Pov: Katelyn Argent.
Meses antes.
México.

O barulho foi suave, quase impossivel de escutar. Aperto mais a arma em minhas mãos, andando com cautela pela igreja abandonada.

-Qual é.-murmuro.-Eu sei que está aqui.

Estava escuro, mas ainda assim claro o suficiente para conseguir enxergar o que estava a minha frente. Certamente eu a veria se ela estivesse ali.

Estava de costas e um barulho vem de trás. Me viro rapidamente, com a arma apontada, prestes a atirar e pulo de susto ao ver Jack aparecendo bem na minha frente, a arma apontada pra mim.

-Aah!-exclama ele abaixando a arma. -Abaixe isso, Katelyn.

-Seu idiota, nunca apareça atrás de uma pessoa armada!.-digo. Abaixo a arma, o coração voltando a bater normalmente, e olho ao redor. Sem sinal dela. -Ela já deve ter fugido.

-Vamos. Os Calaveras nos esperam. Araya não vai ficar nada feliz com isso.-diz ele se virando para sair.

Iamos saindo, mais um barulho chama minha atenção. Um barulho de alguém rosnando. Ela estava lá!

Me viro lentamente, e lá estava ela. Kate Argent... Minha mãe. O monstro que eu estava caçando.

-KATELYN, NÃO!-Diz Jack, mas já era tarde demais.

Com ela em minha mira, atiro em sua direção. Porém, nada a atingiu e ela foge. Corro atrás dela, a arma em minhas mãos, o meu corpo cheio de adrenalina.

Ao chegar no centro da igreja, paro de correr. Ela havia sumido. Outra vez. Kate Argent era boa nisso, tinha que admitir. Era mais difícil caça-la do que qualquer outra coisa que eu já tinha caçado antes.

-Porra, Katelyn! Qual a regra principal?- diz Jack aparecendo atrás de mim, visivelmente irritado.

-Não deixar os sentimentos atrapalharem. Desculpa, fui estúpida. Só vamos logo embora daqui. -digo saindo dali.

{...}

Chegamos a casa dos Calaveras, e eu vou falar com Araya. Ela estava na sala, como sempre, com um de seus familiares vigiando a porta de entrada.

-Encontrou sua mãe?-pergunta ela sentadando na cadeira.

-Sim...- digo meio nervosa.

-Matou ou capturou?

-Ela fugiu.- digo e Araya me olha com um olhar mortal. Eu havia falhado. De novo.

-Não entendo por que quer tanto matar Kate Argent. - diz a mulher voltando a seu olhar normal.

-Ela é minha mãe. - digo e fecho a mão com força.

-Por isso mesmo. Quer matar sua própria mãe?-diz Araya arqueando a sobrancelha.

-Ela nunca esteve presente na minha vida. Ela me mandou pra um internato! Ela acabou com minha vida, se não fosse pelo meu tio, minha infância teria sido uma merda. Eu devo isso a ele também. Ela desonrou o código dos Argents, o código dos caçadores. E agora, eu vou caça-la. E eu vou mata-la. - digo. -Ela foi a pior mãe que uma pessoa poderia ter, e ahora vou retribuir o favor sendo a pior filha que uma mãe ia querer ter.

-Mas não vai fazer isso por aqui.- diz uma voz atrás de mim, uma voz que conheço muito bem. Meus olhos se enchem de lagrimas, e um sorriso nasce em meu rosto.

-Tio!-digo me virando e indo o dar um abraço forte.

-Você cresceu Kat. Está tão linda.-ele diz e eu sorrio.

-Você por aqui, tio? Veio atrás da minha mãe?-pergunto. Ele olha pra Araya.

-Não, na verdade.-ele diz. -Podemos conversar ? Em algum outro lugar?

-Claro.

{...}

Nós fomos até um restaurante, um dos melhores aqui na região. Pedi alguns tacos para comermos, mas não estava com fome. Mesmo amando tacos. Eu estava preocupada com o que meu tio tinha a me dizer.

-Então tio. O que te trás da França até o México?- digo e o vejo dar uma mordida em seu taco com calma antes de responder.

-Estou voltando para Beacon Hills. Alguns amigos precisam da minha ajuda. -ele diz e para por um tempo.- E ai soube que tinha fugido do Internato. Até que você demorou muito pra fazer isso. Já tem 18 anos. -ele diz e sorri.- E eu não vou desperdiçar a chance de reconstruir o resto da família que me resta. Não vou desperdiçar essa chance. Queria que morasse comigo-ele diz. Sorri triste ao me lembrar de Allison, mas muito feliz com sua proposta.

