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1. here comes the sun and I say: it's all right

"Lá vem o sol e eu digo: está tudo bem"

- The Beatles (Here comes the sun)


"Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar" - Autor Desconhecido


segunda-feira, 6h45min

Talvez uma das maiores dúvidas que Kim Taehyung carregava consigo, era como o responsável por distribuir os dias da semana conseguiu a proeza de fazer os sábados e domingos parecerem estar tão longe e quando enfim chegavam, tão perto de acabar. E isso acontecia mesmo sem se moverem um centímetro sequer no calendário colado com durex vermelho na parede.

Aquele dia era o menos esperado por qualquer pessoa que tinham uma rotina durante os 5 dias úteis da semana: desde aquelas que se arrependiam de não terem deitado algumas horas mais cedo no dia anterior, quanto aquelas que além de acordar tinham o dever de arrastar os filhos para fora da cama e convencê-los que estudar era importante.

E que sim, tinha que ser as 6 horas da manhã.

E não, inventar uma dor de barriga não iria funcionar.


Ah a segunda-feira. A odiada por uns e... odiada por outros? Aliás, existe alguém que gostava mesmo de segundas? Digo, alguém que gostava de acordar às 6h nas segundas, porque nada contra o dia em específico, ele só não entendia ainda aos auge dos seus 25 anos, a necessidade de acordar tão cedo já que o dia tinha 24 horas.

De qualquer forma, Taehyung não tinha mais o luxo de poder desligar o despertador do celular e voltar a dormir, porque sua mãe não entraria em seu quarto dizendo que eram 9 horas da manhã quando na verdade eram 7. E seu pai não lhe daria carona enquanto ele pegava um sanduíche feito pela Sra. Joeun e comeria a caminho do colégio. Coisas que ele só aprendeu ao decidir morar sozinho.

Antes mesmo de se levantar ele encarou o teto, com o plafon no meio e ao seu redor os adesivos velhos de planetas, que juntos formavam o sistema solar e que o antigo dono provavelmente esqueceu de tirar, ou talvez só desistiu, porque Taehyung mesmo sentia preguiça só de pensar em procurar alguma escada para os tirar dali. Ele se sentou na cama e ficou ali uns 5 minutos dormindo sentado.

Do lado esquerdo tinha uma janela com o pequeno guarda roupa ao lado e na parede contrária a porta que dava para o resto do apartamento. Próximos a escrivaninha, uma pilha de 4 baús organizadores com diversos desenhos e materiais artísticos, como tinta óleo e giz pastel, mas já havia algum tempo desde a última vez que Taehyung tinha mexido ali.

O quarto era simples: as paredes eram de um branco quase encardido, em uma delas havia uma pequena estante com livros e sua coleção de discos de vinil, em outra haviam algumas fotos 10x15 coladas com durex vermelho e em um dos cantos estava o violão dentro da case com vários adesivos de bandas. Alguns chamariam aquilo de Indie, mas Jimin chamava de "Estilo do TaeTae".

Tomando coragem, ele se levantou, praticamente se arrastando, e caminhou até a janela a abrindo depois.

Não, ele não tinha visão de alguma paisagem de Incheon, como seria em um filme ou algum drama. Sendo vida real, tudo o que dava para ver de sua janela era a janela do vizinho adolescente que fazia questão de pendurar suas cuecas ali.

Às vezes Taehyung tinha vontade de largar tudo e voltar para casa dos pais, ajudar na fazenda, e esquecer da vida corrida de cidade grande. Logo ele, que desde a adolescência dizia aos amigos que iria largar a vidinha no meio das hortas, viver de música, morar em Seoul e ter uma tartaruga de estimação chamada Michelangelo. Da lista do Kim de 15 anos, ele tinha apenas saído do meio das hortas mesmo.

Viver de música estava longe de ser sua maior fonte de sustento, mal dava para pagar as contas do mês e muitas vezes tinha que sortear qual boleto ele iria deixar de pagar. Ele era formado em Museologia, que era também uma de suas paixões, e já que a profissão permitia uma carteira assinada e um emprego fixo, ele tinha decidido que aquela iria ser sua principal fonte de renda, deixando a música apenas como hobby.

