nova era /44/
Depois de toda inquietação, toda desordem que roubara um espaço significativo na minha cabeça, medito no centro do meu dojang particular na Coreia, fumando meu cachimbo o ópio que tanto abre minha mente.
Para nossa cultura o ópio é uma oportunidade de desconexão com o agora, e a busca dos detalhes que fogem em nossa mente racional, sempre trazendo a luz o que deixamos de perceber na ansiedade. Muitos já se renderam ao vicio, mas também existem muitos antigos que fazem uso até hoje do cachimbo em busca do conhecimento intrínseco mental.
Então reflito, através de cada baforada, no quanto tudo deu errado após meu ninja ser levado das criptas dos irlandeses em Londres por aquele Conde bastardo. Takashi foi sequestrado de maneira premeditada e, assim como todo ninja bem treinado, era versado nas técnicas de resistência a qualquer tipo de tortura. Ciente do sacrifício que deveria ser feito em nome do clã, as informações reveladas por ele, seriam únicas e exclusivas para demolir qualquer afeto, desejo ou até mesmo sentimentos de segurança do Conde em relação a minha sobrinha.
Ainda arde meus olhos e carboniza meus ossos todas as cenas de sexo entre aqueles dois, tanto na nossa casa na Escócia e principalmente quando voltou para o castelo daquele dálmata ridículo há meses atrás e deu a bunda para ele em pedido de perdão. Claro, sem tirar o fato de Poppy ter uma crise e comer cabelo contando mentiras deslavadas para poupá-lo. Quando lhe entreguei a estatueta, a mesma já estava com o sistema de escuta ativado. Eu queria que todas as palavras trocadas entre ela e todos ao seu redor, estivesse dentro do meu conhecimento. Não sabia quando ela daria o presente para o Macay, mas já queria ter um longo alcance de audio, onde quer que o objeto estivesse guardado. Então imagina a minha agonia ao ouvir tudo que aquele quadrúpede falou e exigiu dela? Ao menos não vi a cena inicial de sexo, afinal a estatueta de leão ainda estava embalada, mas logo que ela o presenteou com a relíquia, nada mais impediu que eu pudesse ver toda aquela sujeira, toda a desconfiança do seu "namoradinho." E pelo que pude notar ele não acreditou cem porcento nela, quando uma pessoa é envolvida pela faceta do mal, sabe identificar uma mentira, ao menos uma mentira rasa e sem provas.
Minha, minha amada sobrinha Poppy... Sempre dourada e inocente, ingênua até aos ossos, esta destreza tão exclusiva desperta tudo dentro de um homem. Eu que o diga.
Em resumo, todo plano falhou, desmonorou em terra. Takashi não retornou, e nem almejava que o mesmo retornasse. Ele se sacrificou em prol de uma causa maior. E devido ao seu desaparecimento, pensei que Dale realmente desistiria de Poppy, afinal que tipo de homem suportaria tudo aquilo? Mas ele não é homem, é uma besta bárbara. Ele não desistiu, muito pelo contrário... Fomos convidados para o castelo de merda, além disso eu fui obrigado à assistir pela câmera oculta minha sobrinha engasgar com o pau do despudorado no inferno daquele escritório. Minha vontade era de invadir o escritório e cortar a cabeça dele com a katana, mas me contive e assisti ele gozar no rosto inteiro dela. Senti gosto de sangue nos lábios no mesmo instante e, por pouco, não cedi à minha gana letal.
Desconfiei que algo estava dando errado, mas tudo caminhava da maneira que o desgraçado planejou. Os carros mantiveram-se vulneráveis e as ruas descobertas para o atentado. Kang como sempre continuou desavisado dos meus intentos.
Queria dar o melhor casamento do mundo para a filha pfft!
No entanto, dessa vez, senti que meu irmão estava em alerta e pressentia a morte espreitando em nosso entorno, provável desconfiou vir de mim tal energia. Já que não desgrudava sua atenção dos meus passos, e via sua reação mínima de nervoso quando eu estava na presença do filho da puta do Macay. Ele sentia a vibração perigosa, apesar de eu aparentar falsa tranquilidade.
Não estaria tão errado assim né maninho....
Depois de muitos momentos tensos e sua constante perseguição através de seus olhos de Oyabun e ainda nosso atual lider, eu fodi duas garotas escocesas aleatórias e deixei que essa informação descesse pela goela do meu irmão, ele me deixou em paz nos dias antecedentes a cerimônia, que por sinal, foi um verdadeiro pesadelo!
Dentro da abadia de maneira incomum, ficamos ao lado da mãe e irmã do noivo, irmã... Parecia mais um trequinho barulhento, porra, nunca vi uma mulher chata para cacete como esta. Uma esquisita de pele manchada que nem o dálmata Macay, só que com a língua maior que a boca, não parava de matraquear.
Ainda estava puto pelo fato da distância que os convidados ficavam dos noivos no altar. Parecia que Macay não queria realmente ninguém atrapalhando os votos, já que além da porra do fato de estamos na primeira fileira a mais de quinze metros do casal, nada que eles falavam podia ser escutado. Parecia o caralho de um filme de terror no cinema mudo escocês.
Casamento:
— Ah! Dale está tão lindo, este é o Kilt mais lindo que já vi! É um verdadeiro lorde, ele está tão grande mamãe! Tenho certeza que os filhos deles dois serão maravilhosooos, ela não está deslumbrante mamãe?
Bafejo aturando essa garota entojada, cala a boca porra!
Penso em enfiar um soco no meio dessa boca semelhante a uma vitrola desafinada.
— Cale-se Jullianne — a condessa rosna puxando a filha que tenta ver melhor a cerimônia que está acontecendo sem a repercussão de audio por toda a igreja.— Já disse para não se deslumbrar com essas besteiras, estamos aqui apenas por formalidades, logo após a cerimônia, faremos uma visita na recepção para as fotos e iremos embora. Não quero respirar o mesmo ar do maldito do seu irmão.
Oh! Interessante. A mamãe já viu que ele é filho do capeta e não o quer perto. Muito intrigante!
— Mamãe, faz muito tempo que não vejo meu irmão, estou cheia de saudades e queria...
— Quanto mais longe estiver dele é melhor! Já cansei de dizer que não te quero perto dele e muito menos se afogando em drama como agora. Você é uma Macay não se rebaixe nunca!
— Mas Dale também é!
Minha nossa esse trequinho é chato para cacete, quem sabe se eu afogá-la em um destes lagos sentirei paz depois da bosta que é esse casamento.
— Cale-se Jullienne, por favor fique quieta. — a velha arrogante pede para a filha, a esquesita de imediato obedece.
Interessante toda essa interação, posso usar estas duas mais tarde. Nada mais benéfico que uma mãe ultrajante e desalmada.
Momento atual:
Definitivamente o dia do casamento foi o pior momento da minha vida. Aquela melosidade interminável, só tive uma oportunidade de estar com minha sobrinha e foi quando entreguei a pulseira de safiras. Ela sempre amou às joias desde bem novinha, e safiras sempre foi sua pedra predileta. Ainda não entendo como ela ficou encantada com aquela monstruosidade vermelha em seu dedo. Um anel de rubi tão desproporcional que até entortava a disposição dos seus dedos.
Aff sempre exagerado...
Lembro que foi na pulseira que coloquei o novo rastreador, e com isso criei mais uma chance caso tudo desse errado.
Sempre monitorei Poppy, desde de cedo. Ela nunca fugiu do meu rastro, sempre soube onde ela estava, já que não podia estar com os olhos cem porcento do tempo sobre ela. Existe Kang, meu irmão e o Appa protetor, mas também um grande empecilho, contudo eu pretendo resolver isso o mais rápido possível.
Nas breves, e raras viagens que Kang tivera eu ficava no quarto ao lado do dela, era uma forma de me manter próximo e imperceptível para qualquer soldado. Minha menina dourada não podia ficar muito longe de mim, tudo que fiz até esse momento era pra que somente existisse nós dois e mais ninguém para nos atrapalhar.
Poppy não pertence mais a Kang e, muito menos irá pertencer ao Conde infeliz manchado e besta.
Eu não posso acreditar... TUDO DEU ERRADO!!!!! MAS QUE CARALHO, ELA É MINHA PORRA!
Assim que eles deixaram a comemoração, sai acompanhado pelos soldados mais leais da Yakusa para rua que corta a floresta em direção ao aeroporto com o jatinho particular do Conde. Estávamos todos posicionados nas árvores, entradas e margens da mata. Nada poderia dar errado, mas o carro não passou ali, no último momento a rua foi fechada porque um bueiro explodio em níveis de gazes elevados, o local foi cercado e fechado em instantes, deste jeito o carro deles seguiu outro caminho de última hora. Tudo foi por água abaixo...
Minha pele se arrepiou num baita choque naquele momento, me senti fora do eixo e ainda corri com meus homens para pegá-los mais a frente, mas infelizmente o momento propício havia passado. Perdemos a oportunidade. Esperei por notícias e monitorei pela pulseira cada passo que ela dava para longe do meu alcance. Quando vi que Poppy chegou na Dinamarca fiquei possuído de ódio, ela ficou muito distante do meu território de domínio.
Os dias se passaram e a mídia comentava a aparição do casal sensação da Europa, reclusos e nunca expondo seus rostos para os paparazzis. Já era tarde e a vaca foi pro brejo, era notável, qualquer paparazzi inútil poderia ser enganado por dois modelos eficazes, mas ninguém pode me enganar. Pelo menos, não sem muito treino ou por muito tempo.
O corpo, a maneira de andar cheia de confiança, não poderia ser da minha Poppy. Era uma duble, e isso me provou que ela não estava no caralho da Dinamarca.
Um ponto para você Conde. Um ponto.
Sete, catorze dias... No fim da segunda semana eu já não tinha mais nada sobre Poppy. Kang, assim como eu, ficou incomodando por ela não dar notícias em momento algum e somente os secretários do Conde passarem recados frios ou formais.
Até meu irmão, paciente e cego caiu na real. Ele não confessa, mas tenho certeza que enviou homens para Dinamarca em busca do paradeiro dela.
Inútil. Absolutamente inútil.
Na metade da terceira semana, tive mais clareza e cheguei ao X da questão. E esse problema tem nomes, se chamavam; Takashi e o porco do Boss da máfia irlandesa.
Há quatro dias atrás fui para Londres, informei a ele que estaria fechando as operações de cargueiro, e ele, imerso no recém desespero não se fixou nisso. Aproveitando, me encaminhei até o centro da máfia antiga aliada e recém inimiga com mais de cem homens aliados, fiz uma limpeza no local instalando o caos da cor vermelho sangue sobre eles, sugeri que não usassem a katana a menos que fosse extremamente necessário.
Macquenze, o UnderBoss ( subchefe da máfia) me recebeu salivando por um acordo benéfico, e pensando bem mais a frente, fechamos um trato. Ele me contou que o Boss nos traiu duas vezes, uma delas por causa de uma figura que ele mesmo desconhece, mas que detém muito poder, tanto ou mais poder quanto o Conde e meu irmão. Não pude deixar de dar risada, porque mal ele sabe que a Yakusa me pertence há anos. Kang tem poucos aliados a seu favor, dia após dia eu limpo mais um do seu alcance.
Mas voltando aos irlandeses, o Underboss, afirmou que o Boss fez um acordo com esse filho da puta misterioso, e depois que matássemos o conde, ele levaria Poppy até o sujeito, e ela ficaria muito longe em espera.
Espera?
Certamente a queria para ele, seja lá quem fosse, fodeu a minha vida em vários níveis.
Dito isso, Macquenze afirmou que o Boss realizou uma reunião e um acordo com o Conde, como parte do tratado, ele levou o ninja que haviam sequestrado para o escritório da união. Macquenze disse que tentou trazer luz a mente do seu Boss, mas ele estava ávido para realizar o acordo com Macay, já que o lorde havia prometido as terras do Norte para sua organização.
Em minha pesquisa de invasão irlandesa no território londrino, vi que eles queriam acesso as terras e distritos ao norte da cidade. Porém encaravam resistência e sofriam represálias de um nobre, acredito que era o Duque Standford. Os irlandeses sempre cavando as covas rasas deles por brigarem com engomadinhos perigosos...
Macquenze informou que Takashi chegou a sala de inquisição na ala de alta segurança desses merdas, passou pelo detector de mentiras, e falou do envolvimento de Poppy com inúmeros amantes. Ainda lembro do tempo de treino de fala, dicção e controle sobre sua aceleração cardíaca. Sempre suspeitei que isso pudesse vir acontecer, e como imaginava ocorreu. Somente eu e Takashi, vimos as imagens filmadas pela a câmera implantada, e ouvimos todos os áudios de tudo que eles falavam. Pegamos todas as informações que poderia destruir com o ego gigante daquele abutre. Vimos todos os traquejos sexuais da minha sobrinha, e todas as falas apaixonadas e inseguras ditas por ela. Essa era a nossa arma principal, jogar com a insignificância dele para a sua noiva. Porém, como visto, tudo deu errado. O problema maior é que Takashi confirmou a merda do plano inteiro de assassinato, o plano que a porra do Boss denunciou para Dale. O único pensamento coerente que tenho, é que ele imaginava que eu alteraria os meus planos e não seria enrolado pelo conde.
Aquele merda é muito inteligente, e fodeu meu esquema.
Penso revoltado, mas ainda fico contemplativo do porquê ele não chutou poppy e não eliminou Kang? Takashi disse que o responsável era o Kang e que Poppy era amante de vários homens a mando dele.
Macquenze relatou que o conde foi resistente em aceitar, e que parecia realmente acreditar na noiva, isso foi até o último minuto, quando teve o parecer de alguns relatórios e videos da Poppy comprometedores.
Penso que todos os relatórios de suas doenças e até mesmo as pústulas anais que foram tratadas, devem ter sido bem esclarecedores para a mente daquele dálmata. Minha sobrinha chegou no meu lar, praticamente podre por dentro, mas a tratei direitinho, e fiz com que o Kang acreditasse que ela estava sofrendo de uma doença adquirida pelos esgotos de Seul. No início ele ficou resistente, mas depois que os médicos da organização e mais alguns médicos da capital reafirmaram o falso diagnóstico, Kang deixou o assunto morrer e somente a medicou com os remédios de embalagens trocadas e as injeções torturantes de penicelina.
Nada impediu ou freou esse conde desgraçado!!! Não só Conde, Marquez agora. O filho da puta aproveitou o titulo da Poppy, e se prevaleceu da proteção política.
Ele a levou para longe de todos, isso acaba comigo, ela parece ter sido engolida pela terra. Não dei chance ao Boss da mafia irlandesa, e como sou de honrar tratos, cortei a cabeça do cara de baiacu e expus aos demais mafiosos. Na nova aliança com a mafia irlandesa, Macquenze será o novo Boss e a Yakusa fará uso disso e dos seus territórios por um longo tempo.
A única exigência nesse trato, é que entregue as terras ao norte para eles, então em futuro não muito distante, terei que lidar com o Duque Standford, mas isso não será um problema. Não penso faço isso como um pagamento de acordo, e sim porque não sou nem um pouco tolo, Macquenze é homem escorregadiço, mas sinto que preciso dele para chegar nesse inimigo misterioso que fodeu com o meu esquema e que ainda por cima, deseja minha amada sobrinha.
É... Definitivamente não consigo manter o controle e a paz que tanto necessito para pensar em coerência, o caos e o medo aterrorizante de perder Poppy para sempre está me estraçalhando por dentro.
Escuto a porta se batendo e atraindo minha atenção para realidade.
Kang entra com seu pau-mandado no meu dojang. Seu rosto vermelho denuncia seu estado de pânico, e seus punhos abrindo e fechando demonstram o quanto está além do limite.
— Ahhhh Preciso de você! — exige mortal, quase lamuriante.
— Precisa? — baforo meu cachimbo.
— Aquele animal filho de uma cadela sumiu com nae ttal, eu quero a minha filha!
— Mmmm — murmro apertando os lábios.
Kang chuta um incensário e grita a plenos pulmões:
— COMO PODE ESTÁ MEDITANDO E FUMANDO OPIO SE A NAE TTAL ESTÁ DESAPARECIDA????
Busco fitar seu semblante cansado e mantenho o contato visual, para proferir palavras das quais a muito tempo desejo falar, afiado e cortante:
— Satisfeito Kang? Ahh você deveria estar. Satisfeito com o conceito rosa de felicidade ridícula da qual enfiou a sua filha? — me levanto deixando meu cachimbo com cuidado sobre o suporte de ferro, e me próximo dele com as mãos cruzadas nas costas. — Quantas vezes avisei que esse filhote de uma peçonhenta é a porra de um demônio traiçoeiro? Quantas vezes irmão???
— Eu sei... Eu faço tudo que quiser irmão... — ele faz um muxoxo, os olhos em chamas. — Eu a quero de volta saudável e inteira. Tenho medo do que possa estar acontecendo... — sua fala traz a preocupação de um pai e o peso de chefe da Yakusa.
Kang permanece parado encarando-me, mas seu cão de guarda chupa rola e saco, dá alguns passos para trás sentindo a vibração de raiva oculta na atmosfera.
— ÓTIMO! — reverbero alto. — Mas agora isso fica comigo, e sendo assim, vamos fazer cair esse castelinho de lixo que é a vida desse dálmata nojento.
— E de que jeito faremos isso? Temos um acordo com ele, e não quero que faça mal a nae tall!
— O como não importa, a única coisa que devemos estar alinhados é no quando.
— Joon ele é a porcaria de um intocável agora. — diz rangendo os dentes.
— Sim, ele está.... e não "é" intocável— dou risada. — Com pressa não pegamos o diabo pelos chifres, o pegamos através das suas origens. — meu sorriso ganha vez, e o carrapato do meu irmão se afasta em receio.
— Traga ela para mim, eu liderei com os conflitos políticos.
— Assim seja, então vamos para Itália.
— Itália? Tem que ser a Escócia! A não ser que a Poppy esteja na Itália. — ele diz confuso e esperançoso.
— Não, provavelmente não.
— Então?
— Quem eu preciso para darmos o primeiro movimento nesse jogo perigoso está lá. Pode apostar que precisarei de muita paciência. Ahhh... isso vai terminar com a garganta desse lordezinho aberta e seu sangue lavando a nossa ira.
Kang assente e senta no banco de madeira no canto do grande salão de artes marciais, o vejo com seu corpo forte e sua figura preocupada e penso que já deu a hora irmão. Já deu a hora de uma nova era, um novo líder, pelo menos um líder oficial e saudável.
Chegou o momento de uma grande tomada e uma nova era na Yacusa, e para isso, preciso de minha garota dourada, fielmente, ao meu lado, e muitos corpos abaixo dos nossos pés. Agora, mais do que nunca, é o momento perfeito para um novo Oyabun...
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