IV. Moon for moon
Tudo começou a dar errado para os gêmeos a partir do momento que colocaram o Chapéu Seletor na cabeça.
Eles ficaram lado a lado na mesa da Sonserina enquanto os outros alunos eram selecionados para suas casas. Ignoraram a maioria das tentativas de puxar conversa, principalmente as que mencionaram o pai. O pai biológico, é claro.
Os membros de famílias ditas puro-sangue deduziram rapidamente que eram filhos de Sirius Black, para a infelicidade dos garotos.
Ouviram o decorrer da Seleção.
Susana Bones foi para Corvinal. Hermione Granger e Neville Longbottom foram para Grifinória. O chapéu mal foi colocado sobre a cabeça de Draco Malfoy antes de selecioná-lo para a Sonserina.
O garoto caminhou orgulhoso para a mesa e encarou os gêmeos com desdém.
— Se ele ficar no nosso dormitório, eu vou lançar um incendius na cama dele — sussurrou Canopus.
— Não rogue praga, Canis! — Therion sussurrou de volta. — Se ele ficar no nosso quarto eu prefiro dormir no meio da sala comunal.
Logo chegou a vez de Harry Potter ser selecionado e mais uma vez o salão implodiu em ofegos, burburios e exclamações, até mesmo entre os sonserinos.
Todos pareciam ansiosos. O próprio Harry estava, enquanto o chapéu deliberava sobre sua casa.
— Sonserina não! Sonserina não! Tudo menos Sonserina! — ele murmurava baixinho com os olhos fechados.
Já os gêmeos, imploravam pelo contrário.
— Sonserina! Por favor, que seja Sonserina! — murmuravam de mãos dadas, rezando aos céus para terem o menino-que-sobreviveu em sua casa.
O Chapéu Seletor decidiu a favor de Potter.
— GRIFINÓRIA!
A mesa da Grifinória gritou e aplaudiu, recebendo o garoto de muito bom grado. Harry olhou por um momento para a mesa da Sonserina antes de sentar-se junto de seus novos colegas de casa.
Os gêmeos suspiraram, desanimados. Apoiaram os cotovelos sobre a mesa e a cabeça em suas mãos em perfeita sincronia, enquanto a seleção prosseguia.
— Merliah Stuart!
A garota sentou-se no banquinho. Therion e Canopus observaram um tanto ansiosos e mais alertas ao ouvirem o nome da amiga que conheceram no trem.
Os garotos sorriram de orelha a orelha quando o Chapéu Seletor anunciou:
— SONSERINA!
Ao menos uma coisa boa.
Eles se levantaram para aplaudir e assobiar alto junto de seus novos colegas sonserinos. Ela correu até a mesa sorrindo e foi puxada para se sentar entre eles na mesa.
Pelo menos uma amiga eles sabiam que tinham ali naquela casa, mesmo que houvessem se conhecido naquele mesmo dia. E após os anúncios do diretor, Albus Dumbledore, o banquete se iniciou e eles comeram e conversaram apenas entre si e com os poucos que foram mais educados em não mencionar assuntos que os gêmeos não queriam debater.
Ao terminarem o jantar, Dumbledore deu mais alguns anúncios e ordenou que todos seguissem para seus dormitórios.
Os primeiroanistas seguiram os monitores de suas respectivas casas. Os sonserinos caminharam por um longo trajeto até às escadas que levavam às masmorras do castelo atrás de uma porta. Desceram os inúmeros degraus até a entrada, em um trecho de pedras.
O monitor disse a senha e a entrada se revelou. Assim que todos adentraram, observaram o local maravilhados.
A Sala Comunal da Sonserina possuía um ar frio e luxuoso, com luzes esverdeadas e enormes janelas com visão para as profundezas do Lago Negro. Poltronas e sofás de couro estavam distribuídas pela sala, e tapeçarias com símbolos de serpente decoravam o local.