Morar em Seoul muito menos. Se ele mal tinha dinheiro para a conta de água, quem dirá para um apartamento na capital da Coreia do Sul. E Michelangelo por enquanto era só a pelúcia de tartaruga que Jimin lhe deu logo depois dele ter exagerado no álcool e ter chorado para o amigo que não era capaz nem de ter uma tartaruga de brinquedo.


Depois de tomar um banho rápido e secar os cabelos levemente enrolados, Taehyung voltou para o quarto, vestiu a boxer preta, a calça caqui e passou o cinto preto pelos passadores. Se agasalhou com uma blusa preta de mangas compridas e a ajeitou no corpo. Calçou os sapatos e pegou a bolsa que estava em cima da cadeira da escrivaninha.

Quando voltou para a sala, poucos metros quadrados maior, viu a porta de Jimin entreaberta, o que indicava que ele provavelmente já tinha saído para faculdade. Taehyung foi até a geladeira na pequena cozinha conjugada e tudo o que encontrou lá foram 3 garrafas de cerveja e uma de água, um vidro de kimchi pela metade e um vidro de ketchup vazio. Abriu o armário e lá dentro havia somente um pacote de miojo super apimentado, que ele daria um jeito no final do dia quando voltasse da rua.

Era final de mês e as compras já estavam acabando, o que significava que teria que passar em alguma padaria se quisesse comer alguma coisa antes do trabalho. Sim, um trabalho! Era nesses momentos que Taehyung agradecia imensamente a vida pelos amigos que ele tinha.

Namjoon tinha lhe indicado para uma entrevista com seu chefe depois que um dos guias do museu pediu demissão e aceitou uma proposta para fazer pesquisa na Inglaterra. Taehyung não o julgava, era uma oportunidade e tanto. E melhor ainda para ele que precisava urgentemente arrumar uma renda fixa e não ficar sobrevivendo dos trocados que conseguia tocando em barzinhos a noite, o que fazia Jimin arcar com quase todas as despesas da casa.

Eles haviam combinado de dividir tudo pela metade, e apesar do amigo dizer que não se importava e que sabia que era difícil arrumar um emprego na área dele assim do nada, já faziam 3 meses que o Park estava praticamente carregando todos os gastos do apartamento nas costas. 

O garoto saiu do apartamento com seu melhor sorriso e melhor esperança de que aquele poderia ser um dia ótimo. Ok que ele ainda tinha um metrô para pegar e alguma coisa que acalmasse o mini dinossauro que gritava em seu estômago para comprar, mas tinha 1h20min para fazer essas duas coisas, então tudo estava sob controle. A estação de metrô ficava na rua ao lado e naquela mesma rua havia uma cafeteria que ele amava. E ele ainda poderia ter uns minutos para ouvir a Sra. Go reclamar dos netos e do desejo de que o próprio Taehyung fosse neto dela também.

Ele pegou o elevador vazio, ajeitou o cabelo no espelho e checou a hora no relógio em seu pulso. Depois saiu do meio de transporte e deu bom dia ao zelador.

Estava tudo certo, tudo sob controle.

Na verdade, estava, no passado mesmo, porque o que ele não sabia era que as coisas deixariam de estar sob o controle nos minutos seguintes, assim que ele chegasse na calçada do prédio e colocasse a mão na bolsa para procurar a carteira e notasse que ela não estava lá.


Com a calma que Taehyung passou pela porta, ninguém poderia imaginar que ele estava a minutos de estar atrasado para o seu primeiro dia de trabalho. Caminhou até o balcão da cafeteria e pediu um chocolate quente para viagem. Esticou o dinheiro até o rapaz de sorriso fácil e ombros largos que atendia no caixa. O ambiente estava vazio, o que o fez imaginar que estavam iniciando o expediente.

Era sua primeira vez ali e a atmosfera do lugar já demonstrava que ele gostaria de voltar outras vezes. Claro que ele não deixaria de visitar a Sra. Go. O chocolate que ela fazia não tinha comparação com nenhum outro, e o fato de que ela lembrava sua própria avó e o chocolate que ela fazia em sua infância, eram fatores que deixava a cafeteria dela a anos luz de qualquer outra.

