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dona morte? /04/

O tempo não cura tudo.
Aliás o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.

Martha Medeiros.

O que me lembro depois daquela noite terrível nas trevas, uma das muitas noites acompanhada pelo corpo da minha mamãe, se transformaram em memórias doentias convertidas em flashes aterrorizantes.

Fui condenada ao inferno, mas podia adormecer  minha mente em um paraíso fantasioso por algumas horas enquanto trucidavam o meu corpo com mais degradação. Ninguém poderia tirar isso de mim, eu estava sempre acompanhada da Alice nos pais das maravilhas, o mágico de Oz, Caça-fantasmas e principalmente meu ursinho Dudu do qual eu sentia tanta falta.

Ah! eu não podia esquecer dela, minha melhor amiga, a Bruxa do Leste. Eu nunca conseguiria dormir se não fosse por ela todas as noites. As vezes durante as minhas torturas eu a via descer lentamente pelas escadas escuras arranhando as paredes velhas com sua mão podre e enegrecida, fazendo suas unhas pretas deslizarem em um anunciar de sua presença.

Podem pensar que ela é má por causa da sua aparência, mas eu sabia que ela não era. Na verdade a Bruxa do Leste sempre seria minha amada tia Elenor, e durante muitas noites ela descia lentamente para a caverna do terror para contar novas estripulias que realizava em Oz. 

Todas as fátidicas noites sua aparência pútrida era aguardada por mim, e todas as noites ela dizia que em breve eu poderia ver a mamãe entre nós, da mesma maneira que a via. Sei que isso era horrível, mas mesmo sendo algo medonho de se desejar, eu ainda aguardava que  mamãe se levanta-se do estado rígido e falasse comigo, como a tia Elenor fazia todas as vezes que eu precisava fugir das punições. Tudo isso em meu mundo dos sonhos.

Entretanto mamãe nunca levantou ou falou comigo, depois do que aquele monstro fez e faz com seu corpo várias vezes durante o dia. Percebi que ele sente algo de verdade por ela, e tive muito, muito medo mesmo que ele me dissesse ser o meu verdadeiro pai, porém ele nunca disse, na verdade ele dizia que tinha um ódio mortal dele, e que se tivesse a oportunidade já o teria matado com suas próprias mãos.

Click.

Ele tirava sequencias de fotos dos atos horríveis que ele fazia com o corpo da minha mãe. Tudo era tão forte, que sempre que a minha amiga Bruxa do Leste me chamava para ouvir uma história, eu me desconectava da cena a minha frente de um jeito desesperado. As vezes os gemidos e rosnados animalescos, chamavam o nome da mamãe e pediam que mais uma vez  ela gemesse o nome dele... Isso sempre me tirava do transe e me conectava novamente com a cena dele lambendo e chupando a pele morta, azulada e fria. Tudo isso porque ele queria se saciar com o corpo do que um dia foi sua amante. 

Muitas das vezes eu não conseguia entender porque ele dormia abraçado com ela e murmurava que a amava acima de tudo e todos. Jesus Cristinho foi ele que a matou! Foi ele que acabou com o nosso sonho! Foi ele que fez ela sofrer, até o ultimo suspiro de vida!

Agora ele está ali, lambendo seu corpo e dizendo que não consegue deixa-la ir, e que precisa de mais tempo do que tiveram...

Não consigo mais ficar na realidade, a loucura de Oz me convida sempre que tudo ao meu redor se torna demais para que eu possa lidar.

 Um noite ele chegou encharcado da cabeça aos pés, seu rosto parecia ter envelhecido mais dez anos de monstruosidade a barba era um emaranhado maltratado. Ele chegou perto do corpo e disse com a voz embargada:

"Hoje será o dia Wendy... eu terei que fazer o que mais temia, terei que deixa-la ir, e só consigo pensar em amaldiçoar tudo ao meu redor. Nós seríamos tão felizes juntos, mas tudo teve que acabar assim, tudo teve quer ter um fim.."

 Ligando a câmera ele me forçou assistir cada parte da minha mamãe sendo desmembrada em  pedaços ao lado do colchão. Lembro de todos os momentos cujo eu tentei manter meus amigos ratos e insetos longe de sua carne em putrefação, e agora tudo que eu vejo é mais crueldade e terror, todas as pequenas memórias macabras eternizadas em um filme e fotos reais.

