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13. I need someone just like you, love me true

"Eu preciso de alguém como você, me ame de verdade"

- Adam Levine (No One Else Like You)

n/a: passei aqui rapidinho para sugerir vocês a darem play no vídeo do começo do capítulo assim que virem um ♥ aí na história e quando ela terminar coloquem I just called to say I love you, é do Stevie Wonder, mas procurem pelo cover da Bailey Pelkman e do Randy Rektor, faz toda diferença ouvi-las, eu juro! haha

espero que gostem de ler tanto quanto eu amei escrever esse trechinho da Learning, ele ta só amor

encham isso aqui de comentários porque eu amo, amo, amo muito mesmo ler todos eles. (Sério eu leio todos e sofro de amores por vocês vivendo essa história junto comigo!).

boa leitura!

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sábado, 8h35min

Quando Seokjin passou do portão de casa segurando o assento infantil pelas mãos, com a filha e a irmã ao lado, eles caminharam até o carro de Jungkook do outro lado da rua. O céu estava em um puro azul celeste, e o sol até estava lá com ele, mas o vento fresco e as nuvens que surgiam no horizonte pareciam confirmar as informações da previsão do tempo de que no começo da noite choveria. Sohye só torcia para que aquilo não estragasse seja lá o que fosse que Taehyung estivesse planejando para eles dois naquela tarde. Ela não iria dar o braço a torcer dizendo que tinha pensado naquilo durante o resto da semana, mas sabia bem que tinha dedicado boa parte dos últimos dias pensando nas possibilidades.

— E aí, Daeho, empolgado para a aula de dança? Yuna não parou de falar desde que acordou — Jin questionou o garotinho já dentro do carro, prendendo o assento no banco ao lado do dele. Ninguém precisava proferir uma palavra para saber que a camisa do Jake, de Hora de Aventura, havia sido escolha de seu irmão mais velho, vulgo Jungkook.

— Aham — ele assentiu uma vez, sacudindo as perninhas —, mas eu acho que o Kookie 'tá mais empolgado que eu. Ele passou perfume e até penteou o cabelo. — o garotinho entregou o irmão mais velho de bandeja para os irmãos Kim. Do espelho retrovisor deu para ver a careta que o mais velho dos Jeon fez no banco de motorista. Sohye que já estava sentando no banco de passageiro ao lado dele, não perdeu tempo em bagunçar o cabelo do melhor amigo e ele empurrou a mão dela tentando ajeitar de novo.

— Até ontem eu estava trocando as suas fraldas e hoje você já está um homenzinho apaixonado, Kookie? — Jin perguntou enquanto colocava a menina, vestida com saia tutu azul marinho com blusinha listrada, sentada no assento infantil. Jungkook o olhou com uma careta no rosto, morrendo de vergonha e Jin, que fingiu não perceber, fechou o cinto de segurança ao redor de Yuna. As crianças estouraram em gargalhadas no banco de trás e o mais velho dali sacudiu o cabelo dos dois, fechando a porta depois.

— O Kookie 'tá namorando! 'Tá namorando! — Daeho gritou sacudindo as pernas e apontando para o irmão. A menina de maria chiquinhas bateu palminhas ainda rindo.

— É por isso que eu não tenho moral com esses dois — Jungkook resmungou e Sohye riu do amigo, acompanhando as crianças. Jin foi até a janela ao lado da irmã e a entregou um guarda-chuva. Ela sorriu agradecendo e colocou o objeto no espaço ao lado das pernas.

— Não vão trocar saliva com os namoradinhos e esquecer desses dois bichinhos do mato. Se eles quebrarem alguma coisa lá, vocês que vão pagar — o Kim mais velho sussurrou aos dois no banco da frente. Jungkook assentiu dando razão ao hyung, a feição de quem em momento nenhum tivesse pensado naquela possibilidade e Sohye revirou os olhos ajeitando a mochila azul claro no colo. Seu irmão era tão bobo com aquelas coisas, mas ela não podia negar que aquilo tinha mudado o botãozinho dela de off para on, pensando na possibilidade de algum dia beijar Kim Taehyung.


Não demoraram muito a chegar no estúdio em que as crianças teriam aula, e apesar de Jimin e Hoseok chamarem de galpão — talvez aquilo fosse algum termo no linguajar de quem estudava dança, vai saber —, o lugar ficava em um prédio um pouco antes do centro da cidade. Pelo o que Jungkook e Sohye conseguiram com os papéis que a recepcionista os entregou, haviam várias atividades, desde as aulas de dança até aulas de teatro.

Eles passaram pela recepção depois de dizer que Jung e Park os esperavam, e a moça confirmou o número da sala em que estavam. Pegaram o elevador até o andar que os amigos os esperavam com Yuna e Daeho fazendo caretas para eles mesmos no espelho enquanto Jungkook ajeitava o cabelo e Sohye encarava o próprio reflexo se perguntando se short, camiseta e all star se encaixava no conceito confortável que Taehyung pediu que ela usasse naquele dia. Um sorriso lhe escapou, pensando no que o menino estava tramando.

Quando chegaram no andar, Jungkook até tentou ajeitar a roupa do irmão e colocar o boné para frente, mas o menino colocou ele de novo para trás, o que fez o mais velho murmurar que o dia mal tinha começado e ele já estava cansado. Yuna, por sua vez, tirou a mochilinha com o rosto e orelhinhas do Panda das costas e largou nos pés de Sohye que foi obrigada a se abaixar para pegar caso não quisesse largar a bolsa no meio do corredor. Os dois amigos, ou babás dos dois pestinhas como quiser chamar, suspiraram em uníssono desistindo de ajeitar qualquer coisa naqueles dois.

Eles observavam as duas crianças correrem até o final do corredor e retornarem pelo mesmo caminho quando viram uma das portas se abrir. De onde Sohye e Jungkook estavam, eles viram Jimin parado do outro lado da porta com um sorriso que demonstrava que ele realmente estava empolgado para aquele encontro. Daeho foi o primeiro a lhe dar um tchauzinho sorrindo e Yuna deu pulinhos empolgada porque mal podia esperar. Ele deu espaço para as crianças entrarem na sala e observou Jungkook e Sohye caminharem até ele.

— Dá para ouvir eles correndo lá de dentro — Jimin comentou como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo. Os dois amigos sorriram, mais de nervoso do que outra coisa, e acompanharam o rapaz para dentro do ambiente também. Da porta viram Hoseok sentado de forma descontraída no chão mexendo em algo no celular e Taehyung estirado no chão parecendo dormir. Das três uma: ou Jimin tinha o acordado e obrigado a ir junto; ou ele tinha ido por escolha própria porque Yuna havia o pedido; ou talvez para a esperar para saírem depois.

