Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

11. I'm so scared to fall in love, but if it's for you, then I will try

"Estou com tanto medo de me apaixonar, mas se for por você, então vou tentar"

- Ali Gatie (It's you)


terça-feira, 9h45min

Quando Sohye abriu o caderno naquela manhã, apesar de toda tensão causada pela professora Song para reunir as duas turmas em um dos auditórios da Yonsei para passar as orientações do seminário, ela sorriu.

Na próxima folha em branco havia um desenho de uma bonequinha com um sorriso largo e olhinhos fechados e acima de sua cabeça uma setinha apontando para um "Soso". Ao redor do desenho haviam duas figurinhas do Pororo com estrelinhas e corações ao redor um pouco mais tortinhos, mas todos com rostinhos felizes.

No cantinho ela reconheceu a letra de Jungkook, explicando que aquilo tinha sido ideia de Yuna e Daeho para pedir desculpas pelo o que tinham feito na noite anterior. Eles entendiam muito mais do que os adultos acreditavam e ela sabia que uma conversa, às tratando de igual para igual, resolvia muito melhor os problemas do que dar uma bronca com gritos. Ninguém gostava de ser mal tratado e isso incluía os pequenos também.

Resumindo a aula daquela manhã: Sohye e Gaeul tinham ficado em grupos separados no tal seminário, e que apesar de não ser o trabalho principal do semestre, tinha grande peso na nota final. Gaeul só não saiu do auditório com raiva do deboche da professora ao falar que não queria "amiguinhos" no mesmo grupo, porque a amiga a segurou. Sohye tinha ficado em um grupo com 3 pessoas da turma da Sra. Song que ela só conhecia de vista, enquanto Gaeul estava com outras três da turma do Sr. Jung, vulgo a turma em que elas também estavam. Nada iria tirar da cabeça de Gaeul que ela tinha feito aquilo por implicância com elas duas.

O porquê? Sohye não sabia e para falar a verdade, pouco a importava se Song não fosse com a cara dela, só não achava justo que ela prejudicasse seu futuro e vida profissional por isso.

Depois de almoçarem com Jungkook no restaurante da universidade, os três seguiram a pé já que os trabalhos eram próximos dali. Jungkook para o curso de inglês onde dava aulas e Sohye e Gaeul para a escolinha das crianças. Com Gaeul, claro, reclamando o caminho todo sobre a professora Song ser uma mal amada que descontava a frustração da vida mal vivida nos alunos.

Sohye, apesar de prestar atenção na conversa dos amigos, ainda estava preocupada em como seria fazer aquele trabalho, já que o tempo em que foi falar com o restante do seu grupo, ninguém se mostrou interessado em fazer alguma coisa. Ela até se disponibilizou para aproveitar o tempo que sobrou depois do término da aula para discutirem sobre como seria, mas os três alunos apenas passaram os números e saíram do auditório logo depois. Uma das meninas até disse que iria tentar agendar uma das salas da faculdade para usar em uma reunião deles, mas não falou mais que isso.

Sohye não tinha aulas com aquelas pessoas, mal sabia se iria conseguir encontrar com eles antes da apresentação final e a última coisa que ela queria era fazer um seminário totalmente sozinha. Ela não tinha forças nem mentais e nem físicas para aquilo.


15h25min

Estava no horário do intervalo, e enquanto observava as crianças no parquinho, Sohye aproveitava para tentar se acalmar do que estava sendo aquela terça-feira. Ela respirou fundo e inclinou a cabeça para trás com os olhos fechados e sentiu o sol aquecer seu rosto. O dia não estava sendo fácil nem mesmo ali já que duas crianças tinham resolvido brigar por causa de massinhas e ela precisou os acalmar e conversar com os dois em um cantinho da sala por longos minutos de choro e catarro escorrendo do nariz.

Com o tempo em que estava no sol, Sohye poderia iniciar o processo de fotossíntese a qualquer momento, mas seu celular tocou no bolso do casaco e ela foi obrigada a atendê-lo. Se surpreendeu quando viu que era Saya, irmão mais novo de Jungkook.

