"Eu quero saber: você alguma vez viu a chuva caindo em um dia ensolarado?"

- Creedence Clearwater Revival (Have You Ever Seen The Rain?)

domingo, 9h20min

Parada a frente da janela, Sohye bebericou o café quente na caneca. Dali ela conseguia ver a parte da frente da casa com o chão úmido e as árvores com poucas folhas amarelas que logo cairiam também. O tempo daquele dia estava esquisito e chovia a todo momento, mesmo a previsão dizendo que o sol apareceria em boa parte da manhã.

Ela seguiu até a escrivaninha e se sentou ali, procurando coragem para retomar aos papéis e materiais de estudos. A casa estava silenciosa já que Yuna estava na casa da mãe, e tinha poucas horas até o irmão sair do trabalho e retornar para preparar as coisas para o jantar em que ele apresentaria oficialmente o namorado a filha.

Sohye deu play em mais uma vídeo-aula e após fazer mais anotações, emendou em responder mais um questionário com possíveis perguntas que cairiam na prova de conhecimentos gerais. Na quinta pergunta Sohye se viu encarando a janela de novo e pensando nas outras várias coisas que ela não conseguiu parar para resolver. Não conversou com o irmão e com a avó sobre as mensalidades da faculdade e não tinha falado com o namorado sobre o intercâmbio. Tinha o final de semestre se aproximando com provas e trabalhos, tinha as atividades e os relatórios do estágio e por mais que estivesse tudo anotado no planner, ela não conseguia se concentrar o suficiente para os fazer.

Sohye suspirou e voltou a atenção ao questionário na tela de seu computador.

18h38min

— Precisa de ajuda, Jinnie? — a Kim entrou na cozinha, se sentando na banqueta. O celular dele em algum lugar tocava Iris, do Goo Goo Dolls e Sohye fitou o irmão que parecia concentrado mexendo em algumas panelas. — Jinnie?

— Oi? — ele a encarou, os olhos deixando óbvio que nem sequer tinha a escutado falar. Os cabelos castanhos claros estavam recém cortados e a franja parava pouco abaixo das sobrancelhas.

— 'Tá tudo bem aqui? Precisa de ajuda? — Jin negou com a cabeça, encarando a tábua de corte. Depois seguiu até o armário, parou no meio do caminho e voltou. Ele encarou a irmã mais nova.

— E se a Yuna não gostar do Nam? E se o Nam não gostar da Yuna? E se a comida estiver ruim? E se eu desmaiar de nervoso e cair com a cara no prato de macarrão? — Sohye riu. — Não estou vendo graça, Kim Sohye. É sério.

— Jinnie, vai dar tudo certo, calma. Um, eu já conversei com a Yuyu, a Sunny também vai falar com ela hoje. Dois, o Nam já adora a sua filha. Três, impossível sua comida estar ruim e quatro, se você desmaiar com a cara no prato nós rimos e fingimos que nada aconteceu. — Jin rolou os olhos e foi até a geladeira, Sohye sorriu, apoiando os cotovelos na bancada e o rosto nas mãos.

— Eu não acredito que isso está acontecendo. É loucura demais. Eu voltar com o Nam depois de quase 6 anos e agora ter que o reapresentar a minha filha. Eu sei que todo mundo já conversou com ela, mas, putz, é a Yuna! Não dá para imaginar o que ela pode fazer quando estiver na frente dele, já que ela faz o que der na telha.

— Ela é sua filha, não é Jin, você queria o quê?

— Nossa, você está muito engraçadinha hoje, Sohye — ele semicerrou os olhos a encarando. Ela riu e deu de ombros — Enfim... o Taeyeon vem?

— Vem sim. Vai pegar carona com o Nam, então vão chegar juntos. E a Yuna?

— Pedi a Sunny para já a trazer arrumada senão vou me enrolar todo.