— Taehyung! — o grito da criança de tutu ecoou pelo ambiente e o Kim acabou se assustando quando as duas criaturinhas correram até ele e, antes que pudesse se levantar totalmente, a sobrinha de Sohye já tinha se jogado em cima do rapaz que caiu novamente no chão e fez careta possivelmente de dor. Daeho parou ao lado dos dois rindo e Hoseok parou de olhar o celular e o acompanhou, também rindo da cena. Sohye sorriu sem graça, sem saber se cumprimentava Jimin e Hoseok ou se ia socorrer Taehyung daquela criaturinha com pouco mais de um metro.

— Boa sorte — Jungkook sussurrou para Jimin, que sorriu, demonstrando que a empolgação dele era maior que o medo de quebrar um dente tentando controlar os dois pestinhas. Taehyung, depois de conseguir se sentar e colocar Yuna de pé ao seu lado, observou Hoseok se levantar e chamar as crianças para perto de onde eles estavam. Sohye e Jungkook foram para perto do Kim, se sentando no chão junto com ele e ela lhe perguntou se estava tudo bem, se permitindo fazer um carinho discreto em suas costas.

— Vocês estão animados para a nossa primeira aula? — as crianças assentiram repetidas vezes, demonstrando entusiasmo. Hoseok fez uma cara fofa os encarando, querendo apertar as bochechas dos dois até não aguentar mais. Ele ainda achava que Yoongi estava exagerando em relação as crianças.

Estamos capitão — Taehyung sussurrou fazendo referência ao Bob Esponja enquanto abraçava os joelhos e Sohye e Jungkook riram.

— Eu sou o tio Hobi e aquele mais baixinho ali é o tio Jimin — Jimin que sorria mudou a expressão para sério, o que fez as crianças acharem graça. Os dois não deveriam nem bater na cintura do garoto e estavam rindo dele ser chamado de baixinho. Crianças.

— Ah, você é o tio Jimin — Daeho repetiu parecendo analisar alguma coisa—, ele que é o rush do Kookie. Saya que disse — falou se virando para Yuna que concordou parecendo compreender. Jungkook gelou de onde estava porque do que ele entendia do idioma "daehonês" ele logo chegou a conclusão que a palavra esquisita do irmão na verdade era para ser "crush". Hoseok e Jimin pareceram não entender o que as crianças falaram, diferente de Sohye e Taehyung que riram pelo desespero de Jungkook tampando o rosto envergonhado ao lado deles.

— Claro que ele é o tio Jimin, você esqueceu que a gente falou com eles aquele dia no celular? — Daeho fez uma carinha de quem se lembrou e assentiu.

— É, eu sabia, mas eu me esqueci — Yuna assentiu de volta. Às vezes os dois falavam de um jeitinho todo diferente que só eles conseguiam acompanhar. Tanto Hoseok quanto Jimin eram novos naquilo então resolveram deixar para lá ao invés de tentar decifrar. Afinal, rush não devia ser assim algo tão ruim, não é?

— Então, você é Daeho e você é Yuna, certo? — Jimin perguntou se aproximando e eles concordaram — Fiquei sabendo que vocês sabem um monte de coreografias de kpop, vocês querem nos mostrar antes de nós ensinarmos outras que nós sabemos para vocês? — os dois pararam de se mexer e se encararam. Sohye observou de longe vendo que possivelmente aquilo era uma dose de vergonha e insegurança que estava chegando. Normal naquela fase da infância na maioria das crianças.

— Kookie, por que você não faz com eles, já que vocês sempre ensaiam juntos? — falou. Jimin e Hoseok que estavam quase em desespero sem saber o que fazer devido a carinha deles encararam o menino esperando uma resposta. Com aquela ideia, Sohye resolveria os dois problemas, já que deixaria as crianças mais confortáveis para dançar e faria o amigo socializar com Jimin. Coisa que Jungkook não tinha feito até o momento.

— Eu o que? — Jungkook olhou para amiga indignado, mas desistindo de negar quando viu que o irmão e a menininha os olhava com expectativa — Ok... — concluiu e se levantou, não querendo decepcionar as crianças — Quais vocês querem mostrar para os hyungs? — perguntou se aproximando dos dois. Eles o olharam felizes de Kookie ter aceitado a ideia de Sohye.

— Mamamoo! — as crianças gritaram juntas fazendo os adultos rirem.


Enquanto Jungkook falava o nome da música para Hoseok, e Jimin ensinava as crianças que era de extrema importância eles se alongarem antes sempre que fossem fazer qualquer tipo de atividade física, Sohye e Taehyung que continuaram sentados no chão, apenas se arrastaram até ficarem mais próximos de uma das paredes brancas que não era tomada por espelhos. Sohye observou o sorriso bonito e de bochechas cheinhas que insistia em aparecer no rosto de Taehyung porque ele achava graça dos amigos atrapalhados com as duas crianças, e o pensamento da menina vagou até o comentário que o irmão havia feito mais cedo.

Taehyung sempre tinha aquela aura leve em torno dele independente da ocasião e que fazia Sohye sempre querer ficar por perto, mas ali sentado descontraidamente no piso de madeira com todo seu jeitinho único e desengonçado e com os cabelos espalhados parecendo sempre que tinha acabado de acordar, ela queria ficar mais perto do que já estava ou do que jamais esteve.

A menina quis se aproximar, sentar pertinho dele, passar os braços ao redor de sua cintura e o abraçar. Talvez encostar a cabeça em seu ombro e sentir o cheirinho de amêndoas e canela entrar por suas narinas mais forte do que ela já sentiu por causa da distância nunca quebrada entre eles. Ela se viu tão desesperada pelo toque da pele de Taehyung na sua, que só segurar sua mão outra vez talvez fosse o suficiente. Mas Sohye sabia que não teria coragem de mover um músculo sequer com os amigos e as crianças ali podendo os flagrar a qualquer momento.

E o que Sohye tinha de sonhadora, Taehyung tinha de observador. E quem gosta de observar, costuma saber quando está sendo observado. Taehyung, graças ao espelho na parede contrária, sabia que a menina de cabelos curtinhos tinha os olhos presos nele por um bom tempo. Ele sentiu o coração bater na garganta, porque ficava sem graça de saber que pelo tempo que ela o olhava, deveriam ter milhares de coisas passando por sua mente. Coisas sobre ele.

Taehyung quis saber no que Sohye pensava quando o fitava daquela forma. Quis se virar para a observar de volta, mas sabia que se assim o fizesse, ela iria desviar o olhar e ele perderia a chance de tentar adivinhar o que se passava na mente da menina enquanto ela o encarava daquele jeitinho.


A música reverberou no ambiente saindo das saídas de som no teto e os dois passaram a observar os cinco se posicionarem lado a lado diante do espelho, com Daeho e Yuna na frente e os três adultos mais para trás eles começaram a coreografia de Um Oh Ah Yeh — provavelmente pela 30ª só naquela semana.

Ela sabia que Jimin e Hoseok gostavam das batidas do ritmo, mas não sabia se eles sabiam a coreografia por gosto pessoal ou porque como professores procuravam saber um pouco de tudo. O melhor amigo e as crianças tinham aprendido apenas observando o clipe oficial do grupo e fizeram Sohye morrer de orgulho, como uma mãe que quer mostrar para todo mundo que os filhos aprenderam direitinho alguma coisa nova.