— Sohye noona? — ele a chamou do outro lado, e além de parecer muito com o irmão fisicamente, sua voz também a fazia lembrar a de Jungkook. Ela confirmou ser ela e ele continuou — Desculpa te ligar do nada... — ele parou no meio da frase e Sohye ouviu a avó reclamar alguma coisa no fundo. Saya ajudava a senhora na cafeteria dela depois do horário da escola e como os Jeon praticamente cresceram junto com a família Kim, era normal que eles tratassem a senhora por avó também.

— A vovó está te enchendo muito os ouvidos? — ela perguntou brincando e ele riu do outro lado também. Sohye entendeu a risada envergonhada como um sim, principalmente porque conhecia muito bem a mulher — Aconteceu alguma coisa? — indagou. Não era comum que o menino ligasse daquele jeito, Saya era do tipo que recusava a ligação e pedia para falar por mensagem.

— Ah, é que... peraí — ela percebeu que o barulho de pessoas falando tinha diminuído e imaginou que ele tinha saído da cafeteria ou entrado em algum outro ambiente —, ela estava comentando que iria amanhã na cafeteria do Jin de surpresa porque tem semanas que vocês não aparecem aqui. Na verdade, acho que ela estava reclamando de você só, porque Jin vem sempre e até trouxe a Yuna aqui semana passada — ele foi sincero —, mas enfim, não lembrava se você estaria lá amanhã ou na faculdade — ele sussurrou, provavelmente para a senhora não ouvir.

Sohye se sentiu mal quando se lembrou que o motivo da ligação possivelmente era devido sua mentira contada a avó. A senhora devia imaginar que a neta estava fazendo algum curso de gastronomia e iria ser a próxima a herdar a tradição da família. Sohye tremia só de imaginar na avó querendo a ver fazendo algo na cozinha e chegar a própria conclusão que tinha uma bela de uma mentirosa por perto. Essa que não satisfeita em mentir sozinha, levava todo mundo com ela.

— Tudo bem, Saya — ela suspirou —, obrigada por se lembrar e ligar. Vou passar hoje aí depois do estágio. — ela ouviu a avó gritar novamente no fundo da ligação e sentiu pena do menino. Ela era bem querida quando queria, mas Sra. Go era famosa pelas broncas e pela falta de paciência.

— Eu estou te pagando para você vir no banheiro falar no celular, garoto? — ela ouviu a voz inconfundível da matriarca dos Kim — Passa fora daqui, anda — Sohye conseguia ver a cena diante de seus olhos: ou ela tinha lhe dado uns tapinhas o empurrando de volta para a cafeteria ou já tinha pegado em sua orelha para o fazer andar.

— Depois eu te ligo — ela ouviu Saya falar no telefone e mal conseguiu o responder.

— Liga coisa nenhuma, desliga esse negócio e volta para o caixa — a ligação foi finalizada e ela riu sozinha. Sra. Go, porque ela não gostava que a chamassem pelo sobrenome, continuava a mesma. Ela guardou o celular e voltou a observar o pequenos brincando no parquinho. Algumas crianças corriam de um lado para o outro, outras usavam o balanço, outras o escorregador.

Antes que ela se perdesse em seus próprios pensamentos novamente, um de seus alunos, diga-se de passagem o garotinho comedor de borrachas também conhecido por In Ho, apareceu em sua frente e lhe deu uma florzinha amarela perguntando se ela estava triste. Sohye negou dando um de seus melhores sorrisos com direito a olhos fechados e colocou a flor em cima da orelha. Por mais que ele tenha sorrido de volta e voltado a correr atrás dos amiguinhos, a criança não tinha acreditado cem por cento naquilo, e Sohye sabia bem disso.

Era muito mais fácil enganar adultos que já tinham vários outros problemas para resolver do que mentir para uma criança que prestava atenção em todos os mínimos detalhes.


Quando ela pegou o metrô naquele dia, e fez questão de não se atrasar porque queria pegar o das 16h30min, ela encontrou Taehyung sem muitas dificuldades já que trocaram mensagens. Yuna correu para ocupar o lugar ao lado do menino e ela sorriu vendo a sobrinha contando sobre como estava empolgada para ter aulas de dança com Jimin e Hoseok. A menina perguntou depois se Taehyung poderia ir também e quem negaria alguma coisa a aquela criança de bochechas grandes e olhinhos brilhantes? Bem, Taehyung não faria isso.