Tive uma febre horrível que poderia me levar a morte em duas ou três semanas, mas a animalia que me apavora acredita que com uma boa surra eu morria de vez ou deixaria de sentir tanto frio. Fargus o vírus cruel estava sofrendo uma mutação se transformando em algo mais maligno, ele realmente gostava de mamãe e tentava pegar "leve" comigo por bem dela, sim, muito leve comparado ao que estava por vir.

Nesse dia após cortar seu corpo, ele ainda tirou a roupa e se masturbou ao seu lado nú. Ele gritava em dor, e nesse momento eu reparei que ele estava com várias feridas no corpo. Achei estranho porque nunca havia reparado tais machucados no monstro, mas parecia uma orticária muito forte, e nas partes nojentas dele havia muitas feridas estranhas. Fiquei com muito nojo e fechei os olhos, mas vendo minha reação ele veio até a mim e falou meio delirante e meio animalesco:

— "Está vendo cachimbos dourados como eu estou? Está vendo como estou apodrecendo junto com ela? Isso não é lindo... Somos um casal perfeito! Ela me marcou e agora eu sei que ela me ama tanto quanto eu a amo."

Estava chocada e assustada, ele com toda certeza havia caído na completa demência e agora queria me carregar com ele para o mundo dos loucos de vez.

Naquela mesma noite ele colocou o corpo da minha mãe em um grande saco preto e me arrastou junto com ele até um porta malas, onde nos jogou sem cerimonia na escuridão desconhecida.

Meu corpo e mente estavam alinhados com meu final, e tudo estava calmo ao meu redor, a não ser pelo barulho insistente da chuva que nos cercava e também os solavancos que o carro dava em cada buraco por qual passava, fazendo a minha cabeça bater em vários lugares aleatórios.

Em um momento depois de muito sacolejar, ele abriu o porta malas e tudo que eu senti foi o frio da noite e o cheiro de morte me inebriando por completo.

Plink, Plink. Cheiro de chuva fresca, brisa gelada, frio até os ossos.

O som do gotejamento e a febre que queimava meu corpo me tiraram do mundo da imaginação onde eu brincava com Alice.

Ele tirou o corpo de mamãe do  saco de lixo preto, o belo corpo de uma estrela  de cinema transformado em algo podre e terrificante e eu pude ver tudo.

Em meus sonhos, eu a via feito uma borboleta, repetindo constantemente que quase havíamos conseguido sair dessa vida de pesar e horror, mas no final suas asas secavam e ela virava pó em meio a minha agonia.

"Eu não tive tempo mamãe, não tive tempo para fazê-la me amar... eu só precisava de mais tempo..."

Eu estava tão debilitada mas ainda podia sentir que aquele local  fedia repulsivamente a esgoto, e pude vê com meus olhos assustados que estávamos parados em uma ponte.

Não entendi no inicio o que ele fazia parado em silêncio olhando para um rio escuro e traiçoeiro, mas depois de alguns minutos o observado eu constatei que ele estava chorando, e chorando muito. Em dado momento suas falas e urros de dor se fizeram presente naquele breu deserto.

— Como farei sem você Wendy? Como posso ficar sem você? Meu corpo precisa do seu... precisa do seu gosto, precisa da sua voz...

Fargus pela primeira vez em muito tempo pareceu um homem debilitado e, mas isso durou pouco, porque antes que a pena se apossasse da minha mente inocente e quebrada, ele deu o próximo passo para a monstruosidade, fazendo que eu tivesse essa memória traumatizante somada a minha vida inexistente.

Em um ato perverso ele retirou a cabeça decepada da minha mãe da sacola cheia de moscas e mais uma vez lágrimas desciam pelos meus olhos, porque eu não conseguia acreditar no que estava vendo.

— Eu te amo tanto Wendy, tanto... sempre vou amar. — alheio a qualquer realidade, ele beijou os lábios abertos e violados da minha mãe, ele enfiou sua língua na boca podre e a beijava com desejo e paixão. Os fluidos vazando por seu pescoço e seu beijo desesperado querendo uma conexão com um corpo sem vida estavam me trazendo a ansia de vômito, mas o grande problema é que eu não tinha nada para vomitar, então a única coisa que acontecia era sentir uma dor aguda em meu estômago.

Em dado momento ele começou a gemer, e em um ato desesperado de urgência, ele abriu suas calças e se ajoelhou no chão lamacento com a cabeça da minha mamãe em suas mãos. Tudo piorou, e ele começou a esporrar com sua carne podre e nociva na boca da minha mamãe, até ele rugir em meio ao choro e encher sua boca escura com aquela gosma nojenta.