-Eu adoraria morar com você, tio. Até por que, sei que os Calaveras se viram muito bem sem mim.-Digo.

-Sim. Falei com Araya.- diz meu tio. -Por mais que ela te adore, ela acha que realmente é uma boa ideia você parar com esse lance todo de caçar sua mãe. Não está te fazendo bem.

-Quando volta pra Beacon Hills?- pergunto tentando mudar de assunto. Não queria falar de minha mãe.

-Daqui alguns meses, quando nossa casa estiver pronta. Por enquanto, que tal ferias na França?-ele diz e eu rio.

-Ia adorar. E ai você pode me contar todas aquelas histórias velhas sobre nossa família.-digo e ele da um largo sorriso.

-Feito.

Dias atuais.

O carro para em frente a minha nova casa. Ela era linda.

-O que achou de Beacon Hills até agora?-pergunta meu tio desligando o carro.

-Bem diferente de quando eu era criança.-digo rindo. Faz tanto tempo que não venho pra Beacon Hills. Minhas melhores lembranças são daqui. Espero que continue assim.

Desço do carro, e meu tio me ajuda com as malas, que não eram poucas.

Colocamos tudo pra dentro, e a casa já estava mobiliada, como deveria estar. Era uma bela casa, bem grande e espaçosa.

-Uau. É muito bonita.-digo.

-Seu quarto é o primeiro a esquerda.-diz meu tio pegando algumas malas e levando pra cima.

Entro no quarto. Era realmente muito grande. Bem diferente do quarto onde eu dormia no internato que minha mãe havia me enfiado para ficar longe de sua vida.

-Deixei ele assim pra que você pudesse arrumar ele como quiser.-ele diz.

-Obrigada.-digo sorrindo.-Tem algum lugar pra colcoar as armas? -digo e ele ri.

-Sim, eu pensei nisso também.-ele abre uma porta, onde tinha um closet, e em uma parte oca da parede era onde dava acesso para todas as armas. Meu tio era demais.

-Caraca. Quantas armas.-digo. Pego minha bolsa de armas, e as junto com o resto.-Vamos caçar?

-Bom, eu não caço mais lobisomens, você sabe. Pela Allison.

-Eu sei.-suspiro.-O namorado dela era um lobisomem, não é?

-Sim. O Scott. Foi por ele que voltei a Beacon Hills. Tem sempre alguma criatura sobrenatural atacando, e ele precisa de mim.-diz meu tio. Sorri.

-Vai ser legal caçar criaturas sobrenaturais pra salvar os outros. Tipo os Winchester.-digo.

-Ah não, você ainda fala com eles?-diz meu tio e eu solto uma risada.

-Com Dean e Sam? Sim.-digo e sorrio.-Quase todos os dias. - digo e meu tio faz uma careta. -O que tio, eles são meus amigos.

-São dois sem noção, isso sim.

-Sabia que eles fizeram amizade com um anjo? O Castiel, eu o conheci.

-Nem quero saber em que tipo de coisa esses dois estão metidos.-diz meu tio e sai do quarto e eu rio

Me sento na cama. Talvez morar Beacon Hills não seja tão ruim assim.

{...}

Estava na sala mexendo em meu computador, quando escuto meu tio falar com alguém no telefone.

-Sim, Katelyn Argent.-ele dizia. Fecho meu computador e vou até a cozinha pra escutar. Meu tio me olha chegar e eu faço sinal de "o que é". Ele pede pra esperar. -Ah, obrigado Diretor. Sim, ela é uma ótima aluna. Sim, eu sei. Não, ela não fugiu do internato, eu a tirei, esse assunto já foi resolvido com a escola. Ok Amanhã? Está bem. Tchau, boa noite.

-Quem era?-pergunto quando ele desliga o telefone. -E como assim eu não fugi?

-O Diretor da sua nova escola.

-Ahhh tio! Ir pra escola? É só o último ano do ensino médio!

-Você não concluiu os estudos. E não vai ser caçar que vai te sustentar.

-E o que te sustenta?

-As empresas da família, é claro.-ele diz e eu me lembro das empresas. Claro.

-E por que eu tenho que estudar? Eu já sei tudo!

-Quero que tenha um bom trabalho.

-Eu tenho a caça.

-Não vai viver de caça pra sempre, Kat.

-Tá!-digo bufando.-Eu vou pra essa escola.

Só espero que ela não seja assim tão ruim.