Logo Gaeul e Yuna se despediram dos dois e ele observou a cena um tanto quanto confuso quando percebeu a menina de cabelos curtinhos se sentando no lugar antes ocupado pela criança. Sohye ao perceber o olhar dele sorriu e explicou que iria visitar a avó e que Gaeul a levaria para casa naquele dia.

Se fosse em outro momento e com outra pessoa com quem ela não tinha assunto, Sohye iria sorrir educadamente, colocaria os fones e provavelmente apoiaria em algum canto para dormir, já que a avó morava um pouco longe do centro da cidade e ela teria tempo de sobra para isso. Mas ela não estava com sono, e mesmo se estivesse, com toda certeza iria preferir observar e conversar com Taehyung, ao invés de fechar os olhos.

E foi isso que ela fez.

Eles conversaram sobre tudo o que era possível e imaginável. Desde o tempo de Incheon naquelas semanas até no que tinham feito durante aquele dia. Taehyung falando sobre como tinham sido as visitas guiadas no museu e Sohye sobre o dia de aula das crianças.

E sem perceber, Sohye já estava sentada de lado no banco, apoiando o cotovelo sobre o encosto enquanto gargalhava sobre Taehyung se mostrar realmente indignado em como um dos personagens do desenho recomendando por Yuna, era extremamente folgado e não fazia nada. Ela só percebeu que tinha exagerado no tom de voz quando algumas pessoas os olharam de cara feia e precisaram disfarçar a crise de risos que tiveram.

Sohye sequer se lembrava de todo o estresse que havia passado pela manhã e em parte ela devia aquilo ao garoto a sua frente. Ela sacudiu de leve a franja que começavam a bater em seus olhos e a florzinha recebida naquela manhã caiu no colo de Taehyung. Tinha se esquecido completamente do presente e tinha andando para cima e para baixo com ela no cabelo.

A menina observou Taehyung pegar a flor com cuidado e se aproximar, talvez mais do que o necessário, e a colocar de volta no local. Enquanto o garoto ajeitava os fios atrás de sua orelha e ela teve a sensação de que um rastro de calor ficou por onde seus dedos tocaram, Sohye sentiu o coração martelar dentro de seu peito e por segundos ficou sem saber o que fazer. Logo ela, que sabia sempre exatamente como agir. Taehyung a olhou por alguns segundos, aproveitando a proximidade, e sorriu discreto se afastando de novo.

— Amarelo combina com você — afirmou. Depois encarou o relógio no pulso, o que deu a Sohye 2 segundos extras para controlar a respiração. Ela tinha o que? 13 anos?

— Que? — perguntou, realmente sem entender o que o menino dizia. Ele sorriu e se perguntou se ela correspondia das batidas descompassadas no peito dele.

— A flor — justificou e "ah" foi o que Sohye disse em resposta.

— Um aluno me deu hoje a tarde — comentou tentando mudar de assunto ou só disfarçar a falta de jeito com o olhar do garoto.

— Eu preciso me preocupar com esse aluno? — Taehyung perguntou brincalhão, arqueando uma das sobrancelhas. Sohye no momento só conseguiu pensar no discurso de Yuna de que os divertida mente dos adultos paravam de funcionar nos momentos errados e ela tinha quase certeza de aquele deveria ser um de seus momentos. Nenhum garoto antes já tinha a deixado sem resposta daquele jeito, mesmo o primeiro lá no ensino médio, mas com o Kim tudo parecia ser novo, simplesmente porque ela nunca sabia o que ele ia falar ou fazer. Se tinha uma palavra que Sohye sabia que jamais poderia ser associada a Kim Taehyung, essa palavra era previsível.

Ela apoiou o cotovelo novamente no topo do banco e apoiou a cabeça na mão. Negou com o rosto sem conseguir esconder o sorriso que surgiu ali, porque se ela tinha dúvidas sobre as teorias de Park Gaeul, agora todas elas deixaram de existir: — Não precisa porque você ganha dele em talvez... — ela fingiu pensar com a mão no queixo — umas 2 décadas em anos de idade — explicou, tentando manter o ar engraçado entre eles. Taehyung riu e olhou para o outro lado do metrô, na direção da porta que se abriu e várias pessoas saíram.

