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a dor mais doce /30/

Uma semana depois:

Cinco e meia da manhã, foi a hora que acordei e não consegui mais dormir. Os melros, todos os tipos de pássaros começaram cantarolar lá fora acordando os criados do Palácio.
A cortina entre-aberta, do jeito que gosto, me permite ver que o dia será nevoado e chuvoso igualmente fora na quarta e na quinta. Meus olhos tem a sensação de inchaço, minha garganta está dolorida de tanto chorar e todos os ossos do meu corpo aparentam estar moídos, até para fazer um único movimento na cama vazia, arquejo de dor.

Me encolho nua debaixo do cobertor bocejando, se as coisas não mudarem talvez eu peça para Dale deixar eu ir embora vê o meu Appa, mas tendo em vista de como ele é, presumo que isso não está em negociação.

Não me importo.

Essa última semana ele nem se quer conversou comigo, dúvidas eminentes me perseguem. Será que já não sou tão interessante para ele? Tem vergonha de mim? Raiva pelo que aconteceu? ou foi o falso passado que inventei? Bem, nem tudo era mentira, Shoi verdadeiramente fora um mostro comigo.

Penso que ontem se desenrolava para ser mais um dia desta rotina. Deite-me na cama cheia de remorso e culpa, chorando, berrando até sentir que não poderia suportar mais, lastimei até a última gota cair e apaguei, contudo acordei desnorteada no meio da madrugada.

Acordei sendo sacudida na cama, preenchida por dentro, mole e molhada, Dale invadiu meu quarto e se escondeu nu debaixo do cobertor, me fodendo ávido e voraz. Não deixava eu falar, tapou minha boca com uma das mãos e meteu seu membro usando a sua força imbatível e descontrolada. Nós suamos e nos contorcemos e quando pensei que ele iria parar, me virou de costas e me colocou de quatro na cama, me chupou feito doce, friccionando sua boca e seu nariz na minha intimidade, para depois meter seu monstro rígido forte no meu bumbum, desta vez eu senti a dor ransgante na minha pele e um prazer maior que o habitual se instalou. Foi difícil pensar, disntiguir se era realidade ou sonho, só deixei acontecer, só deixei ele latejar e ejacular depois de uma hora inteira me devorando esfomeado na procura de libertação. Foi tão arrebatador, seu urro de prazer causou eco na minha cabeça, aparentou ressoar por todas as paredes e rachaduras do castelo. Nunca me senti tão dolorida e fora de mim, meu prazer se estendeu além do imaginável num orgasmo indiscritível. As minhas pernas ficaram trêmulas, e quando terminamos, me senti devastada e sensível.

Feito uma boa viciada e uma alma completamente arrebatada, eu me alojei sob seu corpo musculoso e ofegante, escutando seus batimentos cardíacos, apreciando seu perfume masculino e brincando com os fios vermelhos do seu cabelo. Foi como se tudo se encaixa-se, e o forte puxão estranho que sentia em meu corpo e coração a cada segunda do meu dia, tivesse dado uma trégua criando laços com a natureza dominadora que habita em Dale.

Certas palavras não podem descrever momentos, mas precisou de quase vinte dias para eu sentir alguma leve sensação de paz em meio a desolação que estava vivendo. Sem dizer nada eu apenas aspirei ambiciosamente pela nossa completa união outra vez; mas meu corpo padeceu em cansaço enquanto ele ainda me devorava por completo, cada vez mais selvagem e com olhos famintos e perdidos em prazer. A indução ao sono sem pesadelos, tendo o meu corpo desfrutado por ele, era como voltar aos dias em que seus olhos me queriam, entretanto para minha infelicidade acordei poucas horas depois sem ele no meio da cama bagunçada.

Agora dolorida fisicamente e emocionalmente, permaneço mergulhada no seu perfume selvagem impregnado na minha pele.