Aqueles dois serzinhos que ela tinha ensinado a ficar de pé e andar, estavam agora abrindo os bracinhos e os movimentando para várias direções com os dedinhos formando um "ok". Aquele passo que ela mesma sempre se confundia quando tentava repetir a coreografia junto com eles.

E faziam junto com dois professores de dança que eram conhecidos por fazerem muito bem a arte que estudavam e praticavam. Os dois não tinham ideia do tamanho da oportunidade que estavam tendo de ter aulas com Jimin e Hoseok, mas Sohye acreditava que os sortudos na verdade eram eles dois de terem a chance de também conhecer Yuna e Daeho.


12h25min

— Avisei a Sunhee unnie que você vai deixar a Yuna na casa dela — Sohye avisou a Jungkook, com os braços apoiados na janela do carro e o amigo concordou sem olhar diretamente para ela, mais preocupado em dividir o olhar entre o retrovisor interno para ajeitar o cabelo e o loiro dançarino do lado de fora — Jeon Jungkook, olha pra mim — ela o segurou pelas bochechas com apenas uma das mãos, o que fez os dois dentes da frente do menino ficarem para fora da boca —, você está dirigindo e tem duas crianças no banco de trás. Não é para ficar olhando para cara do Park, entendeu? — sussurrou, comentando sobre a carona que ele tinha oferecido a Hoseok e Jimin.

— Tá, tá — tirou a mão de Sohye de seu rosto — E você promete que vai aproveitar esse tempo para namorar um pouco e esquecer as coisas que segundo minha mãe "só servem para dar ruga e cabelo branco"? — Sohye riu da falha tentativa de Kookie de fazer uma carinha fofa. A menina se virou instintivamente e olhou para Taehyung parado um pouco mais longe de onde estavam, conversando alguma coisa com Jimin e Hoseok.

— Você vai namorar com quem, tia Sohye? — ela ouviu Yuna perguntar do banco de trás antes que pudesse responder qualquer coisa a Jungkook.

— Meu Deus, 'ta todo mundo namorando nessa família? — Daeho comentou chegando em sua própria conclusão. Jungkook e Sohye acharam fofo como ele se referiu aos Kim e aos Jeon como um núcleo familiar só — Eca! — Yuna e o menino falaram juntos, fazendo careta. Jungkook e Sohye se encararam, ela rindo porque os dois juntos eram idênticos a ela e Jungkook naquela idade e ele preocupado de levar aquelas crianças fofoqueiras no mesmo carro que o garoto que gostava a tanto tempo e só agora tinha conseguido se aproximar.

— Aqui, encham a boca de vocês com esses salgadinhos que a Gaeul esqueceu aqui — Jungkook mexeu no porta luvas do carro e tirou os pacotes espremidos e amassados ali de dentro. Se virou segurando a embalagem dos cubinhos cheios de química e os entregou às crianças que fizeram barulhinhos esquisitos de felicidade. — Calma, não é para abrir agora! — Jungkook pediu, mas o cheiro de chulé já tinha se espalhado pelo carro.

— Não era para dar essas porcarias para eles, depois não vão querer almoçar — Sohye choramingou, fazendo cara de dor imaginando o sacrifício que seria os fazer comer alguma comida saudável depois de comer aqueles negócios.

— Se eles passarem metade do caminho comendo, já vai diminuir 60% das bobeiras que vão falar — Kookie se justificou e Sohye entendeu o desespero dele. Ela conhecia aquelas duas criaturinhas muito bem e nem conseguia imaginar no que aquilo iria dar. Hoseok adentrou na parte de trás do carro se sentando ao lado de Yuna e ao se juntar aos dois foi recebido com gritinhos animados que fizeram o menino sorrir.

— Tio Hobi, você vai com a gente aqui atrás? — Yuna perguntou enquanto ele ajeitava o cinto ao redor do corpo.

— Claro que sim, aqui é muito mais divertido — Hoseok comentou e Daeho assentiu concordando. Ele também achava que ir com eles era mais divertido do que com Jungkook no banco da frente.

— Cadê a educação de vocês? — Jungkook perguntou e as crianças entendendo, ofereceram o biscoito fedorento a Hoseok, que pegou um de cada. Jimin entrou no carro também e enquanto ele colocava o cinto, Sohye pode sentir o amigo paralisar a sua frente e chegou a conclusão que talvez não fosse uma boa ideia ele ser o motorista daquela vez.

— Não sabia que dançava tão bem, Jk — Jimin falou sorrindo e ajeitou o cabelo. Kookie sorriu sem graça com o comentário e com o movimento que ele particularmente adorava observar o Park fazer. Sohye se perguntou se seria muito esquisito perguntar a Hoseok se ele não queria dirigir no lugar de Jungkook.

— Viu tio Hobi, ali na frente é o lugar de quem fica namorando — Daeho falou de onde estava, lambendo os dedos laranjas, como se não fosse nada demais. Aquilo deixou o irmão mais velho completamente vermelho enquanto encarava o lado de fora da janela, diferente de Jimin que o encarou sorrindo e com as sobrancelhas arqueadas como quem perguntava se ele concordava com o que o garotinho havia dito — A gente é bem mais legal, né Yuyu? — Daeho continuou e a menina assentiu uma vez.

Logo ela completou que eles eram mais legais porque falavam de desenhos e cantavam musiquinhas animadas, diferente de Kookie que ouvia música que mesmo sem entender nada, dava vontade de chorar. Hoseok riu vendo que aqueles dois pestinhas falavam o que vinham a mente e sem muito rodeios, entendendendo o que Sohye e Jungkook eram obrigados a lidar todos os dias. Sohye percebeu Taehyung parando ao seu lado, colocando um dos braços sobre seus ombros e sorriu para ele ao mesmo tempo que o abraçou de lado pela cintura.

— Ai meu Deus, é o Taehyung? — Yuna gritou empolgada, se respondendo sozinha a pergunta que tinha feito minutos antes.

— Eu o que? — ele perguntou a Sohye, que apenas negou com o rosto pedindo para que ele deixasse o comentário para lá.

— Bom passeio — Jungkook sussurrou aos dois que agradeceram com um movimento de cabeça. De passar vergonha por causa das crianças, bastava ele.

— Kookie você pode colocar música? — Daeho pediu do banco de trás.

— Qual você quer? — o irmão perguntou, conectando o celular no som do carro e Jimin achou a cena muito fofa. Poxa, ele não aguentava mais se apaixonar por Jeon Jungkook.

— Tio Hobi, você conhece baby shark? — o menininho perguntou sendo interrompido no mesmo momento pelos protestos do irmão, dizendo que colocava tudo menos aquela. Ela ouviu Yuna retrucar de volta dizendo que também queria ouvir e que dois era maior que um, então ele tinha perdido. Sohye riu e se afastou junto com Taehyung, observando o amigo sair com o carro enquanto negava com o rosto. Ela sentiu pena dos três que iriam ouvir aquela musiquinha por no mínimo vários minutos porque se conhecia o amigo, com toda certeza Jungkook acabaria cedendo aos pedidos do irmão e com mais certeza ainda as crianças iriam colocar na versão remix de 1 hora.

— O que a gente vai fazer? — Sohye perguntou e depois o observou tirar a mochila de suas costas, abri-la e tirar um potinho entregando a Sohye. A menina tirou a tampa sem entender e viu que ali tinham vários sanduíches cortados em quadradinhos.

— Primeiro a gente vai achar um lugar para sentar e comer, e depois eu vou te levar em um lugar. Dá para ir andando porque é aqui perto — ela concordou e eles foram até uma mesinha de concreto que havia ali na frente do prédio. Taehyung tirou mais algumas coisas da mochila e colocou sobre a mesa.

Sohye se sentiu meio culpada do menino ter preparado aquilo tudo sozinho. Se ele tivesse avisado, teria conseguido alguma coisa na cafeteria do irmão, porque se ela mesma fosse fazer não sairia com um gosto lá muito agradável. Ela provou um dos quadradinhos e encarou o rapaz com uma sobrancelha arqueada, ele por sua vez fez uma cara engraçada enquanto também mordia um.

— Devo desconfiar ter a mão da minha avó nessa comida? — perguntou, porque o tempero da avó tinha um gosto especial e ela reconheceria em qualquer lugar do mundo. Ele deu de ombros rindo e com os olhos na melhor definição de eye smile que se poderia imaginar.

— Ela disse que você não tem se alimentado direito — Sohye mudou a expressão para meio chateada porque não via necessidade da avó contar aquilo para Taehyung. O fato de estar preocupada com as coisas da faculdade e do estágio sempre a faziam perder o apetite. Ela já era grandinha o suficiente para saber se cuidar, sem precisar que a família pedisse para que outra pessoa falasse alguma coisa. Sentiu a falta de vontade chegar novamente e fez menção de largar o sanduíche sobre o papel toalha, como uma criança birrenta — Ei, se não comer não te levo a lugar nenhum — Taehyung tentou parecer sério e assumir o papel de responsável que normalmente vinha de Sohye.

— Isso é sério? — ela perguntou, sem acreditar muito no garoto a sua frente. Ele assentiu.

— Uhum — colocou uma garrafinha de suco de laranja na frente dela —, o suco fui eu quem fiz, minha especialidade. — falou jogando o cabelo para trás, como quem estivesse se exibindo e ela riu — Eu sei que sua semana não foi fácil, mas come só um pouquinho, por favor? — Taehyung pediu fazendo cara de cachorro que caiu da mudança. Sohye aceitou que realmente não vinha se alimentando bem e pelo menos já que não queria desmaiar na frente do Kim, decidiu dar mais uma mordida no pão.


13h30min

Quando Taehyung parou em frente a uma casinha estilo colonial com grades brancas ao redor, Sohye ficou confusa. Não só por aquele tipo de construção não ser tão comum na Coreia, mas porque acima da porta da frente havia uma placa escrita "Mi-au-au" e ela não sabia que bulhufas era aquilo. Taehyung, que já tinha sido avistado pela senhorinha na varanda da frente, caminhou até o portão a levando pela mão. A mulher de cabelos branquinhos do outro lado o abriu e os dois entraram.

— O restante do pessoal já chegou tem um tempo, estão lá atrás. — Taehyung assentiu e tirou da mochila alguns pacotinhos do que Sohye percebeu serem petiscos de cachorro — Você deve ser Kim Sohye, não é? — a menina assentiu, voltando a atenção para a senhora que segurou os pacotinhos entregues por Taehyung. Sohye continuava ainda sem entender o que estava acontecendo — Prazer, eu sou Park Mina — sorriu fofa e ao fazer aquilo, Sohye a reconheceu como a senhorinha do elevador, do dia em que ela e os amigos foram a casa de Taehyung e Jimin. Se sentiu um pouquinho envergonhada ao lembrar da cena —, eu vou precisar te explicar algumas coisas, 'tá bom? Vamos lá? — Sohye olhou para Taehyung pedindo alguma introdução do que estava acontecendo e ele somente mexeu a cabeça como quem dizia que ela podia ir que estava tudo bem — O Taehyung vem aqui sempre, ele já sabe o que fazer — ela sorriu pela vigésima vez em menos de 5 minutos e segurou Sohye pela mão a levando para dentro da casa.

O lugar não tinha nenhum indício de ser alguma coisa perigosa, pelo contrário, a decoração era bem colorida e empolgante para que Sohye sequer ficasse apreensiva. A menina observou as fotos de cachorrinhos e gatinhos pelas paredes, assim como os quadros com frases do tipo "Nossos anjos não tem asas, tem pelos" e "Keep Calm and Love Dogs and Cats". Acompanhou a senhorinha que passou por uma espécie de recepção e foram até uma salinha, onde ela colocou os pacotinhos entregues por Taehyung junto a outros parecidos.

Depois que as duas lavaram as mãos, Sra. Park começou uma série de explicações sobre os animais serem separados pelas cores das fitas amarradas em sua coleiras. Haviam os que eram calminhos e podiam passear perto de outros e os que eram mais solitários e gostavam de aproveitar a própria companhia. Elas continuaram a tour e foram para o que Sohye entendeu ser os fundos do terreno.

E então ela se viu em êxtase com o que tinha ali: o lugar parecia ser muito maior do que Sohye poderia imaginar! Tinha o chão todo coberto por uma grama verdinha e brinquedos coloridos estavam espalhados por ela. Haviam várias pessoas, cada uma segurando um cachorrinho por uma guia e todo mundo parecia muito feliz ali, independente de ser humano ou animal. Era quase que um jardim de infância, só que para animais.

— Nós abrimos todo o segundo sábado do mês para os voluntários virem passear e brincar com eles — Mina explicou a Sohye enquanto elas saiam da área coberta para a grama —, depois daquele portão ficam os gatinhos, a visita deles acontece no terceiro sábado e a entrada é na outra rua, — ela apontou para um portão em um muro na lateral — muitas pessoas gostam de bichinhos, mas não tem condições de criar um. Seja porque não tem tempo ou não tem espaço. Aqui eles têm a chance de dar carinho aos que ainda não têm donos e em troca recebem um amor imensurável por parte dos nossos peludinhos — ela apontou para o outro lado e Sohye viu Taehyung, agachado a frente de um cachorrinho preto e branco que mordia uma bolinha, com uma câmera apontada para ele — Cada um ajuda como pode, o Taehyung faz as fotografias para colocar no site de adoção. — Sohye concordou ainda meio perdida, mas também sorrindo boba, principalmente pela nova informação sobre o menino. Ela teve vontade de correr até ele, o abraçar e não soltar tão cedo. Se existia anjo na terra, ela agora sabia que Kim Taehyung era um deles.