O vagão começava a ficar vazio e com ele e Sohye deviam ter mais umas 5 pessoas ali. A voz do metrô falou o nome da estação que Sohye deveria descer e ela reparou que tinha bastante tempo que não a ouvia. Percebeu ali que realmente havia muito tempo que não via a avó. Antes que ela se levantasse, ela viu Taehyung se ajeitar e ficar de pé e se perguntou se a vida dos dois seria movida por tantas coincidências daquele jeito ou se era alguma força acima deles que estava mudando as peças de lugar para que eles se encontrassem.

— Você desce aqui também? — ele questionou quando viu Sohye levantar do banco de forma preguiçosa. A menina assentiu. — Será que sua avó é minha vizinha? — o garoto brincou. Sohye riu com a cara que ele fez e deu de ombros, como quem dizia "Quem vai saber?".


Assim que o metrô parou, os dois saíram e subiram as escadas devagar. No momento em que saíram da área coberta, e caminharam pela calçada, um vento um pouco mais fresco passou carregando algumas folhas pelos ares e foi isso que fez Sohye se virar e olhar para o lado. Ela se surpreendeu com a mistura de cores que o céu estava naquele momento que se aproximava do pôr do sol e acabou parando para olhar para cima.

Taehyung acabou a guiando pelos ombros até o canto já que estavam no meio do caminho e algumas pessoas ainda passavam por eles e quase derrubaram uns aos outros. A vida ali era movimentada também, apesar de não tanto quanto na região central da cidade, mas o garoto tinha chegado a própria conclusão que sempre teriam pessoas apressadas independente de qual lugar do mundo estivesse.

— Isso é sempre tão bonito assim? — Sohye perguntou um pouco boquiaberta. Taehyung sorriu com a expressão pasma da menina e concordou. Era o mesmo céu do centro da cidade, o mesmo céu de toda a Incheon, mas a diferença era que ali os prédios e casas eram menos altos que os arranha-céus da parte central, o que facilitava a vista da paisagem.

— Quer ir ali para ver melhor? — a perguntou, apontando para uma mureta que dava vista para o mar e o centro de Incheon. Ela queria, mas pareceu pensar por um instante. — Você marcou horário com sua avó? — ele questionou, porque não queria fazer a garota se atrasar para o compromisso. A menina sempre acreditava que não tinha espaço dentro das colunas das suas planilhas, mas ela estava começando a achar que ela só julgava não ter tempo quando era algo direcionado a ela mesma. Quando era pelos outros ela sempre dava um jeito, mas por que quando era por ela, era tão difícil assim? Ela negou com o rosto, decidindo que talvez estivesse na hora de se permitir ter alguns momentos. — Então, vamos? Juro que não vai demorar mais do que 10 minutos. — ela enfim assentiu. Com isso, ele a segurou pela mão a guiando até lá. Estranhamente aquilo já estava começando a se tornar natural, tanto para Sohye quanto para Taehyung, e tanto um quanto o outro não podiam negar gostar da sensação.

Sohye não se lembrava de ter visto o céu antes daquela forma e correu, depois de soltar a mão de Taehyung, até o muro para ver melhor. O sol descia verticalmente no horizonte e era como se algum pintor muito talentoso tivesse derrubado de propósito algumas cores lá em cima. O degradê entre o azul, rosa, roxo e laranja tomavam conta não só do céu, mas também de todo o lugar. Aqueles tons pareciam iluminar o mar e as ruas de Incheon com todas aquelas nuances bonitas.

Sohye quis chorar, por mais que isso de alguma forma soasse exagerado. Não era possível que ela estivesse simplesmente ignorando momentos como aqueles durante boa parte de sua vida. Momentos que muitas vezes duravam menos que 10 minutos, mas que acalmavam o coração por muito mais tempo que isso. Direcionou o olhar até o garoto e viu que o mesmo a observava com um sorriso discreto no rosto. Ela sorriu de volta em resposta e sentiu alguma coisa dentro dela que não soube nomear.

Em meio a todas aquelas cores, Taehyung chegou a conclusão que Sohye era o amarelo que faltava naquela paleta e que a menina não poderia estar em lugar melhor do que entre aquele conjunto de cores. Ele desfez o olhar do dela e encarou novamente o relógio em seu pulso.

Às 17h45min, dentro do metrô, ele achou que estava apaixonado por Kim Sohye.

Às 18h15min, de frente para a vista da cidade que o acolheu, ele teve certeza.