***

Eu enrolo umas duas horas para levantar da cama e me arrastar até o banheiro, faço isto na vontade de lavar o cabelo na água morna do chuveiro, e meus dedos cheios de shampoo percorrem as feridas cicatrizadas e cravejadas de cascas no couro cabeludo. A tentadora vontade de arrancar as cascas e deixar o sangue escorrer cresce, mas não faço, prefiro desligar a água e lidar com a solidão de um jeito diferente.

Vou para o quarto e uma das cuidadoras designadas para mim, está me esperando para arrumar meu cabelo. O barulho do secador faz sua mágica, e escova meus fios os deixando brilhosos e lisos. Eu poderia alisar permanentemente meu cabelo, porém devido a minha Síndrome de Rapunzel, o meu couro cabeludo sempre foi extremamente sensível e não aguentaria uma química forte. Dessa maneira eu os trato com os melhores produtos, o escovo e o prancho, em busca de liberdade da imagem podre escondida em mim. O deslizar da prancha quente em cada mecha, certifica que Siena está guardada firmemente no lugar escuro onde ninguém deve ter acesso.

Após arrumar meu cabelo, dispenso Sara que me ajuda quase como uma dama de companhia, fazendo meu humor ficar em suspenso, caminho até o grande espelho dourado com mais três metros de altura que fica ao lado esquerdo do quarto. Encaro a minha imagem, porém sem o brilho que havia antes enquanto era apreciada por um Conde. Meu grande kimono de seda turquesa e lindos desenhos bordados de fio de ouro, quase não consegue enriquecer a minha imagem devido aos meus olhos cansados. Desfaço o nó em minha cintura, e olho cada detalhe do meu corpo. Cada marca que ele fez, parecia estar carregada de desespero e intensidade. Algo na noite passada estava nos esfarelando ao mesmo tempo que nos conectando. Parecia que ele estava sarando a minha dor com sua impetuosidade, e depois de dias sem me tocar, após o incidente do armário, ele voltou bruto, diferente, quase possuído...

As marcas demonstram isso, porém minha mente prega peças com a aparente impossibilidade de que ele estava dizendo algo com seu corpo que eu não consegui ler.

Decido vestir minha roupa de montaria, e galopar minhas dúvidas longe do ar denso e intrigante que envolveu todo o castelo nos últimos dias.

Davila traz o café da manhã numa bandeja cheia de frutas, torradas, bolo e suco, normalmente, costumo ir até ao jardim de inverno, onde ninguém mais tem autorização para ir. Dale uma vez disse, que ali existe especies cultivadas pelos moradores originais da grande morada. Isso quer dizer a família de Roselyn, e por isso, o clima era perfeitamente controlado e o número de pessoas reduzidos em seu interior. Desde então, escolhi esse lugar para ficar quando ninguém mais está por perto. Comer um pouco, apreciar as lindas flores e encher meus pulmões de coragem e expectativa, isso tem sido os meus dias. Claro que evita todo um questionário sobre não conseguir me alimentar direito, mas posto que estou com pressa, faço uma rápida refeição na esperança de não vomita-lá mais tarde.

O dia está fechado e sei que não irá demorar muito para um temporal cair, pensando nisto, me adianto em ver meu estimado amigo Pegasus.

Quem sabe não podemos ficar alguns minutos no nosso lugar secreto.

Em cada passada as minhas botas afundam na terra lamacenta das charnecas. Apesar dos meus fios estarem contidos em um rabo de cavalo simples, o vento úmido e gelado os tirava da pequena contenção proporcionada pela presilha de lindas pedras turmalinas.

O meu corpo se mantém aquecido, no pulôver preto tramas altas e a calça de montaria forrada com pele de carneiro, tudo preto, formando um look semelhante ao meu ânimo obscuro. A bota de coro de cano alta, faz o som rítmico do esmagamento da grama alta em direção ao estábulo. Mesmo estando um pouco distante, já consigo ouvir os barulhos agitados dos animais. O cheiro de feno, e frutas cítricas como a maça se misturam sempre na baia de Pegasus. Todo o haras tem sua arquitetura restaurada e moldada sobre a antiga coudelaria do século XVI, pertencente aos lordes proprietários das terras na época.

