Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝐕𝐈𝐈 ┇ ataque ao castelo de telmar.


────────  CAPÍTULO SETE
o ataque ao castelo de telmar.

     O ATAQUE AO castelo de Telmar aconteceu uma noite após Edmundo e Eris espionarem os telmarinos.

Dezenas de grifos sobrevoaram a região, levando os três Pevensie mais velhos, o príncipe telmarino e anões para as torres de vigia. Quando Edmundo dominou uma das torres e deu o sinal — usando um objeto metálico que ele dissera a Eris ser uma lanterna moderna do mundo de onde viera — os narnianos começaram a agir.

A maioria deles — centauros, faunos, minotauros e animais maiores, começaram a avançar por terra, em direção aos portões do castelo, enquanto os roedores, liderados por Ripchip, penetraram a fortaleza através de buracos no chão.

Eris, por sua vez, se transformou em uma águia, com excelente visão noturna, e voou ao lado do grifo que carregava o príncipe telmarino, que fora deixado em uma das torres para combater um soldado.

Ela ajudou na luta, atacando o rosto de qualquer soldado que fosse em sua direção, e logo Caspian, Pedro, Susana, Trumpkin e ela conseguiram adentrar o castelo através de uma janela da torre de Cornelius. Os três humanos e o anão se esforçaram para chegar até lá, se pendurando corajosamente em uma corda não tão segura, e arrombando a janela. A feiticeira apenas pousou no telhado em sua forma animal e esperou o trabalho difícil acontecer.

Quando entraram, a garota voltou para a forma humana com naturalidade, recebendo um sorriso admirado de Pedro, que ela retribuiu, antes de ver a bagunça que se encontrava no interior do quarto do professor.

Livros jogados por todo lado, pergaminhos rasgados, objetos de valor quebrados como se não fossem nada... Miraz definitivamente queria saber tudo o que Cornelius conhecia sobre Nárnia.

A jovem sentiu um arrepio subir pelo seu corpo quando viu Caspian segurar o óculos que o tutor não abandonava por nada. Já tinha contado para ele o que Martha havia lhe dito e o príncipe havia lhe prometido que daria um jeito de salvá-lo.

— Vou encontrá-lo. — Caspian anunciou.

— Você não tem tempo. — Pedro disse. — Precisa abrir o portão.

— Você não estaria aqui sem ele. — o príncipe retrucou retrucou. — E eu também não.

O rei se virou para a irmã, os dois se comunicando em silêncio da mesma forma que Caspian e Eris costumavam fazer.

— Nós podemos lidar com Miraz. — Susana disse ao irmão, por fim.

— Ótimo. — Caspian disse. — Assim que eu salvar Cornelius, abrirei o portão.

— Existe uma passagem secreta que pode levá-lo até as masmorras em questão de minutos, se você correr. — Eris revelou ao príncipe. Como espiã, ela dedicou seus momentos livres a explorar todos os espaços daquele castelo. — Posso ir com você para mostrá-la.

O rapaz assentiu com a cabeça: — Ótimo. Então vamos o mais rápido o possível.

O grupo se despediu e logo Eris e Caspian adentraram a passagem a qual ela se referiu. A dupla tentou fazer o mínimo de barulho o possível, enquanto atravessavam rapidamente os corredores de pedra, orientando-se na escuridão.

A narniana sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao perceber o quanto aquela situação lhe lembrava a fuga dos dois algumas semanas atrás, quando Miraz mandou assassinar o príncipe.

Mas não tinha tempo para remoer o passado: logo alcançaram as masmorras, enfrentando dois soldados no caminho, e, silenciosamente, espreitaram o terceiro soldado, que guardava as celas sozinho. Ele parecia surpreendentemente entediado, assoviando uma melodia suave, iluminado fantasmagoricamente pela luz de poucas velas. Em seu cinto, dependurava-se uma brilhante penca de chaves.

— Deixa que eu lido com isso. — sussurrou a feiticeira à Caspian.

Ela contou até cinco, antes de se transformar em uma mariposa negra, desaparecendo na escuridão das paredes. Caspian mal conseguiu visualizá-la voando até o guarda. Quando ele ficou de costas para ela, Eris voltou para a forma humana e pousou no chão. O homem mal teve chance: virava-se para ver o que estava atrás dele, bem quando o cabo da espada da artesã chocou contra sua cabeça.

O telmarino caiu desacordado no chão e a jovem tomou sua penca de chaves, virando-se para Caspian, que parecia hipnotizado pela facilidade com a qual ela fizera tudo aquilo.

— O quê? — perguntou Eris, e o príncipe apenas balançou a cabeça, como se tentasse clareá-la. — Vamos, alteza, agora não é hora de ficar encantado.

Então ela destrancou o portão e os dois adentraram o corredor das masmorras, cheio de celas vazias, até chegarem ao fim, onde havia uma escada que levava às celas dos prisioneiros mais valiosos. Os dois desceram os degraus rapidamente e encontraram o pobre professor Cornelius dormindo no chão frio de sua cela.

A artesã abriu o portão da cela e Caspian e ela entraram no lugar, ajoelhando-se perto do professor. O príncipe sacudiu seu ombro levemente, a fim de acordá-lo, e o mais velho abriu os olhos assustado, encarando a dupla com surpresa.

— O que estão fazendo aqui? — perguntou Cornelius, zonzo de sono, observando o rapaz buscar pelas chaves certas para libertá-lo de suas algemas. O tutor finalmente conseguiu se dar conta do que se passava e acrescentou: — Eu não os ajudei a fugir para que vocês voltassem para cá!

— Não podíamos deixá-lo para trás. — Eris disse, enquanto Caspian abria as algemas. A dupla ajudou o mais velho a se levantar e a artesã logo o abraçou com força.

— Estou feliz por vê-la bem, querida. — disse Cornelius. — Mas vocês dois precisam ir embora daqui antes que Miraz os descubra.

— Ele vai descobrir logo, logo. — disse Caspian, entregando os óculos que havia pegado na torre para o mais velho. — Porque daremos sua cela a ele.

O príncipe se virou para deixar a cela com Eris e o professor, uma esperança de que as coisas seriam melhores agora que os três estavam juntos crescendo em seu peito, quando Cornelius o agarrou pelo pulso, mantendo-o no lugar:

— Não subestime Miraz como fez o seu pai.

Gelo subiu pela espinha de Caspian: — O que quer dizer com isso?

— Lamento. — Cornelius disse, como se tivesse se arrependido de suas palavras assim que elas saíram de sua boca.

Mas o rapaz entendeu do que se tratava. Seu pai havia subestimado a maldade de Miraz e estava morto. Ele não tinha tido a morte súbita e indolor que fora contada ao príncipe quando ele era uma criança.

Eris conhecia aquela história: ouvira dizer que o pai de Caspian morrera um pouco antes dela mesma se mudar para o castelo. A criadagem dizia que fora Miraz quem o encontrou morto em seus aposentos e que seu corpo fora velado em um caixão fechado.

Antes que o professor pudesse dizer qualquer coisa, o príncipe telmarino deixou a cela, correndo até as escadas e subindo os degraus sem olhar para trás. Eris e Cornelius se encararam, antes da feiticeira tentar alcançar o rapaz.

— Caspian! — ela gritou, mas o rapaz continuou se afastando. A artesã subiu os degraus rapidamente e o alcançou no corredor, o agarrando pelo braço.

— Deixe-me ir, Eris. — pediu o telmarino, nervoso. — Preciso confrontar meu tio!

— Eu conheço a dor que você está sentindo. — começou a jovem. — Mas vingança não nos ajudará agora.

O rapaz negou com a cabeça: — Preciso descobrir a verdade da boca de Miraz. É meu direito.

Ela conhecia Caspian o suficiente para saber que ele não iria mudar de ideia. Se tentasse impedi-lo, tudo o que conseguiria seria atrasar os planos dos narnianos ainda mais. Então a artesã respirou fundo e disse:

— Certo. Vou com você.

O príncipe soltou uma respiração pesada, como se estivesse segurando o ar à espera do veredito da amiga, e segurou sua mão com força, antes dos dois adentrarem a passagem que havia os levado até as masmorras, tomando o caminho que os levaria até os aposentos reais.

Em questão de poucos minutos, a dupla estava diante da cama de Miraz, onde ele e Prunaprismia, sua esposa, dormiam tranquilamente. Pelo menos até Caspian sacar sua espada e levá-la até o pescoço do tio, sua lâmina não o cortando por pouco.

Miraz sequer pareceu surpreso ao abrir os olhos e encontrar seu sobrinho foragido diante de si, a poucos milímetros de matá-lo. Apenas deu uma risada cínica, tornando a cena ainda mais perturbadora.

— Como é bom vê-lo vivo, meu sobrinho. — disse e era possível ver o quanto Caspian lutava para não afundar sua espada no pescoço do tio. — E ainda acompanhado por uma velha amiga.

— De pé. — ordenou o príncipe, sua face tomada por uma expressão colérica.

O usurpador obedeceu, empurrando seus cobertores para longe e aproveitando a deixa para cutucar sua esposa, que ainda dormia ao seu lado. Prunaprismia soltou um suspiro sonolento, antes de abrir os olhos e se deparar com toda aquela cena.

— Caspian? O que está fazendo? — questionou ela.

— Fique onde está... — pediu o príncipe, sem desviar o olhar. — Eris?

A artesã compreendeu imediatamente, contornando a cama e desembainhando sua espada, antes de levá-la ao pescoço da mulher também, da mesma forma que o príncipe fazia com seu tio.

— Eu devia imaginar. — comentou Miraz, falsamente reflexivo. — Você sabe que algumas famílias poderiam considerar o seu comportamento inadequado?