18h34min

— Halmeoni? — Sohye chamou enquanto entrava na cafeteria da avó. Apesar da hora, ainda haviam algumas pessoas ali.

O lugar tinha um estilo totalmente diferente da cafeteria de seu irmão: enquanto a de Jin tinha um estilo muito mais industrial, com tijolinhos a mostra, parede de quadro negro e muita madeira, a de sua avó era muito mais delicada, com cores em tons pastéis e com várias plantinhas e flores reais pelo local.

Sohye avistou Saya e o garoto que acabava de ir para trás do balcão com uma bandeja sorriu envergonhado. Era até engraçado ver o menino que era conhecido por ser fã de solos de guitarras e bateria, com um avental rosa clarinho por cima da calça jeans escura e a camisa polo preta. Ela se aproximou e largando as sacolas perto de seus pés, sentou-se em uma banqueta.

— Café? — a xerox de Jungkook perguntou a ela que concordou. Logo que colocou a xícara com arranjos florais e cheia com o líquido escuro na sua frente, ela agradeceu — A vovó 'tá que 'tá hoje — ele sussurrou, se inclinando por cima da bancada. Sohye assentiu e fez careta, já preparando os ouvidos. Em uma tentativa de tranquilizar o garoto, pegou o boné de Saya e virou a aba para trás brincando, o que o fez revirar os olhos rindo e se afastar.

— Ora, ora se não é aquela menina muito parecida com a minha neta — ela ouviu a voz da Sra. Go vindo da direção da porta da cozinha e enrugou o nariz e fechou os olhos preparando-se para a bronca. Ela observou a mulher tirar o avental rosa pastel e ir até ela, contornando a bancada — Lembrou que tem avó, é? — ela reclamou a encarando com a mão na cintura.

— Eu nunca esqueci da senhora, vó — Sohye respondeu sorrindo, embarcando no drama dela. A senhora, diferente do que se normalmente imagina de alguém com seus mais de 70 anos, estava muito disposta. Usava blusa vinho e saia branca plissada. No rosto uma maquiagem bem fraquinha que combinava com os cabelos na altura dos ombros, que não tinham um fio branco sequer. Sra. Go era extremamente vaidosa e Sohye até sentia um pouquinho de inveja da disposição que a avó tinha não só para se arrumar, independente se ficaria na cozinha o dia todo ou se iria sair, mas para todas as coisas da vida.

— Depois não chora quando eu não estiver mais aqui... — continuou a dramatizar.

— Nossa halmeoni, desculpa. Prometo que não vou demorar mais a vir — ela disse se levantando e indo abraçar a avó. A senhora ainda ficou um tempo de cara feia antes de retribuir o abraço a envolvendo com seus braços. Sohye apoiou o rosto no pescoço da mulher e respirou fundo sentindo o cheirinho de bolo recém assado misturado com o perfume de flores que a avó sempre usou e que só ali ela percebeu que sentia tanta falta.

— Você está tomando café a essa hora? — ela se desfez do abraço e olhou para a xícara em cima da bancada — É isso que dá deixar vocês morarem longe. Não sabe que isso atrapalha o sono? Vou fazer um chá — a senhora pegou a xícara antes mesmo que Sohye pudesse falar alguma coisa e levou para trás da bancada.

Ela viu Saya rir do outro lado da cafeteria enquanto terminava de atender os últimos clientes e ela lhe deu língua quando o menino passou levando a louça até a pia. Depois de ajeitar as últimas coisas, se despediu das duas e Sohye até queria pedir que ele ficasse mais um pouco já que quase não o via, mas ficou preocupada do menino ir muito tarde para casa.

— Esse garoto me ajuda tanto aqui, sorte a minha os Jeon não terem se mudado para longe — a avó falou e deu um gole em seu chá. Sohye não entendia o conceito que a avó tinha de perto, já que a família de Jungkook morava a no mínimo umas 5 quadras dali — Melhor coisa que a Yuri fez foi se separar, homem só atrapalha a vida da gente — falou, o que fez Sohye rir.  —, mas e você? Nenhum namoradinho?

— Vó pelo amor de Deus, você acabou de falar que homem só atrapalha. — Sohye riu com a contradição da avó. Sra. Go era possivelmente a pessoa que ela conhecia que mais reclamava de casamentos com pessoas do sexo masculino.