— Uhum. E você deveria se arrumar também. Já são quase 19h e ainda está com cheiro de alho. Eu arrumo a mesa... calma eu não vou encostar nas suas panelas — ela emendou quando ele abriu a boca — Credo, também não é para tanto! Não é como se não desse para comer o que eu cozinho.

— Até dá né, só não fica bom. A Yuna que o diga — Sohye o bateu com a primeira coisa que encontrou, que no caso foi um pano de prato. Jin recuou rindo.

— Idiota.

— Ei, eu tenho esse rostinho, mas ainda sou seu irmão mais velho, me respeita. — Sohye abriu a boca para responder, mas campainha tocou. — Ó, deve ser a Sunny com a protagonista da noite.

Jin contornou a bancada e andou a passos apressados até a porta, enquanto Sohye batucou os dedos no balcão no ritmo de Wherever you will go, do The Calling, que tocava em algum lugar da cozinha. Ela sorriu ao perceber que aquela devia ser uma das playlists com as músicas favoritas de Jin na adolescência, já que tinha muitas memórias dele as ouvindo enquanto ela ainda era criança. A Kim foi até o armário onde ficavam as louças e começou as tirar, as levando até a mesa para organizar.

Ouviu algumas falas e se virou na direção da entrada da cozinha. Yuna foi a primeira a aparecer, e de cara emburrada puxou a cadeira e se jogou nela de braços cruzados. Sohye olhou para Sunny e Jin que vieram logo depois.

— Oi, Soso — ela sorriu ao ouvir ser chamada pelo apelido, por sua unnie. — Vamos explicar o motivo dessa carinha emburrada aqui e deixar avisado que já conversamos que isso não vai atrapalhar o jantar do seu pai, certo? — Sunny questionou a filha. Yuna não mudou a expressão e não descruzou os braços, mas assentiu. — Eu falo ou você fala? — silêncio. — Ok! Então... o que aconteceu foi que a Yuna se desentendeu com a minha mãe...

— Eu não fiz nada, ela que me obrigou a fazer esse penteado igual a rosquinha que o papai faz e me fez colocar esse vestido horroroso. Ele está coçando no meu suvaco e eu não consigo nem levantar os braços — Yuna tentou abrir os bracinhos, mas sem sucesso. Sohye viu o irmão apertar os lábios, prendendo o riso e só então ela reparou que o vestido da menina não era uma de suas fantasias de princesa e só um vestido rodado com laço na cintura e mangas bufantes.

Tudo o que Yuna odiava usar.

— Eu falei que ela poderia trocar quando chegasse em casa porque senão nos atrasaríamos, mas ela veio com essa cara o caminho todo. — Sunny sorriu envergonhada para os Kim.

— Eu já posso ir para o meu quarto? — Yuna perguntou, interrompendo o assunto dos adultos, e Jin assentiu com a cabeça. Ela desceu da cadeira, foi até o vão de passagem, mas voltou e caminhou até a mãe. Sunny se abaixou e soltou os cabelos da menina da tal rosquinha.

— Como nós conversamos, ok? É um momento importante para vocês — Yuna assentiu e depois de receber um beijinho na bochecha e abraçar a mulher, correu em direção às escadas. — Eu sei que o trato era trazer ela pronta, mas vocês sabem como é a minha mãe...

— Oh se sei — Jin fez careta e se esquivou ao Sohye o bater com o pano de prato de novo. Sunny riu.

— Dessa vez realmente nem foi a Yuna que falou algo. Ela já estava meio irritada comigo, porque no próximo mês vou me mudar para um apartamento. É perto, mas ela não está aceitando muito bem...

— Uau. Isso é ótimo Sunny! — Jin comemorou gesticulando, talvez até demais, já que a mulher riu — Digo, para você e para Yuyu, porque a sua mãe vai surtar...

— Ela vai, mas fazer o quê? — Sunhee deu de ombros sem jeito e eles riram. — Pelo bem da nossa relação, eu realmente preciso disso. Preciso poder ter a chance de poder criar a minha filha sem ela controlando todos os meus passos e decisões.

