

Podem até ter sido proibidos, mas Lupin deveria saber: eles são filhos de Marotos. E os Marotos eram péssimos em obedecer, principalmente quando se tratava de proteger quem amavam.

E eles amavam Remus demais.

***

Harry caminhava tranquilamente pelo Beco Diagonal em direção a Sorveteria Florean Fortescue, com ambas as mãos enterradas nos bolsos de sua calça jeans, distraído. Estava em paz naquelas duas últimas semanas hospedado no Caldeirão Furado, longe de seus tios trouxas após uma pequena confusão em que ele fez a irmã de tio Valter inflar igual um balão.

A única coisa que realmente o preocupava era a falta de notícias dos gêmeos Black desde a ligação.

Quando viu a notícia sobre a fuga de um tal assassino Black que estava foragido na televisão, foi impossível não pensar nos amigos e preocupar-se com eles. Ao ver a imagem do homem, notou a semelhança entre ele e os garotos — mas nunca diria isso, pois sabia que receberia uma azaração daquelas —, e pensou que não deveria ser uma simples coincidência. Suas suspeitas se confirmaram ao ver a notícia no Profeta Diário.

Estava pensando que enfim poderia vê-los e acabar com suas preocupações no Expresso de Hogwarts em dois dias, quando sentiu um grande peso em suas costas de repente e braços ao redor de seu pescoço.

O impacto fez ele cambalear e arregalar os olhos, surpreso.

— Harry! — a voz de Therion soou próxima ao seu ouvido, enquanto o garoto continuava pendurado em suas costas.

Potter riu ao perceber quem era. Olhou para trás e encontrou os olhos azuis-acinzentados, com alguns fios da franja escura caindo sobre eles, e um grande sorriso no rosto do mais velho.

— Canis?

— Reconhece minha voz no telefone mas não meu rosto pessoalmente, Potter? — a expressão do garoto se fechou.

— Oi, Therry.

— Agora sim. Oi, Hazz!

— Em minha defesa, você e o Canis são gêmeos idênticos. Pode sair das minhas costas, por favor?

— Também senti saudade, Mini Prongs.

Therion apertou Harry em um abraço que o fez rir antes de se afastar e colocar-se de frente para ele e encará-lo. Ambos haviam crescido durante o verão, mas Potter estava dois centímetros mais alto que Black, embora continuasse esguio e magricela. Os cabelos escuros continuavam rebeldes, algo que já era uma marca registrada de Harry, assim como os óculos redondos.

Para Potter, o outro não mudara muito no verão, mas as olheiras abaixo de seus olhos eram perceptíveis. Não perguntou apenas para não parecer indelicado, mas imaginava que tivesse a ver com as novidades recentes.

— Onde está o Canopus?

— Logo ali com a Liah — respondeu, apontando numa direção atrás de Harry.

O garoto se virou e viu o outro Black se aproximar carregando a amiga pendurada em suas costas como um coala. Merliah apertava os braços ao redor dos ombros e do pescoço de Canopus para se segurar, enquanto ele a apoiava com os braços na parte de trás de suas pernas cobertas pela meia-calça preta.

Ele ria, enquanto a garota cantava uma música trouxa que ouvia em um walkmen junto ao amigo.

There's starman…

Waiting in the sky — Canis cantou junto — He'd like to come and meet us… Oi, Harry!

— E aí, Potter!

— Eu te daria um abraço agora, mas estou ocupado com essa mochila ambulante.

— E eu não vou descer. Aguenta aí, starman — retrucou ela com um sorriso divertido no rosto e beijou a bochecha do amigo, que fez uma careta.

— O que estão cantando?

— Starman, do David Bowie.

— Não conheço.

— Como assim você não conhece o rei David Bowie? — Canopus bradou surpreso e indignado. — Ele é incrível! Papai tem vários discos dele em casa.

— E do AC/DC e dos Beatles também.

— Que estariam pegando poeira se não fosse por nós dois, maninho. Deve ter sido algum presente que ele só não se livrou por educação.

— Meu tio comprou esse walkman pra mim. Estou fazendo um bom uso nas férias já que não posso levar para a escola.

— Ninguém precisaria saber que está levando.

— Verdade — ponderou a garota.

— Enfim… O que têm feito? Nunca mais tive novidade de vocês desde que me ligaram. Fiquei preocupado — perguntou Harry.

— Você deve ter visto as notícias…

Os gêmeos suspiraram, abaixando o olhar. Potter apenas assentiu com a cabeça e forçou um sorriso de apoio. Sabia como o assunto era sensível para eles depois de ver tudo que aprontaram e cada vez que avançaram contra algum de seus colegas por comentários impertinentes sobre o pai deles.

— Vão conseguir pegá-lo de novo. Estão noticiando até para os trouxas. Eu vi no noticiário na televisão.

— Ele fugiu de Azkaban, Harry — rebateu Therion. — Azkaban! Não vai ser fácil capturá-lo de novo.

— Não sei como o Ministério não está na nossa cola. É óbvio que ele viria atrás de nós dois.

— Ele já está atrás de nós. Pelo menos em Hogwarts estaremos seguros e ele não poderá nos pegar.

Harry percebeu logo que, sim, aquele assunto devia estar tirando o sono deles, pelo jeito que falavam. Deviam estar com medo constante de serem encontrados e sofrer alguma coisa ruim por alguém de sua própria família.

De certa forma, ele sabia como era isso. Não era a mesma coisa, mas principalmente quando menor, sabia como era se esconder. Vivia com medo de que seus tios fizessem algo consigo quando alguma coisa acontecia e sempre se escondia dentro do armário debaixo da escada, onde dormiu por anos.

Não desejaria aquele sentimento para ninguém.

— Me falaram que os guardas de Azkaban estão atrás dele. E pelo jeito que falam deles…

Canopus riu alto, balançando a cabeça.

— Você nem imagina como eles são, Harry.

— Vamos deixar esse assunto de lado, por enquanto. Eu estava indo para a sorveteria. Podemos conversar lá — Potter propôs, na intenção de melhorar o ânimo dos amigos. Não queria deixá-los pior do que já estavam com tudo o que passavam.

O melhor que podia fazer era animá-los e fazê-los esquecer um pouco aquele assunto. Gostaria que tivessem feito o mesmo consigo se pudessem.

— Eu aceito! — Merliah logo disse.

— Por mim tudo bem — os gêmeos concordaram.

— Me segura direito, Canis. Eu estou quase caindo!

— Meus braços já estão começando a doer, Liah.

— Aguenta até a sorveteria. Estou muito bem aqui. — A garota sorriu enquanto arrumava os fones do walkman em seus ouvidos e voltava a cantarolar. — É divertido.

Canopus choramingou e ajeitou a amiga em suas costas, resmungando. Harry observou-os, se divertindo ao ver como era a relação tão próxima entre os gêmeos e a garota. E vê-los lhe deu uma ideia para o caminho até a sorveteria.

— Vamos — chamou Canis.

— Vem aqui, Therry.

— O quê?

— Vou te levar até a Florean Fortescue — disse Potter ficando de costas e abaixando-se um pouco.

Therion riu.

— É sério?

— É. Pode subir, eu aguento.

— Corrida até a sorveteria? — Canis sorriu travesso, encarando Harry.

Potter sorriu de volta.

— Você vai comer poeira, Black.

— Falando como um Maroto — riu Therion e pulou sobre as costas de Harry, que segurou-a firmemente. O garoto era mais leve do que ele pensava. — Vamos lá, Prongs!

Harry não entendeu o apelido, mas resolveu ignorar. Ele e Canopus se posicionaram.

— Um… Dois… — os quatro começaram a contar, juntos —... Três!

Canopus e Harry começaram a correr com os amigos em suas costas, que soltaram gritinhos alegres e começaram a rir. Potter saiu na frente.

Todos no Beco Diagonal olhavam para eles quando passavam, mas ignoraram e desviaram de quem estivesse pelo caminho. Canopus acabou ultrapassando os outros dois e correu a toda velocidade a frente deles.

Therion apertou os braços em torno de Potter e continuou a rir enquanto ele corria logo atrás de seu irmão. Mesmo que estivessem teoricamente perdendo, ainda era divertido. Entregou-se a euforia do momento e apagou de sua mente tudo sobre Sirius Black, Azkaban, seus pesadelos noturnos ou pesquisas de animagia. Um dia de paz se divertindo ao menos, enquanto Remus estava comprando seus materiais e deixou que passeassem com a amiga, cujos pais também estavam comprando seus materiais escolares, desde que não saíssem do beco e o encontrassem no Caldeirão Furado antes do almoço.

Merliah acabou deixando um dos fones no ouvido de Canopus enquanto tocava Beatles e eles cantavam alto. Therry ouviu e começou a cantar junto, arrancando uma gargalhada alegre e gostosa de Harry, que sentia-se imensamente feliz e bem naquele momento, como não se sentia há muito tempo.

Eles correram até a Sorveteria Florean Fortescue naquele ritmo de diversão e alegria contagiante. Canis e Liah chegaram primeiro, mas isso não diminuiu a sensação calorosa no peito de Harry e Therion. As risadas continuaram por alguns instantes ao que a adrenalina diminuía.

Potter sorriu para o dono do lugar, que já o conhecia muito bem visto que ia lá quase todos os dias ao longo dessas últimas duas semanas. Sempre oferecia sundaes de graça para o menino-que-sobreviveu.

— Cansei — Canopus disse ofegante e largou Merliah. A garota exclamou alto enquanto se apoiava nele para não cair ao ser largada repentinamente.

— Avisa antes, Canis — ralhou ela, dando um tapa no ombro do amigo.

Therion riu, descendo das costas de Harry. Potter estava ofegante e apoiou ambas as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego.

— Está tudo bem, Hazz?

— Estou. Isso foi… — Ele sorriu largo para Black. — Divertido.

— Foi mesmo! Vamos fazer isso mais vezes.

— Preciso do meu sorvete — Liah pronunciou e correu para dentro do estabelecimento.

Harry recuperou o fôlego e foi logo atrás. Os gêmeos o seguiram e sentaram-se em uma das mesas. Por serem amigos do famoso Harry Potter, todos ganharam sundaes de graça, o que deixou os gêmeos e a garota bastante felizes e satisfeitos.

Observavam as pessoas passando pela rua, enquanto Potter contava os últimos acontecimentos de suas férias, como a terrível semana com Tia Guida e como a fez virar um balão, arrancando muitas risadas. Merliah contou sobre a visita do tio, irmão caçula de sua mãe, que foi bem melhor comparada a visita da tia de Harry.

— Acho que não me restou nenhum parente legal — lamentou o garoto ao pensar em sua família trouxa.

— Pelo menos você tem amigos legais. Somos incríveis, não somos? — Merliah tentou consolá-lo, e empurrou-o de leve com o ombro. Ele sorriu para ela e assentiu.

Ele certamente não era tão próximo dela quanto dos gêmeos, mas gostou de saber que podia considerá-la uma amiga também. Uma amiga sonserina que não tinha medo de falar o que pensa e já viu azarar muitos de seus colegas grifinórios apenas por testar seu nível de paciência e para proteger os amigos de ataques por causa do nome "Black", mas isso era apenas um detalhe. Assim como os garotos, ela era um exemplo de que sonserinos não são tão ruins e podem ser amigáveis… Quando querem e sentem que devem ser, é claro.

Se eles não forem com a sua cara, podem esquecer a gentileza e gestos amistosos.

— Com todo mundo falando de você vinte e quatro horas por dia, até mesmo o Malfoy essas pragas não calavam a boca — continuou a garota. Os gêmeos fizeram menção de protestar sobre serem chamado de "pragas", mas ela ergueu o indicador pedindo silêncio e lançou um olhar mortal para eles, que se calaram imediatamente. —, eu por um momento até pensei que você seria um garoto chato e mimado com o ego maior que Hogwarts. A fama costuma subir a cabeça das pessoas.

— Sério? — Harry ergueu as sobrancelhas surpreso.

— Sim. Mas você se mostrou bem diferente do que pensei. Sabe, mesmo dando uma de herói nos últimos dois anos com essa porcaria de impulsividade grifinória, você se mostrou alguém bem gente boa. Principalmente quando ajudou a acabar com os boatos de que Therry e Canis tinham aberto a câmara e libertado o basilisco.

— Mas não foi eles!

— Mas o resto da escola, incluindo alguns de seus amiguinhos da Grifinória, somente olhou para o fato de eles serem filhos de um criminoso e sonserinos. Você acreditou na inocência deles e ainda limpou o nome deles e fez questão de mostrar que não são igual esse carinha estampado nos jornais — concluiu e sorriu mais uma vez. — Isso me fez acreditar que você era confiável. Além de que: se eles confiam em você, também confio.

Harry sentiu suas bochechas corarem intensamente e desviou o olhar com um sorrisinho tímido, sem mostrar os dentes.

— Agora, se você virar as costas na primeira oportunidade e nos trair, eu te afogo no Lago Negro e dou um petisco de Harry Potter para a lula gigante.

Os três garotos riram, e Harry garantiu que sempre estaria ao lado deles.

— Vocês são legais. Diferente dos outros sonserinos.

— Não seja tão preconceituoso com nossa casa — disse Canopus, dando uma colherada em seu sundae.

— Existem alguns insuportáveis, como o Malfoy e seus capangas, mas não são todos — Therion comentou em seguida.

— Pansy Parkinson também. Supremacista intolerante, chata e insuportável que testa nossa paciência diariamente junto com o Dragãozinho platinado.

— Realmente, Canis. Enfim, nós somos apenas mais difíceis de lidar.

— Questão de autopreservação. Mas se ganha nossa confiança, fazemos de tudo por você. E podemos ser muito afetuosos quando queremos.

— E você tem a nossa confiança, então faça bom uso dela — Merliah concluiu o pensamento dos amigos.

— Bom… Agradeço pela confiança.

Começaram então a conversar sobre as expectativas para o terceiro ano em Hogwarts. Certamente estavam mais ansiosos para as visitas a Hogsmead, que Harry contou não ter conseguido a autorização necessária. Os gêmeos lhe disseram que se conversasse com McGonagall, talvez ela permitisse.

Também seria o ano em que iniciariam novas matérias eletivas de sua escolha. Os quatro escolheram Trato das Criaturas Mágicas, e Potter contei sobre o livro vivo que mordia que precisam para essa aula. Os gêmeos optaram também por estudar Runas Antigas e Estudo dos Trouxas, enquanto Merliah e Harry decidiram apenas por Adivinhação.

E o assunto das aulas levou a nova novidade.

— Meu pai vai ser o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas — Canopus revelou.

— É sério? — Harry e Merliah disseram juntos, ambos surpresos.

— Sim! O próprio Dumbledore foi até nossa casa duas vezes para fazer o convite a ele.

— Ele não quis aceitar no início — confessou Therion. — Por causa da...  De pequenos problemas pessoais.

— Que não vem ao caso agora.

— Mas Dumbledore conseguiu convencê-lo.

— E talvez a fuga de Sirius tenha ajudado em sua decisão. Em Hogwarts poderia ficar de olho em nós dois.

— Caso Sirius resolva nos seguir até lá.

— O que seria loucura da parte dele — Harry falou. — Hogwarts é um dos lugares mais seguros que existem, Dumbledore não deixaria ele se aproximar e ameaçar a segurança do e vocês.

Merliah riu alto, atraindo a atenção para si.

— Harry, meu bem, se esqueceu do que aconteceu nos últimos dois anos? — indagou retoricamente. — No primeiro ano, não sei como, você se arrebentou todo e ficou em coma por três dias na ala hospitalar. Eu quase morri ano passado porque tinha a porcaria de uma cobra gigantesca circulando pela escola. Isso é seguro pra você?

— São acontecimentos a parte. Hogwarts ainda é um dos lugares mais seguros para estarmos.

A garota deu de ombros e voltou a focar em seu sorvete.

— De todo jeito, tenho certeza que vão adorar as aulas do papai.

— Ele ensinou algumas coisas para mim e para o Canis no verão.

— Ele é um ótimo professor. Entende bastante de DCAT.

— Ser filho de um especialista renomado em algumas criaturas das trevas deve ter ajudado.

— Vovô Lyall no ensinou a enfrentar um bicho-papão.

— Vocês com certeza vão ser os melhores nessa matéria — comentou Liah. — São filhos do professor! Estão em vantagem.

Os gêmeos sorriram de canto e deram de ombros, pegando mais uma colherada do sorvete.

— Nós ajudamos vocês se precisarem. Papai disse que talvez unam duas casas para as aulas desse ano e nós quase sempre ficamos com a Grifinória.

— Mais uma aula com a Sonserina? — Harry resmungou, com uma clara expressão de desgosto e derrota.

— Ei! — os sonserinos reclamaram.

— Nada contra vocês, mas só de pensar em mais aulas com o chato do Malfoy...

— Eu também não iria gostar disso — Therion riu.

— Nós aturamos ele em todas as aulas e ainda dividimos o quarto com ele. Entendemos muito bem o que sente — falou Canis, bufando.

— Agradeça que são apenas duas aulas. Nós temos a grade horária inteira.

— Podemos não falar no dragão metido? Acho que só aturá-lo durante o ano letivo já é suficiente.

Todos concordaram e riram com a fala de Canopus. Ele prosseguiu:

— E também, agora que nosso pai é professor, passaremos as festas na escola com você, Harry.

— Poderemos te fazer companhia. E acho que papai não se importaria que você viesse ficar conosco na sala dele durante o Natal e a Páscoa.

— Esse ano eu vou dar um presente de aniversário e Natal para vocês — Harry disse com um sorriso largo, feliz por saber que teria companhia para as festas, pois provavelmente seus Rony e Hermione passariam com a família. — O pomo de ouro que me deram está no meu malão.

— E vamos dar um jeito de te dar um presente também.

A conversa seguiu animada e o astral de todos parecia estar nas alturas, com risos e gargalhadas com brincadeiras dos irmãos Black e algumas histórias do mundo trouxa que Liah e Harry contavam para eles, que conheciam apenas algumas coisas do mundo não-mágico.

Eles acabaram deixando a sorveteria e começaram a passear pelo beco, ainda imerso em conversas e risadas.

Perto da hora do almoço, eles decidiram ir para o Caldeirão Furado. Merliah não demorou para pular nas costas de Canopus outra vez e ligar o walkmen preso ao seu cinto, dividindo o fone com ele.

— Vamos voltar como viemos então, Therry.

— Tem certeza, Hazz?

— Absoluta. Pode subir.

Therion sorriu e pulou nas costas de Potter, que segurou-o com firmeza antes de começar a caminhar junto de Canis em direção ao bar bruxo.

— Na próxima vez, eu te carrego.

— Vou me lembrar disso — retrucou Harry, sentindo o Black deitar a cabeça em seu ombro.

Os quatro voltaram a conversar enquanto caminhavam.

Merliah confessou seu desejo de entrar para o time de quadribol da Sonserina naquele ano, e que não aceitaria perder uma vaga como no ano anterior. Esse tornou-se o assunto por todo o caminho.

— Você pode tentar entrar de artilheira — sugeriu Harry. — Já te vi arremessar um livro na cara do Rony. Você pode ir muito bem nessa posição.

— Aquele foi um dia adorável. E a culpa foi dele por falar do meu gato.

— E abriu uma vaga já que o terceiro artilheiro se formou ano passado — Canis disse.

— Imagina só: Canis, você e eu como artilheiros. Seríamos imbatíveis contra as outras casas.

— Exceto contra a Grifinória. Nós temos um ótimo goleiro.

— Calado, Mini Prongs. Você é o adversário intruso na conversa.

— Eu vou te soltar e deixar você cair no chão — retrucou o grifinório.

— Faça isso e eu te jogo uma azaração que vai fazer seus dentes crescerem até bater no chão.

Harry franziu o cenho e virou o rosto, encontrando o de Therion, que ainda tinha a cabeça deitada em seu ombro.

— Existe uma azaração que faz isso?

— Seu pai jogou ela no Snape uma vez.

— Sério?  — riu desacreditado.

— Papai contou que ele e Snape viviam de implicância e lançando azarações um no outro. Sirius também fazia isso. Por isso ele odeia a gente.

— Isso explica muita coisa.

— Explica que ele é um velho amargurado que não consegue superar uma rivalidade de infância.

Harry riu, concordando com o que ele disse. Continuou olhando para o Black e inclinou levemente a cabeça ao notar uma pequena mancha rosada próxima a sua sobrancelha, não muito longe do olho esquerdo. Não havia notado antes.

Therion virou a cabeça, olhando para o irmão e a amiga. Harry voltou a olhar para frente, decidindo perguntar sobre a marca em outro momento.

— Vou te ajudar a treinar para os testes de quadribol. Você já entende como funciona, certo?

— Depois de um ano assistindo aos jogos e uma leitura completa de Quadribol Através dos Séculos, sim. Parece futebol, só que com as mãos, em cima de uma vassoura e com balaços tentando te acertar.

— Vou estar torcendo por você.

— Obrigada, Harry. Pode ir assistir aos testes se estiver livre, acho que não existe nenhuma regra que o impeça disso.

— Se estiver livre, prometo que vou assistir.

— Uh, adoro essa música! — exclamou a garota com um grande sorriso, ajeitando o fone no ouvido.

— Quantas músicas dos Beatles tem nessa fita, Liah? — Canopus perguntou.

— Várias! Vou comprar um walkman para cada um de vocês de aniversário e várias fitas com músicas dos Beatles, David Bowie, Queen, AC/DC e do Kiss.

— Como é bom ter uma amiga com bom gosto musical.

— Agradeça ao meu pai. Ele tem uma coleção enorme de discos.

Canis e Liah começaram a cantar, enquanto Harry e Therion apenas riam e tentavam acompanhar. Potter não conhecia muitas músicas, mas conseguiu aprender os refrões.

Eles chegaram ao Caldeirão Furado, e rapidamente o olhar de Remus foi para o quarteto ao ouvir a cantoria e as risadas. Estava sentado em uma mesa bebendo um chocolate quente enquanto esperava os filhos retornarem, e não pôde deixar de sentir-se imensamente aliviado ao vê-los tão sorridentes e alegres.

Lupin notou Harry com Therion nas costas imediatamente, o que lhe trouxe mais lembranças da época de escola. Surpreendeu-se ao ver o garoto, mas também sentiu-se leve ao vê-lo bem e aparentemente feliz. Estava ainda mais parecido com James do que quando o viu rapidamente na Floreios e Borrões um ano antes.

Ele não permaneceu muito tempo próximo nem falou muito naquele dia. Não negaria que ficou nervoso e sem reação, e quis apenas fugir para longe. Se martirizava por isso todos os dias. Seus amigos gostariam que ele estivesse por perto para ver se o filho estava bem.

— Oi, papai! — Therion cumprimentou alegremente, acenando para o homem, ainda pendurado nas costas de Harry.

— Voltamos são e salvos.

— E encontramos o Harry no caminho. Lembra do nosso pai, Hazz? Estávamos com ele na Floreios e Borrões ano passado.

— Lembro — respondeu o garoto. — Olá, Sr. Lupin! — cumprimentou-o com um sorriso.

Lupin apenas sorriu de volta para eles. Ver Harry com seus filhos era sempre uma sensação nostálgica. Imaginava que os garotos sequer se lembrasse de que haviam se conhecido ainda bebês. Lembrava de que James sempre dizia que os três seriam grandes amigos inseparáveis, assim como os Marotos.

Seu olhar recaiu sobre o Profeta Diário que havia sobre a mesa, com a mesma notícia de capa.

Sirius ainda estava à solta, estampando a capa dos jornais. Ele sabia que não poderia fazer muito, e que o Black iria atrás de Potter, além dos filhos. Mas estava disposto a também proteger o filho de seus amigos, junto de seus meninos, durante aquele ano conturbado.

Devia isso a James e Lilian. E ver os três garotos tão alegres juntos, apenas lhe deu mais certeza de que não queria ver aqueles sorrisos deixarem seus rostos depois de ver os filhos não dormirem nas últimas noites com tantos pesadelos.

Seria um ano difícil, mas ele faria o seu melhor. Assim como aqueles três seriam o melhor de si mesmos e tinham os próprios planos para os próximos meses.

— Fico feliz em vê-lo de novo, Harry. Se divertiram?

—————————

Olá, meus amores!
Tudo bem?

E tivemos um capítulo bem levinho e divertido, além da parte um pouquinho tensa no início Rsrsrs

Será que os gêmeos vão conseguir virar animagos? Façam suas apostas para as formas animais deles 🗣️🗣️

Nesse cap eu quis tentar mostrar e desenvolver mais a amizade do Harry com nosso trio sonserino, principalmente os gêmeos Black 🥺
MAROTOS 2.0 VEM AÍ
Gostaram? Não sei se consegui passar isso tão bem Rsrsrs
E Harry agora também vai ser protegidinho do Remus 🥰🥰

Não esqueçam de votar e comentar!

Em breve retorno com mais!

Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋

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