Depois de se aliviar, ele jogou todas as suas partes no rio, enroladas em pedras, e por ultimo beijou a cabeça decapitada antes de arremessa-la ao seu destino final.

Minha mamãe... meu Deus.. minha última família. Acabou, agora só existe o pesadelo e a loucura.

Ela não foi digna de um enterro, mas rezei por ela mesmo assim. Agora não existe ninguém que possa rezar por mim..

Dia seguinte.

O monstro me tirou da minha antiga caverna do mal pela manhã, como um porco abatido para um churrasco em seu colo, somente para ser enclausurada no porta malas outra vez, com a finalidade de esperar mais momentos de tortura e dor.

"Bom dia Cachinhos, essa vai ser sua nova casa por um tempo, e eu quero que você seja muito obediente por aqui... Não quero perder você, até mesmo porque você é tudo que sobrou da sua mãe. E não quero te matar como fiz com ela."

Clube Luxury.

Eu não pude ver muito da boate, mas pensava que meu pai poderia estar lá, me questionava quem era ele, será que era Rogan? Aquele homem que os ouvi mencionar na noite em que tudo começou?

Seja o que for, quem quer que seja, me abandonou como todos e não fazia diferença.

Meu novo lar era um quartinho apertado, claustrofóbico, com papel de parede rosa choque rasgado e uma cama de casal antiga. Um quarto com preservativos no lixo, um espelho no teto e cheiro de nicotina. Fargus trabalhou em uma boa tranca na porta e depois me algemou na cama enquanto discutia com alguém sobre minha existência do lado de fora.

"Ela vai ficar aqui até dezembro. Eu não quero ninguém pisando nessa área a não ser nós e meus clientes. Vocês dois vão ser os seguranças dessa parte, estão entendendo? Se a vadiazinha gritar ou acabar nos surpreendendo, dou a permissão que entrem e deem uma lição nela."

Eu escutei sem reação. Aceitando a minha vida, não há mais porque chorar, sou um rato de esgoto tentando sobreviver a ratoeira brutal desse mundo voraz, eu não quero mais lutar, não quero mais viver.

Fargus entrou no quarto e ficou me analisando com seus olhos inchados de  noites em claro, me torturando por longos minutos ele se aproximou com seus dedos ásperos afastando meus cabelos dos olhos, estalando sua língua e me oprimindo com cada palavra, fazendo meu estômago se contorcer ao saber o que iria acontecer.

— Tsc Tsc Tsc Você conseguiu um lugar bem melhor, não é? Vadiazinha. Está chegando tão perto de vender você... Eu não queria isso. Bem, por agora...  vou te libertar dessas algemas, mas juro que se você não se comportar eu vou te quebrar todinha... Você entendeu?

Acenei com a cabeça, enquanto ele me soltava das algemas.

Eu queria poder dizer que esperava que ele me matasse, que lá no fundo é tudo que eu mais queria.

—  Tenho alguns problemas para resolver, mas volto logo e vamos gravar de novo, tenho ideias fantásticas... —  explicou sorridente — mas antes uma pessoa virá aqui colher seu sangue e seu xixi. Tenho que saber se está limpa, até mesmo porque está fervendo de febre e como Wendy me marcou com seu amor, você pode estar infectada com ele também.

Ele ria como um maluco, e tossia de um jeito asqueroso. Não sei se mamãe realmente passou alguma doença para ele, mas eu esperava e mentalizava a todo momento que tenha conseguido infecta-lo com algo que o faça sentir muita dor e que morra rápido. Não me preocupo de morrer também, ficaria feliz de morre depois de assisti-lo apodrecer de dentro para fora, mas pelo visto papai do céu não me escutou.

Depois que um homem bem vestido veio até mim e tirou meu sangue, meu xixi e um pedacinho do meu cocô, eu tive alguns dias de completo alivio do meu pesadelo-lo. Todos os dias Fargus falava que faltava pouco para voltar a me provar, e disse que mamãe só havia passado uma pneumonia, e uma infecção bacteriana.  Que em breve tanto eu quanto ele, estaríamos novos para estreia de mais videos. 

Eu não falava mais e isso parecia acalma-lo, em minha mente eu estava morta, mas meu coração ainda batia.