— No que você precisar de ajuda, pode contar com a gente. Você sempre vai ser da família — Jin apertou de leve um dos ombros dela e ela sorriu agradecendo.

— Então eu vou indo porque vou aproveitar para organizar algumas coisas que já levei para casa nova. Espero que dê tudo certo hoje, Jin. A Yuna não parou de falar desse jantar o fim de semana inteiro. Ela tá com esse bico, mas logo passa, porque está ansiosa para conhecer o "tio Nam".

— Eu espero mesmo que eles se deem bem...

— Eles vão sim — Sunhee sorriu e o segurou pelo ombro. — Você mais do que ninguém merece ser feliz, Seokjin. Eu torço muito para que dessa vez dê tudo certo — ela sussurrou e ele sorriu envergonhado, não esperando aquele comentário. Jin se sentia grato por ainda ter Sunhee como amiga e ficava feliz por ela apoiar o namoro com Namjoon, já que aquela relação envolvia também a filha deles.

— Vou te levar até a porta — Seokjin avisou e Sunhee assentiu. Ela se despediu de Sohye que parecia distraída posicionando os pratos e copos sobre a mesa e seguiu o Kim até a porta de entrada.

20h

Quando a campainha tocou, Sohye quem seguiu até a entrada para a abrir, já que o irmão ainda estava no quarto terminando de se arrumar. Após apertar o botão da fechadura automática do portão e antes de segurar na maçaneta da porta, parou se olhando no espelho do hall. A camiseta branca com o suéter de mangas compridas bege e a calça jeans de lavagem clara fora a roupa em que escolheu porque Jin insistiu muito para que o jantar não sei tornasse algo formal demais.

Ao ouvir as vozes se aproximando do outro lado, ela abriu a porta e sorriu ao ver Namjoon e Taehyung lado a lado. Os dois vestiam sobretudos parecidos, um cinza e o outro na cor marrom. Eles sorriram juntos.

— Oi... — Sohye foi a primeira a falar, dando passagem para entrarem.

— Ai meu Deus, você sempre fica tão fofa com essa roupa — Taehyung disse, meio aleatório, juntando as mãos na frente do rosto. Sohye até fez careta, pronta para responder com outra fala irônica, mas antes seguiu o olhar de Taehyung e parou na escada. Suspendeu as sobrancelhas surpresa ao ver Yuna descendo as escadas devagar, não com a roupa que o pai a ajudou a escolher, mas com o kigurumi da Boo e com botas de chuva amarelas nos pés.

— Meu Deus do céu — foi a única coisa que Sohye conseguiu dizer.

— E deve estar chovendo bastante para onde você vai, não é? — Taehyung fez piada ao ver a garotinha chegar até o térreo e se esconder atrás da tia para olhar para os dois rapazes. Sohye sorriu, deixando o assunto "figurino da Yuna", de lado.

— Não quer dar oi para o Tae e para o Nam? — perguntou enquanto acariciava os fios já soltos da menina.

— Oi Taetae, oi tio Nam — ela falou baixinho, ainda escondida.

Namjoon não conseguiu disfarçar a surpresa ao ouvir como ela se referiu a ele. O mais velho sorriu e se abaixou para ficar da altura dela.

— Oi, Yuna. Seu pai me disse que não precisava trazer nada, mas eu fiquei tão empolgado por te conhecer e quis te trazer um presente, tudo bem? — Ela assentiu tímida, saindo de trás da tia e aceitando a sacola com bolinhas coloridas. — O Taehyung me ajudou a escolher, então espero que a gente tenha acertado.

Yuna assentiu mais uma vez, ainda envergonhada, e desamarrou o laço da sacola antes de olhar dentro dela. Os três adultos sorriram em simultâneo, ao verem a expressão dela mudar ao pegar a pelúcia na sacola.