Esperou em pé mesmo, com um braço apoiado no balcão enquanto a outra mão deslizava os dedos checando as mensagens no celular. Viu a notificação do kakao indicar que haviam 11 mensagens não lidas e antes mesmo de abrir, Taehyung já sabia que eram de Namjoon.


joonie: Estou saindo de casa

             Metrô

             Cheguei no trabalho

             Taetae?

joonie: Vou te esperar na entrada.

             Não, não vou mais.

             Taehyung????

             Estou entrando, acabei de ver o carro do Sr. Woo.

             Onde você está???

joonie: Taehyung é o seu primeiro dia. Não acredito que já vai começar queimando o meu filme com o chefe.

              Eu te odeio.


Ele sorriu vendo o desespero desnecessário do amigo. Faltavam 8 minutos para as 9h, e tudo o que ele precisava fazer era atravessar a rua. Estava tudo sob controle. O cara de cabelos escuros que estava no caixa lhe entregou o pedido e Taehyung agradeceu em silêncio abaixando levemente a cabeça. Depois de provar o chocolate e ter a sensação de já conhecer aquele sabor, ele seguiu até a porta de vidro que dava para fora da cafeteria.





Sohye segurou a porta de vidro antes que ela fechasse e entrou no estabelecimento esbaforida. Seokjin que limpava uma das mesas, riu ao ver a irmã colocar a mão sobre o peito e respirar pesadamente enquanto olhava para todos os lados para ver se havia mais alguém ali.

Halmeoni*? — ela chamou, mas não obteve resposta. Viu Jin negar com o rosto ainda rindo. A menina baixinha tirou a jaqueta jeans e pegou o avental bege atrás do balcão, o vestiu, finalizando com um laço nas costas. — Perdi a hora estudando uns livros — disse se justificando, enquanto ajeitava o cabelo curto e bagunçado de forma que ficasse ao menos apresentável e não assustasse os clientes.

Resumindo: "tinha dormido em cima dos livros de novo", Seokjin pensou. Sohye ajudava o irmão ali pela manhã quando não tinha aulas e na parte da tarde fazia estágio em uma escola de ensino fundamental no centro de Incheon. Diferente do que avó achava, ela não fazia o curso técnico em panificação ou qualquer coisa que envolvesse estar em uma cozinha. Sohye estava nos últimos semestres da faculdade de Pedagogia, e uma hora ou outra aquela mentira viria a tona. E ela sabia disso, e toda vez que parava para pensar, se via em desespero porque não saberia conviver com o olhar de decepção da avó.

— Ela ligou e disse que não vem hoje — Seokjin disse. Ele tinha acabado de abrir a cafeteria, um ou outro cliente tinha aparecido, mas aquele não era realmente o horário de pico. Haviam aqueles que chegavam cedo e tomavam o café correndo antes de ir ao trabalho e os que na parte da tarde, recém liberados da escola, atacavam os cupcakes, rosquinhas e qualquer outra coisa que tivesse açúcar e chocolate — e também não é como se a halmeoni fosse te expulsar da família só porque você preferiu limpar catarro de criança ao invés de me ajudar com a cafeteria —  Seokjin fez bico fazendo piada da irmã que revirou os olhos com o comentário. Não era como se ela não tivesse tentado aprender a cozinhar com o irmão mais velho. Não tinha jeito: Sohye sempre queimaria os pãezinhos e se seus bolos fossem comparados a pedras, ela estaria no lucro de ter ao menos conseguido os cozinhar no forno.

Mesmo que demais.

Não havia herdado a habilidade de cozinhar maravilhosamente bem da família e tinha decidido que não havia por que perder seu tempo tentando lutar com algo que ela já sabia que não levava jeito e não gostava tanto assim. Ela preferia sim limpar catarro de criança nos anos iniciais do fundamental do que passar o dia inteiro alternando do caixa para o forno. Tinha paciência o suficiente para ensinar aos pequenos as coisas do mundo, mas não sabia sequer fritar um ovo sem queimar.

