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26. the more time we spend together, the more I wanna say what's on my mind

"Quanto mais tempo nós passamos juntos, mais eu quero dizer o que está na minha mente"

- Jason Mraz feat. Meghan Trainor (More than friends)


quinta-feira, 16h10min

Gaeul ajeitou a ecobag no ombro, enquanto andava apressadamente com seus all star brancos pelo corredor colorido da escola. Os cabelos longos estavam soltos, apenas com um arco fininho os separando da franja, e usava um vestido estampado, sobreposto a uma camiseta lisa. Por cima, ela vestia, um casaco de tricô talvez uns 2 números acima do tamanho dela. Seguia rumo à saída do lugar, mas interrompeu o andar ao avistar Yuna sentada em uma das cadeiras dali, sacudindo as perninhas no ar, parecendo distraída.

— Yuyu? Está sozinha? — a garotinha, que olhava para os próprios pés, levou poucos segundos a procurando, porque logo a encontrou. Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, negando.

— Oi, tia Ga! 'To esperando a tia Soso, porque ela foi ao banheiro. Nossa, tia, ela estava tão, mas tão apertada, que quase fez xixi nas calças — exclamou, talvez alto demais, fazendo Gaeul querer rir.

— E a Coreia do Sul inteira precisa dessa informação para seguir em frente, não é mesmo, Kim Yuna? — Sohye passou pela porta laranja, próxima de onde elas estavam. Yuna colocou a mãozinha a frente da boca, rindo, e depois voltou a atenção aos pés, voltando a os balançar para frente e para trás. — Não vai com a gente de novo, Ga?

Nah. — ela apertou os lábios depois de responder, e desviou o olhar da amiga rapidamente, apontando para a saída. — Preciso resolver umas coisas hoje e devo demorar para ir para casa. Não quero atrasar vocês.

Sohye a fitou em silêncio por um tempo. Depois segurou em seu braço a puxando para um pouco longe de onde estavam.

— Está tudo bem? — sussurrou. Gaeul assentiu, um sorriso discreto no rosto. E discreta era uma coisa que Gaeul não costumava ser. — Ga...

— Está tudo bem, Soso. É sério. — a interrompeu, lhe segurando pelos ombros e lhe dando um sorriso amigável.

— Por que essa cara de quem está planejando algo? — Sohye devolveu, e Gaeul deu um passo para trás, arqueou as sobrancelhas e abriu a boca, parecendo estar ofendida.

— O que eu, Park Gaeul, poderia estar planejando? Achei que você confiasse em mim, Kim Sohye... — ela fez bico.

— A última vez que te vi com essa cara, você organizou um protesto na frente do prédio da reitoria, que durou quase uma semana.

— Você sabe que foi necessário. Não é justo que alguns cursos recebam mais verba do que outros — ela cruzou os braços, irritada.

— Você está tramando alguma coisa, não está? — Sohye insistiu e a outra revirou os olhos, ajeitando a bolsa no ombro. — Tá sim, que eu sei.

— Ai, Soso. Não importa também. Não se preocupa com isso, na hora certa você vai saber. — Sohye, apertou os lábios, já apreensiva, mas só assentiu. — Agora eu realmente preciso ir.

— Você vai na direção da estação? — Sohye perguntou e a outra meneou a cabeça.

— Na verdade, vou passar na faculdade. Preciso fazer umas pesquisas.

— Ok. Nos vemos amanhã, então? — perguntou e entendeu o sorriso da outra como um "sim".

— Te amo, bebê — Gaeul a apertou pelas bochechas, deixando os lábios da amiga em um bico. Sohye empurrou as mãos dela enquanto riam.

Ela observou Gaeul, balançar os dedos em um tchau engraçado e se virar na direção de Yuna, lhe mandando um beijinho no ar. A garotinha riu de onde estava e respondeu na mesma maneira.

Logo teriam que apresentar o seminário para a feira de profissões que aconteceria antes do feriado, então preferiu acreditar que realmente estava tudo bem e que Gaeul provavelmente só estava indo resolver coisas em relação a isso. Sohye ainda estava no processo de aprender a lidar com aquela preocupação excessiva, então tentou não se cobrar tanto.

Ela observou a amiga seguir em direção a porta principal e logo virar na direção oposta a que ela seguiria com a sobrinha. Depois voltou para perto de Yuna e se abaixou a frente dela para a ajudar a vestir o casaco vermelho.

— Tia Soso... — Yuna a chamou, enquanto a mais velha fechava o zíper da jaqueta dela.

— Oi, Yuyu — respondeu, puxando o capuz e ajeitando na cabeça da menina.

— Você e a tia Ga, não são mais amigas? — Sohye parou de ajeitar a roupa dela e a encarou, confusa — E nem o tio Kookie também?

— De onde você tirou isso, Yuna?

— Ah, é que eles sempre ficavam lá em casa e agora a tia Ga nem vai mais embora com a gente — ela emburrou o rostinho e cruzou os braços. Sohye sorriu e segurou as bochechas da menina, lhe dando um beijinho no nariz. Yuna o enrugou fazendo careta e se afastou da tia.

— Nós somos amigos ainda, Yuyu. É que com o tempo, nós ganhamos outras responsabilidades e não dá para ficar o tempo todo junto. Mas isso não quer dizer que nossa amizade acabou, nós continuamos nos falando e estando presente um da vida do outro da maneira que dá.

— Então quando eu crescer, isso vai acontecer comigo e com o Dae também? — Yuna arregalou os olhos, preocupada.

— Talvez... mas você não tem porquê se preocupar com isso agora, ok? Ainda vai levar muito tempo. — ela se levantou, pegando a mochila de Yuna na cadeira.

— Muito tempo, quanto? 1 ano, ou 10 anos? Ou 100 mil anos? — Sohye riu enquanto ajustava as alças nos bracinhos dela. Ela ficou de pé e lhe deu a mão.

— Acho que 100 mil anos é muita coisa, não é? Que tal, nós aproveitarmos o agora ao invés de ficarmos tão preocupadas com o futuro? — a menininha assentiu, enquanto elas passavam pelo portão colorido da escola — Inclusive, sabe quem vai lá em casa hoje?

— Quem? A bisa? Você pediu para ela levar o bolinho que eu gosto? Tem um tempão que eu não como bolinhos, tia Soso! O papai disse que eu estou comendo doce demais, mas eu nem 'to! Faz 100 mil anos que eu não vou à casa da bisa.

— Não é a bisa, Yuyu. — Sohye riu, depois do monólogo da criança.

— Então quem é?

— Alguém que nós sempre encontramos no metrô... — Sohye encolheu os ombros, encarando a menina, e ela parou de andar, sorrindo de orelha a orelha para a tia.

A Kim achou que a comemoração não passaria daquilo, mas Yuna soltou de sua mão e riu fazendo uma dancinha esquisita.

Sohye gargalhou: a cada dia ela estava mais parecida com Jin.

— O Taetae vai lá para casa mesmo? Nós vamos ver filme? Ou ele vai tocar violão? O papai vai comprar comida veganiana para ele? — a garotinha perguntou, fitando a tia agora agachada a sua frente.

— O Tae vai lá em casa sim, mas, porque vou o ajudar com um trabalho. Acho que desta vez não vai dar tempo de ver filme, mas podemos brincar um pouquinho enquanto o seu pai não chegar para ficar com você, que tal? — Yuna torceu o nariz.

— Não tem graça brincar só um pouquinho, tia.

— Um pouquinho é melhor que nada, não é? — Sohye arqueou a sobrancelha. Yuna levou alguns segundos antes de desfazer a careta e concordar com a mais velha.

— Mas o Taetae ainda estuda, tia Soso? Ele não é adulto? — Yuna soltou mais uma pergunta, enquanto elas voltavam a andar pelas calçadas de tijolinhos maciços.

— O Tae é só um pouquinho mais velho que eu, Yuyu. E isso não quer dizer nada. Eu estudo e sou adulta, não sou?

— Mais ou menos, né? Você não é só adulta, é a minha tia também. — Sohye riu, sem entender a lógica dela.

— Acho que nós sempre vamos precisar estudar, Yuyu. Mesmo quando acabar a escola e a faculdade. A vida é um monte de aprendizado.