— Os dormitórios masculinos encontram-se à esquerda. Femininos à direita. Aqui é onde passarão o seu tempo livre — explicou o monitor. — É estritamente proibido trazer pessoas de outras casas para cá ou revelar a senha. A senha é modificada a cada quinze dias e a nova será informada em nosso quadro de avisos. Seus pertences já foram levados para seus dormitórios após a Seleção, durante o jantar. Sintam-se à vontade.
Os alunos começaram a se dispersar pelo salão.
— Eu estou exausta — Merliah resmungou, bocejando. — Emoções demais para um primeiro dia no mundo bruxo.
— Vamos deitar também — disse Canopus.
— Foi um longo dia até mesmo para nós que já estamos acostumados.
— Boa noite, então.
— Boa noite! — os gêmeos disseram juntos.
Eles seguiram para os dormitórios masculinos. Encontraram suas coisas ao pé de duas camas lado a lado em um dos quartos. Haviam outras três camas.
Para a infelicidade deles, Draco Malfoy também estava naquele quarto.
— Vamos só ignorar — Therion disse.
Os garotos abriram seus malões e pegaram seus pijamas. Trocaram de roupa rapidamente, e a única coisa que os diferenciava era que as de Canis possuíam listras verdes e as de Therion, azuis.
Queriam apenas dormir em paz, mas não foi o que aconteceu. As pessoas não os deixariam em paz por muito tempo.
— É verdade que o seu pai está em Azkaban? — um garoto perguntou.
— Meus pais disseram que os Black são uma das famílias de maior prestígio no mundo bruxo.
— Parem! — o gêmeo mais velho exclamou. — Não queremos falar disso.
— Vocês são mesmo filhos de Sirius Black? — Malfoy perguntou, sentado na cama ao lado da de Canopus.
— Não é da sua conta — Therion respondeu.
— Só respondam. Foi apenas uma simples pergunta.
Canopus respirou fundo e virou-se de frente para o loiro. Seu rosto esboçava uma frieza usada com poucos.
— Sim, nós somos. Satisfeito? Agora se não quiserem parar no fundo do Lago Negro, calem a boca.
— Calma. Está bravo por quê, Black? — Draco riu. — Não acredito que sejam mesmo um Black.
— Também não gosto muito da ideia.
— Mas infelizmente não nos perguntaram em qual família queríamos nascer. — Therion completou a fala do irmão.
Infelizmente, houve mais perguntas sobre eles. O que sabiam sobre o pai, com quem cresceram. Ignoraram todas e expulsaram todos os intrometidos do dormitório deles na base de gritos e ameaças.
Canopus quase socou a cara de três ou quatro sonserinos — Malfoy incluso — antes de enfim deitar-se em sua cama. Somente não o fez porque foi impedido por Therion.
Os dois tiveram pesadelos durante a noite. Sonharam com Remus sofrendo na lua cheia, com o verdadeiro pai retornando e destruindo suas vidas, com todos os julgando e dizendo que eram iguais a Sirius Black.
Eles não queriam ser como ele.
***
A primeira semana de aulas foi boa, mas só a parte das aulas mesmo. O tempo livre deles foi particularmente estressante. Eram quase tão comentados quanto Harry Potter pela escola: "O menino-que-sobreviveu e os filhos do assassino". As novas celebridades.
Não conseguiram conversar com o garoto durante aqueles dias. A primeira coisa que pensaram foi que Harry certamente ficou com medo deles por conta de seu pai. Isso apenas os faziam ter ainda mais raiva dele.
Alguns diziam que ser um Black era uma honra. Para eles, era um fardo. Carregavam o nome de um assassino e de uma família de supremacistas e seguidores de Voldemort. Não havia nada de honroso naquilo.
Brigaram bastante com seus queridos colegas de casa. E se alguém perguntar se foram eles que azararam os vasos do Malfoy durante a aula de herbologia e o fizeram ter uma linda reação alérgica como se tivesse pego varíola de dragão, eles negariam até a morte. Pode-se dizer que não gostaram quando ele caçoou do seu fracasso na primeira aula de transfiguração e que chamou a amiga deles de "sangue-ruim".