— Ué, mas não posso negar que eles servem para algumas coisas, não é? Pelo menos para se divertir de vez em quando... — a avó levantou uma das sobrancelhas de forma maliciosa e quando Sohye entendeu do que ela falava, quase se engasgou.

— Vó! — ela reclamou depois de algumas tossidas e Sra. Go revirou os olhos achando a neta muito desatualizada para ser daquele século.

— Você acha que só porque eu não tenho mais meus 20 anos eu esqueci das coisas? — questionou e Sohye passou a mão no rosto que começava a ficar vermelho — Vocês dessa geração estão muito chatos, eu hein. Seu pai também morria de vergonha de falar sobre essas coisas, mas na época dele era meio tabu ainda. — Sohye riu com a reclamação da mulher — Nem namoradinha? — ela acrescentou outra pergunta para a mais nova, olhando por cima da xícara.

— Não, vó — respondeu e depois acabou rindo da cara de indignada que ela fez. Viu o olhar dela mudar e antes que ela falasse ela completou — Não vou instalar aplicativo nenhum no meu celular — falou e levou um tapinha no braço que a fez se encolher.

— Nem me deixou falar! — reclamou — Seu irmão é um fofoqueiro — Sohye prendeu o riso —, um pouquinho de diversão faz bem e vocês estão na melhor idade para fazer isso. — a senhora argumentou e a neta a encarou se perguntando como tinha se esquecido de como a avó era atemporal e mente aberta. Era muito mais fácil conversar sobre tudo com ela, até mais do que quando ela ainda tinha a mãe por perto. Sohye sempre fugia para a Sra. Go quando o assunto era chorar por corações quebrados e decepções amorosas. — Eu gostava daquele menino que ele nos apresentou — Sra. Go resmungou e Sohye sabia que ela se referia a Kim Namjoon. Se perguntou se Jin já tinha resolvido as coisas com ele ou se tinha desistido de vez de continuar aquela história.

— Eu também gostava dele, mas infelizmente quem decide isso é o Jin e não a gente — ela reclamou também, porque achava Namjoon e Seokjin perfeitos um para o outro. — Ele já tem tanta coisa para se preocupar, halmeoni. — Sohye completou tentando fazer com que a avó parasse de insistir tanto naquela história. Mas era óbvio que ela não iria desistir.

Sra. Go aproveitou para atualizar a neta sobre como estavam as coisas nas aulas de informática que ela fazia e contar as fofocas da vizinhança que ela nem quis saber se eram de interesse de Sohye e falou mesmo assim. De quebra, a senhora ainda contou que uma de suas vizinhas estava tendo o quinto bisneto e tinha várias histórias para contar enquanto ela só tinha Yuna e Daeho e quase não via os dois.

— Vocês não vão me dar mais bisnetos? Isso aqui está muito parado. — Sra. Go continuou o segundo ato da sessão de drama da noite. Jin diria que a avó era Yuna na versão raiz, já que também falava várias coisas ao mesmo tempo e ninguém conseguia acompanhar direito.

— Vó, a senhora vê a Yuna e o Daeho quase todo dia — falou antes de bebericar o chá. Apesar dela não aparecer ali há algum tempo, Sohye sabia que Jin sempre passava com Yuna na casa da avó e que Daeho também sempre aparecia com Saya em busca de bolinhos recheados.

— Sohye eu quero criança correndo pelo meu quintal, quero gritaria, quero eles quebrando meus vasos de plantas, entende? — ela falou, exagerada como sempre. Sohye arqueou uma das sobrancelhas com o drama da senhora, porque se lembrava bem de quando ela própria, aos 9 anos, quebrou um vaso de suas amadas plantas enquanto corria com Jungkook e os dois ficaram de castigo por 1 semana inteira — Infelizmente eu só pude ter a Misuk e seu pai. Ela não quis ter filhos e ele só teve vocês dois, tenho fé em vocês para repovoar a família — Sohye riu e negou com o rosto com aquele pensamento da avó. Jin se enrolava tanto com Yuna, que Sohye não fazia ideia se o pensamento de ter mais crianças passava pela mente dele. E para ela então, aquilo estava fora de cogitação. Ela queria sim ter filhos, mas não tão cedo.