— Então vou precisar estudar para sempre? — Yuna perguntou assustada, encarando a tia. — Meu Deus, credo — concluiu, apavorada.

— Ah, Yuna, não é tão ruim assim. Estudar pode ser bom.

— Eu não acho... — a criança resmungou, encarando os sapatinhos.

Paradas em frente a faixa de pedestres, e esperando o sinal abrir para elas, Sohye respirou fundo com aquela resposta da sobrinha.


16h50min

— ... e aí, a minha mamãe me disse que ano que vem eu posso sair dos escoteiros e ir para uma escolinha de dança. Aí eu falei para ela, que eu gostei de ter aula de dança com o tio Jimin e o tio Hobi e queria aprender com eles, aí ela me falou assim "mas eles dão aulas para crianças, Yuna?" e aí eu falei "eu não sei mamãe, eu vou perguntar". A tia Soso sempre esquece de perguntar. Aí eu perguntei ao Dae, porque tem muito tempo que eu não vejo nem o tio Jimin, nem o tio Hobi, e ele sempre fala que o tio Kookie vê o tio Jimin quase todo dia, então ele podia perguntar. Mas eu acho que o tio Kookie ficou com vergonha e não perguntou, porque o Dae nem falou nada. Aí eu lembrei agora, que você e o tio Jimin são melhores amigos, e a tia Soso disse que vocês moram juntos, então eu pensei se você poderia perguntar para ele se ele dá aulas de dança para crianças, por favor? — Yuna piscou os olhinhos para Taehyung enquanto esperava uma resposta. Ele riu e olhou dela para Sohye.

— Uau. Encontrei alguém que consegue falar mais palavras em um minuto, do que eu — e Sohye riu com ele, concordando com a cabeça. — Vou perguntar ao Jiminie e te falo, ok? — Yuna balançou a cabeça de cima para baixo de forma exagerada e lenta.

Ela voltou a sacudir as mãos de Sohye e de Taehyung para frente e para trás, enquanto eles caminhavam já na rua da casa dos Kim. A noite se aproximava, e com isso, a temperatura diminuía. Um vento mais frio passou por eles e algumas folhas secas caíram dos galhos, avisando que dali até o fim do ano, a tendência seria esfriar cada dia mais.

Sohye sentiu os pelos se arrepiarem, e até queria se apressar, mas precisava respeitar a distância em que as perninhas de Yuna conseguiam trocar para dar seus passos.

Mesmo que tenha levado um pouquinho mais de tempo, após mais alguns minutos, chegaram ao seu destino. Enquanto Sohye destrancava o portão, Yuna ainda tagarelava com Taehyung sobre o comentário da tia de que eles poderiam brincar um pouquinho antes de Jin chegar e eles precisarem estudar.

Passaram pelo jardim a frente da residência, com os galhos dos arbustos mais vazios do que antes, e logo estavam dentro de casa. Apesar de ali estar menos frio que do lado de fora, daquela vez foi Sohye quem correu para ligar o termostato. Ela ouviu Taehyung rir e, ao se virar, viu Yuna sentada no chão, puxando os sapatinhos dos pés e os jogando longe, antes de correr em direção ao próprio quarto para provavelmente, pegar algum brinquedo para mostrar para o Kim.

Sohye sorriu sem graça e se abaixou, pegando os sapatinhos pretos e os colocando junto dos seus e de Taehyung, no canto próximo à parede.

Os dois subiram as escadas, mas seguiram até o quarto de Sohye. Ela largou a ecobag e a mochila no chão mesmo e indicou para que Taehyung colocasse a dele, na cadeira de rodinhas. Após o fazer, ele se virou para olhar na direção da Kim, a tempo de ver Sohye fazer careta ao ver ter se esquecido de arrumar a escrivaninha, que igualmente ao seu quarto, parecia ter recém sobrevivido a um vendaval. Envergonhada, ela correu para juntar os papéis e Taehyung riu ao ver a reação da namorada.

— Eu consigo organizar a minha semana inteira, mas não meu quarto — enquanto falava, empilhou os livros da faculdade, um em cima do outro, depois puxou as folhas A4 rapidamente e as jogou dentro da gaveta da mesa. Taehyung manteve o sorriso no rosto, a vendo andar atrapalhadamente pelo quarto catando as mudas de roupas que achava por ali.

— Nem sempre a vida é justa, mas tenta entender, é que não dá para ser linda, inteligente e organizada, tudo ao mesmo tempo, Kim Sohye. — ela riu com a bobeira dele, jogando as roupas em um cesto. Se virou para lhe responder, mas foi interrompida.

— Tia Soso? Enquanto o papai não chega, nós podemos brincar de lego? — Yuna apareceu na porta do quarto da tia, chamando a atenção deles. Sohye assentiu. — Você me ajuda a trazer? — ela balançou a cabeça mais uma vez e seguiu para fora do cômodo, atrás da menina.

Taehyung passou o olhar pelo quarto, e sorriu ao chegar mais uma vez a conclusão de como cada cantinho dele dizia tanto sobre Sohye. Passando o olhar da parede cheia de livros, à roupa de cama cinza e branca, como se seus olhos reconhecessem o objeto, logo avistou o porta retratos sobre a mesa de cabeceira. Ele se aproximou da foto e fitou a mulher de cabelos longos e olhos claros, com a garotinha muito parecida com Yuna, em seu colo. Ele se lembrou da conversa que teve com a namorada e se surpreendeu da fotografia estar ali.

Então elas tinham se resolvido?

Mas antes que pudesse pensar se deveria voltar naquele assunto com ela, a viu passar porta a dentro com Yuna em seu encalço.

Sohye colocou o grande baú de plástico no chão e se ajoelhou próxima a ele, o destampando. Yuna repetiu o gesto da tia, com o coala de pelúcia debaixo do braço e se debruçou sobre a caixa azul para escolher as peças que queria. Sohye olhou na direção do namorado, como quem o chamava para se unir a elas.

A mais nova dali, ainda ajoelhada a frente do baú, olhou de uma mão para outra, fitando as pecinhas e depois fitou o bichinho favorito, já no chão. Ela suspirou alto, o que chamou a atenção de Sohye e Taehyung.

— O que foi, Yuyu? — Sohye a perguntou. Ela encarou a tia com os lábios formando um bico.

— Eu queria fazer uma casa para o NamNam, mas eu sei que não vou conseguir, porque é muito difícil.

— E como você sabe ser difícil se você ainda nem tentou? — Sohye perguntou e Yuna deu de ombros, encarando o coala. — Yuyu...

— Hm? — ela levantou os olhinhos na direção da tia, mais uma vez — Acho que vai demorar demais, tia — ela resmungou. Taehyung olhou de uma para outra, prestando atenção.

— Você sabe com o que a tia Yuri trabalha, certo? — Sohye citou a mãe dos Jeon e Yuna assentiu — E como você acha que ela constrói as casas que ela desenha?

— Com cimento? — os mais velhos riram de forma carinhosa, com a carinha de confusão que ela fez.

— Também. Mas você acha que ela faz tudo de uma vez? — Sohye questionou.

Yuna pareceu pensar por algum tempo, depois balançou a cabeça de um lado para outro.

— É aos pouquinhos, não é? — Sohye concordou. — Uma vez eu fui à casa do Dae e a tia Yuri deu uns desenhos de casas que ela não ia mais usar, para eu e ele pintarmos. Ela desenha tudo separadinho, porque faz o chão um dia, depois no outro ela vai lá e faz as paredes. — Yuna contou à Taehyung e Sohye que prestaram atenção nela. Quando ela terminou, Sohye arqueou as sobrancelhas, incentivando que ela mesma encontrasse a respostava que procurava. A menina abriu um sorriso. — Então eu preciso fazer o chão primeiro, né?

— Isso mesmo — a Kim sorriu observando a criança se debruçar de novo sobre o baú para pegar mais dos quadrados e retângulos coloridos. Ela mudou a direção do olhar e viu que o namorado a encarava com um sorriso meio abobalhado — O que foi?

Em resposta, Taehyung balançou a cabeça de forma rápida, voltando a olhar para Yuna, agora ajeitando as peças no chão a frente deles.

A verdade era que, após ver aquela cena, Taehyung só conseguia pensar em quanto sua namorada era uma tia, pessoa e profissional incrível.

Sorte de quem conhecia a tia Sohye. Sorte dele de poder compartilhar momentos da vida, com ela.

Yuna começava a levantar as pecinhas coloridas, contornando a base retangular que fez, quando o celular de Sohye tocou dentro da bolsa. A menina se ofereceu para busca-lo e Sohye agradeceu, esperando ela abrir a mochila azul clara no canto do quarto, e vascular dentro dela.

— É a letrinha do papai. É ele? — ela perguntou, entregando o celular a tia. Sohye olhou a tela e assentiu, atendendo o irmão. Taehyung abriu a boca exagerado e virou o rosto rápido para Yuna que riu da expressão dele.

— Você é uma geniazinha disfarçada, não é? — ele trouxe Yuna para perto, e a deitou em seu colo, fazendo cosquinhas. Em resposta, Yuna gargalhou se encolhendo e tentando fugir dele.

A mulher, que tentava ouvir o celular, olhou para os dois franzindo o cenho, e Taehyung sorriu quadrado, envergonhado. Sohye se levantou, seguindo para fora do quarto, e ele levou o indicador a frente da boca fazendo "shiu" para a menininha. Yuna assentiu, enquanto se sentava e ajeitava o longo cabelo atrás da orelha.

— Eu não sou geniazinha não, Taetae — ela falou, após conseguir recuperar a respiração ao ritmo normal.

— Pode ser que não, mas sempre que venho aqui eu aprendo algo novo com você. — ele sorriu carinhoso.

— Mas a gente só ta brincando, assim não vale. — Yuna rolou os olhinhos, voltando a atenção aos blocos.

— E por que não vale? Você sabia que tudo o que a gente faz, serve para aprender alguma coisa?

— É, eu sei. A tia Soso sempre diz isso para mim — ela suspirou depois de falar —, mas é chato, porque não adianta eu saber essas coisas se não sei fazer nada da escola. Eu não consigo fazer nada do que a tia pede direito. — falou baixinho, colocando as pecinhas uma em cima da outra, parecendo distraída. Taehyung a fitou por alguns segundos, em silêncio.

— E alguém te incomoda com isso? — Yuna focou os olhinhos no baú por longos segundos e demorou a responder — Yuyu?

— A tia me disse que eu posso ir no meu tempo — Taehyung a encarou por um tempinho, mas no fim assentiu, voltando a ajudá-la com os blocos. — Taetae...

— Oi — ele a olhou.

— Eu não gosto de ir para escola — ela confessou mais baixinho ainda, os olhinhos perdidos no grande bloco colorido a sua frente.

— Não? — ele pareceu confuso. — Mas você não queria ser professora?

— É, eu queria antes. Agora não quero mais. — Taehyung empurrou os óculos para perto dos olhos, enquanto tentava entender — Mas, por favor, não conta para a tia Sohye, tá? Ela ama a escola e eu não quero que ela fique triste, porque eu não gosto de lá.

Taehyung chegou a abrir a boca para tentar falar alguma coisa, mas não conseguiu. Piscou os olhos algumas vezes, ainda tentando absorver o comentário da criança, mas no fim apenas a observou medindo o bichinho de pelúcia sobre os blocos coloridos para ver se ele cabia ali dentro.

Ele sentiu o coração se quebrar em milhares de pedacinhos.

Kim Yuna era a criança mais inteligente que ele conheceu na vida. Era de uma maldade sem tamanho ver que um lugar que ela passava boa parte do tempo, a fazia se sentir diferente daquilo. Não deveria ser assim.

Ela apontou para a pecinha vermelha, perto dele, e em um movimento quase automático Taehyung buscou, a entregando. Yuna agradeceu, sorrindo, mostrando os dentinhos da frente que já estavam mais da metade, crescidos.

Taehyung ainda a observava encaixando as peças uma nas outras, quando Sohye voltou para o quarto e se sentou ao lado deles novamente, entregando o celular para a menina. Ele empurrou os óculos para perto dos olhos, mais uma vez, nervoso por estar em uma situação que não sabia o que fazer. Deveria respeitar o que Yuna pediu, ou contar a Sohye? Até onde era aceitável quebrar um pedido de segredo, mesmo que vindo de uma criança?

— Que coisa importante? — ele ouviu Yuna perguntar ao pai no telefone. Ela pareceu prestar atenção no que Jin falou do outro lado — 'Tá bom, papai. Tchau. Beijo. Também te amo — e então ela entregou o telefone para Sohye.

Sohye pegou o celular e ao ver que o irmão já tinha desligado, o apoiou ao seu lado no chão. Surpreendendo os adultos, Yuna levou as mãos tampando a boca e deu risinhos animados. A carinha tristinha de anteriormente, não estava mais ali.

— O que houve? — Sohye também riu, achando graça da sobrinha.

— Naaada, tia Sosooo — ela falou arrastado, ainda sorrindo. Depois mordeu as bochechas e fez bico. Yuna se deitou no chão, olhando o teto, depois se encolheu, virando de lado e rindo — Ai, a vida é tão boa!

— O quê? — Taehyung encarou Sohye, que deu de ombros, também sem entender. A menina se sentou e olhou para eles.

— O papai disse que quer conversar comigo sobre uma coisa importante — ela anunciou, sem conseguir esconder. Sohye e Taehyung a olharam esperando que ela continuasse. — E eu acho que já sei o que é! — Yuna bateu palminhas.

— E o que seria...? — Sohye perguntou, não entendendo toda aquela alegria.

— Vocês sabem guardar segredo, não é? Ele não pode saber que eu já sei o que ele quer falar. — Os dois adultos assentiram em silêncio. — Eu acho que até que enfim ele vai me dar um irmãozinho! — Yuna levantou os bracinhos, animada.

Os dois franziram o cenho no mesmo instante. Depois, Taehyung piscou algumas vezes e inclinou a cabeça para o lado, olhando para Sohye. Ela, por outro lado, apenas encarou o namorado.

Boa sorte, Seokjin.




Por volta de 40 minutos depois, o casal terminou de ajudar Yuna a colocar o "telhado" na casinha de legos. Após observarem a garotinha encaixar a pelúcia ali dentro, fizeram a vontade dela ao pedir para tirarem fotos e enviar no grupo deles dois com os outros amigos.

Yuna ainda fazia caretas para o celular da tia, quando os três ouviram batidas na porta aberta, do quarto. Ao olharem na direção, viram Jin os observando com um sorriso discreto no rosto. Yuna, ao ver o pai, se levantou rápido e correu até ele o abraçando pelas pernas, contando sobre NamNam agora ter uma casinha só dele. Ela o puxou para dentro do quarto da tia, para mostrar a construção, e Sohye riu sozinha ao notar que o namorado e o irmão se cumprimentaram sérios e em silêncio, curvando as cabeças em educação.

Apesar de Jin não ter feito nenhum comentário para o provocar, Taehyung arrumou a postura quando ele se juntou a eles no chão. Sohye achou que, depois da última noite no bar, ao saber sobre Namjoon, o namorado perderia o tal "pé atrás" com Seokjin, mas viu que no olhar dele, bem lá no fundo, havia um fiozinho de indignação.

Sohye o cutucou discretamente e ele a olhou em resposta. Os olhos, um pouquinhos mais abertos, junto a um "o que?" que ela entendeu por fazer leitura labial. Sohye meneou a cabeça, disfarçando um sorriso. Taehyung estava agindo como uma criança com ciúmes do irmão mais velho.

— Você trouxe comida veganiana ou nós vamos fazer a nossa própria comida veganiana? — Yuna perguntou ao pai, praticamente pendurada em seu pescoço, completamente alheia a situação. Jin sorriu para filha, ajeitando o cabelo dela atrás da orelha. Ele apenas a olhou por algum tempo e ela enrugou o nariz — Por que você está esquisito?

— Eu não estou esquisito, Yuyu — Jin a contrariou.

— 'Tá sim — se ajoelhou a frente dele. — Você está nervoso com a coisa importante que tem para me falar? Não precisa ficar preocupado, papai, eu sou gande e já entendo essas coisas. — ela sorriu fofa e Jin assentiu com mais um sorriso igual aos anteriores.

Taehyung e Sohye trocaram olhares em silêncio. Ele querendo abrir a boca e falar, Sohye balançando a cabeça discretamente, achando que não deveriam tocar no assunto.

— Vamos fazer nosso jantar? Eu estou morrendo de fome e a tia Soso e o Taehyung devem estar também, não é? — Jin mudou de assunto, colocando a menina de pé e levantando depois. Taehyung esbugalhou os olhos.

— Taehyung? — o Kim repetiu, encarando da namorada, para o outro Kim. — Taehyung?!

— É o seu nome, não é? — Jin lhe sorriu gentilmente e Taehyung continuou paralisado o encarando. Yuna riu dos dois. — Não esquece de guardar as peças que sobraram, Yuyu. Vou te esperar lá na cozinha para me ajudar com a comida, tá? — Jin informou a filha e ela concordou, se abaixando para ajudar a tia e o namorado dela com os brinquedos. Taehyung piscou os olhos algumas vezes e ajeitou os óculos sobre o nariz.

— Você precisa de ajuda, hyung? — o rapaz perguntou, e Seokjin balançou a cabeça de um lado para o outro antes de sair do quarto. Ele fitou a namorada, confuso. Sohye não estava muito diferente dele.

— Acabei! — Yuna disse ao tampar o baú de brinquedos, antes mesmo que alguém pudesse abrir a boca para falar mais alguma coisa — Vou escolher um monte de legumes coloridinhos para nossa comida, tá bom, Taetae?

— Confio em você! — ele apontou para ela, que assentiu uma vez, decidida com a missão. Ao ouvi-lo, Yuna pegou a pelúcia e saiu correndo quarto afora.

— Você viu isso? Ele, realmente, acertou meu nome?

— Sim. E não fez nenhuma piada.

— Ele está doente? — Taehyung acrescentou, exagerado.

— Tem algo errado... — Sohye sussurrou, tentando compreender o que estava acontecendo com o irmão.

— Não é sobre irmãozinho nenhum, não é?— Taehyung perguntou. Sohye riu fraquinho e balançou a cabeça.

— Sinceramente? Tenho quase certeza de que não tem nada a ver com irmão nenhum. Não sei nem de onde ela tirou isso. — a garota apoiou os dedos na bochecha, o cotovelo na perna. — Eu tenho uma vaga ideia do que seja, mas isso é entre eles dois, não tem a ver com a gente... Você trouxe seu notebook?

— Eu acho que vou lá embaixo ajudar eles — Taehyung se pronunciou.

— Não vai não. Nós temos trabalho para fazer. — ela sorriu, ao perceber que se tratava de uma desculpa. Se levantou e esticou a mão para o namorado. Taehyung fez careta, mas a segurou, também ficando de pé. — Já que ficou dizendo que não quer me atrapalhar, enquanto você estiver montando sua apresentação eu vou terminando de editar um trabalho da faculdade, que preciso entregar amanhã, ok? Assim ninguém se enrola.

— Entendido, tia Sohye. — ele assentiu demoradamente, como Yuna, e ela riu, lhe dando um tapinha de leve no braço.

Ajeitaram os notebooks lado a lado, sobre a escrivaninha, e Sohye pegou a cadeira de escritório, emprestada do quarto do irmão, para se sentar ao lado do namorado. Ela lhe explicou como costumava editar os arquivos em power point, e apesar de Taehyung demorar um pouquinho para entender como funcionava os comandos, ela achou bonitinha a maneira como ele se dedicou para praticar o que ela tinha o ensinado. Foi como ela o disse: não tinha problema nenhum em ele não saber como fazer aquilo, o que importava era que ele tinha interesse e vontade em aprender.

Ver o namorado mexendo naqueles arquivos, a fez se lembrar do tal seminário e do grupo de trabalho que ainda estava lhe dando dor de cabeça. Parte da pesquisa seguia incompleta, e faltava muito pouco tempo para a data marcada para eles apresenta-lo a professora Song e ao professor Jung.

A verdade era que Sohye não queria se desesperar com a faculdade, aquele era um de seus exercícios da terapia, mas ela sabia o quanto a nota era importante para manter seu CR acima de 8. Estava se esforçando desde o primeiro dia no curso, quando lhe foi informado o quanto um coeficiente de rendimento alto fazia diferença na solicitação de bolsas de intercâmbio, então era difícil conseguir tirar o peso que aquilo lhe trazia. Ela ainda tinha a prova de inglês para fazer, mas já ter essa primeira parte garantida, já lhe tirava uma porcentagem de toda a pressão psicológica.

Sohye observou Taehyung ao seu lado montando a apresentação, depois de suas dicas, e se perguntou se talvez aquela também não fosse uma dificuldade dos dois rapazes de seu grupo de seminário. Ela pegou o celular e ao abrir o grupo, digitou achar importante que eles tivessem uma reunião antes da apresentação para resolver os últimos detalhes. Perguntou também se eles estavam tendo dificuldades para modificar o arquivo, e que ela poderia ajudar caso eles quisessem.

Sohye deixou o celular de lado, sobre a mesa, e voltou a atenção ao artigo final que precisava entregar na aula do dia seguinte, vulgo a matéria que estava se tornado sua favorita, que também era com o professor Jung.

A base teórica já estava pronta, já que tinha se dedicado aos montes por gostar daquele tema. Agora ela só teria que revisar se haviam alguns erros gramaticais e ortográficos, ajeitar nas normas técnicas e estava pronto para entrega-lo.

Os númerozinhos do relógio mudando no canto da tela dos monitores não pareceu chamar a atenção de nenhum dos dois. Enquanto Sohye digitava freneticamente nas teclas do seu notebook, Taehyung passou boa parte do tempo organizando os ícones e adicionando fotos ao arquivo colorido.

— Acabei... — Sohye sussurrou, ao teclar o último ponto final no notebook. Ela rolou o arquivo para cima e para baixo mais algumas vezes, e sorriu ao passar os olhos sobre o tema.

— Você realmente ama o que faz, não é? — ouviu Taehyung comentar.

— Muito na cara? — ela perguntou se virando para ele. Taehyung olhou para o alto e pressionou os lábios.

— Provavelmente você é o único ser humano que escreve um artigo acadêmico com um sorriso desse tamanho no rosto, Sohye. — ela riu. Depois abraçou o braço dele e apoiou a cabeça no ombro do namorado.

— Eu não sabia gostar tanto desse assunto, até fazer essa matéria.

— Sobre o que é?

— Psicologia Infantil — respondeu. — Era para analisar os métodos pedagógicos existentes e como eles afetam o desenvolvimento psicológico das crianças. Porque a maneira que damos aula também pode mexer com o comportamento delas. — comentou, fitando a pilha de livros atrás dos notebooks.

— E por que você gostou da matéria? — Taehyung a olhou.

— Porque eu descobri ser um assunto que me chama a atenção já tem um tempo — Sohye fez bico. — É comum que com o tempo, os professores acabem deixando de prestar atenção em cada um dos alunos, individualmente, e passam por enxergar eles só como uma turma. Só que cada criança tem sua forma de lidar com o método escolhido e mesmo com a escola, no geral. Enfim, esse relatório foi, para cada um escolher dois ou mais métodos e focar na resposta das crianças. Eu escolhi comparar o método Tradicional com o Construtivismo.

— Tradicional seria o que nós estamos acostumados, não é? — ele perguntou curioso, e Sohye assentiu. Ela sentiu o calorzinho no peito, ao ver que ele realmente estava interessado em um assunto que era tão importante para ela.

— Isso. Aquele esquema do professor na frente da turma como figura central de conhecimento. De que o mais importante é que os alunos se saiam bem em exercícios e provas, essas coisas.

— Ah. O método que fazia eu me sentir uma ameba, quando não conseguia decorar tudo para as provas — ele apertou os lábios e Sohye assentiu com um sorrisinho meio triste.

— Esse é o método mais usado e já está claro que não funciona, Tae. Até pode funcionar para um ou outro, mas não para a maioria. Não sei, eu só não acho que seja justo com os alunos ou com os professores. E não consigo aceitar que considerem que a melhor maneira de ensinar, lida com crianças e adolescentes como se eles fossem robôs programados para decorar e repetir. Existe um mundo aqui fora, sabe? Não é justo o conhecimento daqui ser descartado assim.

— E o outro?

— O Construtivismo considera o que os alunos aprenderam fora da sala também, e a relação com os professores é mais de igualdade, sabe? Não isso de que só o professor sabe ensinar — Taehyung assentiu, descansando o cotovelo na mesa e a bochecha na mão fechada. — Com as crianças no estágio e com a Yuna mesmo eu já aprendi tanto, Tae. Não é como se só eu, ou a Yejin, ou a Ga soubessemos de tudo. As crianças têm muito o que mostrar a nós adultos e até entre elas mesmas.

— E você quer trabalhar com esse método? — Taehyung a questionou e Sohye deixou os ombros caírem junto a um suspiro. Ela se recostou no encosto da cadeira.

— Não é nada fácil fazer isso, Tae. Não acho que são maneiras de ensinar que seriam bem aceitas assim de cara. Tanto que eu não achei nenhuma escola especializada por aqui por perto — ela suspirou mais uma vez. — Na nossa, por exemplo, a diretora não aceita esses métodos novos e as outras professoras acabam preferindo respeitar o método tradicional, porque ele já está tão enraizado na cultura que é o mais procurado pelos pais.

— Será que não é a oportunidade de você mudar isso? Toda revolução começa com uma faísca. — ele piscou um olho, a fazendo sorrir.

— Não neste caso, Katniss.

— Ah, não. Peraí, Sohye. Você lembra a bronca que você mesma me deu esses dias por causa disso? — Sohye enrugou o nariz ao se lembrar da primeira discussão que eles tiveram.

— É diferente, Kim — ela resmungou e dessa vez foi ele quem riu. — Sério. É quase uma guerra tentar ir contra métodos tão antigos. A sociedade não vai passar a aceitar isso só porque eu não gosto.

— Sabe o que eu acho? — ele perguntou, e Sohye apontou com o queixo, para que ele continuasse — Com toda certeza devem existir mais pessoas por aí que enxergam a profissão como você.

— Ai, Tae. Eu sou uma mosquinha perto de outras pessoas que dedicam anos de estudos à isso. É bem utópico pensar dessa maneira.

— Já pensou em falar com algum professor sobre? — Sohye meneou a cabeça, parecendo pensar. — Você deveria tentar.

— Eu não estava pensando em algo tão grande assim, eu só queria fazer alguma diferença na vida escolar dessas crianças.

— E fazer a diferença na vida escolar delas, não é algo grande? — ele retrucou, arqueando as sobrancelhas. Sohye mordeu os lábios inferiores e piscou os olhos algumas vezes.

— Eu só queria mostrar para elas que estudar é uma das coisas mais legais que existem e que não precisa ser tão doloroso quanto parece ser. Eu só quero que elas se apaixonem pela escola tanto quanto eu. — ela suspirou, após falar.

Ficaram em silêncio por algum tempo. Sohye olhando para a cortina fechada, bloqueando a visão da janela. Taehyung associando o assunto ao que acabou de acontecer com Kim Yuna. Ele apertou os lábios, pensando se deveria entrar no assunto ou não. Sohye logo percebeu que ele parecia incomodado com algo, e esperou, apenas o olhando.

— Hm... Sobre isso... — Taehyung empurrou os óculos para perto dos olhos e fez careta. Sohye conhecia aquele gesto. — Quando é aceitável quebrar uma promessa feita com uma criança? — ela franziu a testa para ele, confusa.

— Quando esse segredo vai afetar muito negativamente a vida dela, eu acho. — pontuou, e Taehyung assentiu, parecendo pensar. Ele olhou para a porta rapidamente, antes de olhar para a namorada de novo.

— A Yuna falou sobre isso, de não gostar da escola. Ela me pediu para não te contar, mas é que eu realmente fiquei preocupado, principalmente depois disso que você comentou. — ele falou baixo, com medo dela aparecer ali.

— Ah... Eu já sei — Sohye suspirou, mais uma vez. — A Yuna não consegue entender ainda que ela não é inferior aos coleguinhas, porque não absorve o conteúdo como eles. E nem a julgo, não posso exigir dela algo que eu mesma levei tanto tempo para entender. Ela aprende as coisas muito mais fácil se for de forma prática.

— Ela é muito inteligente. — Taehyung comentou, se lembrando de todas às vezes, que não foram poucas, em que se surpreendeu com a menina.

— Ela é — Sohye sorriu carinhosa. — Mas infelizmente, essa inteligencia não é reconhecida na sala de aula. O Jinnie e a Sunhee são pais maravilhosos e dão todo o apoio que podem, mas é lá que ela passa a maior parte do tempo, durante 5 dias da semana. E o pior é que não é um problema específico da nossa escola. Não é como se trocar ela de instituição fosse resolver isso de uma vez.

— E não dá para fazer nada, mesmo? — ele perguntou, a feição meio triste.

— Eu ainda não sei, Tae — Sohye mordeu os lábios. — Eu vou ver o que posso fazer, porque também me incomoda a ver passando por isso.

— Você vai ser uma profissional incrível, Soso — Taehyung colocou parte do cabelo dela atrás da orelha, e ela sorriu envergonhada.

— Eu não sei se vou ser tão incrível assim, mas prometo que vou dar o meu melhor — ele sorriu em resposta.

— Fiquei surpreso da Yuna ter falado isso para mim. Eu não estava esperando — confessou.

— Ela confia em você — Sohye comentou. — Eu espero que ela comente isso com a psicóloga também, porque acho que no momento, ela é a melhor pessoa para tentar ajudar. Eu até quero ajudar, mas não quero me intrometer demais.

— Se intrometer no que?

— Sobre a Yuyu, Tae. É meio complicado para mim. — suspirou. — A minha chefe me falou isso, e na hora eu só fiquei com raiva, mas, no fundo eu acho que ela tem um pouquinho de razão. Eu realmente preciso aprender a separar a tia Sohye, professora, da tia Sohye, irmã do pai dela. Eu tenho muito medo de que isso ainda dê algum problema, mais para frente.

— Que tipo de problema? — ele perguntou. Sohye deu de ombros, sem saber o que o responder.

— Ok. Agora foca na sua apresentação, vou ficar quietinha. — Sohye lhe deu um beijinho no ombro, coberto pelo suéter preto.

Taehyung voltou a mexer na apresentação, enquanto Sohye foi checar o grupo de trabalho no celular. Milagrosamente, não só Myung respondeu, como também os outros dois rapazes confirmaram a presença no dia que ela propôs. Talvez o que estivesse impedindo, também fosse alguma dificuldade e ela ficou feliz por perceber que poderia tentar ajudar.

Eles ouviram batidinhas na porta do quarto e ao se virarem na direção, encontraram Yuna segurando uma mãozinha na outra fazendo careta.

— Nossa comida veganiana 'tá pronta — ela avisou.

— Que bom, estou morrendo de fome — Sohye foi a primeira a levantar, sendo seguida pelo namorado. Eles estavam chegando as escadas, quando Yuna começou a resmungar.

— O papai disse que era para bater na porta e agora minha mãozinha 'ta doendo — ela esfregou os dedos antes de de segurar no corrimão e descer os degraus, um por um.

— Você podia só ter nos chamado, como você sempre faz — Sohye comentou, logo atrás de Yuna.

— O papai falou que era mais educado bater na porta. Eu falei que já era gande e ele disse isso.

— Você quer mostrar para o seu pai que você é responsável? — Sohye tentou entender. Ela assentiu, após chegar no térreo.

— Por causa do irmãozinho — com a mãozinha do lado da boca, ela explicou baixinho a tia. Yuna seguiu para a cozinha, mas Taehyung parou no meio do caminho, bloqueando o acesso da namorada ao outro cômodo. Ele fez uma careta tristonha indicando a passagem que a menina tinha acabado de passar e bateu a mão no quadril, fazendo drama.

— Tae... shiu... — a Kim o virou, o empurrando para o outro cômodo também.


Como imaginado, ela passou todo o jantar tentando provar ao pai que seria uma ótima irmã mais velha. Mesmo que talvez aquilo nem estivesse em cogitação no momento, na cabeça dela estava, então era o que importava para a garotinha. Sohye cutucou Taehyung umas 2 ou 3 vezes para que ele disfarçasse as expressões que fazia, toda vez que Yuna fazia algum comentário a respeito do assunto. E Jin, que pareceu ter notado as tentativas da filha, até elogiou quando ela se ofereceu para lavar a louça junto a tia e Taehyung, mas disse que talvez os dois quisessem ficar um pouco sozinhos. O casal estranhou aquela fala, mas Yuna sorriu empolgada e seguiu o pai, saindo da cozinha.

— O que vai fazer no feriado? — Taehyung perguntou de repente, esfregando a esponja com detergente em um dos pratos.

— Como meu irmão provavelmente vai sair com o Nam, a Yuyu vai para casa da mãe e a vovó deve ir para alguma festa na casa de alguma amiga, eu vou ficar aqui estudando para as provas de final de semestre. — ele riu, sem acreditar. Sohye levantou uma das sobrancelhas, sem entender.

— E você não deveria agir como eles e fazer algo no feriado? — Taehyung questionou.

— Estudar não é fazer algo? — Sohye devolveu, sobre o olhar incrédulo do namorado.

— Você entendeu o que eu quis dizer — ele resmungou, e ela rolou os olhos.

— E eu vou descansar também Tae, mas eu não vou dormir 3 dias seguidos, não é?

— Se eu pudesse, eu dormiria os 3 dias seguidos — ele devolveu, dando de ombros. Sohye riu baixinho, pegando mais uma peça da louça de sua mão, para secar.

— Você vai visitar seus pais? — ela mudou de assunto, o olhando. Taehyung assentiu. — Sobre o que você falou do seu pai... ta tudo bem?

— Então... — ele mordeu os lábios inferiores por um tempo, antes de continuar — Minha mãe me ligou e disse que ele quer conversar... — Sohye abriu um pouquinho os olhos ao o encarar.

— Isso é sério? — Ele concordou. — E aí?

— Sei lá, Soso. Eu imaginei várias vezes esse momento, mas é esquisito pensar que agora vai se tornar real.

— E sua mãe? — ela não conseguiu deixar se sorrir ao ver os lábios dele se curvarem para cima ao pensar na mulher.

— Ela 'tá surtando, já. Não se surpreenda se eu voltar de Daegu com 4 sacolas de feira, cheias de legumes e verduras. — ele falou, exagerado.

— Se você cozinhar eles para mim, eu até te busco na rodoviária para ajudar a trazer — Sohye brincou, e ele a olhou de canto de olho, também rindo. — Quanto tempo que vocês não se veem? — "Quase 5" ele respondeu, concentrado em esfregar a esponja no pratinho colorido de Yuna.

Mas ela nem poderia falar nada, já que fazia mais tempo do que aquilo, que não trocava sequer duas palavras com a própria mãe.

— Por que não vai para Daegu comigo? — Taehyung disparou, meio de repente.

Sohye o fitou por alguns segundos.

— O quê? Conhecer seus pais? — ele assentiu — Você falou de mim? — quando a ficha caiu, ela pareceu desesperada.

— Sim... Não?! — Taehyung quase gaguejou — Falei, mas a minha mãe viu nossa foto no Instagram e também perguntou.

Sohye sentiu o coração acelerar.

— Eu não sei, Tae...

Ela encarou a pia e respirou fundo, tentando contornar o caminho que o cérebro estava seguindo. Sentiu o estômago embrulhar, enquanto todas as possibilidades daquele encontro ser desastroso vagavam por sua mente. E se a tia tivesse razão e os pais dele realmente não aceitassem o relacionamento com o filho, por ela não ser completamente coreana? E se os dois fizessem Taehyung escolher entre a família e ela? Isso ainda acontecia em pleno século XXI? Por que a opinião de Misuk passou a ser tão importante? Por que o que as pessoas achavam dela, estava voltando a incomodar?

Se sentiu péssima por estar julgando os pais do Kim por comentários de terceiros, mas aquilo era a ansiedade falando por ela. Sohye ainda não conseguia controlar aquele desespero que parecia tomar conta dela sem avisar.

Que péssima hora para ela ter conversado com a tia.

— Ei, 'to indo muito rápido? — ele perguntou envergonhado, a tirando dos pensamentos. Sohye balançou a cabeça rapidamente de um lado para o outro.

— Não é como se você já não conhecesse minha família inteira, não é? — ela riu, tentando disfarçar o nervosismo. Ela apertou as unhas nas palmas das mãos e fitou o lado de fora da casa pela janela acima da pia.

— Sohye? Ei, calma, minha mãe não vai fazer ensopado de você — ele segurou a mão dela. Só então ela percebeu estar começando a tremer e afroxou o aperto.

— Essa aí é a minha avó... — ela tentou fazer piada, e ele riu fraco, pelo nariz.

— Você não precisa ir se não quiser, mas se quiser, eu vou ficar do seu lado o tempo todo — ele sorriu, encostando a ponta do dedo cheio de espuma no nariz da garota. Ela desviou o rosto, limpando o local logo depois.

— Eu vou pensar com calma, tudo bem? — Taehyung assentiu e encostou os lábios rapidamente na bochecha dela. Ela sorriu, sem jeito, e depois voltaram a atenção a louça.

— Tia Soso... — os dois ouviram a vozinha vinda de algum lugar atrás deles. Tanto Sohye, quanto Taehyung olharam na direção. Yuna os olhava parada no meio da cozinha, com os olhinhos cheios d'água.

O coração de Sohye, que mal tinha começado a desacelerar, começou a bater forte novamente.

— O que houve, Yuyu? — seguiu rapidamente em direção a garotinha, enquanto secava as próprias mãos no pano de prato. Ela o jogou sobre a mesa e se agachou na frente da menina. — Ei, ei, o que foi?

— Não tem irmãozinho nenhum — ela fez beicinho, e fungou 2 vezes, prestes a começar a chorar. Sohye deixou os ombros caírem, percebeu estar prendendo a respiração, e voltou a puxar o ar. Ela levantou o olhar e viu Seokjin aparecer na porta, o olhar cansado.

— Eu achei que ela tinha esquecido dessa história de irmão — comentou, coçando a nuca, parecendo meio perdido. Sohye abriu a boca para responder, mas foi interrompida pela sobrinha.

— Por que vocês dois podem ter irmãos e eu não? O Dae tem dois irmãos também e eu não tenho nenhumzinho. Eu só queria um, só umzinho, tia Sohye. Um. — Yuna choramingou, o dedinho indicador levantado entre ela e a mais velha.

— Yuyu, não é assim que funciona... — Sohye tentou ajudar.

— E vocês sabiam que o papai tinha um namorado? — a criança perguntou de surpresa. Sohye olhou na direção de Taehyung e depois de Jin, os olhos meio arregalados.

— Em minha defesa, eu fiquei sabendo no sábado. Eles esconderam de mim também. — ele tagarelou, nervoso.

— Taehyung? — Sohye falou entredentes e o olhou descrente. Ele fez careta ao notar que falou demais.

— Eu vou esperar você lá em cima — ele apontou na direção da saída da cozinha. Ao passar por Jin, lhe deu um sorriso envergonhado e o mais velho apenas lhe apertou de leve um dos ombros lhe dando um sorriso compreensivo.

— Por que a vida erral é assim, tia Sohye? — Yuna soluçou, os ombrinhos balançaram no ritmo que os soluços vinham. Jin se aproximou delas e se agachou ao lado da irmã. — Eu só queria um irmãozinho, papai, mas aí você vem e me dá um pradrastro. E eu não quero um pradrastro! — ela gritou. Depois bateu o pé e choramingou.

— Yuyu... — Jin começou, apoiando uma mão no ombro dela. Ela continuou o choro, sem responder, e empurrou a mão do pai. Depois seguiu para a sala, ainda gritando.

— Eu juro que essa era a última reação que eu estava esperando. Se eu soubesse nem tinha falado nada agora — Jin falou baixo, fitando Sohye, enquanto se levantavam.

— Ela tem o direito de sentir a informação do jeitinho dela, Jinnie. Não tem como a gente querer controlar a maneira que ela vai reagir só porque ela é criança.

— Eu entendo Sohye, mas eu ainda não sei o que fazer quando ela chora desse jeito — Seokjin respirou pesadamente pela boca.

— E você tem o direito de não saber. Está tudo bem. — Sohye apertou o ombro do irmão. — Você quer ajuda? Mas é você quem vai lá — Jin suspirou, cansado, e assentiu. — Dá um tempinho para ela respirar e depois você pergunta porque ela está chorando e como você pode ajudar. Tenta entender o lado dela também, tá? Explica que você até tem planos de dar um irmão para ela, mas que não agora. A pior coisa que você pode fazer agora é mentir para ela.

— O problema maior não é esse, Soso. Porque o bendito do irmão não vai acontecer agora, ok, um dia vai. Mas e sobre o Nam que já está acontecendo? Porque parece que ela já o odeia sem eles nem terem se encontrado ainda.

— Pode ser que ela nem esteja preocupada com o fato de você namorar, Jinnie. O problema foi que não era a informação que ela estava esperando de você, agora. Na cabecinha dela, uma coisa está impedindo a outra, então ela vai se recusar a enxergar o seu namoro como algo bom, enquanto você não esclarecer sobre a primeira questão. — Jin suspirou, parecendo entender.

— Não sei. Eu sempre dou um jeito de piorar a situação — Jin dessa vez riu, nervoso.

— Você não vai. Você é a pessoa que a Yuna mais confia neste mundo, e eu te garanto que ela vai se lembrar para sempre que, acima de tudo, você foi sincero com ela.

— Ok, eu vou tentar. Obrigado, tia Sohye — Jin a provocou, bagunçando o cabelo da irmã de forma afetuosa. Ela empurrou a mão dele e lhe deu careta.

O choro, em meio a gritos, voltou a tomar conta da sala.

— Eu vou subir. Qualquer coisa é só me chamar. — Jin assentiu.

Eles seguiram para fora da cozinha, e o mais velho respirou fundo antes de seguir para a sala. Das escadas, Sohye escutou os soluços de Yuna, e torceu para que o irmão se saísse bem.

Ela entrou no próprio quarto e seguiu até Taehyung. Parou atrás da cadeira em que ele estava, passou os braços por seu pescoço, e deixou um beijinho em seus cabelos.

— E aí? — ele a perguntou inclinando a cabeça para trás, para a olhar.

— Eles vão ficar bem — Sohye disse e ele assentiu, voltando a olhar para tela do notebook. — Uau. Que evolução, hein? — Sohye puxou a outra cadeira, se sentando perto do namorado para olhar também.

— Levei praticamente a noite toda para fazer 3 páginas.

— Exatamente. Você nunca fez isso e já conseguiu editar 3 páginas. Você já foi muito bem. — Taehyung voltou a fitar a tela do notebook, ainda sem aceitar muito bem o elogio. Sohye abriu a gaveta da escrivaninha, e depois de olhar por baixo dos papéis guardados ali, tirou uma cartela de adesivos com rostinhos felizes. Ela destacou um deles e colou na bochecha do namorado o surpreendendo. — Pelo seu bom trabalho.

— Que tal trocar a figurinha por um "selinho"? — ele sorriu arteiro e Sohye arqueou uma das sobrancelhas o encarando.

— Meu Deus do céu. Isso porque você não passa tanto tempo com o Jin, porque se passasse, esse estoque de trocadilhos de tio seria ainda pior. — Sohye riu, ao guardar a cartela novamente na gaveta.

Taehyung continuou a encarando, sério, a figurinha sorridente ainda colada na bochecha deixava a cena mais engraçada ainda. Sohye, sem conseguir disfarçar mais, riu. Ela se aproximou e escondeu o rosto no ombro dele. Taehyung compartilhou o gesto e a envolveu com os braços, a puxando por um abraço. Deixou um beijinho nos cabelos da namorada e ela levantou o rosto para o olhar. Se sentia tão grata por ter Taehyung com ela.

Com o pensamento, aproximou o rosto mais do dele, o segurou pelas bochechas com as duas mãos, juntando seus lábios por alguns segundos.

— Ei... Obrigado pela aula que foi a noite de hoje, tia Sohye — Taehyung falou baixinho, a boca ainda esbarrando na dela por estarem perto.

Aquilo a fez sorrir.


21h32min

Sohye encostou a porta do banheiro e cruzou o corredor em direção ao próprio quarto. Ela sorriu ao encontrar Yuna e Taehyung, já de pijamas, deitados de barriga para baixo em sua cama enquanto compartilhavam tela do celular, apoiada em um travesseiro. Ainda da porta, ela fitou a sobrinha vestida com o kirugumi da Boo, sacudindo as perninhas no ar, e o namorado do lado da criança, com um pijama de flanela xadrez. Pelos sons que tomavam conta do ambiente, tinha certeza que o desenho na telinha era, mais uma vez, Ursos sem curso.

Ela deitou ao lado de Yuna, quase apertando a menina entre eles, apoiou o cotovelo na cama e descansou a cabeça na mão, enquanto os olhava. Nenhum dos dois tirou o olhar do aparelho, pelo contrário, ignoraram a presença dela ali e ainda riram de algo que um dos ursos falou.

— Até eu já vi esse episódio, vocês não cansam, não? — Sohye questionou. Yuna e Taehyung balançaram a cabeça de um lado para o outro, sem desgrudar os olhos do desenho. Sohye riu sozinha e se virou, se deitando de barriga para cima, encarando o teto. Antes que tivesse a oportunidade de pensar em algo, ouviu a musiquinha de encerramento do episódio e a menina ao seu lado apoiou os bracinhos na cama e a encarou.

— O Taetae me contou que o namorado do papai é amigo dele — Yuna comentou com a tia. Sohye apenas a observou de volta. — E que ele é legal.

— Uhum, o Nam é mesmo muito legal.

— O papai disse que vai chamar ele para vir aqui para me conhecer, mas e se ele não gostar de mim? — ela fez beicinho.

— Seu pai nunca namoraria alguém que não fosse gostar de você, Yuyu. Fica tranquila, tá bom? — Sohye ajeitou o capuz dela e sorriu sozinha ao ver os olhinhos do topo balançarem.

— Relaxa, Yuyu — Taehyung chamou e ela o olhou —, eu duvido que o Joonie vai resistir a essas bochechas fofinhas — apertou as bochechinhas dela de leve, e ela riu, afastando o rosto.

— Vai dar tudo certo. Você vai ver só. — Sohye sorriu para ela, lhe encorajando — Você vai dormir comigo hoje? — a tia perguntou e Yuna meneou o rostinho.

— Não, o papai falou que eu posso dormir com ele.

Sohye e Taehyung se encararam, os rostos confusos.

— O Tae dorme lá quando vem aqui, esqueceu? — Yuna olhou de um para o outro, a carinha demonstrando estar confusa. Depois não focou em um lugar em específico, parecendo pensar.

— Então, você vai dormir sozinha aqui, tia Soso? Você 'tá com medo de ficar sozinha? — chegou a própria conclusão. Taehyung apertou os lábios, disfarçando o riso e Sohye o encarou, fazendo cara feia. — Será que cabe todo mundo na cama do papai? Eu vou perguntar.

— Yuna, não precisa... — mas ela já tinha rolado por cima da tia, e após descer da cama, correu porta afora.

— Ela nunca errou a porta? — o rapaz perguntou, um tanto aleatório, se sentando na cama.

— Aí que está o problema: ela vive errando as portas — Sohye disse, sorrindo, sem entender a sobrinha. Ela se sentou também. — A questão é que não adianta pedir para não fazer. — foi só ela terminar de falar que Yuna passou correndo pelo local que saiu.

— Ele disse que o Taetae pode dormir aqui — ela informou, tentando subir, meio atrapalhada, na cama.

— O seu pai falou que o Taehyung pode dormir aqui? — Sohye perguntou chocada, enquanto o namorado ajudava a criança a subir para cima do colchão, de novo. A menina assentiu, após sentar.

— É sério? — Taehyung perguntou também. Yuna balançou a cabeça mais uma vez.

— Seu pai está doido? — Sohye deixou escapar, mas ao ver Yuna rindo, se arrependeu. — Não conta isso para ele.

— Ela nem precisa contar, porque eu já ouvi — ao ouvir a voz do irmão vinda da porta, Sohye fechou os olhos e mordeu os lábios inferiores. Yuna gargalhou mais alto.

— O Sulley é o meu favorito — ela ouviu Taehyung falar e abriu os olhos, sem entender. Sohye olhou na direção do irmão e levou a mão a frente da boca, tentando prender o riso.

— Vai rindo, Kim Sohye — Jin, vestido com o kigurumi do Sulley, entrou no quarto, contornando o braço por Yuna. A garotinha riu, sendo segurada pelo pai, com as perninhas e os braços pendurados — O que a gente não faz por minutos de silêncio.

— Ah, claro. Porque você deve estar sofrendo demais por estar vestido assim, não é? — Sohye provocou. A expressão de choque apareceu no rosto de Jin, enquanto ele ajeitava a filha no colo. Então era assim?

— Você sabia que você namora o Mike Wazowski? — ele perguntou à Taehyung. O rapaz não entendeu nada. Yuna gargalhou mais ainda.

— Sai daqui, Jin — a Kim falou. O sorriso debochado apareceu no rosto do irmão.

— Você deveria providenciar seu pijama da Celia Mae, Taeyeon.

— Desculpa, hyung, acho que não entendi...

— Ah, fica tranquilo. Acho que a Sohye vai adorar te explicar.

É... Kim Seokjin estava de volta.

— Yuna, leva seu pai para o quarto dele, por favor? — ele riu, sim, a risada de limpador de vidros, ao ver a cara da irmã mais nova.

— Eu vou, mas eu estou de olho em vocês — anunciou, finalmente deixando o quarto, com a filha no colo.

— O que...?

— Já te falei para ignorar algumas coisas que o Jin fala — Sohye o interrompeu, se levantando e seguindo até o guarda-roupas. Ela o abriu, puxando um edredom dali de dentro. — É melhor ficar sem entender, mesmo.

— Algum dia você vai me mostrar o pijama do Mike? — ele fez piada, mostrando que na verdade havia entendido, e Sohye se virou para o olhar, surpresa. Taehyung a fitou com um sorriso brincalhão, e riu quando ela jogou a coberta na direção dele.

— Você é ridículo, Kim.

— É, mostra o pijama do Mike para ele, Soso — ela ouviu a voz de Jin vinda da porta.

Sohye o olhou de cara feia, e ele ignorou, indo até a cama e pegando o coala esquecido pela filha. Antes de seguir para a saída do quarto, apontou para os próprios olhos com o indicador e o dedo médio, e depois para Taehyung. Sohye rolou os olhos.

— Tchau, gatinho — ela sorriu para o irmão. Jin a encarou de volta, semicerrando os olhos.

— Essa fala é da Boo, não do Mike. Não me envergonha, Sohye — ela riu e o virou, o empurrando para fora do quarto — Quis ser legal e já estão abusando.

— Boa noite, Jinnie.

— Boa noite, Soso. Você também, Taeyeon! Inclusive, se você quiser, eu posso encomendar um pijama da Celia e... — ele disse, mas Sohye o empurrou por completo para o corredor e fechou a porta — Não esqueçam que estou no quarto aqui do lado! — ela o ouviu gritar mais alto, mas a voz saiu meio abafada.

Sohye apagou a luz no interruptor, e arrastou os pés na direção da cama, com cuidado para não bater em nada. Após acender o abajur, se sentou, se aconchegando ao lado do namorado. Ele a contornou em um abraço, enquanto ela se encolheu mais ainda, encostando a cabeça em seu ombro.

— Uau. Acho que o tanto de coisa que aconteceu nesta noite, não acontece em uma semana no meu apartamento. — Sohye sorriu o olhando, ainda sem se afastar. — Você deve estar cansada.

— Exausta — ela respondeu, a voz abafada no pescoço dele. — Mas, sei lá. Eu sei que eu reclamo, mas no fundo mesmo, eu gosto dessa bagunça que é viver com Jinnie e a Yuna.

— Você e o Jin hyung são bem próximos, não são? — ele perguntou. Sohye assentiu, sem se afastar dele. Buscou uma de suas mãos e entrelaçou seus dedos.

— Eu não sei o que teria feito sem o Jin — ela sorriu, pensando na relação que tinha com o irmão. — O mundo pode estar desabando em suas costas, que ele sempre vai se preocupar se nós estamos bem, sabe? Eu tento ser um pouquinho parecida com ele nesse ponto, mas nem sempre consigo.

— Você acha que com o tempo ele vai gostar mais de mim? — Taehyung perguntou, fazendo uma careta. Sohye riu fraquinho, ainda brincando com os dedos longos dele, entre os dela.

— Ele gosta de você, Tae. É só que eu nunca fiquei com alguém assim antes, acho que ainda é meio novo para ele me ver namorando.

— Hm... Então isso quer dizer que, oficialmente, eu sou seu primeiro namorado? — mesmo sem olhar, ela sabia que ele sorria.

— Sono. 'To com sono. Vamos dormir.

Sohye se afastou dele e se ajeitou entre as cobertas. Taehyung a fitou com um sorriso.

— Ok. Não precisa responder, amanhã eu pergunto para a Ga. — Sohye abriu a boca, sem acreditar.

— Vocês são amiguinhos agora, é? Ela não ameaçou raspar seu cabelo semanas atrás? — Taehyung deu de ombros.

— Eu não vou dar motivos para isso, então estou tranquilo — deu um sorriso sem mostrar os dentes. Sohye riu.

— Ok, vem deitar. Se não amanhã você me atrasa — ele a olhou, a expressão descrente, mas logo que Sohye o puxou para perto, sorriu e se ajeitou ao seu lado.

Taehyung tirou os óculos, os apoiando ao lado do retrato de uma Sohye sorridente, no colo da pessoa que provavelmente foi seu porto seguro por tanto tempo. Ele se ajeitou, envolvendo a namorada, e enquanto ela estava deitada sobre seu peitoral, passou a brincar com os fios levemente enrolados dela.

— Tae...

— Hm? — ele continuou enrolando o dedo nos cabelos da Kim.

Sohye levou um tempinho para responder, e acabou desistindo da primeira coisa que lhe veio a mente. Agradeceu pelo quarto estar apenas na penumbra, porque sentiu as bochechas esquentarem. Ela suspirou, sentindo o coração bater um pouquinho mais rápido.

— Dorme bem — falou baixinho.

Taehyung, por sua vez, sorriu, percebendo que não era bem aquilo que ela iria falar.

— Dorme bem, também, Soso — ele deixou um beijinho nos cabelos dela.

Tanto Sohye, quanto Taehyung, já tinham entendido o que estavam sentindo um pelo outro.

Por fim, nem sempre precisam ser ditas aquelas três palavrinhas.


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Ai, é lindo ver que meu primeiro post de 2021 foi a Learning, também responsável pela minha volta à plataforma em 2020 ♥

Demorei um pouquinho, não é? Acho que nunca demorei tanto a atualizar aqui :( ,mas é que minha vida virou de ponta cabeça. Toda vez que eu achava que as coisas estavam se acalmando, acontecia outra e eu ficava mais perdida ainda. Fica aqui minhas desculpas pelo sumiço, mas espero que entendam.

O próximo capítulo já está sendo escrito, e espero conseguir o postar essa próxima semana ainda. Quero e preciso me dedicar mais a história da Soso e do Taetae.

Sobre os próximos capítulos, o que posso adiantar é que história está se aproximando de uma possível reviravolta (?). Vai acontecer MUITA coisa ainda, várias questões virão a tona e tia Sohye vai precisar ser mais forte do que ela têm sido.

O motivo da escolha do nome da nossa história vai ter um peso maior ainda.

Mudando um pouquinho de assunto, fica aqui meu convite para vocês darem uma passadinha na minha última história aqui no Wattpad. Dessa vez com o melhor líder que o nosso fandom poderia ter, dono de uma mente brilhante e de covinhas apaixonantes.

Tokyo é uma história que eu considero romântica, mas também realista. E acho que é justamente isso que faz eu amar no que ela resultou. Espero que vocês gostem também!


Fiquem bem, viu?

Abraços coloridos,

Polly ♥

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