Nunca deixei de estudar as origens e as histórias que descendem certos lugares por quais passei, ou fiquei. Amo esse Palácio, provavelmente porque foi a morada de Roselyn desde a sua infância até a adolescência.

Acabo esticando um sorriso triste sobre meus lábios ao lembrar que jovens de quatorze anos naquele século, já eram consideradas mulheres completas e no período ideal para casamento, porém eu quando estava com quatorze Anos já estava cansada de uma vida de humilhações.

Ao chegar próximo as baias, percorro os olhos ao redor e vejo o amplo espaço para os cavalos, com cerca de uns 500 metros quadrados no mínimo. As baías e o armazém são bem cuidados e limpos, é de costume toda manhã avistar Fernand e outros adestradores trabalhando.

Bom dia, Fernand!

Bom dia Lady Hu Park! —  ele, sempre, ao menos desde o dia que o meu namorado conversou com ele, responde acenando apressado se afastando para longe como se eu estivesse com lepra.

Dou de ombros e chego perto da Baia de Pegasus, sorrio de orelha a orelha, ele relincha quando acaricio sua crina branquinha esperando ansioso para nosso passeio.

E aí garanhão? Como pa-passou a noite? Fez mais u-uma daquelas suas viagens para o Olimpo, hein? Se sim, me le-leve da próxima vez, está um tédio por aqui...

— Então você conversa com eles também?

Sinto meu coração sair pela boca e dou um pulinho ao ser pega desprevinda pela filha mais nova do Marquês. Sua imagem é algo fora do comum, poderia dizer que ela parece ter saído de um conto de fadas ou ter descido do céu.

Meus Deus ela é um anjo...

Saindo da baia ao lado puxando um cavalo de pelugem marrom, ela esboça um grande sorriso.

— Desculpe se te assustei, eu não queria.

Tu-tudo bem Lilybeth, qua-quantos anos você tem?

Ela ajeita seu capacete na cabeça e arruma a sela do cavalo.

Eu tenho 17, eu sei, eu sei! Meu albinismo, minha fisionomia me fazem parecer mais jovem do que sou.

Albinismo? Até tinha me esquecido. Ela não parece ser albina, na verdade ela parece aqueles anjos lindos da capela cistina.

Reparo com mais cuidado e chego a conclusão de que ela está tentando diminuir um possível desconforto. Lilibeth tem cabelos loiros platinados naturais, sua pele é muito branca igual a uma porcelana imaculada, mas não de um tom acizentado como alguns albinos asiáticos. Seu cabelo liso é brilhoso e suas feições delicadas, seus lábios são naturalmente avermelhados em formato de coração. Não consigo ver seus olhos, porque ela usa óculos escuros, mas posso afirmar que é linda demais para qualquer tipo de preferência de padrão, é uma beleza irreal.

Você não parece em nada com os albinos que já conheci.

Rindo ela termina de verificar a cela, e faz um sinal para Fernand. Caminhando em minha direção, sinto o cheiro de rosas com algo mais, e sei que veem dela. O seu sorriso contagia o meu, e quando vejo estou presa no encanto fácil.

— Há vários níveis de albinismo, mas entendo que não conheça todos. Somos um percentual pequeno na população e o meu caso é percentual menor ainda.

Suspiro me recuperando do impacto da sua presença.

— D-D-Desculpa se fui indelicada, não era essa a minha intenção.

— Não se preocupe, e depois podemos conversar mais sobre isso em um passeio, o que acha?

Concordo retribuindo o sorriso e o convite. Fernand entende a deixa e retira Pegasus da baia, para mais uma das minhas corridas matinais. Sei que não deveria levar Lilybeth até meu lugar secreto, mas acredito que ela não dará a importância.

Seu pai é coreano, então você morou todo esse tempo na Coreia? — ela pergunta curiosa.