15h34min

Sohye já tinha passeado com dois cãezinhos e por alguns minutos até se esqueceu que tinha vida fora dali. Já tinha brincado, rolado no chão com um dos peludinhos, dado petiscos, tirado cocô com a sacolinha e tinha sido babada um monte por eles. Nem se lembrava dos problemas que tinha enfrentado naquela semana e parecia que nenhum deles importava agora.

Quando os outros funcionários informaram um intervalo de 15 minutos para fazer a troca para outro grupo de cachorrinhos, ela se sentou em uma das calçadas dali, mais afastada do restante dos outros voluntários.

Cansada e suada, enquanto esperava, se perdeu um pouco em pensamentos. Poucos minutos depois Taehyung apareceu e se sentou ao seu lado, lhe entregando uma garrafinha de água. Ela agradeceu e tomou um pouco, devolvendo para ele depois.

— Está pensando no que? — o garoto perguntou ajeitando o cabelo dela atrás da orelha.

— Se consigo convencer meu irmão a me deixar ter um cachorrinho — o respondeu e apoiou o queixo nos joelhos depois. Eles sempre tiveram bichinhos de estimação quando crianças, mas depois que Sohye foi morar com ele mais perto do centro da cidade, nunca mais eles cogitaram ou conversaram sobre isso. Ver aqueles animaizinhos tinha despertado novamente o amor que a menina sentia por criaturinhas indefesas de 4 patas. Taehyung sorriu feliz por ver que tinha conseguido fazer Sohye se esquecer um pouco do trabalho e da faculdade e de todos os problemas que pareciam vir de brinde com eles — Por que me trouxe aqui? — ela perguntou curiosa, enquanto o olhava, a cabeça ainda apoiada nas pernas.

— Por vários motivos — ele começou —, porque eu sempre venho, porque eu sabia que você não estava bem e achei que poderia te ajudar e porque Jungkook disse que você adora cachorrinhos. — ela sorriu porque achou fofo o semblante dele ao dizer aquilo, mas também por estar feliz por ele ter se importado.

Os dois ficaram um tempinho em silêncio apenas observando o pátio e as outras pessoas, também sentadas, aproveitando os minutos de intervalo para descansar. Em breve aquele silêncio seria trocado por latidos de criaturinhas fofas e que gostavam de abanar o rabinho quando estavam felizes.

Sohye virou o rosto novamente para olhar para o menino e dessa vez ela não se importou se ele veria ou não. Já estava cansada de tentar disfarçar toda vez e sabia que se continuassem daquele jeito, talvez eles não saíssem nunca daquele ponto. O garoto a olhou de volta, com aquela mesma sensação de que precisava fazer algo para iniciar um novo parágrafo entre eles. Ela direcionou o olhar aos lábios dele, por mais tempo do poderia ser considerado sem querer. Taehyung tinha entendido o recado e sorriu discreto, o cantinho da boca levantando um pouquinho.

Com os raios de sol que insistiam em iluminar o rosto de Sohye, Taehyung ao olhar suas sardas e seus olhos que pareciam ansiosos, chegou a conclusão que aquela garota era sem sombras de dúvidas a mais bonita que ele já tinha conhecido. Ele aproximou mais um pouquinho o rosto do dela, ao ponto de dar para sentirem um a respiração do outro. Sohye por outro lado, além de se ver completamente encantada por seu olhar e pelo jeitinho que o cabelo dele caia um pouquinho em cima dos olhos, também se viu apaixonada pelo ser humano que ele se mostrava a cada dia que eles passavam juntos.

Ele voltou a colocar os fiozinhos teimosos de Sohye atrás da orelha e encarou seus olhos, tentando entender o que se passava dentro daquela cabecinha que parecia nunca parar. O coração da menina palpitava tão forte, que Sohye achou que fosse desmaiar a qualquer instante. Ela deixou escapar um sorriso, um pouco envergonhada de estar prestes a beijar o Kim correndo o risco de serem vistos por um monte de desconhecidos já que não estavam sozinhos.

Sohye já tinha aceitado que não havia mais como lutar contra aquilo e decidiu se deixar levar pelo coração. Mesmo que ela se ferrasse feio lá na frente, ela só queria se permitir aquele momento.

Antes mesmo que qualquer um dos dois conseguisse encostar os lábios nos do outro, Sohye viu o corpo de Taehyung ser empurrado para trás e depois do susto, ela colocou as mãos na frente da boca rindo ao ver a cachorrinha de pelagem amarelada, e que de inha não tinha nada, em cima dele o cheirando e fazendo festa. Uma das voluntárias chegou correndo, extremamente envergonhada, pedindo desculpas e ajudando a tirar ela de cima de Taehyung que se sentou meio tonto e todo babado.

— Desculpa, gente — ela falou depois de conseguir acalmá-la com uma bolinha —, essa é a Pati, ela fugiu antes de eu conseguir prender a guia... ah, oi Taehyung — ela sorriu ao menino depois de o reconhecer. Ele sorriu de volta endireitando os óculos. Sohye não sabia se ria ou se ficava irritada com aquela interrupção. Não era possível!

— Pode deixar ela com a gente — Taehyung falou e a menina concordou e entregou um copinho com petisco a Sohye que agradeceu. Ele afagou a cabeça amarela da cachorrinha e ela se deitou de barriga para cima, pedindo mais. — Acho que ela dispensa apresentações, né? — Sohye concordou rindo e achando lindo como aquela criaturinha parecia amar Taehyung. Aliás, quem não o amava? Ela mesma estava há segundos antes com o coração quase saindo para fora do peito só de imaginar que eles iriam se beijar. Agora Sohye não tinha dúvidas de que ela era mais uma das pessoas que não resistiam a singularidade daquele Kim.

— Ela foi mais rápida que eu — Sohye resmungou e Taehyung sorriu um pouco envergonhado, principalmente porque já tinha um tempinho que queria a beijar, e agora ter certeza de que ela também pensava naquilo o fez ter mais vontade ainda. Jimin o chamaria de bobão apaixonado se ele contasse isso, mas se bobear a situação dele com o Jeon deveria ser pior ainda. A cachorrinha se levantou e foi até a menina, tentando pegar o copinho com petisco. Taehyung falou o comando "senta" e ela demorou um pouco, mas obedeceu. Mesmo que tenha continuado a sacudir o rabo — O nome dela vem de party? — Taehyung assentiu e Sohye achou que ela não poderia ter nome melhor. Ela fez carinho atrás da orelha da peludinha e quando parou, a cachorrinha deitou a cabeça no colo de Sohye, se enfiando embaixo da mão dela — Oh meu Deus, por que você é tão fofa assim? — ela voltou a acariciá-la — Por que ela está aqui? — Sohye questionou Taehyung se arrependendo um pouquinho depois de perguntar, devido a cara que ele fez.

— O abrigo recebeu um pedido de resgate e quando chegaram lá um dos moradores disse que umas pessoas tinham a colocado para fora de um carro e foram embora — Sohye não conseguiu controlar a expressão de triste e Taehyung concordou —, a segunda família teve um bebê e como pararam de dar atenção para a Pati, ela ficou mais inquieta do que já era, aí eles trouxeram ela de novo para cá. A terceira devolveu porque ela destruiu umas almofadas e correu demais dentro de casa. — o garoto suspirou — Todo bichinho precisa de atenção, mas a Pati é mais agitada que o comum e precisa do dobro.