— Desculpa se eu não nasci com a mão abençoada pelos deuses. — ela mexeu os dedos como quem fazia algum feitiço. Seokjin riu a risada gostosa que só ele tinha e que Sohye amava tanto. Ela sorriu de volta, porque gostava de ver o irmão feliz.

Ele caminhou até sua frente e bagunçou seu cabelo, Sohye resmungou porque tinha acabado de conseguir o ajeitar. Mas sabia que aquele era o jeito dele de dizer que se preocupava. E talvez aquela fosse a maior qualidade e o maior defeito de Seokjin: apesar de se mostrar sempre disposto e alegre, ela sabia que ele estava sempre preocupado com todo mundo ao seu redor, o que o fazia se esquecer de si próprio. Talvez fosse um problema da família Kim.

Sohye suspirou depois do irmão passar por ela indo em direção a cozinha. Ela apoiou o cotovelo no balcão, descansou o queixo na mão e encarou a moça de cabelos longos que apresentava o noticiário na TV.





Taehyung sorriu e acenou para o último grupo que tinha guiado antes do seu horário de almoço. O salário não era dos melhores, mas quando Namjoon falou da vaga para ser guia no museu, ele viu que era a chance de colocar todos os 5 anos dedicados à estudo de museologia em prova.

Com a formatura veio o fim da mesada que seus pais se esforçavam, e muito, para ele conseguir se sustentar na época da faculdade e agora ele não estava em situação de escolher muito. Se dava para pagar o aluguel e para bancar suas refeições do dia, estava ótimo. Com os trocados extras que ganhava a noite quando conseguia se apresentar em algum barzinho, ainda daria para cerveja dos finais de semana e para fazer alguma coisa divertida.

Ele fez a entrevista com mais 5 pessoas, tinha participado de uma gincana, feito uma visita guiada com a secretária do gerente como uma das avaliações e no final, tinha se destacado e se tornou o escolhido graças a todo o tempo que tirou para ler as biografias passadas pelos professores da faculdade. Aquelas que a maioria sempre ignora, sabe?

Esperou o rapaz de cabelos castanhos claros sair da construção moderna e caminharam de forma tranquila até uma das lojas de conveniência próxima dali. Namjoon, diferente de Taehyung, não era guia no museu. Enquanto um passaria horas a fio andando de um lado para outro tentando explicar a diferença entre Barroco e Rococó para públicos de todas as idades, o outro era responsável por catalogar e organizar as obras em coleções dependendo de seu estilo, ano e origem.

Taehyung estava empolgado. Ele poderia falar sobre história da arte por horas seguidas e repetir quantas vezes fosse necessário, mas o amigo que já estava na rotina há 2 anos não estava na mesma felicidade. Aliás, o trabalho de Taehyung poderia ser fisicamente mais cansativo, mas possivelmente o de Namjoon era mais estressante. Se ele errasse uma informação daquelas fichinhas, poderia trocar um Van Gogh por um Monet.

E acredite: isso era a última coisa que ele iria querer que acontecesse.


Namjoon que andava quase se arrastando, pegou a primeira marmita que encontrou e levou até o caixa para pagar. Diferente de Taehyung que perdeu algum tempo procurando nas opções sem carne. Logo depois do segundo pagar, se aproximou do amigo que observava a comida esquentar no microondas. Colocou a sua no aparelho ao lado.

— O que foi? Ainda está chateado porque não respondi suas mensagens? — Tae perguntou ao amigo que negou com a cabeça. Ele pareceu pensar por um segundo.

— Você não respondeu? — Namjoon arqueou a sobrancelha para o outro que lhe devolveu com um sorriso envergonhado — Eu não olhei o celular depois que subi para o 2º andar. — falou visivelmente cansado — Além do mais, continua dando mole e chega atrasado para ver se não perde o emprego na primeira semana. O Sr. Woo consegue ser bem severo quando quer.— alertou o outro. Taehyung queria fazer alguma piada, mas se calou, percebendo que Namjoon falava sério. Eles caminharam até umas mesas que haviam ali e almoçaram em silêncio.





Era a terceira vez que Sohye tentava explicar para o garotinho de bochechas grandes e rosadas que ele não podia comer a borracha como se fosse um biscoito ou pedaço de bolo. Terceira vez que ela tentava explicar que se ele engolisse aquilo iria fazer mal para ele.

E quando ela achou que não tinha mais jeito, a garotinha de rabo de cavalo e óculos ao lado do menino o disse que conhecia um vizinho que tinha engolido um chiclete e por isso teve que fazer lavagem gástrica para tirar ele de lá. Sohye se perguntou como aquela garotinha sabia o que era uma lavagem gástrica, quando ela mesma se referia aquilo como "lavagem de estômago".

Quando viu o menininho arregalar os olhos e deixar a borracha de lado, ela se questionou se todo o conteúdo de psicologia infantil estudado em sala de aula realmente fazia alguma diferença quando você tem que lidar com crianças na vida real. Sohye abriu a boca para tentar amenizar o que a menina disse, mas o sinal que indicava o fim da aula tocou e logo todas as crianças correram até o cabideiro para pegar suas mochilas. Ela suspirou. Será que tinha feito a escolha certa ao preferir cuidar daqueles pequenos ao invés de ajudar Seokjin?

Bem, não tinha mais o que pudesse fazer: faltava pouco para que terminasse o tempo do estágio e as matérias restantes para pegar o diploma de conclusão de curso. Logo Sohye teria que comandar uma turma de fundamental sozinha, e ainda não se sentia 100% preparada para aquilo.

Ela se levantou do tapete de EVA com letras e ajeitou o avental. Engraçado que aquele era seria seu uniforme independente de qual das duas profissões escolhesse. Foi até a porta parando ao lado de Yejin, a professora oficial da turma.

Sohye observava o carinho da mulher toda vez que dizia a alguma criança para fazer reverência antes de ir embora e achava mais bonitinho ainda eles cruzando as mãozinhas na parte da frente do corpo e se curvando para as duas professoras que repetiam o gesto. Claro que eles exageravam, e muito, na hora de abaixar o corpo, mas nem ela nem Yejin viam necessidade de corrigi-los tão rigidamente assim. A vida já era dura demais lá fora, não precisava ser ali na salinha colorida também.

Quando a última criança passou pela porta, e eram um total de 10, Sohye se despediu de Yejin. Assim que saiu da sala que ela passava suas tardes, viu a sobrinha sentada em uma das cadeiras do corredor. Ela tinha os longos cabelos em duas tranças, uma em cada lado da cabeça, e usava o uniforme da escola que consistia em camisa branca de botões com um suéter amarelo por cima e saia azul prussia com duas listras horizontais na barra. Ela enrolava o dedo na gravata e Sohye sorriu porque se lembrava de fazer a mesma coisa na idade dela, mesmo nunca tendo comentado com a menina. Yuna balançava as perninhas que estavam, em parte, cobertas pelas meias.

— E aí, pronta para ir para casa? — Sohye perguntou, depois de se aproximar.

— Tia Gaeul pediu para esperar. Ela foi se limpar porque alguma criança fez xixi nela. — respondeu ainda balançando as perninhas como se aquilo não fosse nada demais. E para Sohye não era mesmo, mas ela riu. Gaeul era sua melhor amiga e fazia Pedagogia também. A diferença era que na divisão de estágio, ela tinha ficado com uma turma de crianças bem mais novas, de 2 e 3 anos, e como tinham acabado de entrar na escola, a maioria ainda estava no processo de tirar as fraldas. Ok que Sohye tinha que lidar com seus comedores de borracha de 4 anos e com a famosa pergunta "De onde vem os bebês?", mas não deveria ser nada fácil lidar com 10 crianças, mais da metade delas no desfralde.

Gaeul demorou mais do que Sohye imaginou e elas tiveram que correr para não perder o metrô no horário em que estavam acostumadas a pegar. Seokjin colocava a filha todos os dias no transporte da escola que a buscava em casa por volta das 7 horas, mas a responsável pelo retorno dela para casa era Sohye, e tudo o que ela mais temia era ter que enfrentar o transporte público em horário de rush com a sobrinha de 6 anos.