Faço que sim. Bem, as pessoas gostam de falar sobre mim.

— Eu sempre quis conhecer a cultura milenar da Coréia e China. Já fui no Japão e fiquei apaixonada. Deve ser tudo muito bonito no seu país, não é? - ela diz num timbre sonhador.

— É, é verdade. É li-lindo.

— Eu espero um dia conhecer, mas já viagei para alguns lugares que até hoje me fazem sonhar... Conheci a Arábia Saudita há dois meses atrás, acho que estou presa aquele lugar de alguma forma. - ela diz puxando uma expressão lúdica, apesar de não poder ver seus olhos por causa das lentes escuras.

— Arábia Saudita?! — questiono.

— Sim, meu pai tinha negócios com um Sheike de lá. Então me levou junto já que ele sabe da minha paixão por lugares e culturas diferentes. Sem tirar o fato de que eu já sonhava a muito tempo em conhecer o país. — diz empolgada molhando os lábios com a lingua e continuando em sua fala. — Fomos para Riad, eu amei muito! Tudo muito moderno e a comida... Incrível, senti um pouco de saudades dos campos e dos riachos da Escócia, sou muito ligada a essas terras, mas ficamos dois meses na Arábia, e apesar da beleza do lugar é um pouco triste para as mulheres.

— Oohh, e-eu acho que si-sim, entendo.

Digo penalizada, mas logo lembro do que ela disse anteriormente.

— Você conheceu um Sheike?

— Sim, um dos mais importantes do país! O Sheik Khalil Mustafá, e sua esposa Anna Andaria, ela é tão boa, vi de longe seus três jovens filhos. Eles são príncipes bem poderosos, você tinha que tê-los visto, são tão lindos...principalmente o príncipe Aziz.

— Aziz? Que nome diferente.

— Sim, na verdade o mais velho sucesso do trono se chama Hussen, ele é bem sério e muito parecido com o pai, Aziz é o segundo e tem um ar mais sociável, porém seus olhos...

— O que tem seus olhos? — pergunto curiosa. 

— Nada não, besteira — diz rindo. — Como estava falando o mais novo se chama Zayn, é o mais versado para forças armadas. Dizem que ele é implacável e que muito novo entrou em preparação de guerrilha.

— Nossa... isso é muito amedrontador.

— Concordo, mas isso não faz com que fiquem menos lindos. Porque acredite, eles são maravilindos.

Ela sorri carregando uma aura de magia e pureza, tão luxuriante que consigo vislumbrar três príncipes Árabes.

— Meu pai disse que voltaremos para lá muito em breve, o que acha da gente dar um passeio perto dos penhascos de luz e dos campos de lavanda? Você poderia me contar um pouco sobre a Coreia do Sul? Assim eu compartilho com você os lugares que conheci e como sou uma albina diferente daquelas que conheceu.

Sorrio encarando, Pegasus.

— O que v-você acha amigão? Parece uma boa ideia, não? Quer algumas maçãs e ar pu-puro perfumado, ou você já se alimentou muito no Olimpo?

Lilybeth rompe em risinhos.

***

Saimos montando nossos cavalos, o vento beija o meu rosto de maneira reconfortante. Lilybeth me leva a todos os lugares, mais lindo e mais distantes que nunca fui anteriormente nas terras de Dale. Posso dizer que sinto uma pontada estranha, acredito que seja uma centelha de ciúme pelo conhecimento de um local que pertence ao meu namorado.

Será que ela esteve muitas vezes aqui antes, e talvez sinta algo por Dale? Pare de ser estúpida Poppy, ela é linda e nobre, você nunca teria chances...

Em meio os meus pensamentos caóticos, Pegasus vira na direção do local que chama meu coração. Ele sabe, ele me sente... temos uma conexão de animal e humano, como o meu tio diz sobre seus cães.

Escuto Lilybeth me chama, mas não paro e não diminuo os galopes do meu cavalo. Entro pela floresta fechada, e Pegasus me leva justamente onde preciso, sem nem ao menos hesitar. O silêncio preenche tudo ao redor e somente os trotes do meu cavalo, e o assovio da floresta se faz presente nesse momento.

A formação rochosa fica aparente, e tudo em meu interior se acalma, como se o vendaval de emoções tivessem sido amputados da minha alma quando entro nesse círculo de paz.

Pegasus sossega, e eu desço, o conduzindo até uma árvore próxima. Sem hesitar, transpasso o primeiro circulo de pedras, e nesse momento o meu coração começa a bater no mesmo ritmo que os barulhos da floresta e os ventos uivantes das grandes falésias. A serenidade é tão enriquecedora, que juro que meu espirito parece voar...

— Gu neònach, chan fhaca mi coigreach a-riamh leis an fhìrinn air tòiseachadh roimhe. —  [Curioso, jamais havia visto uma estrangeira com a essência Iniciada antes..] — Lilybeth disse adentrando o circulo de pedras.

— Não e-e-ntendi o que você disse.

Ela se aproxima e pega minha mão, por mais que tenha a pele muito alva, parece uma pérola preciosa.

— Gosta daqui Poppy?

— Sim. — digo não sentindo desconforto em seu toque. — Por que?

Ela afaga a minha mão e a solta sentando em uma das pedras mais a frente. Sua expressão é solene olhando para o céu fechado, e até madura para sua jovem idade.

— Você quer voltar para o castelo, entendo se estiver desconfortável. — não sei explicar mas antes das minhas cavalgadas alguns soldados do meu pai me acompanhavam a distancia, mas depois que comecei a vir aqui, eles começaram a me dar mais liberdade. Não sei porque, mas eles como coreanos supersticiosos se sentem desconfortáveis no local.

— Por que eu desejaria voltar? estou amando o nosso passeio.

Ela tira o capacete e suas lindas ondas platinadas caem sobre seus ombro como cortinas. A visão me deixa petrificada.

—  As vezes você me olha como se eu fosse um bicho estranho, não sei como me sentir sobre isso.

Arregalo os olhos assustada com minha indelicadeza, e falo apressada.

— Não é isso! É que vo-você de longe é uma das jovens mais li-li-Lindas que eu vi, e mesmo não conhecendo muito sobre albin-nismo, nunca havia visto alguém como você, assim tão...

— Tão?

— Lin- linda. — gaguejo desajeitada.

Lilybeth cora,juro que parece que estou olhando para a princesa Elza de Arindel.

— Sabe Poppy vou te explicar um pouco sobre o meu albinismo, e você me explica um pouco sobre o que sente nesse local, o que acha?

De imediato fico com receio, eu não quero mentir e nem construir uma história onde não escuto vozes e muito menos os cantos da floresta. Com toda certeza esse não é o momento de alguém me acha maluca. Antes que eu fale ela inicia seu lado da barganha.

— Sou uma albina de OCA1, nasci com pele e cabelos brancos, e olhos da cor de prata liquida. Porém com o meu crescimento, aos dois anos fui desenvolvendo um pouco de melanina, e por isso meus olhos ficaram na cor de uma azul incomum, e minha pele e cabelo menos acinzentados, ganhando um tom mais perolado.

— Seu pai não é albino, alguém da sua família tem a mesma característica?

Deitando sobre a grande pedra que está abaixo de si, Lilybeth fala de um jeitinho faceiro:

— Quer ouvir uma história muito antiga sobre a minha família?

— Sim. — minha resposta é imediata, sou curiosa e cada vez mais tenho amado os mistérios da Escócia.

— Ok, Sou descendente de Jaccquetta de Luxemburgo, eu me chamo resumidamente Lilybeth York Woodville Courtenay Blount.

Sinto minha alma sair do corpo e fico estupefata fazendo as ligações necessárias sobre o que eu estudei da dinastia britânica.

— Você é de-de-decendente de Elizabeth Woodville, a Rainha Branca?

— Sim. — responde calma, o vento faz firulas em seus fios.

— Como?

Rindo e dobrando os joelhos e os envolvendo ela responde.

— De forma simple, sou descendente de uma das filhas mais jovens do Rei Eduardo IV e a Rainha Elizabeth de York ( Rainha Branca)o nome dela era Catarina de York e se casou com o Marquez de Exeter chamado Willian Courtenay, também conhecido como Conde Devon. Depois que Henrique VIII seu primo...

— Henrique VIII, o assassino de esposas?

— Sim, o próprio! Ele tinha boa relação com o Conde Devon, mas acabou rompendo essa amizade depois que rompeu com a igreja católica e virou protestante. Isso nunca nos interessou de verdade, éramos descendentes dos Woodville, e seguimos algo diferente. Porém de qualquer forma Conde Devon foi executado, e sobrou somente Eduardo Courtenay que era a ligação direta com meu pai, Marquês de Exeter.

Fico calada por um tempo, absorvendo o impacto, depois de alguns minutos solto a pergunta que borbulhava dentro de mim.

— Havia muitas histórias sobre a Lady das Aguas, Jaccquetta de Luxemburgo e a Rainha Branca Elizabeth de York... diziam que elas eram...

— Bruxas?

— Si-Sim.

— Não, elas eram apenas Druidesas.

— Druidesas, druidas? — a palavra preenche minha boca e algumas peças disformes começam a tomar espessura em minha mente. Lembro das pesquisas que fiz sobre os druidas, e sei que são de origem celta, mas tudo um pouco mórbido e ao mesmo tempo fascinante.

— Sim, elas eram druidesas filhas de Sullis Minerva, deusa das águas. - sorrindo de um jeito infantil ela fala sonhadora. — As filhas de Sullis Minerva são raras no druidismo, porque geralmente elas podem vir em sequência por gerações ou de tempos em tempos. Mas uma coisa é bem definida sobre elas, todas carregam a beleza do luar prata sobre as águas claras ou escuras. Por isso, todas tem seus cabelos e pele tão platinados feito a lua.

— Ohhh.... — fico encantada com a história, minha pressão arterial parece levitar, quando me aproximo de Lilibeth. — Que linda essa lenda...

— Lenda? — questiona.

— Sim, é uma lenda não é mesmo? Os Druidas não tiveram seus costumes escritos, e tudo morreu a centenas de anos atrás.

Ela me encara com a proteção dos óculos, e depois de uma tempo sussurra.

— Sim, pode ser, talvez tenha razão. Sou uma romântica, somente isso!

— Eu também... — falo rindo e acabamos gargalhando juntas.

Depois de alguns segundos volto a perguntar:

— Então essas mulheres eram...

— Albinas?

— Eram? — questiono.

— Sim, históricamente a dinastia de Jaccquetta de Luxemburgo tinha essas mulheres que falei, como albinas de classes diferentes.

— Interessante...

— Sim, muitíssimo.

Ela levanta da pedra que estava e caminha com o rosto direcionado para o céu, vendo o vento levar as folhas, e esticando os braços como se quisesse tocá-lo.

—Por que está usando óculos?

Lilybeth vira em minha direção, sorri, abaixa a cabeça e os tira. Quando a vejo levantar seu rosto devagar, meu choque é completo. Os olhos dela são....

— Seus olhos são violetas?!

— Azuis, na verdade.

— Não Lilybeth, eles são violetas!

Ela fica corada, e sinto que a envergonhei, mas antes que peça desculpas ela diz:

— Meus olhos são azuis Poppy, é que a ausência de melanina faz os vasos sanguíneos na minha corne os contrastarem com a cor da minha íris azul, deixando esse tom de violeta claro.

Coloco meus dedos nos lábios como uma reação abismada.

— Você é muito mais bonita que a Elza do Frozen.

Sua risadinha doce e inocente me contagiam. Ela volta a deitar na grama verde no meio do circulo de pedra. Ela me chama para acompanha-la e mais que depressa o faço. Nunca em toda minha vida, estive com uma outra mulher em um clima tão agradável e tão leve, é palpável que Lilybeth é especial.

— Adoro ouvir a melodia, você não gosta?

— Sim, eu amo... — tomo um susto quando me dou conta do que estou confessando, e quando viro meu rosto para o lado em sua direção, ela está sorridente feito uma criança que ganhou um doce.

— Eu sabia que você escutava! Eu sabia...

— Hmmm você sabe?

— Digamos que eu tenho um pressentimento forte sobre você. — pegando minha mão esquerda, ela coloca a minha palma sobre o solo e fala baixinho, com sua mão sobre a minha. — O que sente Poppy? O que a terra sussurra para você?

Fico alguns segundos a encarando, sentindo uma conexão assustarada e amigável, e por fim, encontro conforto e aceitação.

— Ela não parece dizer em palavras.

— Então mostre para mim o som que ela faz.

Me conecto em milésimos de segundos, a paz rasteja por meu corpo e o cantarolar simples do vento, da grama, das árvores e animais, são emanados por meus lábios de forma melodica. O som se construí através de mim, mas está pega força e cresce, floresce em música. E quando vejo o cantarolar ecoa pela floresta.

— Coloque a mão direita sobre seu coração e bata de leve no mesmo rítmo das batidas dele. — ela diz, sooando tão distante.

No instinto o faço, enquanto com a outra mão presa pela mãozinha menor e alva de Lilybeth, ainda sou capaz de sentir a terra e grama nos meus dedos. Me sinto elevar, flutuar, o som do meu coração cria uma percussão na melodia que sai dos meus lábios. sinto lágrimas escorrerem dos meus olhos e um soluço baixo ressoar. Olho para o lado e vejo o rosto minúsculo e branco da jovem deitada comigo na relva, revelar lágrimas e olhos inchados.

— Lilybeth?

— Obrigada Poppy, eu sabia que a sua alma era linda e você me deu um presente maravilhoso.

— E-e-Eu?

Ela se vira com braços e pernas na minha direção.

— Como uma filha da água, pude a primeira vez ver o canto da filha de Aisling.

— Aisling?

Limpando o rosto ela senta e fala docemente:

— Você teme a essência de Aisling, a deusa fada senhora das florestas. Nunca sentiu essa sinergia com a natureza antes? — Fico boba com seu comentário, mas é o que segue que deixa minha mente mais perdida. — Aisling, é a deusa que ficou enamorada por um saqueador, e nas lentas celtas, diziam ser um nórdico saqueador, um verdadeiro Haraldskæði.

— O que seria um Haraldskæði?

— São guerreiros movidos por Odim, ou por Arawn, deus do submundo, como alguns celtas afirmam. — ela suspira e por fim murmura. — São Berserker's, Aisling se apaixonou por um, e desde sempre guardou seu coração para proteger tais guerreiras indomáveis.

Fico muda, sento dobrando os joelhos. Digo algo que guardei somente para mim esse tempo todo.

— Lilibeth, o que seria o carvalho florescer? Já ouviu essa expressão?

Ela vira seu rosto tão rápido que seus olhos violetas ficam brilhantes e sua boca treme ao contar:

— Poppy você viu o carvalho florescer?

— ÃHH... Não, eu nem sei o que é isso!

— Ahhhh... tá.. Okay, é um lenda antiga que diz, que duas almas que se perseguem por anos e não conseguem ficar juntas somente em uma vida, se buscam em cada vida para ver o grande carvalho colocar flores para ambos como uma forma de selar suas almas para sempre juntas e nunca permitindo que se separem em novos tempos. É algo além de um "amor da sua vida", nesse caso, é o amor de todas as suas vidas cósmicas.

— Nossa, de onde eu posso ter lido isso?

Murmuro enfadonha, mas sei que foram os meus sonhos e a Roselyn imaginária que me disse tal coisa.

Lilybeth extende a mão, já que se levantou antes de mim, e automaticamente sem receio pego em seus dedos finos a acompanho para dentro da floresta.

Andamos um tempo juntas entre o dossel, mas não tenho medo, estou bem dentro da vegetação escura. E ao chegar em frente a um riacho fico tensa por estar tão próxima a borda.

— Melhor eu não me aproximar mais...

— Fique tranquila, você está comigo. — ela diz calma.

Sento-me a beira do riacho, e ela tira suas botas e eleva suas calças de montaria colocando os pés dentro dele. Redemoinhos são formados em sua panturrilha de alabastro, e fico admirada por ser tão espontânea.

— A água tem memória Poppy, e nossa alma também. Acho que por mais que meu pai esteja aqui para auxiliar o equilíbrio, isso pode ser justamente o que menos se precisa no momento. Sei que sou nova e meu destino deve estar traçado de alguma forma, mais ainda sim, sonho com areia, sol, calor e olhos de um azul acinzentado, rasgando o que eu era e deixando o que eu deveria ser.

— Como são seus sonhos? — pergunto curiosa, já que os meus são uma mistura de caos e realidade.

— São intensos, mas acredite, estou me preparando para o melhor e pior em todas as vias. Como a terra e as florestas, às águas podem corroer montanhas e devastar impérios, elas tem a sua força.

Ficamos alguns minutos ali deixando a hora passar, rindo de hora em outra, até que caminhamos de volta para as nossas montarias, e seguimos em direção ao castelo em uma conversa leve.

A jovem Lilybeth me dera um pouco de fôlego. Descemos dos cavalos, e enquanto caminhamos para o castelo, ela puxa de leve o meu braço e me faz encarar seus olhos violetas.

— O druidas levam a marca do carvalho, e eles só se conectam entrem os seus. Jure para mim, que será forte e que irá se agarrar a sua essência.

Congela com o que acabara de dizer.

"Os druidas levam a marca do carvalho...."

— O que quer dizer Lilybeth? Você...

Não consigo concluir minha pergunta, pois somos interrompidas por uma voz austera:

— Lilybeth, minha filha, entre está esfriando e você pode se resfriar! — diz o velho e elegante Marques vindo em nossa direção, trazendo uma manta e colocando sobre os ombros de sua filha que sorri com amor para o mesmo.

— Ok, papai.

Quando eles se distanciam mais alguns passos, ela se vira na minha direção e diz acenando.

— Poppy não fique com receio, tudo dará certo, me procure depois do jantar.

Concordo num gesto baixo de cabeça, acenando, mordo o lábio e encolho os ombros, sorvendo todo esse grande vendaval de dúvidas. A única coisa que consigo pensar é:

Será que Dale é um druida?

Algumas fontes de pesquisa sobre os nobres e origens Druidas e Celtas:

Jaccquetta de Luxemburgo:https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacquetta_de_Luxemburgo

Elizabeth de York, também conhecida como Elizabeth Woodville:https://rainhastragicas.com/2020/07/25/elizabeth-woodville-os-percalcos-da-rainha-inglesa-que-morreu-vitima-de-peste-no-seculo-xv/

Henrique Courtenay Marquês de Exeter: https://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_Courtenay,_1.º_Marquês_de_Exeter

Druidas: https://www.templodeavalon.com/modules/mastop_publish/?tac=Bardos%2C_Ovates_e_Druidas

Druidas:https://www.significados.com.br/druida/

Druidas: https://pt.wikipedia.org/wiki/Druida

Deusa Sullis : https://dezmilnomes.wordpress.com/2017/07/26/sulis-deusa-das-aguas-curativas/#:~:text=Sulis%20ou%20Suilead%20(também%20chamada,purifica%20e%20o%20outro%20consagra.

Deusa Asling: https://dezmilnomes.wordpress.com/2016/11/08/aisling-a-deusa-fada-que-e-senhora-de-todas-as-coisas-verdes/

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