— Será que você cabe na minha mochila, Pati? — a menina perguntou a cachorrinha que a olhou parecendo entender — Mas você tem que me prometer ficar quietinha e não latir para o Jin não ouvir, ok? — ela completou levando o indicador a frente da boca enquanto falava. Aquilo fez Taehyung sorrir. Sohye voltou a fazer carinho na cabeça dela.

— Eu sou apaixonado nela, mas infelizmente lá no prédio é proibido cachorros de médio ou grande porte — Taehyung fez uma carinha triste, se fosse por ele, já tinha levado Pati para casa há muito tempo — Sei que ela também não ia se sentir nada bem de perder todo esse espaço aqui para ficar em um cubículo do tamanho que é a minha casa. — ele suspirou se juntando a outra fazendo carinho também.

— Entendi... — Sohye falou baixinho, encarando a cachorrinha em seu colo.

— O que foi? — Taehyung segurou uma das mãos de Sohye percebendo que ela estava meio tristinha. Fez carinho no espaço entre o polegar e o indicador e ela o encarou.

— Me dói pensar que já levaram e trouxeram ela para cá tantas vezes, e nem por isso ela deixa de ser esse amorzinho — Taehyung concordava com ela — Obrigada, tá? — ela falou agora sorrindo, enquanto ajeitava o cabelo do garoto, ainda bagunçado. Poxa, ela só queria um beijo dele, isso era pedir demais?

Pati se mexeu em seu colo, se levantando, e deixando claro que já tinha ficado tempo demais parada. Ela se levantou também e acabou sendo puxada pela cachorrinha para o meio do gramado. De onde estava, Taehyung pegou a câmera pendurada no pescoço e enquadrou Sohye feliz segurando uma bolinha enquanto Pati ficava em pé tentando a pegar.

Ele não conseguia mais se imaginar longe daquela garota.


18h45min

Taehyung e Sohye acenaram para os poucos voluntários que ainda estavam no abrigo e saíram em direção a rua. Sohye estava suada, com fome, com cheiro de terra e de baba de cachorro, mas não se lembrava de algum outro momento em que esteve tão feliz. Ela andava de mãos dadas com Taehyung e sorria pensando se o garoto ao seu lado era real ou algum personagem de uma das histórias dos livros que leu.

Taehyung lhe falava sobre como gostava de ir ver bichinhos e que às vezes até ia em mais dias do que ele tinha se disponibilizado para poder ajudar. Tinha falado também de como tinha decidido se tornar vegetariano depois que encontrou um passarinho na rua e o levou para casa para cuidar até que ele estivesse melhor e pudesse voar novamente. Nada como os comentários de que ele estava metido porque estava morando na "cidade" como seu pai insistia em falar.

Depois de ouvi-lo, Sohye percebeu que ainda assim sabia tão poucas coisas sobre o Kim. Pelo menos ele sabia muito mais sobre Sohye do que ela conhecia dele.

Se dependesse da garota, ela teria o resto da vida para conhecer todas as histórias que ele tinha para contar e até estava disposta a não brigar com a avó e o irmão caso eles quisessem falar dos micos que Sohye já tinha cometido durante a vida dela.

Talvez fosse exagero, talvez ela estivesse muito tempo sem se envolver com alguém e aquilo a estivesse fazendo se jogar de cabeça no que estava sentindo por Kim Taehyung, mas ela já tinha aceitado que o que estava acontecendo ali não era qualquer coisa.

Ela observou Taehyung sob as luzes amarelas dos postes da rua, o cabelo castanho meio espalhado que ele não se preocupou em ajeitar depois do ataque repentino de Pati, a calça jeans e a camiseta branca com a xadrez por cima. E sem que percebesse, suspirou, talvez alto demais, já que aquilo chamou a atenção de Taehyung que a encarou como quem esperava uma resposta para aquela reação. Só que ele estava próximo demais, próximo demais para que ela pensasse em qualquer outra coisa que não fosse aproximar-se dele até não haver mais espaço entre os dois.

Um barulho alto vindo do céu fez os dois olharem para o alto alarmados. Sohye se lembrou da previsão do tempo, vulgo seu irmão mais velho gritando pela casa que ele não poderia esquecer de tirar as roupas do varal assim que colocasse elas no carro de Jungkook. Ela tirou a mochila das costas e a abriu, procurando o guarda-chuva, mas resmungou alto o que fez Taehyung a olhar novamente.

— Esqueci meu guarda-chuva no carro do Kookie — ela fez careta, colocando a mochila nas costas de novo.

— Eu nem guarda-chuvas lembrei de pegar quando saí de casa hoje — Ele sorriu envergonhado e Sohye sorriu com a cara de perdido que ele fez.

— Tudo bem, acho que se nós corrermos dá para fugir da chuva, não é? — ela perguntou e ele concordou com o rosto, querendo acreditar naquilo também. Taehyung segurou na mão de Sohye e eles passaram a correr até a estação de metrô mais próxima.



Não, eles não conseguiram fugir da chuva. E os dois correndo no meio daquela água toda que descia do céu, até seria romântico, no mínimo engraçado, se não fosse trágico.

Por que?

Bem, porque Sohye tremia de frio com o vento e a queda de temperatura enquanto Taehyung já tinha quase escorregado umas 2 vezes nas calçadas escorregadias da cidade.

Sohye tinha parado no meio do temporal porque resolveu gritar de raiva. Parecia que céus e terras estavam se movendo para que ela e Taehyung ficassem juntos, mas ao mesmo tempo parecia que tudo estava dando errado. Ela acabou rindo completamente sem jeito depois de ver que o garoto parou a encarando sem entender o porquê dela estar berrando no meio do temporal ao invés de correr.

Então correram, Sohye com medo de cair e Taehyung preocupado demais com a câmera dentro da mochila.Tinha sido presente do avô em seu aniversário, ele não podia a destruir por causa de um pouquinho de água.

Assim que conseguiram chegar a escada que dava para estação, Sohye abriu a mochila desesperada se lembrando do aparelho de celular, suspirou aliviada ao ver que por algum milagre ele não tinha molhado. Pelo menos não o suficiente para parar de vez. Ela agradeceu porque não queria ter que tirar dinheiro das suas economias para comprar outro. Taehyung fez o mesmo e teve a mesma reação ao notar que na mochila dele, também estava tudo bem com a máquina fotográfica. Ele agradeceu pela capa a prova d'água que custou um pouco mais caro, mas que valeu o investimento que hoje resultaria na sua câmera durando mais um tempo.

Depois de tentar secar as lentes dos óculos com a camisa, o Kim tirou o casaco para o torcer, na tentativa de tirar um pouco da água.

Sohye só conseguia pensar se alguma divindade estava lá em cima se divertindo aos montes os vendo naquela situação deplorável. Se seu cupido tentou atirar na comédia romântica, errou o alvo e acertou na comédia pastelão.

— Não tem jeito, Kim — ela suspirou e o encarou ainda concentrado tentando torcer o pano azul e preto. Sohye encarou o própria jaqueta jeans e nem se fizesse toda força do mundo iria conseguir tirar água dela. — Aqui está muito frio. Dentro do trem o aquecedor deve estar ligado. Vamos? — ela encostou no ombro do menino que assentiu desistindo do casaco.

Na direção em que o metrô ia, Taehyung seria o primeiro a descer. Com eles haviam mais 3 pessoas no vagão, e se fosse considerar pela hora e pelo dia, até que estava bem cheio.

Os dois agora estavam em silêncio, mais preocupados em aproveitar ao máximo o calor do transporte público até terem que sair para enfrentar o mundo lá fora que parecia que acabaria a qualquer momento com a chuva que caia.

Sohye ainda tinha a cabeça no beijo interrompido naquela tarde. Na verdade ela pensou naquilo o resto do dia e se sentiu tão boba de ainda ter aquilo martelando na cabeça, mas simplesmente não conseguia parar de cogitar a possibilidade. E ela demorou tanto a aceitar que estava gostando dele, poxa.

Por mais filme de romance clichê que possa parecer, tudo o que ela queria depois de ter lutado tanto com os próprios sentimentos, era se jogar nos braços do garoto ao seu lado e ficar ali até sabe-se lá quando. Se já tinha que ser madura em quase toda parte do tempo, porque não podia criar a versão boba do que ela queria que tivesse acontecido com ela e Taehyung na própria cabeça? Imaginando, Sohye quase deixou outro suspiro escapar, mas conseguiu o controlar. Aquilo só ia fazer Taehyung achar que ela tinha algum problema.

Quando o transporte voltou a andar e ela ouviu o metrô indicar que a próxima estação era a de sua avó, vulgo a de Taehyung, ela sentiu o coração apertar porque tinha plena consciência que tinha menos de 2 minutos para decidir se iria tentar pela última vez. Quando Sohye tomou coragem, respirou fundo e se virou para o lado, Taehyung se levantou no mesmo instante e em pé lhe direcionou um de seus sorrisos quadrados acompanhado de um eye smile como despedida. Ele já tinha se virado novamente para frente e não viu quando ela fez bico e se sacudiu como Daeho fazia quando ficava indignado com alguma coisa.

Tá, talvez ele tenha visto pelo vidro da janela, mas Sohye não precisava saber disso por agora.

Taehyung acenou para ela antes de sair do vagão e a menina observou suas costas se afastarem. Sohye levou mais 3 segundos para se levantar e correr para fora do trem também, levando a mão a testa e ficando depois sem saber o que fazer ao o ver fechar as portas e seguir seu caminho. Ela voltou a observar o menino já afastado e o viu ajeitar os fones de ouvido e dar play em alguma música, sem parar de andar e já subindo os degraus.

Sohye andou um tempinho de um lado para o outro, coçou a cabeça se sentindo meio idiota e ao mesmo tempo corajosa de ter feito aquilo. Ela suspirou, enterrou as mãos nos próprios cabelos e segurou os fios, tentando entender o que estava acontecendo não só com o coração, mas principalmente com o cérebro que parecia ter entrado em curto circuito. Ao ver Taehyung chegar no topo da escada, uma dose de adrenalina a envolveu e a fez correr e subir os degraus o mais rápido que pode, sem os pular, porque morria de medo de cair.

Se perguntou se aquele garoto andava rápido mesmo ou ela que era lenta demais.

Quando ela conseguiu chegar no outro andar, o viu ao longe seguindo até a catraca para sair. O lugar estava vazio, os estandes de lanches e de acessórios para celular todos fechados. Tirando o segurança que devia estar de vigia naquele horário, só havia ela e o garoto ali. Quando notou que não ia conseguir o alcançar, Sohye gritou por Taehyung, mesmo que esbaforida. Ela parou e riu da própria desgraça quando percebeu ele passando pela catraca sem a ouvir, consequência dos fones nos ouvidos. Não é possível!, pensou e voltou a correr. Afinal, o que é um pingo para quem está todo molhado?, diria Seokjin se estivesse naquela situação.

Quando ela achou que não tinha mais jeito e parou decidindo voltar e admitir a derrota, ouviu o vigia do outro lado correndo atrás de Taehyung para o informar que havia uma garota o gritando. Ela caminhou devagar e apoiou na catraca, quase colocando o pulmão para fora, e observou o garoto tirar um dos fones e olhar para trás. Ele fez uma cara de confusão quando viu Sohye o encarando enquanto sorria atrapalhada com a própria respiração, ela o chamou com uma das mãos para que ele se aproximasse. Sohye o admirou, ali do outro lado da roleta, se aproximar com o semblante confuso de quem não estava entendendo o que estava acontecendo. O vigia apenas seguiu para perto da saída, não ligando muito, porque jovens eram bem esquisitos às vezes. Taehyung se aproximou e parou do outro lado da catraca a encarando meio desorientado.

— Esqueci alguma coisa? — o menino verbalizou inocente e Sohye sorriu antes de concordar com o rosto, dizendo que sim. Sim, Kim, você esqueceu, ela pensou.

Ele a esperou falar alguma coisa, mas ela não falou. A resposta que ele esperava a mais tempo era também a resposta para aquela pergunta. Sohye ficou na ponta dos pés, porque Taehyung era alguns vários centímetros mais alto que ela. Depois segurou o rosto dele com as duas mãos, apenas para garantir que não teria nada que os atrapalhasse, nenhum temporal, nenhuma outra pessoa, nenhuma cachorrinha amarela também apaixonada por ele, e encostou os lábios sobre os do Kim.

Ele levou alguns segundos até entender o que estava acontecendo, mas quando sua ficha enfim caiu, segurou o rosto da menina com delicadeza e intensificou o beijo. Sohye passou os braços ao redor do pescoço de Taehyung porque imaginou que seria mais confortável e torceu para que não desse para ele perceber o quanto o coração dela batia descontroladamente ansioso por aquilo. Entre eles somente a catraca de acesso e saída da estação, e tanto Sohye quanto Taehyung chegaram a conclusão que aquele primeiro beijo ser ali era muito mais simbólico do que aparentava ser.

Talvez naquele momento Sohye devesse dar o braço a torcer e acreditar em destino e que algumas coisas já estavam planejadas antes mesmo de serem colocadas em planilhas, entre colunas e linhas. Era como se todo o universo tivesse cessado e todos os planetas chegassem a conclusão conjunta de suspender o movimento de suas órbitas apenas porque eles enfim, tinham encostados seus lábios. Sohye encaixou os dedos entre os cabelos de Taehyung e notou que por mais que eles fossem lisos e com poucas ondinhas, era bastante cheio. Taehyung percebeu que o beijo dela tinha gosto daquelas jujubas de frutas e se perguntou se era coisa da cabeça dele ou se ela realmente tinha as comido mais cedo quando ele não estava por perto.

Sohye assim como quem começou, foi quem interrompeu o beijo, porque o ar faltou em seus pulmões depois de toda aquela corrida acrescida da expectativa. Antes de pensar em qualquer coisa romântica e fofinha, ela se autocriticou pensando que deveria iniciar uma rotina de exercícios para acabar com aquele sedentarismo, e sorriu sem jeito encarando os olhos do menino. Taehyung deu alguns selinhos nela antes de afastarem seus rostos completamente e ele a admirou por um tempinho, respirando ofegante e com os lábios levemente avermelhados, assim como as bochechas. Sohye naquele momento, e aos seus olhos, tinha ficado mais bonita do que ele achou que ela poderia conseguir ficar.

Ele só conseguia pensar em como aquela garota era linda, e mesmo assim, como de costume, abriu a boca e palavras bobas saíram por ela, aquelas que sempre afastavam qualquer pessoa que tentava algum relacionamento com ele porque a fazia o achar esquisito. Mas Sohye não era como aquelas pessoas e não se afastou nenhum centímetro a mais.

— De todos os dias que nós nos vemos, e que não são poucos, você decidiu que o melhor dia para me beijar seria o que eu estivesse com cheiro de baba de cachorro e cheio de lama? — o garoto se referiu às consequências daquele dia agitado, parte no abrigo e unido ao temporal que tinham acabado de pegar. Sohye riu.

— Você não está fedendo, Kim — ela disse e ele fez careta e assentiu dizendo que estava sim — Não está não! — a menina replicou e ficou na ponta dos pés novamente encostando o nariz no casaco, perto do ombro do rapaz. Ele a abraçou pela cintura e riu quando viu a careta que ela fez. — Hm... é, o cheirinho não está dos melhores mesmo — comentou enquanto ria, depois lhe dando um beijinho perto do maxilar.

— Você também não está mais com cheirinho de morango — ele resmungou a fitando. Ela abriu a boca indignada o que tirou risos de Taehyung.

Sohye o abraçou de volta e encostou a testa no peito dele, sentiu vontade de fazer aquela catraca desaparecer já que se não fosse por ela, ela poderia estar mais pertinho ainda do Kim. Dentro do silêncio possível, já que dali eles ainda ouviam o metrô passando no outro nível, Sohye teve a impressão de ouvir algum ritmo conhecido e tentou se concentrar para entender de onde vinha o som. Ela viu os fones de Taehyung pendurados ao redor de seu pescoço e pegou um, o questionando com o olhar se poderia ouvir. Ele concordou com um sorriso meio envergonhado observando ela colocar na própria orelha.

And if you like having secret little rendezvous, if you like to do the things you know that we shouldn't do — Sohye sorriu o encarando nos olhos enquanto acompanhava sua música favorita ali no fone do Kim — Baby, I'm perfect, baby, I'm perfect for you. — ela cantou junto. O garoto a encarou sorrindo porque não sabia se achava a cena engraçada ou se deveria se encantar pela felicidade estampada no rosto de Sohye. — One Direction? — ele deu de ombros como se não fosse nada demais e ela sorriu abertamente sem nem acreditar — Você está ouvindo 1D, Kim? — Taehyung riu com o brilho que tomou conta do olhar de Sohye tentando entender como aquela garota conseguia se tornar mais incrível do que ele já a achava. Ela segurou suas bochechas entre as mãos e deu 3 beijinhos nos lábios dele sem que ele se preparasse antes.

— Isso foi porque você gosta muito de mim ou foi por eu estar ouvindo seu grupo favorito? — Sohye, ainda o segurando pelas bochechas, riu com a bobeira do menino e negou com o rosto.

— Você não pode fazer esse tipo de pergunta para alguém que faz parte de um fandom, ok? — ela respondeu e perguntou, sorrindo depois e encarando os olhos castanhos dele, achando a coisinha mais linda do mundo. Taehyung concordou demonstrando que tinha aprendido com aquela dica mesmo querendo rir, e recebeu mais um selinho.

— Tudo bem, tia Sohye — ele falou brincalhão o que arrancou mais um sorriso dela.

— Eu preciso ir senão vou chegar muito tarde em casa — avisou, se afastando do rapaz. Ele concordou, mas se mostrou preocupado, perguntando se não era melhor a menina ficar na casa da avó já que já estava ali. Sohye explicou que era melhor não, com medo da bronca que levaria se aparecesse na casa da mulher com as roupas molhadas daquele jeito. Ele tirou a mochila das costas e colocou no chão para que pudesse tirar o casaco xadrez e entregar a Sohye já que o dela não tinha secado em nada por ser jeans, ela negou.

— Eu moro aqui perto Sohye — ele argumentou —, eu vou levar uns 2 minutos daqui até minha casa. E o meu está menos pior que o seu. — completou e ela ficou um tempo o encarando, como quem não iria desistir. Taehyung colocou o casaco ao redor dela e lhe deu um beijinho na testa. — Por favor?

— Tá — aceitou um pouco a contragosto, mas tirou a mochila azul clara das costas e enquanto Taehyung a segurava, tirou a jaqueta e vestiu o casaco.

Eles olharam a televisão na parede que indicava que o próximo trem passaria em 2 minutos e Taehyung se permitiu a puxar para mais um abraço. Quando se separaram, ela fez bico triste e ele sorriu e lhe deu um último beijo, agradecendo mentalmente por poder agora fazer aquilo sem precisar se preocupar tanto quanto antes.

Sohye se afastou lhe acenando com uma das mãos e correu em direção a escada que dava novamente para o metrô, não sem antes olhar para trás e ver Taehyung chegar nas escadas contrárias e que davam para o lado de fora.

É, estava mais do que na hora de Kim Sohye aprender que estava completamente apaixonada por Kim Taehyung.

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Olá!

Sim, sim e sim! Aconteceu haha, Kim Sohye entendeu e aceitou que não tem como não se apaixonar pelo Taehyung.

Até eu estava ansiosa por esse capítulo e acho que até agora ele foi o meu favorito (e ele ficou o dobro do tamanho dos outros, me empolguei real). Já o li umas 300 vezes porque ficou do jeitinho que eu imaginei esse momento entre a Sohye e o Taehyung. Então eu espero que vocês também tenham gostado dele, do fundo do meu coraçãozinho.

Queria avisar também que atualizei a mídia do capítulo 2. Eu sinto músicas de uma forma muito forte e depois de pensar muito, achei que eu deveria colocar esse vídeo lá para compartilhar o sentimento com vocês, já que foi ouvindo aquela versão que escrevi o capítulo. E falando em música, liberei a playlist da Learning, o link tá lá no meu perfil!

Não esqueçam do votinho, viu?

Fiquem bem, lavem as mãos, fiquem em casa e aproveitem esse tempinho para ler várias histórias e se apaixonarem por personagens como eu tenho feito.

Um abraço bem quentinho, Polly ♥

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