PRÓLOGO
Eu estava apavorada.
Minha irmã mais velha Emilly e eu estávamos trancadas no sótão enquanto nossa mãe verificava o que quer que estivesse errado no andar de baixo.
O sótão era escuro e assustador, eu tinha apenas oito anos, sempre tive medo de subir até lá sozinha. O barulho de passos fazendo a madeira ranger não deixava a situação menos aflitiva, Emilly se inclinou para observar por uma fresta na madeira, e por um instante ficou paralisada com o que viu.
Emilly voltou a me olhar, mesmo em meio a escuridão podia notar que o que ela havia visto a deixou pálida. Ela tapou minha boca assim que notou as lágrimas que eu estava lutando para segurar, minha irmã tentou me abraçar, mas eu não conseguia me mover ou fazer qualquer coisa além de me encolher naquele canto tremendo de pavor.
As lágrimas caíram incontrolavelmente quando ouvi os gritos de nossa mãe, seu corpo caindo no chão com um baque surdo, e então silêncio. Foi quando meus olhos encontraram os de Emilly, também cheios de lágrimas, por mais que ela tentasse me acalmar ela havia inegavelmente visto a pior parte de tudo.
De repente o silêncio foi quebrado pelo barulho de grunhidos, arranhões e objetos sendo derrubados, o som parecia vir do porão. Nos abraçamos ao ouvir o estampido de um tiro vindo de lá.
Não saberia dizer se toda aquela tremedeira vinha de mim ou de Emilly, o mais certo a dizer seria das duas. Fechei os olhos, apertando-os com força como se ao abri-los outra vez fosse apenas acordar de um horrível pesadelo como os que eu costumava ter em noites de tempestade.
A porta do sótão se abriu de repente, e um homem entrou, ele usava boné, tinha barba e possuía um rifle em uma das suas mãos.
— Vocês estão bem? — Ele perguntou e nós assentimos, eu não conseguia desgrudar de Emilly, era como se minhas mãos estivessem travadas segurando-a. — Sou Bobby, estou aqui para ajudar vocês, sou um velho amigo da mãe de vocês.
Ele nos carregou em seu colo para fora de casa, Emilly estava com os olhos tapados e eu escondia os meus atrás do ombros daquele homem que havia nos salvado. Cometi o erro de olhar sobre o ombro dele quando estávamos passando por um dos corredores abaixo do sótão, vi minha mãe, ou o que sobrou dela.
Tapei os olhos logo em seguida, mas eu já havia visto demais, e aquela cena não seria esquecida jamais. Contudo, um certo alívio se abateu sobre nós quando estávamos do lado de fora, estávamos seguras de seja lá o que fosse, e estávamos juntas, mas agora estávamos sem nossa mãe.
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