Vizinhas?
- FORA DAQUI FILHO DA PUTA!!! – Gritou Eillen do outro lado da mesa enquanto a cafeína gotejava da franja castanha dele.
Natasha teve de segurar a bêbada nos braços antes que a mesma despencasse – totalmente incapaz de se manter de pé sozinha.
- Nossa Dikky desculpa, vem vamos sair daqui. – Elise acompanhou o engravatado pintado de café para fora do ringue de mesas no escritório. A interprete da vampira acompanhou com o olhar a amiga deixa-la para trás seguindo um homem, nada que ela mesma já não tenha feito, mas sentiu uma fúria vampiresca escalar o peito – teria sido tão ruim se Eillen tivesse acertado algo mais pesado que um copo de café na cabeça daquele imbecil atrevido?
Dava muita raiva dele, dele e dela. A morena serrou os dentes abraçando a corpulenta escritora a apertando com toda raiva que sentia.
Depois da briga na noite passada – lembrou – uma espiral de arrependimento apertou no peito quando teve de segurar no batente quando a porta abriu para Almôndega. Nat havia se arrependido de ter gritado no minuto que pôs os pés para fora daquele apartamento, correu para o Saki (restaurante japa) pegou uns temakis e yakisoba vegetariano para fazerem as pazes – quem resistiria a essa carinha com cheiro de fritura? – então assim que dobrou a esquina viu a loira entrar num carro com esse cara.
Será que foi com ele que ela sumiu na outra semana?
Os pensamentos puxaram o gatilho defensivo da morena, Natasha queria mata-lo, esse cara cheirava como um dos babacas como os que já haviam quebrado seu coração. Era horrível revirar essa parte de sua vida na época da série, a ultima dessas merdas deixou danos irreversíveis – machucados no coração são assim, doem e ficam lá para te lembrar – por isso talvez estivesse tão aborrecida da repentina proximidade de Elise com esse tal Dikky.
Ficou mais irritada quando um gemido abafado chegou aos ouvidos a fazendo comprimir os músculos – Eillen era esmagada nos braços da vampira.
- Não to respirando. – Gemeu a coitada.
Natasha a soltou de imediato a deixando cair.
Sem apoio a bêbada escorregou levando as calças de Vanlis ao chão mostrando a calcinha de tigre daquele dia.
-Eillen! – Gritou Clarke entrando no escritório sem as calças como Natasha. – Não acredito que você escondeu minhas roupas sua palhaça!
- Eu? –Eillen tentou fugir em vão, mal podia dar dois passos sem cair.
Natasha erguia as calças desesperada enquanto Eillen era mais uma vez abduzida pela ruiva porta a fora. No sentido oposto veio Elise esmagando o chão a passos largos acompanhada de uma garota magrinha com uma câmera.
- Elise. – Chamou, mas a loira nem ouviu do topo da escada. – Elise...
- Natasha vamos, temos uma reunião com a Warner em uma hora. – Spencer pegou um café terminando de fechar a blusa. – E a Eillen? – Ele teria perguntado, mas não tinha uma resposta muito lógica para essa questão.
***
Spencer e Natasha encontraram com Steph no carro para leva-los a reunião, sem Eillen mesmo, ninguém sabia ao certo onde essa louca teria se enfiado novamente.
- Gente não era bom a Elise vir também? – Perguntou aos outros, mas apenas querendo saber do paradeiro da loira já que nenhuma mensagem era respondida.
- Não, você tem mais experiência como produtora, e Elise ficou com Melanie, parece que apareceu uma fotografa lá que topou o trabalho. – Respondeu Steph.
A reunião os levou para o outro lado da cidade, chegando atrasados graças ao transito de ruas congeladas. O enorme prédio assustava, espelhado de vidro azul piscina até o topo, um Office dividido entre grandes empresas, a Fox com certeza ocupava algum andar avizinhando o escritório do Spotify e Hulu.
Algum andar entre os últimos acomodou a equipe representante da Kinda na sala de reuniões, dois assistentes do produtor Nathan Lorre estavam sentados na mesa redonda de pinho escuro, outras seis cadeiras esperavam mais componentes da produção. Os dois à mesa levantaram cumprimentando a equipe, nisso Nathan chegou com as veias da careca pulsando de nervoso.
- Desculpem o atraso. – Disse ele abrindo o paletó ao sentar e expondo a barriga de chope.
A equipe não teve de se preocupar com desculpas por atraso, apenas explicar a falta da escritora.
- E ai gente! – Chegou o ultimo componente da reunião. Jacob Stellano, um homem de cabelo acobreado camisa verde berrante e chinelo. – Mals a demora, o telefone não parou, sentem-se apertem os cintos que tenho dez minutos para falar com vocês, desce o telão! – Ele bateu palmas e nada. – Oh porcaria automática! – Praguejou.
Um dos assistentes deu um soco na parede e ela se abriu para um telão.
- Bom gente, é um prazer fazer negócios com vocês, então antes de seguir com o projeto precisamos de um arquivo mais consistente para os nossos acionistas. – Saltitava ele apontando gráficos de barras, depois gráficos de pizza, enquanto ele falava feito um narrador de rodeio.
Natasha não tirava os olhos do celular esperando Elise, esperando o bendito do marcador do WhatsApp ficar azul, qualquer sinal de vida.
"Elise, por favor fala comigo" pedia em seus pensamentos olhando o celular embaixo da mesa quando chegou uma notificação do Twitter vinda dos fã clubes de Carmilla. Uma foto de Elise...e aquele ser pintado de café.
- Que merda é essa! – Pulou da cadeira exaltada.
- Eu sei, uma merda de roteiro. – Disse Jacob choramingando com o telão exibindo Batman VS Superman. – Vai ser diferente, não vamos cometer o mesmo erro...pela oitava vez.
A reunião passou, Natasha não havia escutado nada, depois daquela foto o que mais queria era matar aquele imbecil grudado a boca de Elise. A morena escancarou os confins do Twitter, passou as fronteiras do Insta, onde estava aquela foto?! Era de um paparazzi, talvez não fosse Elise, talvez...droga a data era de hoje, e atrás estava o portão da Kinda.
MERDA!
Repararam no mal estar da garota e a dispensaram para casa, de alguma forma todos estavam um tanto fora do eixo após a reunião, mas Natasha não conseguia se importar, sua trava de segurança havia se esvaído em preocupação, o ferrolho armado ao ver Elise entrando no carro, e o gatilho puxado sem dó com aquela foto. Tudo nela piscava vermelho como um semáforo avisando do trem vindo, ela não se orgulhava das burradas com idiotas, mas isso lhe conferiu um faro mais aguçado em perceber quando o cara era podre – ao menos isso.
***
Assim que abriu a porta Charlie estava completamente maluco, louco para sair, mas ela não estava com humor e gritou com o peludo que se encolheu e correu para a casinha. Ela foi para o banho deixar água esfriar a mente, mas estava fumegando de raiva premeditada.
Um chorinho canino veio da casinha levando a morena ao amigo monocromático.
- Charlie, garoto, vem aqui...desculpa. – Sentou-se frente ao totó de focinho escondido no cauda. – Desculpa garoto...eu to tão brava, por que ela ta andando com aquele babaca? To dizendo não to cheirando nada de bom nele, igual quando você saiu correndo de mim porque eu não tinha tomado banho uma semana
Eles estavam se...que merda caramba! Ele não parece coisa boa, e ela nem ta falando comigo, Elise por que as coisas estão estranhas entre nós? Por que você esta estranha assim comigo?
Ficou largada no sofá, de repente pensou em como estava pensando na loira, e como parecia que da noite para o dia as coisas estavam uma guerra. Até a viagem ao Brasil as coisas estavam ok, Elise a acalmava para dormir e...depois daquelas fotos, depois do jantar...
O celular apitou e Natasha conhecia o toque da loira. Sem aviso um barulho veio do andar de cima e Chalie saiu latindo feito louco para a escada de incêndio.
Os vizinhos haviam deixado para trás um apartamento vazio, haveria novos moradores? Mas como? Seriam ladrões? Invasores? Aliens? Um peixe gigante num buraco do piso? Os barulhos continuavam, seguidos de gritos de uma mulher desesperada. Natasha abriu a porta vendo se haveria alguém no corredor para ajudar, porém o Charlie escapuliu – só deu a morena correndo atrás do bicho pela escadaria – indo direto para o apartamento acima, a porta estava aberta e os gritos vinham dali. Ela entrou no apartamento escuro e deserto, Charlie cavava o canto da porta do quarto.
Ela entrou de uma vez, dando de cara com Clarke encima de Eillen nos colchonetes.
- Carmilla? – Disse Clarke.
- Natasha? – Eillen perguntou com o totó lambendo sua cara.
- Vocês estavam? – Natasha não entendeu. Era a pegadinha do Faustão? Onde estavam as câmeras, aquelas eram:
Suas novas vizinhas?
***
Como fomos Creampuffs?O projeto é grande mesmo, Natasha teve uma bela surpresa no fim. Será que Eillen estava só bebada ou aquele copo de café foi só por falta de um taco de baseball?Tem muita história escondida atras de cada um, Elise sabe, Natasha também, e cada um vai conta como acha que foi.um abraço de lobo seus Creampuffs lindos.
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