Por sorte, ainda não estava tão cheio. Não o suficiente para ficar apertado, mas não haviam mais lugares para se sentar. Yuna rápida, tinha ocupado o último banco vazio do vagão e riu da expressão que a tia fez ao vê-la correndo até o lugar. Na cabeça da menininha ela acreditava que ela devia estar surpresa com a sua velocidade, mas Sohye pensava em como ela parecia tanto com o irmão mais velho quando criança.

Sohye entregou a mochilinha de Frozen para a menina para que ela segurasse e enquanto segurava em das barras do vagão para não cair, a outra mão foi segurada por Yuna. Bastou 2 segundos sem fazer nada, que não demorou muito para que o pensamento dela voltasse as coisas da faculdade e em todas as outras coisas que ela ainda tinha para fazer.

Ela tinha uma declaração oficial da Unesco para encontrar na internet e ler até segunda feira, uma resenha do texto indicado pelo professor de Práticas de Ensino em Educação Infantil para escrever, atividades criativas e lúdicas para as crianças da escola para montar, uma prova de nivelamento de Inglês para estudar e no meio disso tudo ainda teria que encontrar tempo para arrumar o quarto que parecia ter sido vítima de um furacão. Talvez ela adiasse novamente a arrumação do quarto para a semana seguinte. Ela sentiu Gaeul a cutucar.

— O que foi? — se virou para amiga. A menina de cabelos ondulados revirou os olhos e se aproximando dela, falou baixo.

— Você acha que dá pra sentir o cheiro ainda? — ela resmungou. Sohye a olhou confusa, até se lembrar do acidente do desfralde.

— Você não trocou de roupa? — Gaeul negou com o rosto tentando parecer discreta — Como não? — perguntou em um tom que poderia ser considerado normal, mas o assunto já gerava constrangimento por si só e a amiga por pouco não tampou a boca dela.

— Eu já tinha usado a roupa reserva, uma das crianças derrubou suco em mim na hora do intervalo. Eu só lavei essa com um pouco de sabonete do banheiro. — Sohye controlou a vontade de rir, crianças eram realmente criaturas muito imprevisíveis. — Isso não tem graça, Kim Sohye! — aumentou o tom de voz e bateu o pé, o que fez algumas pessoas as olharem, Gaeul se encolheu com vergonha e Sohye se sentiu mal por ter achado graça da amiga. Ela mesma já tinha passado por aquela situação e ela esperava que em algum momento da vida elas simplesmente aprendessem a ignorar aquilo. Ou tivessem direito a um guarda roupa reserva na escola para aquelas situações.

Yuna parecia alheia a elas e prestava mais atenção no rapaz sentado ao seu lado. Ele parecia tanto com alguém. A cabecinha dela trabalhava a mil tentando lembrar onde tinha o visto. O menino que parecia distraído provavelmente sentiu o olhar em sua direção porque olhou para ela e sorriu quadrado. Ela sorriu envergonhada notando que tinha sido pega no flagra.

— Fica feliz, isso quer dizer que você foi batizada. Já pode se considerar oficialmente uma professora. — Sohye falou e Gaeul revirou os olhos passando a ignorar a amiga. A voz do metrô indicou que a próxima parada era a delas e a saída seria pelo lado esquerdo. Yuna fez menção de levantar, mas foi impedida pela tia.

— Espera parar para levantar Yuyu — ela assentiu voltando ao lugar e voltou a abraçar a mochilinha roxa e azul. A garotinha retornou o olhar para o menino, ainda tentando se lembrar, mas agora ao invés de parecer distraído, ele olhava para Sohye, essa que parecia estar com o pensamento sabe-se lá onde, enquanto Gaeul voltava a reclamar de alguma coisa.

Ela, Yuna, fez bico com os lábios pensando se deveria perguntar o nome dele, mas lembrou do pai repetindo diversas vezes que ela não deveria falar com estranhos. O metrô parou e Sohye ajudou a menina a se levantar, saindo as três logo depois. Antes que saíssem completamente do vagão e as portas se fechassem, Yuna ficou feliz quando percebeu que o menino lhe dava um tchauzinho sorrindo.

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Halmeoni - avó em coreano.

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