Merliah não sabia o que aquilo significava, mas os gêmeos se dispuseram a revidar e depois explicaram. Eles pensaram seriamente em não segurá-la quando ela disse que jogaria ele no Lago Negro como um petisco para a lula gigante quando soube o significado daquela ofensa.
Num manhã, os três amigos estavam tomando seu café quando chegou o correio coruja.
— Papai enviou uma carta! — Canopus disse animado e logo começou a abrir o envelope.
Therion colou no irmão, que estava sentado ao seu lado, para também ler a carta. Lupin dizia que sentia falta deles e para ignorarem todos os comentários em relação a sua família, e que ele sabia que eram boas pessoas mesmo que tenham ido para a Sonserina. Também dizia que havia acabado de se mudar outra vez.
Junto a carta, também chegou um embrulho. Eram chocolates. Eles amavam chocolate tanto quanto Remus e adoraram aquele presente.
— Olha só! Chocolate! — Draco passou por trás deles e roubou um dos doces. — Aquele seu pai adotivo que enviou?
— Devolva, Malfoy — Therion disse frio.
— Ah mas eu gosto de chocolate. — Ele mordeu um pedaço. — Sinceramente, prefiro chocolates belgas, mas esse não é de todo ruim.
— Sua mãe não te enviou doces hoje?
— Claro que sim. E como uma pessoa educada, dividi com meus amigos.
— Então não vai se importar se pegarmos um pouco também — Canopus sorriu audaz e usou sua varinha para trazer os doces de Malfoy até si. — Oh parecem bastante caros.
— Larga isso!
— Ah Draquinho, tem que dividir com os amigos — caçoou e comeu um dos doces. — Hmm… São bons mesmo.
Draco encarou-o com raiva.
— Não me chame assim! E não pense que esqueci o que fez na aula de herbologia, Black.
— O quê? Eu não fiz nada. Você fez alguma coisa, Therion?
— Eu? Nada. Acho que tanto açúcar está afetando a cabeça dele.
— Cuidado com tantos doces, Malfoy. Vai acabar ficando com cárie nos dentes — Merliah falou enquanto lia uma carta de sua família.
— Ninguém te perguntou nada, Stuart!
— Temos aula de poções e ainda não terminamos nosso café da manhã — Therion começou.
— Então se vossa excelência puder parar de usufruir do nosso precioso tempo e encher o nosso saco, agradecemos. Vaza daqui! — Canopus completou.
— Apenas gostaria de avisar que o que fez ontem terá volta.
— Aguardarei ansiosamente por isso.
Depois que Malfoy saiu para irritar outra pessoa, os gêmeos bufaram e voltaram a comer seu café da manhã.
Eles seguiram para a aula de poções em seguida, que seria feita junto dos alunos da Grifinória. A aula aconteceu em uma das masmorras do castelo e cada casa ficou distribuída em um lado da sala, três em cada mesa.
Os gêmeos ficaram próximos a mesa de Potter e acenaram para ele. Harry sorriu timidamente para eles.
O Professor Snape não demorou a chegar, com sua capa negra arrastando atrás de si e uma expressão séria no rosto. Ele olhou com uma rigidez particular para os garotos, que não entenderam o motivo.
O professor fez a chamada. Quando disse o nome do primeiro gêmeo, sua voz soou mais severa e com um toque de desprezo.
— Therion Black — disse com igual desgosto na voz. — Ouvi muito seus nomes pelos corredores.
Os garotos bufaram. A chamada continuou. Eles perceberam que o professor também não era fã de Harry.
— Harry Potter. Nossa outra nova celebridade.
Draco e seus comparsas deram risadinhas logo atrás. Os gêmeos estavam se segurando muito para não darem um soco no garoto.
Após a chamada, o professor encarou a classe.
— Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções — falou. A sala estava tão silenciosa quanto uma aula da professora Minerva. — Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentido. Posso ensinar-lhes a engarrafar fama, a cozinhar glória, até a zumbificar, se não forem o bando de cabeças-ocas que geralmente me mandam ensinar.
Os gêmeos se entreolharam de sobrancelhas erguidas. Aquele professor não parecia estar entre os mais amigáveis, certamente. Mas eles mostrariam que podem fazer tudo que ele disse e muito mais.
— Potter! — Snape chamou de repente, assustando-os, assim como a Harry. — O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?
A expressão de Potter foi de completa confusão. Hermione ergueu a mão rapidamente.
— Não sei, senhor — disse ele.
— Tsc, tsc, a fama pelo visto não é tudo — resmungou Snape. — Vamos tentar outra vez. Se eu lhe pedisse, onde você iria buscar
bezoar?
Hermione ergueu a mão mais altos. Os Black apenas observaram a cena.
— Não sei, senhor.
— Acho que não abriu os livros antes de vir à aula, hein, Potter?
Harry encolheu os ombros.
— Qual é a diferença entre acônito licoctono e acônito lapelo, Potter?
— Não sei… Mas acho que Hermione sabe.
Snape suspirou. Os gêmeos riram baixinho, sem maldade alguma. Pararam assim que o olhar do professor parou sobre eles.
O homem caminhou devagar até a mesa dos Black com um ar intimidador, mas que não afetou diretamente os garotos. Eles olharam para cima, para o rosto rígido do professor, que os olhava como se fossem insetos irritantes.
— Já que estão rindo, imagino que saibam responder, Black — falou lentamente. Seu olhar voltou-se para Therion.
— Garanto que sei tanto quanto o senhor sobre esses assuntos, Professor.
— Quanta petulância. Vamos, então. O que obterei ao utilizar asfódelo em losna?
— Asfódelo e losna são os principais ingredientes para produzir uma poção sonífera extremamente potente — respondeu com a voz confiante. — É conhecida como Poção do Morto-Vivo, pois seu efeito é tão forte que com apenas uma pequena quantidade a pessoa cai em um sono tão profundo que parece estar morta e pode dormir por horas. Além, é claro, que se usada de maneira exagerada imagino que ela realmente fará jus ao seu nome e não seria um resultado agradável.
— Correto — Snape falou a contragosto. — Bem…
— O bezoar é uma pedra que pode ser tirada do estômago de uma cabra — interrompeu antes que o professor dissesse mais alguma coisa, respondendo a outra pergunta feita a Potter. — É excelente em curas para variados tipos de veneno. Quanto aos dois acônitos, para sua sorte eu tenho um apreço especial por eles, são bastante peculiares e nem um pouco fáceis de manusear com segurança. São plantas do mesmo gênero botânico. Gostaria que eu dissesse todas as suas propriedades e usos em poções, como a Poção Mata-Cão, ou as respostas anteriores foram suficientes, senhor?
Todos possuíam os olhos arregalados e voltados para eles, e Canopus tinha um sorriso presunçoso por entre seus lábios, orgulhoso do gêmeo. Isso pareceu irritar levemente o professor.
— É o suficiente, Black.
— Sinto muito por frustrar sua tentativa de me intimidar, Professor, mas eu leio tudo sobre poções desde os cinco anos de idade — disse com um sorriso audaz. — Na verdade, não sinto!
O garoto pôde ver Harry cobrir a boca para tentar falhamente conter um riso junto de Rony. Snape virou-se para ele, que no mesmo instante se recompôs.
— Descontarei três pontos da Grifinória por sua impertinência, Potter — ralhou Snape. Voltou seu olhar novamente para os gêmeos. — E mais três pontos serão descontados da Sonserina por sua petulância, Black.
Alguns alunos resmungaram em reclamação atrás deles.
— Contudo — continuou —, dois pontos serão acrescentados a sua casa por ter respondido corretamente.
Therion sorriu vitorioso junto do irmão. Eles bateram suas mãos em um "toca aqui" e pegaram suas penas e pergaminhos para anotar as instruções do professor.
As coisas não continuaram tão bem para eles, muito menos para os Grifinórios. Snape parecia ter um desgosto muito grande pela casa vermelha e dourada. Diziam que ele protegia bastante os sonserinos, mas isso não parecia caber aos Black.