— Meu Deus, é um ursinho! Eu queria muito um ursinho tem um tempão já, e ele ainda é igualzinho ao Panda! Tia Sohye, olha! O NamNam vai ter um irmãozinho agora! — ela olhou para tia que assentiu, sorrindo. — Obrigada tio Nam, eu adorei! Eu vou buscar o NamNam para... — ela parou de falar e deu um risinho — O nome de vocês é parecido, né...

Sohye e Namjoon se olharam e trocaram um sorriso cúmplice em silêncio, Taehyung encarou os dois sem entender de imediato, mas depois uniu as peças e suspendeu as sobrancelhas entendendo.

O tal coalinha de pelúcia que Yuna carregava para cima e para baixo então, na verdade, também era presente do próprio Namjoon. Foi por isso que ele insistiu tanto para comprarem uma pelúcia.

Eles mudaram a atenção para Yuna que subiu as escadas no mesmo momento em que Seokjin apareceu no alto dela. Jin esboçou um sorriso ao ver Namjoon, mas que logo foi substituído por olhos arregalados ao ver a filha de pijama seguir até o quarto como se nada tivesse acontecendo. Ele ficou por quase meia hora tentando decidir alguma roupa que agradasse à criança e fosse aceitável para jantar com visitas e agora Yuna estava toda de roxo com um capuz com dois olhos gigantes na cabeça, desfilando pela casa. Isso sem falar nas botas, cor de gema de ovo. Jin suspirou e desceu as escadas.

— Eu não vou nem perguntar o que aconteceu — foi a primeira frase que disse. Os outros riram.

Ao tirarem os casacos e os pendurarem no cabideiro que havia ali, Namjoon seguiu até a cozinha com Seokjin, deixando Sohye e Taehyung sozinhos no hall. Eles se fitaram por um tempo.

— Tudo bem? — ele perguntou e Sohye assentiu, se aproximando e o abraçando pelos ombros. Ela encaixou o rosto em seu pescoço e fechou os olhos por alguns instantes — Eita... Tudo bem, mesmo? Parece que não nos vemos há meses...

— Não posso te abraçar? — ela se afastou para o encarar, fingindo estar brava.

— Ok, tudo bem, tudo bem. Eu faço esse esforço. — ele abriu os braços de jeito exagerado e Sohye rolou os olhos. Taehyung sorriu e a envolveu pela cintura, sendo só o tempo de deixar um beijinho rápido no alto da cabeça da namorada, porque logo Yuna apareceu na escada de novo, dessa vez carregando os dois bichinhos.

Eles seguiram com a menina em direção a cozinha e encontraram Jin e Namjoon parados um em frente ao outro, os dois se fitando com sorrisos que nem se tentassem disfarçar que não estavam apaixonados, conseguiriam.

Taehyung limpou a garganta chamando atenção e Namjoon deu um passo para trás no mesmo instante que Jin desviou dele e seguiu em direção a bancada.

Era assim que ele e Sohye ficavam quando estavam sozinhos? Meu Deus...

— Tio Nam, esse aqui é o NamNam. — Yuna falou baixinho fitando o rapaz. Ele se agachou para ficar da altura dela e Jin fitou os dois, do outro lado do balcão.

— Oi NamNam, eu sou o tio Nam — Namjoon deu um tchauzinho para a pelúcia e sorriu mostrando as covinhas, fazendo Yuna dar uma risadinha. Ele era mesmo muito legal. — Você tem ele há muito tempo?

— Uhum — ela assentiu devagar — Desde bem pequena. E ele é o meu favorito de todos os meus brinquedos. — Namjoon olhou do bichinho para criança e se sentiu levemente emocionado por mesmo que eles tivessem se afastado, Jin ter deixado ela continuar com o presente.

Seokjin se aproximou da mesa, depositando a travessa com o macarrão no centro dela, entre os outros acompanhamentos e louças e talheres. Ele indicou para que os outros se sentassem, e diferente dos adultos Yuna ficou parada o encarando.

— Que foi? — Jin perguntou. Yuna se aproximou dele e sussurrou.