Ele disse que eu estava limpa, e que iria checar cada cliente que faria uso do meu corpinho, e que daquele dia em diante ele ficaria exclusivamente comigo, já que não poderia correr o risco de em uma checagem de ultima hora eu estar suja e inegociável para venda.

Palavras.. Palavras..e ..Palavras.., nada tinha mais significado para mim, até a dimensão da dor e desolação aumentar.

Depois de vários dias dos quais eu não sei mensurar, minha misericórdia acabou. Ele surgiu com olhos envenenados e uma fome reservada aos monstros peçonhentos. Não houve dó e nem alívio. Meu corpo só aguentou seu ataque, porque em todos os dias que estava sendo medicada e acompanhada, ele me alimentou duas vezes por dia. Ele ainda me punia deixando o meu corpo sujo sobre a cama, e sobre isso eu não reclamava. Era uma forma de me proteger de certo modo da sua loucura maldosa.

Ele me deixou sem algemas e se eu quisesse eu poderia ir ao banheiro, mas tudo isso não passava de jogo masoquista,  principalmente porque eu já não tinha forças nas perna para me locomover direito, muitos meses acorrentada e surrada a ponto de não conseguir levantar me debilitaram demais. Eu estava em um estado de fraqueza absurda, e tudo que eu conseguia era me sentar com muito esforço, por isso tinha medo de descer da cama e quando percebi estava fazendo xixi em mim mesma.

Eu não sabia exatamente que dia era, mas sabia que faltavam alguns meses para dezembro e se aproximava o meu décimo primeiro aniversário, o que isso  importava? Sinceramente parece que vou passar a eternidade nessa angústia, sem parabéns e presentes, somente a ilusão de que talvez eu consiga me livrar dessa aflição.

Não sou uma criança normal, não tenho sorte.

Deus, querido Deus... será que sou a única criança que vive assim? Por que eu mereço isso?
Eu quero muito morrer papai do céu . Eu vou me livrar dessas punições, um dia? Eu sempre fui tão boazinha senhor, Por que não pode me dá um milagre??

Palavras, palavras e somente palavras que eu jogava ao universo e não era respondida em minha fé. Tudo tinha um peso opressor em minha respiração, coração, e cada dia mais eu me sentia morrendo um pouquinho, até o ponto que eu precisava de uma finalização.

Precisava de um ponto final...

Os dias e sua contagem eram superestimados, nada mais adentrava na minha mente a não ser horror. Depois de muitas surras eu não conseguia direito me lembrar exatamente de como andar, parecia que meus pés tinha atrofiado e perdido o controle, os tendões doíam só de tentar movê-los, entretanto um dia quando tive oportunidade de ser deixada de lado por um longo período de horas, eu criei coragem ao pôr do sol e coloquei os dedos no chão, cai de cara no carpete duro até voltar a andar mancando na terceira tentativa.

Caminhar ate a porta do banheiro foi uma tortura, me arrastei mais do que andei, feito uma tartaruga com a pata machucada, isso se deve aos anos que estou acorrentada aos tornozelos, aos chutes incessantes que recebi em minhas pernas e a forma como estou subnutrida e esquecida nesse lugar.

O banheiro nada mais era que um cubículo com paredes de azulejos manchados, um vaso sanitário quebrado, uma pia de porcelana e uma pequena banheira. Liguei a torneira pra encher a banheira, e lentamente vi a água tomar a louça encardida. 

Eu nunca queria me lavar, e havia um porque para isso, ele repugnava meu corpo pelo odor e até eu mesmo não suportava, sendo assim a inexistência de banho era mais que bem vinda em minha realidade. A ausência de banho era a minha resistência, eu não facilitaria o proveito do abuso do meu corpo, eu tinha que ter algo, nessa vida horrível que eu levava.

Eu não queria isso, ninguém pode desejar isso.

Minha mente e meu corpo pediam para morrer e imaginei que pudesse me afogar nessa louça  imunda que um dia foi uma banheira. Penso claramente que a morte não seria bem o fim da minha dor, veja o que aconteceu com mamãe, ele não deixou o espírito dela descansar um dia até que ela fosse desmembrada em um saco de lixo e tivesse a sua cabeça arrancada e estuprada antes de ser jogada em um rio poluído para desaparecer.

Mas qual é a diferença para mim?
Talvez assim eu tenha uma chance de conhecer Deus lá no céu. Será que ele ainda pode me aceitar? Não foi minha culpa, não é?

Eu enchi a banheira com água gelada e previ a liberdade que teria em poucos minutos com a ausência de oxigênio. Pensei em tirar a saia imunda e a blusa amarela que sempre usava, mas não o fiz, eu somente escorreguei para dentro, sentindo o frio perfurar os meus ossos como agulhas de gelo cravadas em minha pele, entorpecendo meus nervos que pensei que já estavam mortos.  Tão gelado, mas tão gostoso. Respirei fundo e deixei a água fria cobrir o meu rosto.

A água entrava por minhas orelhas, minha pele ardia implorando para voltar átona e recuperar o fôlego, mas me mantive firme pensando no abraço apertado de mamãe quando chegava do trabalho, mesmo depois de tudo que ela fez comigo eu havia a perdoado e ,tudo que eu precisava agora era aquele último abraço apertado de volta, e que as coisas tivessem sido diferentes.

Agarrei as bordas da banheira num ato de me manter no fundo, meu corpinho começou a se debater incontrolavelmente em busca de ar, de vida, todavia eu neguei, recusei...  Eu sei porque era fácil se entregar, o meu corpo estava esquelético e debilitado demais. A água foi entrando lentamente por meu nariz, e causando a queimação de um auto afogamento.

Papai do céu acabe com meu sofrimento!! Sei que o senhor pode me escutar!

Vamos, vamos, vamos.

Em um momento de espasmo mediante a ardência que tomava os meus pulmões eu bati com a cabeça forte demais dentro da banheira, e quando vi estava indo lentamente para escuridão, sem sujeira, sem vergonha.

Em meio a névoa escura eu vi claridade e ali naquele pequeno ponto de luz, eu ouvi uma voz me chamando como um canto de uma fada.

"Sienaaa.... não minha menina, não é a hora."

— Mamãe?? E você mamãe??—instigada por sua voz, movi as minhas pernas que agora estavam fortes, e corri com toda a minha energia até a luz gritando e sorrindo, sentindo a felicidade me infiltrar. — Mamãe eu cheguei, vamos ficar juntas..

A luz começou a aumentar e se aproximar mais rápido de mim e quando vi eu estava afundando como se estivesse caindo na toca do coelho da Alice no pais das Maravilhas, mas no final não havia portas a escolher mas sim água, muita água me sufocando e congelando por todos os lados. E como se não fosse o bastante, posso dizer que enlouqueci completamente, essa é a única explicação, porque juro que vi minha mamãe, e ela estava linda novamente e mais parecia um anjo, era mais como o Deus que eu queria que ela fosse.

"Não, não faça isso querida, por favor não" Algo dentro de mim dizia não, algo implorava para parar a minha tentativa, mas eu ainda não conseguia falar por causa da água...

"Minha menina, não se entregue, lute! Lute com mais força e você verá que será uma sobrevivente, eu não consegui, mas você irá conseguir. Seja forte! Lute pelo o que poderíamos ter sido Siena... Lute pela vida.."

Sentindo bolhas saindo de dentro de mim, e afundando ainda mais na escuridão da minha mente, eu vi e senti o momento em que minha mamãe enfiou a mão dentro do meu peito e agarrou o meu coração que estava batendo devagar anunciando o meu fim.

"Hoje não Siena, hoje não..." — dizendo isso ela puxou com todas as forças o ar dos meus pulmões e em súbito eu consegui me levantar sentindo o cheiro fétido ao meu redor me rasgando com a realidade. 

Eu não consegui.

Eu era fraca demais e voltei a superfície, ofegante, sendo a Almocrave, a besta de carga eterna que Fargus me fez. A mamãe trouxe-me para a escuridão, ela não deixou que eu ficasse na luz junto a ela. Ela ainda não me ama, eu ainda não sou digna de ser amada. Sou a menina suja, usada e nojenta que o monstro brinca como se fosse uma boneca de pano sem valor. 

Mamãe me enviou ao pesadelo de novo, e a única sensação que eu tenho é dor, muito dor. Meu choro é incontrolável e meu desolação é absoluta, em dado momento troquei a morte pelo frio e nisso fiquei mais doente naquela cama.

Horas, horas e horas.

Passaram dias e Fargus estava em pura cólera, devido a minha tuberculose ele não poderia ficar próximo de mim. Sim, eu peguei a maravilhosa tuberculose. Eu não entendi direito o que o médico disse, mas parece que minha pneumonia evoluiu e agora eu tinha algo que me levaria ao céu. Eu estava feliz, acho que papai do céu quis me levar para perto dele em um momento de paz. 

Havia uma mulher que cuidava de mim, e ela era muito velha e doce, entretanto como eu, ela apanhava de Fargus e o temia mais do que a mim. Outro dia ela me disse algo que me marcou para sempre.

— "Doce menina, tem pessoas que nascem para serem o puro mal, e mesmo que desejamos fortemente que elas mudem durante a vida, nem mesmo Jesus Cristo ou Nossa Senhora pode agir sobre eles. Meu Fargus é uma dessas pessoas... Quando o coloquei no mundo foi através de dor e esperança, mas no decorrer dos anos eu vi que meu filho superou o demônio do pai em muito, e como consequência eu o vi matar o pai na minha frente sem pestanejar. Então minha linda garotinha dourada, nada posso fazer por você a não ser orar.."

O choque de saber que aquela velhinha bondosa era a mãe de um monstro me fez ver que as pessoas são diferentes e que mães podem amar ate monstros, então porque a minha ainda não me amava, mesmo estando em um lugar melhor??

Os dias passaram, e as vezes eu via a minha tia Bruxa do Leste e até mesmo Dudu. Nós conversávamos por horas enquanto a febre tomava meu corpo. Muitas das vezes enquanto tremia e pensava que perderia todos os meus dentes, ela me abraçava com seus braços podres e me acalentava contando mais uma aventura do espantalho e o homem de lata. Até que um dia a febre passou, a doce velhinha sumiu, a minha bruxa foi embora e tudo que sobrou foi o monstro dos meus pesadelos.

5 meses depois..

 Sim, como Fargus disse, meus dias de paz sumiram e ele estava com muita fome da sua cachimbos dourados. Ele disse cinco meses até que me tivesse novamente, e esse dia era hoje. Ainda lembro do médico falando que a maquina onde Fargus me levou, mostrou a ele que meu pulmão estava limpo e agora eu estava livre de risco.

Ah... como eu queria a morte, mas ela nunca me levava. Como me alimentei todos os dias, mais de duas vezes, o meu corpo ganhou um pouco de peso, e tudo isso me fez chorar porque ele lambia os lábios me olhando em expectativa para seu próximo ataque. Ele voltou e dessa vez não veio só com câmeras e luzes de gravação, ele veio com outros atores, sete homens ao todo, a maioria velhos asquerosos.

O olhei implorando por clemência, supliquei aterrorizada e gaguejando que faria tudo para não me machucarem, O Cafetão ignorou como todas as vezes antes.

Implacável. Invencível.

— Cachinhos você me trouxe muitas despesas, e agora precisa pagar. Eu não queria compartilha-la dessa maneira, mas precisamos repor o cofre que você desfalcou, então fique quietinha, se não eu corto a sua linguá.

Meu corpo tremia e tudo ao meu redor ficou confuso. Eu estava tonta de medo e assistia o prazer nos olhos daqueles homens com a minha reação a eles. 

Porque papai do céu?? Porque???

Prestem atenção, a boca dela é negociável... Mas o resto não, só para apreciação, mas claro que todos aqui poderão dar um banho de leite na pequena bonequinha.

Risos.

Fargus começou a pegar os papeis que estavam nas mãos dos homens e conferindo a palavra que contradizia tudo o que eles eram.. "LIMPOS", para mim eles nunca seriam limpos, eles eram imundos de alma.

Eu chutei, lutei como nenhuma vez antes, me debatendo, gritando, arranhando e mordendo, mas toda aquela luta só piorou minha situação.

Quando a câmera começou a rodar, Fargus e os outros homens me espancaram até eu sangrar e no final de tudo eles me banharam em suas gosmas infectadas com o pior cheiro do mundo, novamente a morte estava por perto, batendo na porta, mas recusando-se a me levar embora.

Acho que o ceifeiro de vidas ria da minha desgraça e gostava tanto da cena que não poderia jamais romper o show.

Depois disso uma névoa assombrou meus dias, todos os dias foram preenchidos dos mais diversos abusos criativos e assim me desconectei e fiquei presa em células de fantasia em minha mente.

O Coelho, Alice, Ursinho Dudu e minha tia Bruxa do Leste se tornaram uma fuga.

Eu só acordaria de verdade naquele dia quase, quase vitorioso em que consegui escapar das mãos de Fargus na chegada em um novo país totalmente diferente de tudo que tinha visto.

Capítulo editado pela @Jennifferfelix86

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