Ele separou-os em pares para fazer uma poção simples para curar furúnculos. Therion ficou junto de Merliah. Para a infelicidade de Canopus, Snape colocou-o junto de Draco. Gostou menos do professor por tê-lo separado do irmão, e menos ainda por colocá-lo com Malfoy.
Tentou ignorar o garoto, enquanto Snape caminhava imponente pela sala, observando-os no encaminhar das poções. Criticava a forma como alguns pilavam dentes de cobra ou pesava urtigas. Mas ele pareceu gostar bastante de Draco e elogiava o que fazia, o que levou Canis a revirar os olhos até quase saltarem para fora de suas órbitas.
Continuou a fazer sua poção, seguindo estritamente as instruções. O professor estava fazendo mais um de seus inúmeros elogios ao Malfoy quando o caldeirão de Simas Finnigan explodiu em chamas e deixou seu rosto todo sujo de fuligem. Desviou o olhar para o garoto e conteve uma risada.
Como ele conseguira tal feito com aquela poção, ninguém sabia.
Canopus voltou a prestar atenção em sua poção. Franziu o cenho ao notar que estava com um aspecto um tanto estranho. Olhou para Draco, que continuava a cozinhar larvas. Então, quando Snape terminou de dar seu sermão em Simas, nuvens de fumaça verde começaram inundar a sala e o caldeirão de Black derretia.
Ele agora encontrava-se no chão, com os cabelos bagunçados, sujo de restos de poção e com furúnculos vermelhos começando a nascer por seus braços e pernas. Sentia tudo arder demais, enquanto a poção escorria pelo chão e os outros alunos encolhiam os pés no banquinho para não tocarem o líquido.
— Garoto tolo! O que você fez? — esbravejou Snape. Com um aceno de varinha, limpou toda a bagunça.
— Acho que adicionou cerdas de porco-espinho antes de tirar o caldeirão do fogo, senhor. Nossa, Canopus! Eu não disse para não fazer isso?
Canopus abriu a boca e sufocou um xingamento, olhando indignado para Draco, que mentia descaradamente.
— Eu vou te matar, Malfoy!
— Não o culpe por seu erro, Black.
O garoto grunhiu ao que sentia os furúnculos pipocarem em seu rosto.
— Você — Snape apontou para Therion — Leve-o para a ala hospitalar.
— Sim, senhor.
Therion foi até o irmão rapidamente e o ajudou a se levantar. Saíram da masmorra e seguiram para a ala hospitalar, com Canopus resmungando todos os xingamentos que conhecia e nunca ousou dizer em voz alta dentro de casa.
— Aquele idiota sabotou minha poção!
— Eu sei. Acha mesmo que eu acreditaria que você cometeria um erro tão besta?
— Vou transfigura-lo numa doninha!
— Vamos resolver isso primeiro, depois pensamos em como matar o Malfoy. E você não conseguiu nem transformar uma palha em agulha na aula de transfiguração, imagina uma pessoa num animal.
— Mas ele seria uma doninha engraçada.
— Nisso eu concordo contigo, irmão.
Na ala hospitalar, Madame Pomfrey cuidou de Canopus rapidamente. Não foi algo muito sério, para a sorte dele. Uma poção e um pequeno feitiço resolveriam facilmente o problema e não demoraria. Ele passou toda a manhã ali.
Após o horário do almoço, ele já estava livre para ir. Ainda sentia um pouco de coceira e possuía algumas marcas, mas logo sumiriam.
Ele realmente esperava que sumissem.
Na sala comunal, junto do irmão e de Merliah, descobriu belos xingamentos trouxas do país de origem da mãe dela com a garota para chamar o Malfoy. Faria muito bom uso algum dia. Estavam aguardando o horário da aula de vôo e a jovem bruxa compartilhou da raiva do amigo.
— Eu vou socar a cara dele.
— Dessa vez, eu vou ajudar — Canis disse, coçando a bochecha.
— Essa foi só a primeira semana. Ainda temos mais seis anos pela frente — pontuou Therion.
Os três choramingam com tal constatação. Ficaram jogados sobre o sofá de couro até às três e meia da tarde, hora da primeira aula de voo. Deixaram a Comunal para ir até o local onde seria realizada a aula, junto ao pessoal da Grifinória.
A aula seria num gramado plano e espaçoso do lado de fora do castelo. O sol brilhava no céu azul com algumas nuvens. Uma tarde perfeita para um vôo.
A professora, Madame Hook, deixou cada casa de um lado. Os alunos estavam lado a lado e as vassouras no chão, à direita. Os gêmeos estavam à frente de Harry.
— Estiquem a mão direita sobre a vassoura — ordenou Madame Hook. — e digam "suba!".
— E os canhotos? — Canopus perguntou de repente.
A professora encarou-o confusa.
— Como?
— Minha mão dominante é a esquerda — ergueu a dita mão e agitou os dedos. — Sou péssimo em fazer as coisas com a direita.
— Eu também — disse Therion.
— Usem ela então, mas peguem logo essa vassoura!
Eles deram de ombros e pularam a vassoura para que ficasse ao lado esquerdo. Disseram "suba!" e elas foram até suas mãos como se tivessem sido atraídas por ímãs. Outros alunos não tiveram a mesma facilidade.
Muitas vassouras saíram apenas poucos centímetros do chão, enquanto outras não moveram um mililitro.
Depois Madame Hook ensinou-os como posicionar-se na vassoura corretamente, de forma que não caíssem.
— Quando eu apitar, voem a apenas meio metro do chão e voltem. Entenderam? — Todos assentiram. — Então… Um... Dois... Tr-Longbottom!
Neville saiu voando na vassoura de maneira descontrolada. Alguns alunos riram, enquanto outros observaram preocupados ele girando no ar e batendo nas paredes do castelo.
— Ui! — grunhiu Canopus.
— Essa deve ter doído.
— Sem dúvida.
— Alguém azarou a vassoura ou ele que é azarado por natureza?
— Alguém ajuda! — exclamou Merliah.
Antes que alguém pudesse ajudar o garoto, ele despencou no chão. A professora correu até ele para verificar se estava tudo bem, enquanto ele choramingava de dor e assustado.
Não havia sido uma queda bonita.
— Quebrou o pulso. Irei levá-lo à ala hospitalar — disse Madame Hook. — Quero todos com os pés bem firmes no chão. Se eu ver alguém numa vassoura, será expulso antes que possa dizer "quadribol"!
Ela levou Neville em direção a área de hospital da escola. Draco caiu na gargalhada e outros alunos da Sonserina riram junto.
— Viram a cara dele?
— Cala a boca, Draco! — esbravejou uma garota da Grifinória.
— Uuh, defendendo o Neville, Parvati? — caçoou Pansy Parkinson, da Sonserina.
— Fique quieta também, Pansy — Merliah vociferou.
— Fica na sua, Sangue-ruim!
— Olha! É aquela coisa que a avó do Neville deu a ele.
Draco pegou uma bola de vidro cintilante. Era um lembrol.
— Me dá isso, Malfoy — pediu Harry. Todos pararam as conversas para observar a cena.
— Que tal eu guardar em algum lugar para Neville pegar depois?
— Me dá isso aqui, agora! — berrou e aproximou-se de Draco, mas ele montou em sua vassoura e voou para o alto.
Therion olhou para ele e disse:
— Dá isso pra ele logo, dragãozinho exibido!
— Venham buscar.
Harry agarrou a vassoura e saiu voando, mesmo com Hermione protestando e dizendo que se meteriam em encrenca.
— Isso não vai acabar bem — ela disse.
— Não mesmo… Pro Malfoy — Canopus rebateu. — Therry, eu...
Ele parou de falar ao ver o irmão montar na vassoura e também voar atrás de Malfoy.
Therion segurou firme na vassoura e inclinou o corpo para frente, passando rápido como um raio ao lado de Draco, que por pouco não se desequilibrou e caiu.
Todos observaram Harry, Therion e Draco nas vassouras. Apesar de ser sua primeira vez voando, Potter parecia saber muito bem o que fazia. O vento bagunçava ainda mais seus cabelos, enquanto ele berrava junto de Black com o outro garoto para devolver o lembrol, num verdadeiro pega-pega.
Draco então lançou o objeto longe com força e Harry voou atrás, enquanto ele voltava para o chão. Therion voou até ele e empurrou-se contra o corpo do loiro. Malfoy escorregou e agarrou as mãos na madeira, ficando pendurado a pouco mais de dois metros do chão. Ele começou a gritar por ajuda.
— Vamos lá, Dragãozinho. Você não era o grande especialista em vôos que nunca caía da vassoura? — caçoou Canopus.
Malfoy olhou-o mortalmente.
O Black mais velho cutucou as costas do garoto com a ponta do cabo da vassoura, e ele acabou caindo na chão, enquanto o gêmeo mais novo voltava para o chão.
Potter conseguiu pegar o lembrol antes que atravessasse uma janela e seus colegas grifinórios comemoraram, e os gêmeos também o fariam se não estivessem ocupados tentando não lançar uma maldição em Malfoy.
— Você se acha o maioral e que pode agir como um idiota sempre, não é? — Therion esbravejou.
— Vocês vão pagar por isso! — ele vociferou em resposta enquanto se levantava e limpava suas roupas. — Vão defender o Longbottom agora? Foi só uma brincadeira!
— Não é só por isso. Você não passa de um menino mimado que se acha superior aos outros! — exclamou Canopus.
— E quem disse que eu não sou?
— Eu disse — avançou alguns passos na direção dele. — E sei que você sabotou a minha poção na aula do Snape.
— Estamos quites agora. — Malfoy sorriu audaz.
— Você é um verdadeiro idiota! — disse Merliah.
— Cala a boca, sua Sangue-ruim!
— Ser puro-sangue é uma grande coisa, né? — Therion disse num tom debochado enquanto continha a amiga para não avançar no garoto. — Isso não vale nada. Você não é superior a ninguém!
— Eu sou um Malfoy!
Canopus riu.
— E daí? Eu não me importo com o nome de sua família!
— Pois deveria.
— Ah é? Pois não sinto medo algum. Você é apenas um garotinho mimado que usa o nome do pai pra tudo!
— Pelo menos o meu pai não está em Azkaban.
O coração dos gêmeos falhou uma batida e eles vacilaram por alguns instantes. Therion cerrou os punhos e apertou os lábios com força. Canopus sentiu um nó se formar em sua garganta. Eles estavam cansados de ouvir isso a semana inteira, desde a Seleção.
Todos olhavam para eles com julgamento. Viam apenas sua família e o que eles fizeram. Não houve um único dia que não fossem lembrados do sangue que corria em suas veias.
Eles queriam ir a Azkaban apenas para lançar uma maldição imperdoável no pai biológico por tornar o seu sonho de estar em Hogwarts um pesadelo.
— Sim, ele está — admitiu Canis. — E é onde o seu também deveria estar pelo que dizem. Seu pai é tão ruim quanto o meu.
— Quem você pensa que é para falar assim da minha família?
— Sou Canopus Alphard Black! — esbravejou com raiva e avançou mais na direção dele junto do irmão. Draco recuava dois passos para cada um que eles se aproximavam, distanciando-se mais dos outros alunos. — E eu não preciso ficar usando o nome do meu pai para dizer que sou superior ou colocar medo em alguém.
— O nosso pai de verdade, o homem que nos criou, nos ensinou a caminhar com nossas próprias pernas e fazer nosso próprio nome — Therion disse com a irritação transbordando em sua voz. — E ele com certeza é um bruxo muito mais honrado e honesto do que o que você tem tanto orgulho de dizer ser filho.
— Ousa comparar o meu pai a um simples mestiço filho de uma trouxa? Isso é pior que ter um pai criminoso.
E foi aí que a fúria consumiu os garotos. Quando perceberam, seu punho estava no nariz de Malfoy, que caiu para trás, direto para o chão.
— REPITA ISSO! — vociferou Therion.
— Vamos, quero ver se tem coragem!
Harry teve sua atenção voltada para eles ao ouvir os gêmeos gritarem irritados. Ele e mais três sonserinos — Crabbe, Goyle e Blaise Zabini — correram até eles e os seguraram antes que fizessem mais estrago, enquanto Draco se arrastava para longe. Eles se debatiam e esbravejam, tentando avançar mais uma vez.
— NÃO OUSE FALAR ASSIM DO MEU PAI, ENTENDEU? — Therion gritou.
— ME SOLTEM! Vai se um prazer ir para Azkaban se isso significar nunca mais olhar na cara desse infeliz!
As pessoas logo começaram a comentar entre si e é claro que a história em segundos aumentaria de tamanho. Não ouviram toda a discussão, então logo vieram as conclusões precipitadas.
E as últimas falas dos gêmeos não contribuíram para sua história.
— Meu pai vai ficar sabendo disso! — Draco choramingou, com sangue escorrendo pelo nariz enquanto ficava de pé.
— Cala a boca, seu…
— Parem já, agora! — a voz da Professora Minerva se fez presente, firme e autoritária. — Senhores Black, acalmem-se.
A mulher colocou-se entre eles. Ao redor, as pessoas comentavam sobre o que fizeram, desacreditados.
"Eles bateram mesmo no Malfoy?"
"Claro! O que mais esperar sendo filhos de quem são?"
"Não acredito que fizeram isso!"
"Eles com certeza o matariam se não tivessem os segurado"
— Levem o senhor Malfoy até a ala hospitalar — ordenou Minerva. — Senhores Black, usar de violência contra um colega é algo inaceitável. Cinquenta pontos serão descontados da Sonserina. O professor Snape cuidará do que mais será feito quanto a isso.
— Mas…
— Sem "mas"! — Os gêmeos se calaram, apesar de ainda ferverem irritados. — E você, senhor Potter, venha comigo.
— Eu?
Harry engoliu em seco. Para sua sorte, ele não se deu tão mal quanto os Black.
Snape não foi muito misericordioso com os garotos. Pegaram sua primeira detenção.
Aquela foi apenas a primeira de muitas.
Enquanto limpavam todos os frascos e armários da sala de poções durante a detenção, ficaram em silêncio. Isso não significava que suas mentes estivessem da mesma maneira. Suas cabeças estavam a mil.
Canopus estava organizando todos os ingredientes categoricamente em um dos armários, quando ouviu o irmão fungar. Snape havia deixado-os sozinhos por alguns minutos sob a ameaça estrita de que seria muito pior se aprontassem alguma coisa.
Therion mordia seu lábio com força para conter falhamente o choro que queria vir. Seu gêmeo sentia como ele estava. Também não estava em condições melhores.
— Eu odeio ele — disse num tom quase inaudível. Tristeza, raiva e cansaço banhavam sua voz.
Sua frase poderia ter entendida de muitas maneiras. Canis sabia exatamente o significado de cada palavra. Eles possuíam aquela conexão, não precisavam ser muito específicos para se entenderem.
— A próxima semana vai ser melhor — falou no mesmo tom e encarou os olhos do irmão.
— Vamos fazer ser melhor.
— Vamos fazer ser melhor — repetiu.
— Como papai ensinou.
— É. Seremos melhores.
Eles fariam isso. Eles provariam que são diferentes e melhores.
— Lua por lua — disseram em uníssono.
Com expressões decididas em seus rosto, eles voltaram ao trabalho. Hogwarts conheceria o nome Black de verdade agora, do jeito deles.
————————
Olá, meus amores!
Tudo bem?
Não está sendo fácil para os gêmeos. Eles ainda vão aprontar muito e mostrar para o que vieram.
O assunto Sirius Black mexe muito com eles, como puderam ver Rsrsrs
Espero que tenham gostado do capítulo! O que acharam?
Não esqueçam de votar e comentar!
Agradeço a todos que estão comentando durantes os caps 🥺🥺
Vocês estão guardados no coração 💓💓💓
Em breve retorno com mais!
Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 😘👋
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