— Eu já tenho que cuidar de 10 todos os dias — resmungou. A avó a encarou tentando entender sobre o que a neta falava. Merda! — Yuna e Daeho valem por 15 — se justificou, meio atrapalhada, e a mulher a sua frente deu de ombros como quem dizia que iria ignorar aquilo. O coração da menina batia acelerado porque por segundos imaginou que toda a história iria por água abaixo e ela iria descobrir toda a farsa ali mesmo.

— Tudo o que eu queria era esses olhinhos cor de mel em um outro rostinho — a avó acariciou a bochecha da menina que riu com o drama interminável da mulher — Você é nova então tudo bem, tem muita coisa para aprender ainda, eu entendo. Mas seu irmão podia sim encher aquela casa de criança, eu hein — se levantou pegando as xícaras e levando até a pia. O jeito agitado de Seokjin e de Yuna estavam mais que estampados na senhorinha a sua frente e ninguém poderia negar que eram da mesma família.

Sohye gostava de passar tempo com ela, de conversar e de ouvir suas histórias por mais que fossem meio sem pé nem cabeça. Ela sabia que um dia teria que contar toda a verdade e doía só de imaginar a avó a olhando com um olhar decepcionado por toda a mentira, mas por enquanto queria focar naquela imagem dela: reclamando, no melhor estilo Sra. Go, mas que gostava de ter a neta por perto porque confiava nela.

21h36min

Taehyung encarou o papel de aquarela na mesa tomado por aguadas de amarelo e laranja. No desenho a menina estava sorrindo com os olhinhos fechados e o sorriso largo. A florzinha amarela sobre a orelha era responsável por Taehyung agora saber que o cabelo dela era mais ondulado do que liso e tinha cheiro de morango.

Que gostava de Sohye, não faltavam evidências, mas ele mesmo estava surpreso que ela tinha o despertado novamente a vontade de pintar. Taehyung tinha desfeito a pilha de baús com as coisas da faculdade, pegou os materiais de desenho e tirou suas aquarelas de lá, paradas há talvez uns 3 anos.

Puxou a fita crepe e descolou o papel da mesa com cuidado, indo depois lavar os pincéis e os dedos que tinham ficados sujos de tinta. Depois de guardar os materiais novamente nos determinados baús, colocou as pinturas de aquarelas na mesa para que secassem naturalmente. Taehyung perdeu, ou ganhou, alguns minutos olhando os desenhos que tinha feito e sorriu sozinho ao perceber que tinha algum tempo que ele não desenhava ninguém.

Se surpreendeu com o toque do celular jogado em algum lugar do quarto e ao o encontrar viu que era uma ligação da mãe. Eles conversaram por um longo tempo por telefone, e apesar da distância, o menino ainda se mantinha bem próximo da progenitora, diferente da relação que tinha atualmente com seu pai.

Taehyung amava os dois igualmente, mas a relação com o Sr. Kim não estava das melhores desde que o menino decidiu que não iria mais estudar Direito e sim Museologia. E a coisa só piorou quando o pai descobriu que ele tinha se tornado adepto a dieta vegetariana. O homem não era do tipo de pessoa ruim, mas infelizmente em sua cabeça, o filho devia seguir uma carreira que "garantisse seu futuro" e acreditava que não comer carne era frescura de gente da cidade. E não adiantava Taehyung tentar explicar que era um estilo de vida porque era só o garoto abrir a boca que ele saia e o deixava falando sozinho.

Taehyung não sabia que a mãe tinha escondido que ele tinha mudado de curso no segundo semestre da faculdade e o pai ficou meses sem falar com ele quando o garoto comentou sobre as aulas de desenho. Era triste pensar que algumas pessoas não levavam a sério cursos que não preparavam para ficar o resto da vida sentado a frente de um computador ouvindo ordens e digitando fórmulas e palavras. E seu pai era uma dessas pessoas.

Em relação a comida, ele até tinha jogado algumas piadas quando Taehyung negou a carne que estava sendo grelhada em alguma reunião de família, mas no final acabou indo até a horta e colhendo alguns legumes para que o menino se alimentasse.

A mãe tinha lhe contado como estavam as coisas em Daegu e que em algumas semanas o filho de uma das amigas de infância de Taehyung faria 2 anos e ele poderia ir na festinha despreocupado já que o tema seria tropical e o que mais teria lá seriam frutas e coisas naturais.

Ele já tinha percebido que aquilo era uma de suas indiretas para que o menino os fosse visitar, mas apesar do carinho e das saudades, só de pensar nos 2 ônibus, metrô e na carona no carro do pai naquele silêncio constrangedor por no mínimo 20 minutos para que chegasse em casa, ele já se sentia cansado. Sem falar que não teria coragem de pedir folga no emprego que mal tinha começado e então teria que se contentar com parte da sexta-feira e o final de semana para toda a viagem exaustiva.

Depois de tomar um gole de água, lavar o copo e colocar a garrafa de novo na geladeira, deu boa noite a Jimin que estava jogado no sofá da sala conversando por vídeo, com claro, Jungkook. O garoto foi até seu quarto e se jogou em sua cama, pegou o celular na mesa de cabeceira, porque já estava se tornando rotina conversar com Sohye antes de dormir. Ele até pensou em enviar uma mensagem, mas se perguntou se ela não estaria dando atenção a avó naquele momento, e não quis atrapalhar. Riu sozinho quando percebeu que nem tinha moral para zoar Jimin já que estava agindo a mesma forma. Naquele momento, a cada 5 pensamentos de Kim Taehyung, 3 envolviam Kim Sohye.

Sabia que iria se arrepender na manhã seguinte por não dormir mais cedo, mas decidiu abrir um vídeo de restauração de quadros para assistir. Ele adorava ver aqueles vídeos e achava extremamente corajosas as pessoas que exerciam a profissão, porque ele morria de medo de pegar uma obra e alterar a essência de outro artista.

Assim que o vídeo terminou, a notificação no topo da tela do celular apareceu e o menino sorriu sozinho: Sohye dizia que estava preocupada de o acordar, mas que não queria deixar de falar com ele antes que aquela terça-feira acabasse. Que o dia dela não tinha sido fácil, mas que ela tinha se esquecido de todo o sentimento ruim enquanto estava com Taehyung. Ela finalizou as mensagens perguntando a que horas ele saía para o trabalho, porque ela estava na casa da avó e iria direto para a cafeteria no dia seguinte.

E Taehyung não fazia ideia o quanto ela tinha lutado com os próprios pensamentos para decidir que devia lhe dizer aquilo antes que fosse tarde demais.

O Kim se jogou na cama novamente fechando os olhos. Ele se sentia um moleque de novo! Era como se todos os relacionamentos amorosos que teve durante a vida não tivessem servido para aprender porcaria nenhuma, porque ele não se lembrava de nenhum ter mexido tanto com ele ao ponto de sequer saber o que responder agora.

Se lembrou de sua avó o dizendo que quando ele conhecesse alguém especial, que seria diferente e ele riu achando que era mais uma das histórias de seus livros e novelas. Ah a descrença de garotos de 15 anos! Hoje se ele tivesse a oportunidade, agradeceria a avó por ter compartilhado tanto com ele.

Quando ele tomou coragem de responder, e até já achava que a menina tinha pegado no sono como da última vez, uma nova mensagem chegou:


Sohye do metrô 💛: Sunny side of the street - McFly

(A primeira estrofe é a minha parte favorita da música 😉)


Ficando offline logo depois, não dando sequer a chance de Taehyung pensar em outra coisa para a responder.


<#>

Olá!

Deixo aqui mais um capítulo da Learning e nele vocês foram apresentados a Sra. Go., avó da Sohye e do Jin, e bisa da nossa Yuna. Ela não chega a ser uma das personagens principais, mas ela ainda vai aparecer mais vezes.

Me encanta poder mostrar a construção da história do Tae e da Soso e que antes de existir os dois juntos, existe a Sohye e existe o Taehyung, e tanto um quanto o outro também tem vidas fora do relacionamento entre eles. Acho importante poder mostrar as amizades, a relação com a família, a rotina e principalmente que a história deles entra na vida dos dois, mas sem interromper/substituir nenhuma dessas outras áreas.

Enfim, obrigada mais uma vez por todo o carinho, espero que tenham gostado de mais essa partezinha da história. Deixem o votinho para aquecer o coraçãozinho da autora e me contem o que acharam porque eu amo demais ler cada um dos comentários ♥

Fiquem bem ♥

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro