Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝐗𝐈𝐈𝐈 ┇ velhos amigos e um intruso histérico.


─────────── CAPÍTULO TREZE
velhos amigos e um intruso histérico.

     A BRISA MARÍTIMA ACARICIAVA o rosto da rainha Eris, enquanto a mesma observava o horizonte infinito.

Ela amava estar em alto-mar, principalmente porque ali tudo parecia fantástico: o chão sob os seus pés sempre chacoalhando conforme a dança das ondas, os marinheiros infinitamente mais aventureiros do que as pessoas do continente, o céu estrelado que ela mapeava quase todas as noites ao lado de Caspian e o fato de que sempre havia o que explorar, desde ilhas desconhecidas a espécies marinhas que acompanhavam o navio, o glorioso Peregrino da Alvorada, enquanto ele navegava.

O que ela mais gostava, entretanto, era da companhia do Grande Rei de Nárnia, Caspian Décimo. Como não gostaria? Amava aquele jovem rei com todo o seu ser, e o amava há mais de uma década.

Foi por isso que, quando a jovem desceu do mastro principal para o convés e o rei apareceu em seu campo de visão, sonolento e de cabelo bagunçado, tudo o que Eris conseguiu fazer foi abrir seu melhor sorriso.

O coração de Caspian se apertou ao ver a artesã sorrindo para ele. Estava linda naquele dia, como estivera em todos os dias que o antecederam: seu longo cabelo escuro estava preso em uma trança única, os olhos castanhos estavam delineados por um lápis preto e a pele cor de oliva havia sido bronzeada pelos meses em alto-mar. Usava botas de couro, calça escura (que um dia pertencera ao telmarino), camisa de algodão claro e casaco da Marinha Real, de tecido vermelho-vinho marcado por bordados dourados nas bordas e gola.

— Bom dia, rei de Nárnia. — disse ela, quando Caspian envolveu seus ombros com o braço, antes de cumprimentá-la com um beijo, como se não tivesse passado a noite anterior em sua companhia.

— Bom dia, rainha de Nárnia. — cumprimentou ele de volta, seu braço descendo para sua cintura, enlaçando-a com naturalidade. — Por que não me acordou?

— Eu tentei te acordar, e você disse "não posso levantar, Eris, estou morto, por favor siga em frente sem mim". — respondeu a jovem, e o rei gargalhou. — E depois balbuciou mais algumas coisas sobre nunca mais nadar sob a luz do luar e os perigos da fauna marinha.

— Não me lembro disso. Deveria ser outra pessoa. — brincou ele, e a Eris lhe abriu uma expressão mordaz.

— Então existe outro jovem rei dormindo nos seus aposentos? Porque, se existe, sinto muito em dizer que eu dei um beijo de bom dia em um rapaz que não era você.

— Pelos deuses, tenho arrepios só de pensar em algo assim. — disse Caspian, erguendo o braço para mostrar seus pelos arrepiados, e Eris gargalhou pelo drama óbvio. — Mas admito que tem sido difícil ser acordado por você, agora que não pode me ameaçar com o aumento de lições de histórias e outras coisas terríveis.

— Se este é o problema, não se preocupe, Caspian Décimo, pois tenho um repertório imenso de ameaças que posso fazer contra você. — anunciou a feiticeira, e o telmarino cutucou suas costelas em resposta, fazendo com que a jovem soltasse um gritinho nada ameaçador. Ela conseguiu se recompor bem a tempo de cumprimentar o capitão do navio, que havia surgido no convés. — Bom dia, lorde Drinian.

O capitão Drinian era um dos telmarinos que decidiram ficar em Nárnia, um homem sério e de poucas palavras. Apesar do jeito fechado, Eris gostava dele: era honesto e leal ao novo reinado, e um marinheiro habilidoso que sempre conseguia manter a ordem no navio. A feiticeira achava que o homem mais parecia um pirata do que um capitão da Marinha Real, pela cabeça raspada e cicatrizes de duelos, mas nada comentava.

— Bom dia, majestades. — respondeu o lorde, com sua expressão austera de sempre. — Vejo que acordou cedo como sempre, milady.

Eris sorriu, tímida. Sempre ficava sem jeito ao ser chamada por "milady", e Caspian adorava se aproveitar daquilo.

— Gosto de ver o sol surgindo no horizonte. — contou ela. — É a visão mais bonita que se pode ter em alto-mar.

— Mais que o meu rostinho bonito? — questionou o Grande Rei.

— Com trinta diabos, Caspian! Já se passaram anos e você ainda não superou? — reclamou Eris, arrancando risos de alguns marujos ao seu redor.

Ah, como Eris pagou o preço por ter dito a Caspian, três anos atrás, que não se casaria com ele só por um rostinho bonito. Desde então, qualquer nova habilidade ou conhecimento que o rei adquiria vinha com a pergunta "isso é o suficiente para você se casar comigo, já que meu rostinho bonito não é?"

Bem, pelo menos era o que ele dizia até dois meses atrás.

O jovem abriu a boca para retrucar, mas uma movimentação no mar abaixo deles chamou a atenção dos marinheiros, e logo todos se aproximaram da amurada do navio para tentar enxergar o que poderia ser.

Eris arregalou os olhos: eram três pessoas nadando com todas as suas forças para sair do rumo do Peregrino da Alvorada.

A artesã se preparou para pular da amurada para se transformar em algum ser grande e salvar o trio, mas Caspian a impediu, segurando-a pelo ombro.

— Deixe que eu vou. — disse ele, antes de se virar para uma dupla de marujos. — Ajudem-me!

A dupla obedeceu de prontidão, se juntando a Caspian quando este pulou do navio e começou a nadar em direção ao trio. Eris correu pelo convés em busca de cobertores para secar o grupo, os encontrando bem a tempo de ver os marinheiros sendo puxados de volta para o navio novamente.

A primeira visão que a rainha teve do grupo resgatado foi a de Caspian adentrando o convés abraçado com Lúcia Pevensie.

— Lúcia! — chamou Eris, indo até a garota e a abraçando, sem se importar em se molhar com a água marinha. A artesã se afastou dela para observá-la melhor, suas mãos nos ombros da Pevensie. — Deuses, não acredito que você está aqui!

— Nem eu! É tão bom te ver novamente! — a Pevensie disse, sorridente. 

— Eris? — uma voz masculina chamou pela rainha, que se virou para encontrar Edmundo com um sorriso que resplandecia alegria.

Caspian teve apenas um segundo para agarrar no ar as cobertas que Eris lhe jogou, antes da mesma correr até o garoto e abraçá-lo com força.

Ed a ergueu e girou, gargalhando de felicidade, e até quem não conhecesse a amizade dos dois teria sido atingido por uma pontada de alegria ao observar a cena.

— Você e Lúcia cresceram tanto! Eu não acredito que estão aqui! — Eris disse, suas mãos passeando pelo cabelo escuro do garoto com carinho. A artesã parecia cintilar de felicidade. Na verdade, ela realmente cintilava: era possível visualizar uma leve aura dourada ao seu redor, coisa que acontecia poucas vezes.

— Também não acredito. Sonhei com este momento... E, bem, você está mais bonita do que nos sonhos.

— Ótimo, vamos parar por aqui. — brincou Caspian, enquanto se aproximava dos dois, tão contente quanto eles pelo reencontro. Ele não podia fingir que ver um rapaz que não era ele próprio parecendo admirar a beleza da mulher que ele amava lhe causava uma pontada de ciúmes, mas como não ficaria feliz em ver Eris reencontrando seu melhor amigo?

Ver Caspian e Eris lado a lado fez com que os dois Pevensie percebessem que algum tempo, poucos anos talvez, havia se passado desde o dia em que deixaram Nárnia, pois ambos pareciam mais maduros.

O antigo príncipe de Telmar era o que mais havia mudado: agora tinha uma barba castanha cobrindo parte de seu rosto e lhes parecia mais forte, mais imponente. Eris, por sua vez, tinha traços mais maduros e era possível enxergar certa experiência em seu olhar. Só de se aproximar dela, os irmãos conseguiam sentir um pouco da dimensão de seu poder.

— Edmundo. — o Grande Rei o cumprimentou, e o garoto sorriu para o antigo amigo, que colocou o cobertor ao redor de seus ombros, os dois caminhando lado a lado.

— É um prazer revê-lo, Caspian.

— Também é um prazer revê-lo. — disse o telmarino. — É uma ótima surpresa tê-los de volta.

— Surpresa? Não foi você quem nos chamou? — questionou Lúcia.

Caspian negou com a cabeça: — Não desta vez.

— Bem, seja qual for o caso, é um prazer estar aqui. — disse Edmundo.

Antes que a conversa pudesse se prolongar, surgiu uma gritaria histérica na popa do navio.

— Tira isso de cima de mim! — exclamava uma voz estridente, e o quarteto se virou a tempo de ver um menino loiro e pálido berrando e se contorcendo no chão, com Ripchip pousado sobre seu peito.

— Quem é essa... Criatura? — questionou Eris, curiosa, e Edmundo riu.

— É o nosso insuportável primo, Eustáquio Mísero. — ele respondeu. — Ele se acha o menino mais inteligente de toda a Inglaterra, coleciona insetos mortos e me acusa de roubar os doces que ele rouba da própria mãe.

O menino finalmente conseguiu se livrar do camundongo, que rolou para longe dele um tanto indignado.

— Ripchip! — exclamou Lúcia, contente.

O animal pareceu surpreso ao encontrar dois dos quatro antigos reis e rainhas de Nárnia, mas logo se recuperou, fazendo uma reverência.

— Majestades. — disse ele, cujo o pelo estava encharcado graças ao seu contato com Eustáquio. 

— Oi Ripchip! — cumprimentou Edmundo, empolgado. — É um prazer.

— O prazer é todo meu, senhor. — disse o camundongo. — Alguém poderia me dizer o que faremos com este intruso histérico?

O grupo voltou a prestar atenção em Eustáquio, que estava de se recuperando do susto, e tentava se por de pé, quando percebeu que o camundongo havia se aproximado dos primos, e logo apontou para ele, em acusação:

— Este rato enorme tentou me atacar! 

— Eu só tentei tirar a água dos seus pulmões! — Ripchip se defendeu, ofendido.

A expressão que o menino abriu foi tão cômica que Eris e Ed não puderam evitar uma troca de olhares sarcásticos, enquanto ele gritava.

— Ele falou! — ele olhou para a tripulação ao seu redor. — Ele falou! Alguém mais ouviu? Ele falou!

— Difícil é fazer ele parar de falar. — brincou Caspian, arrancando risadas da tripulação.

Ripchip retrucou da forma mais educada o possível, enquanto Eris se voltava para os Pevensie.

— Tem certeza que ele é parente de vocês? — questionou ela, descrente, e Lúcia riu.

— É sim. Ele é... Complicado. — disse a garota, doce, e ao lado dela seu irmão moveu a boca, sem fazer som, formando a palavra "chato", para Eris ver. A rainha sufocou uma risada.

Eustáquio percebeu os primos conversando com o jovem casal, e se aproximou dos dois, com um olhar que era uma mistura divertida de desespero e indignação — divertida para Eris e Edmundo, pelo menos.

— Eu exijo saber onde estou e quem são vocês, seus... Seus canibais marítimos!

— Nós estamos a bordo do Peregrino da Alvorada, o navio oficial da Marinha Real de Nárnia. Eu sou Eris, e este é Caspian. — disse Eris, indicando o telmarino. Ela fez um sinal para um marujo, que imediatamente correu e lhe entregou um cobertor. A rainha o estendeu ao menino. — Toma, é melhor você se aquecer. Vou pedir roupas secas...

— Não me diga para me aquecer, sua maluca! Você é como esses meus primos, mais uma lunática que acredita em Nárnia e toda essa baboseira. — Eustáquio disse para ela, e Caspian deu um passo a frente, parecendo pronto para defender sua amada das ofensas infantis do menino, mas Eris o parou.

Edmundo e Caspian pareceram surpresos com a paciência da jovem rainha — principalmente porque, quando o Pevensie a conhecera, ela não era conhecida pela paciência, e sim por suas criativas ameaças envolvendo anfíbios medonhos. O tempo realmente havia a transformado. Se qualquer um dos dois rapazes estivesse em seu lugar, teria usado seus poderes para transformá-lo em algum ser nojento. Se Ed estivesse no lugar dela, teria o transformado em um dos insetos que Eustáquio tanto gostava de colecionar.

— Você não pode falar assim com Sua Majestade Real! — um minotauro chamado Tavros se aproximou do menino e falou, indignado.

Desde que havia se tornado rainha, Eris se dedicou a tornar todas as espécies aceitas no reino, incluindo aquelas que foram vistas como ruins e vis por terem ficado ao lado da Feiticeira Branca durante o Inverno de Cem Anos e a Primeira Batalha de Beruna, e por isso anões e minotauros a admiravam e seguiam lealmente.

— Você está diante da Grande Rainha Eris, a Artesã, a Última Esperança, Senhora de Cair Paravel e Imperatriz das Ilhas Solitárias...

Antes que Travos pudesse terminar seu discurso, o pobre menino caiu inconsciente no chão, desmaiado de susto por ver um ser metade homem metade touro diante de si, o que arrancou risadas dos marinheiros e um olhar preocupado de Lúcia.

O minotauro de virou para Eris: — Foi algo que eu disse, majestade?

— Não, Travos. Só cuide dele, por favor. Voltamos mais tarde para vê-lo. — ela se aproximou mais e sussurrou: — E obrigada por me defender.

— Não fiz mais do que minha obrigação... — o minotauro respondeu, tímido, antes de se afastar para cuidar de Eustáquio.

Eris se voltou para os amigos, sua felicidade inabalada. Mal podia acreditar que eles estavam de volta. Sentia tanta falta dos irmãos Pevensie! Era uma pena que Pedro e Susana não os acompanhasse.

— É melhor vocês trocarem de roupa. — disse a rainha. — Caspian, você pode encontrar algo para Ed vestir? Acho que tenho algumas roupas para Lúcia...

— Agora mesmo, milady. — disse o telmarino, recebendo um olhar de advertência da narniana, como se ela soubesse que ele só usara o termo porque sabia que a desconcertava, e ele lhe devolveu o olhar com um sorriso travesso.

O grupo começou a seguir o Grande Rei até as escadas que os levavam à cabine real, até que Caspian parou e se virou para a tripulação, que lançava alguns olhares curiosos para o grupo. Ele havia se esquecido de que a maioria daqueles homens não estiveram envolvidos na Revolução Narniana para conhecer os Antigos Reis e Rainhas.

— Homens — chamou ele. —, vejam nossos náufragos: Edmundo, o Justo, e Lúcia, a Destemida. Grandes rei e rainha de Nárnia.

Toda a tripulação fez uma reverência para a dupla, que sorriu, contente por estar de volta àquele mundo que tanto amavam.

Quando os marinheiros voltaram para suas atividades, Eris trocou algumas palavras com o capitão Drinian, antes de se voltar para o grupo.

— Pedi para entregarem uma muda de roupas para o seu primo, mas não sei se irão servir. Ou se ele quererá vesti-las. De qualquer forma, ele está em boas mãos. — comentou ela. — Agora vamos entrar logo. Ninguém fica resfriado no meu navio.

Seu navio? — questionou Caspian, arqueando as sobrancelhas.

— Eu disse meu? — disse Eris. — Queria dizer meu e do capitão Drinian. Por quê?

— Por nada... — respondeu o antigo príncipe de Telmar, antes de se virar para os Pevensie, sussurrando: — O segredo é fingir que você acredita nela.

— Disse alguma coisa, milorde? — questionou a feiticeira.

— Disse aos dois que até lorde Drinian sabe que a verdadeira capitã do navio é você, vossa majestade real. — Caspian respondeu, arrancando risos da dupla de irmãos.

— Foi o que eu pensei. — comentou Eris, antes de guiar o grupo para o interior do Peregrino da Alvorada.



     ERIS LOGO LEVOU LÚCIA até a cabine que ela usava para dormir e guardar seus pertences — mais para guardar os pertences do que para dormir, já que ela passava quase todas as noites mapeando estrelas com Caspian no convés, caindo no sono sem querer e acordando na cama do jovem rei.

Originalmente, foram criadas duas cabines reais, que eram ligadas por uma porta em sua parede em comum: a cabine onde Eris e Lúcia estavam deveria ser destinada a Caspian, enquanto a outra seria uma sala onde o rei se reuniria com o capitão para discussões, mas logo o telmarino cedeu o lugar para a feiticeira, enquanto ele acabara por usar a sala de reunião como seu próprio quarto.

O quarto com que Eris ficara havia sido transformado conforme as vontades da artesã: seu teto tinha o tom mais profundo de azul, cheio de estrelas douradas nele desenhadas, imitando o céu que ela vinha mapeando, e as paredes estavam praticamente escondidas pelos papéis nelas fixados.

Havia todo tipo de imagem pregada na parede: mapas de arquipélagos descobertos ao longo da jornada, desenhos surpreendentemente detalhados de animais que Eris encontrara — a maioria desenhados para que ela tentasse se transformar neles mais tarde —, desenhos de paisagens de ilhas e tantas outras coisas.

— Não sabia que você desenhava tão bem. — comentou Lúcia.

— Bem, eu sou uma artesã.

— Faz sentido. — riu a Pevensie. — Mas eu nunca tinha te visto desenhar na última vez que eu vim aqui.

— Eram tempos de guerra, então eu não estava muito dedicada às artes. Investi mais nas minhas proezas em gatunagem. — brincou Eris. — Mas eu desenho desde que era apenas um passarinho... Quer dizer, desde criança. E, em Telmar, aprendi a pintar e a bordar com as criadas. Essas coisas que só ensinam às damas.

— Uma verdadeira artesã. — comentou Lúcia, humorada, até encontrar o desenho de um dragão colorido com a boca escancarada revelando seus dentes, igualzinho à imagem da proa do Peregrino da Alvorada. — Foi você quem desenhou este também?

A rainha assentiu com a cabeça: — Um ano antes de começarmos a navegação, sonhei com um um dragão gigantesco e colorido, maravilhoso, e o desenhei para Caspian ver. Ele pegou o desenho e mandou fazerem a mesma imagem para a proa do navio que vinham construindo para a Marinha Real. Este aqui é só uma cópia, ele ficou com o desenho original.

Lúcia desejou, em seu interior, ter alguém que fosse tão fascinado por ela quanto Caspian era por Eris. O jovem rei arrancaria as estrelas do céu para ela, se a mesma pedisse.

— Você e Caspian parecem tão felizes juntos. — comentou. — Ele parece cada dia mais apaixonado por você.

— Isso é ótimo, pois estou cada dia mais apaixonada por ele... Acho que o fim da guerra nos fez bem. — disse Eris simplesmente, com uma expressão serena em seu rosto.

Lúcia já havia percebido, graças à sua última estadia naquele mundo, que a artesã costumava guardar o que se passava em sua cabeça para si — por exceção de quando estava com Edmundo ou Caspian, talvez —, mas mesmo assim conseguia perceber o quanto Eris estava feliz com a vida que vinha levando.

A artesã resgatou uma muda e roupas para a Pevensie, e em poucos minutos a garota já se parecia com uma típica marinheira: vestia calças escuras, camisa de algodão simples e um colete de couro marrom.

Ela sorriu para o seu próprio reflexo no espelho, confortável em suas novas roupas, pensando nas poucas mulheres que vestiam calças em seu mundo, e antes que ela pudesse fazer algum comentário sobre isso, alguém bateu na porta do quarto, e a Rainha Artesã a abriu.

— Lorde Drinian. — cumprimentou ela.

— A milady havia pedido para avisar sobre o menino histérico. Ele está dormindo agora. O colocamos no porão, junto a dois tripulantes. Eles o ajudarão a se estabelecer assim que ele acordar. — disse o capitão, e a feiticeira assentiu.

— Isto é ótimo. Obrigada, capitão. — agradeceu Eris, antes de se virar para a Pevensie. — Lúcia, este é lorde Drinian, o nosso capitão. Não teríamos navegado tão bem durante tanto tempo sem ele.

— É um prazer, milorde. — Lúcia o saudou.

 — O prazer é todo meu, majestade. — o homem disse, antes de levar a mão ao peito e se inclinar em uma profunda reverência, deixando a garota tão tímida quanto Eris ficava ao ser chamada de "milady". — Suas majestades, lorde Caspian e Edmundo, foram verificar o menino comigo, e já estão voltando para encontrá-las na cabine ao lado.

— Obrigada por avisar. — falou a feiticeira, e logo Lúcia e ela se puseram a esperar pela dupla na porta da cabine, ao lado da que pertencia à própria Eris.

Os dois rapazes apareceram no minuto seguinte, ambos vestindo peças secas agora: Edmundo com calças escuras, camisa de algodão e colete de couro, enquanto Caspian vestia o uniforme completo da Marinha Real de Nárnia, desde a calça marrom até o casaco vermelho bordado em dourado, como o de Eris.

A jovem se aproximou do Grande Rei e ajeitou a gola de seu casaco, carregando um olhar que expressava o quanto ela achava que ele ficava absurdamente bonito naquele uniforme, sem imaginar que ele pensava o mesmo dela, e os dois sorriram um para o outro, antes de Eris abrir a porta da cabine para os Pevensie.

Os dois irmãos ficaram deslumbrados pela cabine, Lúcia tocando a efígie feita de ouro maciço na forma de Aslam, que havia sido fixada na parede de madeira, com um sorriso encantado. Ed e ela exploraram o cômodo até a mais nova soltar uma exclamação empolgada ao encontrar o arco e aljava de Susana conservados por lá.

O rei telmarino aproveitou a chance para devolver-lhe seu elixir de cura e punhal, e a garota aceitou, contente. Ele até tentou entregar a espada do Rei Pedro a Ed, mas ele assegurou que ela pertencia a Caspian.

— Bem, sendo assim — disse o telmarino, indo até um armário luxuoso no canto do cômodo. —, tem outra coisa que guardei para você.

Ele retirou a lanterna de Edmundo para lhe entregar, e Eris o encarou indignada.

Você guardou? Eu praticamente tive que escondê-la aqui, para você e os outros marinheiros pararem de brincar com o "objeto mágico do outro mundo". — disse a rainha, se virando para Lúcia. — Este navio pode parecer glorioso, mas, depois de passar um ano em alto-mar cercada por homens, seres sem maturidade alguma e intelecto duvidoso, você vez ou outra torce para ser levada por uma onda enorme.

A garota gargalhou, principalmente ao observar a careta que os dois homens (ou garotos) no recinto abriram.

— Eu moro sob o mesmo teto que Edmundo e Eustáquio. Quer trocar?

— O navio nem é tão ruim assim. — brincou Eris.

— Vamos falar sobre o que aconteceu enquanto vocês estavam fora, antes que Eris consuma as nossas energias. — disse Caspian, recebendo uma careta da jovem, que logo se desfez quando ele segurou sua mão esquerda com carinho, beijando sua palma em um pedido de desculpas.

Edmundo e Lúcia se entreolharam ao observarem o gesto, surpreendentemente íntimo e romântico, coisa que o casal não costumava demonstrar publicamente nos tempos de Telmar, e a dupla de irmãos pôde ver um anel dourado reluzindo no dedo anelar da feiticeira, mas decidiram nada dizer — pelo menos por enquanto.

— Por favor, comece contando quanto tempo se passou desde que deixamos Nárnia. — pediu Ed, curioso.

— Três. Quase quatro. E muita coisa aconteceu durante este tempo. — disse Caspian, soltando a mão de Eris para estender um mapa de todo o mundo conhecido sobre a mesa da cabine, antes de se virar para a feiticeira. — Milady, quer fazer as honras?

Ela sorriu: — Claro. 

Então Eris começou a contar toda a história sobre as vitórias que Nárnia tivera desde que ela e seu telmarino se tornaram os governantes daquele reino, e os dois irmãos ouviram cada palavra atentamente.



── NOTAS.

UM.      ︴estamos de volta a last hope, agora a bordo do peregrino da alvorada!

DOIS.        ︴quando eu ainda estava escrevendo a parte um, fiquei com medo da parte dois ser sem graça, mas estou super feliz com os resultados, gosto desta parte tanto quanto a outra, se não mais. aqui encontramos caspian e eris mais maduros e corajosos, mas com seus conflitos internos, e foi uma experiência incrível abordar isso!

TRÊS.      ︴no dia que eu postei o capítulo da parte dois, last hope bateu 1K de votos, e eu não poderia estar mais feliz! obrigada de verdade por isso!

QUATRO.   ︴deixem aqui suas estrelinhas aqui e me contem se estão gostando :) até o próximo capítulo!

©︎DEVILEVIE, 2021.
────── evie.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro