a verdade dói /52/
"Querida... Tire a máscara."
Percorri os corredores e túneis secretos ligados à arquitectura da fortaleza, pensando em tudo que senti enquanto estava dentro da minha mulher. Toda aquela angústia, sofrimento e dor, tudo parte da sua carne, ossos e sangue.
Porra aquilo foi assustador, e inebriante.
Quando a sua essência regado de medo atravessou minha mente, parecia que eu estava banhando o meu monstro interno com o mais puro néctar destrutivo. O prazer e o sofrimento, se misturavam dentro de mim.
Os meus gritos de dor, vinham da alma dela, que gritava horror e desolação.
Aquilo quase me nocauteou, e chegou um momento que a minha visão ficou turva com tamanho sofrimento entranhado em seu ser.
Sua alma cheira a medo doente, e degradação apodrecida, ao mesmo tempo, que algo mais único se esconde em meio a neblina de caos que ela protege com unhas e dentes.
Minha mente lateja com inúmeras sensações, mas a que mantém levemente esperançoso em relações aos meus esforços, foi que durante a nossa troca eu senti a sua dependência, atração e vício em mim.
Estou em transe, em êxtase, mas preciso de mais, ainda quero mais sobre ela, meus lábios tem sede da verdadeira essência por trás do seu véu. Seguro Poppy no colo, ela geme balançando a cabeça no meu peito, sentindo-se mal, tentando se manter acordada depois de ter conhecido a minha verdadeira natureza, a escuridão que existe na minha alma e que foi reforçada por uma armadura de aço ao longo dos anos. Morte, terror, sangue e tortura é como lido com meus inimigos, as mesmas armas usadas de diferentes formas para proporcionar resultados excepcionais, e para cada um daqueles que tocou nela, na bela Dryádes que jogou um feitiço e seduziu o feiticeiro, ofereço diariamente um destino pior que a morte, agora, creio que faltará pouquíssimo tempo para ter o último destes infelizes sob meu julgamento.
Ao passar pela porta depois de subir o interminável lance de escadas até à passagem estreita que nos leva de volta ao quarto, Poppy suspirou de alívio.
A luz do dia brilha forte nos acolhendo, filtrada pelas janelas e presa nas frestas entre as densas cortinas pretas. Não passamos mais de duas horas lá embaixo, isso me faz pensar em como na catacumba o tempo é um só; não há pássaros, não há nuvens nem brisa, é apenas meia-noite eterna, tórrida e impiedosa e gosto particularmente disso no meu habitat natural.
Poppy mexe seu corpo delgado e desprotegido nos meus braços, batendo os cílios grossos, tossindo e esperando que eu a solte, no entanto passo direto pela porta e a levo para o seu quarto privado, que é extremamente sofisticado, luminoso, romântico e clássico, onde deveríamos ter perpetuado na cama de madeira entalhada por papoulas o nosso amor e o desejo primitivo que sempre partilhamos.
***
No momento em que a coloquei no chão, ela cambaleou vertiginosamente até o banheiro anexado ao aposento, abriu as portas ornamentadas de carvalho e correu até o vaso sanitário, agachando-se na frente dele, tendo intensas ondas de espasmos e vomitando tudo o que havia comido no piquenique. Segurei algumas mechas do seu cabelo que atrapalhavam e enquanto esperava terminar uma reflexão singela atravessou meus pensamentos: Algo muito além do que ela viu causou esse desconforto, afinal não foi a única que sentiu toda crueldade e enfermidade desprendendo-se dos prisioneiros, não, ela compartilhara com nosso filho o gostinho da minha maldade. E meu eu nefasto adora saber, ainda que seja um detalhe. Não importa o sexo dessa criança, será forte e poderosa tanto quanto nós dois.
Contemplo por alguns segundos o horizonte infinito, a paisagem deslumbrante do mar azul safira que circunda o cômodo através das vidraças impenetráveis, a luz traz o tipo de conforto resplandecente para o cômodo de piso preto. Estou curioso, ansioso, para saber o que ela tem para me revelar. Poppy se contrai, finalizando o fluxo de vômito, ofegante, lacrimejante e com as mãos trêmulas, ela me olha com o mesmo olhar sombrio e assustado que me direcionou quando acordou no catre.
Finalmente aliviada, anda até a pia de mármore negro e se inclina sobre a torneira molhando o rosto e lavando a boca.
Odeio vê-la tão mal, mas não tem como meu corpo não ficar instantâneamente rígido visto que o único tecido cobrindo uma pequena parte do seu corpo é a calcinha branca. Sua pele de alabastro está cheia de vermelhos e roxos depois do que fizemos, e sua bunda macia, inchada e redonda,ahh que bunda! Esta marcada pelas palmas das mãos, ambas nádegas tatuadas pelas bofetadas, as impressões digitais perfeitamente desenhadas por seu dono.
A banheira dupla de hidromassagem parece deliciosa, mas ficaria horas com ela lá dentro, então opto por levá-la para os chuveiros de teto, no grande box duplo. Ligo à água e ajusto a temperatura para o morno, não limito-me em me aproximar e arrancar sua calcinha com um puxão.
Poppy se encolhe, entregando-me uma expressão pueril. Penso que mesmo conhecendo sua alma suja, degradada, dolorida e embebida de desprezo, eu ainda enxergo nela uma aura pura.
Esse reflexão come cada pedaço do meu cérebro, porque fico preso na ideia de como duas coisas tão contrastantes combinam tanto assim? Ela pode ser a maldita que tentou me matar, a maldita que conspirou contra mim, me traiu com todos aqueles homens e que mentiu sobre tudo, entretanto quando seus olhos me tocam é como se a suavidade do vento que permeia o mar beijasse meu rosto. Sou tão facilmente seduzido por sua beleza e por algo mais que ainda não sei definir.
Suas bochechas viram escarlate quando tiro as calça pesada por conta da adaga e ela vê o que a espera, meu pau ereto e pungente, duro só de olhá-la nua.
Entramos na água morna, seguro seu corpinho no meu e aproveito a sensação de estar no paraíso, a água lava nossas feridas, limpando o sangue seco grudado em nossa pele. Ensabou suas curvas, sua pele com sabonete líquido, lavo seus cabelos com seus shampoo preferido, nossos corpos se entrelaçam, seu calor me deixa vibrando, desejando possuir novamente cada parte de sua carne e ter a mesma experiência insana de alguns minutos atrás. Tonto de tanto querer ela, com meu pau pulsando e sentindo o calor de sua bucetinha molhada e levemente abusada, tonto com seus olhos inibindo essa tentação avassaladora, mudo de posição, segurando-a em uma gravata, e agora deixando meu pau sentir o aperto de sua bunda.
Não há palavras a serem ditas, nada precisa ser dito, nossa respiração pesada já fala por nós. Não quero machucá-la mais do que já fiz, mais do que já estamos com nossas feridas abertas e queimando na água do chuveiro, só quero amá-la e transar com ela da maneira que a maioria das mulheres sonha quando assiste um filme ou deseja quando lêem um livro erótico. Lambo seus ombros, chupo seu pescoço. As primeiras tentativas não dão certo, faço massagem com meus dedos para relaxa-lá e não desabar de prazer antes da hora, arranco seus gemidos sensuais, um forte condutor além da sua visão magnífica e totalmente entregue para me lubrificar. Eu fico mais do que rígido, alçando um prazer enorme sem antes meter. Prendo Poppy de costas contra mim e de uma só vez enterro meu pau no seu ânus, experimentando a pressão no meu pau grunho de prazer, movimento seus quadris para frente e para trás num ritmo lento, explodindo de tesão e tentando segurar o ímpeto para que seja incrível para nós dois, até sentir que meu pau chegou ao seu fundo e ela pulsa, quente para mim. Quanto mais saboreio sua carne, mais a fera em mim precisa degusta-la com selvageria, uso mais força, aumento a velocidade das investidas, fodo sem pudor, criando um som animal e suculento. Amo seu perfume, seu sabor, o jeito que geme na água... Meus dedos estimulam, brincam com sua boceta toda melada e seu clitóris sensível. Ela grita e curva o pescoço, chora perdendo o controle e perto de atingir o gongo do orgasmo, estou quase lá! Prestes a sentir tudo de novo....
— Ahhmmmm Dale, Dale... — Poppy geme, dominada, chorando, rebolando a bunda gostosa e puxando-me para meter mais fundo.
É o que eu faço, estimulando sua boceta a gozar nos meus dedos, estrangulando seus quadris e empurrando, metendo, metendo até não ver nada além dessa energia desfocada e sombria, questiono-me nesse tempo se Shangri-La esta dentro dela! Pois ela se contorce descontrolada, arranhando minhas coxas e seu medo, sua dor chegando junto ao orgasmo é paradisíaco!!! Ela é só minha, minha, minha e nada do que irá dizer poderá me afastar! Grunho e gemo rouco derramando-me inteiro dentro dela.
Depois do banho, coloquei um robe branco esperando minha mulher sair do closet, sentado na poltrona reclinável em frente à cama de casal, tento relaxar, fixando o olhar no forro de seda rosa, nos travesseiros e almofadas que desejo bagunçar nos próximos dias, mas meus pensamentos permanecem distantes, não sei o que esperar e se outra mentira sair da boca dela...
Então Poppy aparece usando um vestidinho verde oliva, que combina tão bem com ela que meu coração salta do peito, o cabelo curto está molhado e bem cacheado, fica especialmente perfeito com o rosto redondo, os olhos azuis grandes e as bochechas rosadas.
Ela passa na minha frente olhando para os pés sem dizer nada e senta na beirada da cama, faz cara de quem está com dor e segura um dos pilares esculpidos, ela parece muito jovem, meiga e perfeita, sem maldade, a única coisa errada é a dor cravada em suas Íris, a dor de quem carrega segredos e me faz prender a respiração. Penso em fotografar esse momento para transformá-lo em arte. Porém, endireito a postura, sentando com as pernas abertas, pigarreio, acariciando a barba:
— Você já pode começar, eu quero tudo, cada detalhe, sem poupar nomes ou qualquer coisa que me escondeu...
Ela afasta um cacho dos olhos, franzindo às sobrancelhas claras e apertando o pilar da cama. Pressentindo que vai ter outro ataque, faço um gesto para parar.
— Não precisa ficar nervosa, não vou ficar mais bravo com você... Se acalme, respire fundo e comece quando quiser.
Assentindo, engolindo em seco e parando de fitar às unhas, Poppy desvia o olhar para algo além do que posso ver, houve um longo momento de silêncio no quarto, como se ela estivesse buscando força ou organizando as palavras, no fim ela abre a boca e começa a falar...
— Eu menti para você Dale. Menti. Sim, eu tive uma infância difícil, mas não foi exatamente como te contei.
— Então como foi? — indago, tranquilo.
— E-eu na verdade não conheci meu pai biológico, mas não porque ele morreu, na verdade nunca saberei quem ele é ou seu paradeiro. Se ele está vivo ou morto não faço ideia... E da minha mãe, eu lembro dela, lembro de tudo da minha infância, até mais do que gostaria.
Ela para, suspirando, soltando a pilar e esfregando as coxas por cima do vestido, então seus olhos se encontram com os meus, envoltos de tristeza, ela revela:
— Siena...
— O quê?
— Siena Sanders é o meu nome verdadeiro, Dale... E minha mãe se chamava Wendy Sanders, era uma garota de programa de Illinois. — ela conta cheia de dor e eu não sei como reagir, quero abraçá-la, mas só peço que prossiga.
— Não sei o lugar específico onde morávamos, mas era muito humilde e Wendy ficava dizendo que odiava Illinois e queria ir para outro lugar, acho que para a Califórnia e às vezes para outros países. Naquela época eu não sabia com o que ela trabalhava, acreditava que era fotógrafa porque, porque ela sempre tirava fotos minhas, no banho. Estava fazendo um álbum. Mamãe também tinha amigos, amigos do pôquer, hoje eu sei que eles eram tudo menos isso... E se você quer mesmo saber, Dale, eu aguentaria os ratos, aguentaria a fome e o fato de não ter ido para a escola, eu poderia até suportar a minha tia morta debaixo da cama, mas algo muito pior aconteceu e meu terror começou aos oito anos... Foi quando me transformei na Cachinhos Dourados.
Ela narra, detalhadamente, tudo o que aconteceu depois que o Cafetão de sua mãe apareceu querendo comprá-la, o porão, a vontade de morrer, os vídeos que ele fez em que os telespectadores e seguidores do crápula pagavam para completar desafios e fazer coisas horríveis com ela. Poppy se lembra dos dentes de leite que perdeu, dos outros homens que foram levados para vê-la naquela situação deplorável, sendo estuprada presa naquele colchão podre, lembra o quanto a mãe ignorou por muito tempo essa situação, mas entendia a reação porque nunca foi boa para Wendy, então ela conta sobre o que ele fez quando matou a mãe e abusou das duas juntas, depois que se cansou e ficou gravemente doente, mutilou o corpo jogando os restos em um rio e ainda abusou da cabeça decapitada. Levou Siena para a boate, e continuou os abusos até chegar dezembro, um pouquinho depois do seu aniversário de 11 anos. O plano dele era levá-la para um leilão que recebeu o convite devido a fama da Cachinhos Dourados, um leilão que acontecia a cada um ano na Coreia, onde as crianças eram vendidas para quem pagasse mais. Siena fugiu e perambulou nas ruas de Saul, sobrevivendo de alucinações, onde quase morreu até ser "resgatada" por dona Shoi.
— N-nunca contei, nunca contei nada disso para samchon nem para Appa, nunca consegui falar isso para ninguém, achei que morreria... Morreria... Sem dizer nada disso para ninguém, pensei que esse segredo morreria comigo. E-eu sabia das doenças... Mas titio nunca tocou em mim, você tem que acreditar em mim Dale, eu... Eu tive lembranças e eu sei que fui machucada na casa de Appa, mas não foi tio Joon, foi outro soldado, Jiinwoon o nome dele, mas eu não sei como isso aconteceu. Eu sentia vergonha de contar, agora sinto vergonha porque você sabe de tudo...
Ela desaba na cama à minha frente, meu coração ficou apertado. Os detalhes ainda impregnam minha cabeça com imagens horríveis de se pensar. PORRA! Os meus ossos doem vendo a agonia refletida na mulher que amo, não consigo imaginar minha vida sem ela, não há outra capaz de me deixar tão louco e necessitado de completude. Eu sinto nas minhas entranhas todo sofrimento por qual ela viveu, meus olhos voltam para seu rosto abatido e vermelho de tanto chorar, sei o quanto se imagina pequena e inapta. E pela segunda vez em um curto espaço de tempo me vejo na frente de uma mulher ligada a minha vida, quebrada e danificada por mãos nocivas, malignas.
Enterro as mãos nos cabelos, soltando a respiração, sentido as têmporas doloridas e a garganta seca. Pergunto a única coisa que quero saber:
— Qual é o nome do cafetão? O infeliz que começou tudo isso?
Poppy se encolhe na cama. Não consigo enxergá-la como Poppy nesse momento, vejo uma garota ferida, de cachos perfeitos e os cantos da boca curvados numa expressão ressentida, pensando que eu não a quero mais, mas a única coisa que penso é que preciso protegê-la e tenho que ter o nome desse homem abominável, para matá-lo com minhas próprias mãos.
Abraçando o corpo, ela diz num murmúrio:
— Fargus... O nome dele é Fargus.
O vermelho tomou conta da minha cabeça, aperto tanto os lábios que dói. Eu não posso ter escutado o mesmo nome, não faz sentido! Quando me contou da cabeça no rio eu suspeitei na hora, mas Fargus é um nome escocês derivado de Fergus, é tão raro e incomum quanto inacreditável um americano ter o mesmo histórico e o mesmo nome particular....
Fechei os punhos e deixei o quarto, batendo a porta.
Vou até meu escritório, a cabeça girando e girando, e mais que de imediato ligo o computador e mando uma mensagem para Verlark, ordenando que faça uma pesquisa profunda na deep web, em todo caralho que conseguir na busca de todos os conteúdos impróprios envolvendo garotinhas no começo dos anos 2000 ligadas ao vulgo Cachinhos Dourados.
Nesse meio tempo abri uma garrafa de scoth, e praticamente a bebo por inteira para não enlouquecer minha mente. O que ela disse é terrível, mas ainda não inocenta tudo que ela fez. Aquele leão que ela me deu de presente com escuta, ainda faz uma traíra e louca pelo tio. Mas acredito na sua dor, na sua agonia.
Acredito que minha esposa foi uma massinha modelável nas mãos desses filhos da putas de olhos rasgados. E não desconfio nada que aquele desgraçado do tio dela, tem certeza absoluta sobre a vida de merda que ela teve. Joon Hu Park é inteligente e costuma limpar bem suas bases, ele é um desgraçado perigoso e muito esperto.
Enquanto medito os erros de Poppy, vinte minutos se passam e eu recebo uma notificação no meu computador, e lá estava!
Me sentei atrás da escrivaninha, tamborilando os dedos. E para minha surpresa não há tantos conteúdos a respeito, por isso não foi nada difícil de identificar Siena em alguns dos vídeos que restaram daquela época.
O aperto no meu peito tornou-se uma espada de sete gumes.
Contive a vontade de esmurrar o computador ou desabar enquanto reconheço o rosto de Poppy, o rostinho inocente de Siena. Muito mais jovem, mas ainda os mesmos traços doces carregados de inocência. Uma criança sem culpa, desnutrida e indefesa, o choro dessa criança invade o meu escritório, o riso dos seus abusadores, o prazer que tinham machucando-a e a torturando, trinta segundos foram o suficiente, para eu fechar a tela do computador não suportando mais ver esse tipo de abuso coletivo contra alguém indefeso. Despedaçaram minha papoula, até que o medo doente fosse a única coisa da qual ela poderia se alimentar por anos. O medo dela só pertence a um só, eu! E jamais deveria ser explorado desse jeito.
Lágrimas caem dos meus olhos, raiva, martírio... borrando minha visão e meu coração parece mais vivo e frágil do que nunca! Ela sofreu tanto quanto Bridget, por muitos anos à mais... E a coincidência de que seria o mesmo homem, Fargus, O meu genitor... É demais.
Buscando voltar ao foco e planejar meus próximos passos depois de tanta tragédia, encosto-me no espaldar da cadeira e ligo para meu primo pelo telefone por satélite.
— Alô...?
— James. — minha voz sai pesada.
— Dale? Você desapareceu! Eu precisava... Você está bem cara?
— Eu preciso conversar com você pessoalmente, urgente.
— Gostaria, mas estou em Paris, não sei quando...
— Você vai vir o mais rápido que puder, você sabe onde me encontrar, onde os mortos da família guardaram os seus segredinhos, incluindo seus pais...
Ele fica mudo na linha, e depois fala:
— Porra! O que você está fazendo aí? Quer enloquecer?
— Venha logo!
Ele estala a língua e responde:
—— Você pensa que eu sou a porra de uma maquina, só pode. — ele ri de um jeito amargo. — Primo, toda vez que me abro de maneira iniciada neste lugar, você sabe muito bem, que dói para caralho. Fora o fato, que tudo me afeta de um jeito muito perturbador....
— Eu sei, mas preciso que venha. — acabo exigindo ao invés de pedir.
O silêncio na linha me diz que James está lidando com isso. Esse lugar tem um alto impacto sobre ele.
— James pelo sangue. — sintetizo o que todo Macay entende como algo a ser seguido, único e real.
Ele bufa rendido antes de responder.
— Ok, estou indo.— James suspira e desliga.
Eu sei que para ele entrar no forte é como nadar e se afogar no magma do inferno, James não é como eu, sua natureza é diferente, ele contém outras características. Mas agora o que importa para mim é compreender o caos que cresce na minha cabeça.
Sinto-me menos esmagado emocionalmente depois de tudo que bebi, e ainda é só o começo...
Eu preciso ter certeza que esse filho da puta que destruiu a infância da minha mulher é o mesmo que destroçou a minha mãe, mas de qualquer jeito vou matar esse Fargus, quer dizer... Matar seria muito pouco.
O meu peito dói, e sinto uma tontura que além do meu estado alcoólico. Respiro fundo, e quando fecho os olhos sei o motivo do meu mal estar.
Porra... é ela. Nossa conexão, e a forma como ela está em um estado de auto aversão. Estou no corredor a caminho do seu quarto, e quanto mais me aproximo, mais essa porrada sensorial tira o meu ar.
Abro a porta do quarto, e escuto o seu choro baixo. A sua imagem encolhida na cama puxa algo protetor de dentro de mim.
Sem delongas ou qualquer explicação, fecho às cortinas impedindo que o sol forte do meio da tarde penetre o cômodo, a mutilando com as verdades expostas enfim a luz. Com o cômodo escuro, vou até a cama com passos duros e deito ao seu lado, ela se afasta, e imediatamente sinto seu horror, algo está errado... sinto mais do que vejo, mas de qualquer forma, puxo seu corpo quente contra o meu, Poppy... retesa, e se mantém um pouco rígida entre meus braços. Depois de impor minha presença e deitar seu rosto molhado no meu peito, afago seus cabelos e inalo seu perfume, não conseguindo evitar as lágrimas, que refletem sua dor.
Segurando seu queixo, faço com que seus lábios trêmulos se encoste aos meus.
— Abra os olhos...
Ela não me obedece, e em um ato arredio tira o seu queixo do meu toque, voltando a manter o rosto manchado de lágrimas para longe do meu alcance.
O silêncio paira entre nós, e o vídeo que assisti, daquela menina... Daquela criança, volta como um soco! Uma criança, caralho! Nas mãos dos piores predadores possíveis. A imagem vívida de todos aqueles homens ejaculando no rosto seu inocente, causa uma repulsa gigantesca, trazendo a ansia de vômito quase incontrolável. Cerro os dentes precisando de mais, mais bebida para conter essa dor e esse asco causado por criaturas covardes.
Tento acariciar sua bochecha com meu polegar, mas sua reação distante me diz que ela está fechada depois de abrir a caixa de Pandora, que nada mais é, que o seu passado nefasto.
Por muito tempo não queria me apaixonar por ninguém, nunca quis fazer esse papel, mas por ela... Eu fiz, faço e farei coisas indizíveis, em prol da nossa libertação. Ela viu como eu sou, e acredito que é por isso que seu corpo se opõem a mim, mas a minha mente, corpo e alma, nunca deixaram de buscar a dela. E se para eu tê-la parcialmente inteira, eu terei que visitar o inferno para resgatar a garota que um dia ela foi, eu irei com sangue nos olhos e um desejo demoníaco dentro de mim.
Abraço-a ao ponto de comprimir os seus ossos, querendo entrar em seu corpo e viver abaixo de sua pele, nossos corações batem no mesmo ritmo.
Abro a boca para dizer, mas mantenho a promessa muda. Ela me tem, cada pedacinho meu, e mesmo não tendo certeza se um dia ela irá ser reciproca nessa intensidade e loucura que se chama amor, eu ainda sim, lutarei pela Siena, lutarei por minha mulher até o fim.
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