— O NamNam e o Panda podem participar do nosso jantar especial? Eles também gostam de macarrão...

Jin sorriu. Em momento algum tinha se referido àquela noite como um momento especial, apesar de apresentar Namjoon e Yuna ser algo importante, e ouvir aquilo da própria filha o pegou desprevenido. Se fosse um dia comum, ele pediria para ela deixar os brinquedos na sala, já que sempre se distraía com eles e não se alimentava direito, mas dessa vez ele assentiu.

Yuna sorriu empolgada e correu até uma das cadeiras vazias, colocando os dois bichinhos ali. Se sentou na cadeira do lado e fitou Sohye do outro lado da mesa que a encarava com um sorriso.

— Eles também são nossos convidados hoje, tia Soso. O Sr. NamNam e o Sr. Panda.

— Pensei que nossos convidados de hoje fossem o Sr. Tae e o Sr. Nam... — Sohye sorriu, fitando a sobrinha. A garotinha fez careta.

— Tá, tia, é a primeira vez que o tio Nam vem aqui, então tudo bem ele ser visita, mas o Taetae vem sempre. O papai disse que ele não é mais visita não... — ela apertou os lábios.

Namjoon, Sohye e Jin riram quando Taehyung levou a mão no peito e abriu a boca, encenando estar chocado. Yuna arregalou os olhinhos em resposta.

— Não fica triste, Taetae. É que você já é namorado da tia Soso tem um tempão e eu já sou sua amiga, mas o tio Nam também vai vir outras vezes, não é, tio Nam? Aí ele também não vai ser mais visita e vai ser meu amigo também. Não é, tio Nam? — ele sorriu, e com as covinhas aparecendo novamente, assentiu.

— Tio Nam, tio Nam. O tio Nam não sei o que, o tio Nam não sei o que lá. Tô gostando disso não, hein? — Taehyung provocou Yuna mais uma vez, que gargalhou.

— Ok, então vamos comer?

Jin jogou a pergunta no ar e os outros concordaram e passaram a se servir. Não é preciso dizer que ele precisou colocar mais um prato na mesa e fingir servir os bichinhos de pelúcia, já que Yuna fez bico dizendo que ele não sabia cuidar das visitas e aquilo era muita falta de educação.

Taehyung e Sohye combinaram de puxar assunto sempre que o silêncio aparecesse, mas esse não demorava muito, porque Yuna não parava de falar.

— Tio Nam, você vai vir na minha festa de aniversário? — a garotinha mudou de assunto, pela décima vez na noite.

— Seu aniversário não foi em abril? — Namjoon franziu as sobrancelhas, confuso.

— Ué, e como você sabe o dia do meu aniversário? — ela devolveu.

— Ah — ele pareceu envergonhado — Na verdade, o seu pai me contou...

— Ah tá! — Yuna riu — É o meu outro aniversário. Esse foi o de 6 anos, agora eu já vou fazer 7 anos. — mostrou os números com os dedinhos gordinhos.

— É o seguinte, Nam. A Yuna termina um aniversário, já pensando no tema do próximo. Então ela já está planejando a próxima festa. O deste ano foi de Masha e o Urso e o do ano que vem vai ser da Patrulha Canina, não é? — Jin fitou a filha. Ela bateu as duas mãos no rosto e deixou elas escorregarem, fazendo drama.

— Claro que não, papai. Patulha Canina é desenho de criancinhas de 5 anos, eu já vou fazer 7! Ninguém da minha turma vê Patulha Canina mais.

— Ah, desculpa, senhora "vou fazer 7 anos e não assisto Patulha Canina" — Jin fez cena, balançando as mãos — E qual vai ser o tema do ano que vem então?

— Miraculous! — Yuna levantou os bracinhos, empolgada. — Iria ser dos Ursos sem curso, tio Nam, mas o meu papai disse que não vai se vestir de urso porque ele passa mal de fantasia, aí eu mudei, porque nem o tio Kook e nem o Saya quiseram também. Mas eu já pensei em tudo! — ela bateu palminhas, animada.

— Ó o que dá deixar com a Gaeul — Taehyung apontou para a criança resmungando e Sohye rolou os olhos, mas riu do comentário. — Conta então Yuyu, porque se não vai ser de Ursos sem curso tem que ser uma ideia muito boa mesmo pra eu te perdoar.

— E é muito boa mesmo. Ó, eu não posso usar fantasia porque senão ninguém vai saber que sou eu e as pessoas precisam saber que sou eu porque é meu aniversário. Então você e a tia Soso vão ser a Ladybug e o Cat Noir.

— Cat quem? Quem é KitKat? Tem desenho disso? — Jin.

— O Cat Noir é o Adrien e a Ladybug é a Marinette, mas eles não sabem e salvam as pessoas juntos! Eles são muito legais, e a tia Soso e o Taetae vão ficar lindinhos deles.

— Hm, legal... E no caso eu e o Tae somos os últimos a saber isso, não é?

— É... mas agora vocês sabem... — Yuna deu uma risadinha.

Sohye encarou Taehyung na esperança de encontrar algum sinal de que ele arrumaria um jeito de negar aquela ideia de um jeito que não magoasse a criança, mas tudo o que encontrou foi o namorado olhando bobo para ela que continuava a falar todas as ideias que teve para a tal festinha.

Pois bem, então ela teria que se vestir de joaninha super-heroína, mesmo.

— Yuyu, você não me disse mais cedo que queria perguntar uma coisa para o Nam? — Jin mudou de assunto, já imaginando que se deixassem Yuna seguir no assunto festa de aniversário, ela falaria daquilo a noite inteira.

— Ah verdade! — ela bateu a mãozinha na testa — Então tio Nam, o papai me disse que você trabalha com o Taetae no museu lá perto do trabalho dele. E que vocês são artistas. Isso é verdade, mesmo?

— É sim, Yuna. — Namjoon sorriu para ela que arregalou os olhinhos, empolgada.

— E eu posso ser uma artista também, papai?

— Você pode ser o que você quiser, Yuyu. — Jin sorriu para ela.

— Então, eu queria ser pofessora, mas eu tô pensando e acho que ser artista é mais legal. Deve ser legal ficar só desenhando, não é? Eu adoro pintar com tinta. Você gosta também, tio Nam?

— Eu adoro pintar com tinta, também, mas lá no museu a gente faz um montão de coisas além de pintar. Tem artistas que pintam, tem outros que fazem esculturas, que cantam, dançam...

— Nossa, que legal... — ela pareceu pensar — Mas eu quero ser artista de desenhar mesmo... eu posso? E quando eu ficar gande posso trabalhar no museu igual vocês? Aff, eu quero muito ir ao museu...

— Você pode sim... mas você não precisa ser grande para ir ao museu, sabia? Qualquer dia eu marco com o seu pai para ele te levar lá, o que acha?

— Eu quero! A gente pode ir, papai? — Jin assentiu com um sorrisinho bobo no rosto. Era tão bom ver os dois socializando que se Yuna o pedisse para enfiar a cabeça na privada, talvez ele fizesse de bom grado.

— Podemos sim, Yuyu. Mas vamos deixar isso para outro dia, não é? Agora que você terminou seu jantar, você pode levar seu prato na pia e depois ir escovar os dentes, que tal? — a garotinha assentiu e fez o que foi pedido pelo pai.

Quando seguiu para o banheiro para escovar os dentes, fez Jin se sentar de novo na cadeira, dizendo que ela já sabia fazer aquilo sozinha e que ele podia ficar conversando com os adultos na cozinha.

Enquanto Taehyung e Sohye se ofereceram para cuidar da louça, ele parou ao lado de Namjoon que observava algumas fotografias presas com ímãs de bichinhos na porta da geladeira, e engataram em um assunto sobre elas.

Mas, se a paz durou uns 10 minutos, foi muito, porque quando Jin comentou que Yuna estava demorando demais, logo eles ouviram um grito de "Pai!" vindo de outro cômodo da casa. Ele resmungou um "puta que pariu" no mesmo instante que contornava a bancada da cozinha, correndo o mais rápido que podia até chegar no local de onde a voz de Yuna veio. Taehyung, Sohye e Namjoon chegaram logo depois dele. Em uma diferença de segundos.

Ainda respirando pesadamento após a corrida e o desespero, Jin não sabia se ficava feliz ou triste com o que encontrou. A filha estava bem. Talvez só não pudesse falar o mesmo da parede atrás dela, antes branca e agora completamente riscada de giz de cera de várias cores.

Como ela tinha pintado aquilo tudo em menos de 10 minutos?!

Ele levou a mão a frente da boca e olhou para a parede contrária, se segurando para não soltar outro palavrão. Conhecendo a filha, era de se imaginar que ela faria algo daquele tipo. Taehyung virou de costas, mordendo a boca para não rir. Sohye se controlou até olhar para o namorado e ter que disfarçar o riso também, porque dava para ver as costas dele subindo e descendo em uma risada silenciosa. Namjoon só deu um sorriso sem graça para Jin e apoiou a mão no ombro dele, querendo o tranquilizar.

— É tinta lavável, Jinnie — Sohye tentou falar, mas a voz saiu estranha. Foi o suficiente para fazer Taehyung deixar um riso esquisito escapar. Ele levou a mão a frente da boca, tentando bloquear o som.

— E com vocês, Kim Yuna! — Jin fez graça, esticando os braços na direção da garotinha. — E agora você vai me ajudar a limpar isso.

— Mas papai, você disse que eu podia ser uma artista e agora vai apagar a minha arte? — ela pareceu ofendida. Jin riu anasalado, sem saber o que responder. Que garotinha...

— Ei, Yuyu. Da próxima vez, que tal você fazer a sua arte em papel? Você pode carregar ela para os lugares, e não precisa fazer isso na parede da sala, não é? — ela assentiu devagar, prestando atenção em Namjoon. — Eu tenho alguns cadernos que não uso mais, posso te dar se você prometer que não vai mais riscar as paredes. Você promete? — Namjoon se agachou na frente dela, levantando o dedinho mindinho. Yuna deu um sorrisinho e se aproximou dele, contornando o dedo longo do rapaz, com o seu pequenino e gordinho.

— Prometo! — ela sorriu, mostrando a gengiva inchadinha, onde os dentes novos já estavam praticamente crescidos — Mas você me explica como ser uma artista, tio Nam?

Namjoon assentiu, com aquele sorriso que apareciam as covinhas e deixavam os olhos parecendo dois risquinhos.

Na melhor das hipóteses, o jantar na casa dos Kim, tinha dado certo.

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Oi, gente! Que saudades eu estava daqui ♥ 

É oficial: Tia Polly está de volta!!! haha Como estão?

O que acharam desse momento meio caos, porém de deixar o coração quentinho, entre a Yuyu e o Tio Nam? Eu queria muito, muito mesmo, escrever esse primeiro contato deles de um jeitinho que desse pra perceber o ponto de vista das 3 pessoas mais envolvidas nessa situação, no caso os NamJin e a Yuyu. A autora aqui espera por esse momento desde que lançou a spin off da Learning, a Where do broken hearts go?

Se você acompanha a Learning e ainda não a leu, aconselho a dar uma passadinha lá no meu perfil, viu? Ela é super levinha e rapidinha de ler, e é mega importante para entender um pouquinho melhor o relacionamento do Nam e do Jin aqui na Learning.

Vai ser super gostosinho te ter por lá também ♥

   Enfim, estou muito empolgada por estar de volta. É muita saudade acumulada, gente kkkkk

Espero que seja uma nova fase incrível e que possamos fazer mais memórias bonitas aqui. 

Até logo,

Polly ♥