— Mas parece que isso nunca deteve você! — berrou Caspian e por um segundo, Eris realmente temeu que ele assassinasse o próprio tio. Ela mal notou que havia afrouxado a postura, dando espaço para a esposa do Senhor Protetor de Telmar conseguir se libertar, se assim quisesse.

— Só que eu e você não somos iguais. — retrucou Miraz. — O que é uma pena. É a primeira vez que você demonstra coragem... Que desperdício.

Antes que Caspian pudesse agir, Prunaprismia levou a mão ao pulso da mestre-espiã, girando-o e se libertando da espada. A artesã arfou de surpresa, antes de ser empurrada pela mulher, que subiu sobre o colchão e agarrou uma balestra presa acima da cabeceira da cama — apenas um nobre com uma carga de más decisões poderia ter uma balestra presa acima da cama, pensou a narniana —, apontando a arma para o príncipe.

Eris estava de pé novamente no momento seguinte, sua espada agora firme contra o pescoço de Prunaprismia.

— Eu não faria isso, se fosse você. — disse a feiticeira, em uma voz que não parecia sua. Era como se, na mera possibilidade do príncipe se machucar, ela se tornasse perigosa e selvagem tal qual as feras que ela costumava se transformar. 

— Abaixe essa espada, Caspian. — ordenou Prunaprismia e Eris tinha que lhe dar o crédito pela coragem. — Não quero ferí-lo.

Foi quando o som das portas do quarto sendo forçadas assustou a todos e logo os mais velhos dos Pevensie apareceram lado a lado, com armas em mãos.

— Não queremos também. — Susana disse, sua flecha já posicionada no arco, apontando para a tia de Caspian.

Com uma falsa despreocupação, Miraz observou os jovens, todos parecendo prontos para o conflito.

— Isso costumava ser um quarto particular. — disse ele, antes de se virar para a narniana, que permanecia com a lâmina sobre o pescoço de sua esposa. — Eris, querida, fiquei me perguntando quando você voltaria para se juntar ao professor. Ouvi histórias incríveis sobre você e não acreditei até agora. É uma pena que tenha escolhido o lado errado da história.

— Vamos descobrir qual lado é o errado mais tarde. — retrucou a feiticeira.

— O que vocês estão fazendo aqui? — questionou Pedro, seu olhar sobre Caspian. — Deveriam estar no portão.

— Não! — exclamou o príncipe, sua voz trêmula. — Hoje à noite eu quero a verdade ao menos uma vez. — ele se aproximou ainda mais do tio: — Você matou meu pai?

— Agora nós chegamos lá. — Miraz comentou.

— Você disse que seu irmão morreu enquanto dormia. — Prunaprismia disse, ainda apontando a balestra para o sobrinho.

— Isso foi mais ou menos verdade. — Miraz respondeu, não parecendo nem um pouco arrependido.

— Caspian, isso não fará as coisas melhorarem. — Susana disse, se referindo à espada que ameaçava cortar a garganta de Miraz.

— Nós, telmarinos, não teríamos nada o que temos hoje se nós não pegássemos. — Miraz se pronunciou. — Seu pai sabia disso como ninguém.

— Como você pôde? — questionou Prunaprismia, parecendo não reconhecer o próprio marido.

— Pelo mesmo motivo pelo qual você irá puxar esse gatilho. — Miraz a encarou. — Pelo nosso filho.

Então Caspian se movimentou e a mulher gritou: — Pare!

— Não se mexa! — Eris berrou de imediato, apertando a espada ainda mais fortemente contra ela, ameaçando cortá-la.

Miraz encarou a esposa, surpreendentemente calmo:

— Precisa tomar uma decisão, querida. Quer que nosso filho seja rei? Ou quer que ele seja como Caspian? Órfão de pai?

— Não! — gritou a mulher e as coisas pareceram ficar em câmera lenta para Eris, quando ela a observou apertar o gatilho da balestra, a flecha sendo disparada.

A artesã teve apenas um segundo para transformar a parte de madeira da flecha em uma bolota maciça, poucos centímetros antes dela conseguir atingir Caspian, como fizera semanas antes, no conflito na floresta com os soldados telmarinos. Daquela vez, entretanto, o gesto não a cansou.

Com todos distraídos com o feitiço, Miraz aproveitou para fugir por uma porta secreta em seu quarto, a flecha de Susana não o atingindo por pouco.

Caspian definitivamente teria ido atrás do tio, se Prunaprismia não tivesse tentado atingi-lo novamente. Teria conseguido, mas o nervosismo a fez errar a pontaria, para o alívio da artesã.

Susana apontou seu arco na direção da mulher, mas foi Eris quem agiu:

— Se não quiser que eu faça com você o que eu fiz com a sua flecha, é melhor que largue essa arma e fuja o mais longe o possível daqui. Porque você não tem ideia do que eu sou capaz de fazer. — sua voz era fria, apesar de não ter nenhuma intenção de tornar sua ameaça real. Nem sequer conseguiria. Só transformava seres vivos em outros seres vivos e objetos sem vida em outros objetos sem vida, mas a mulher não precisava saber daquilo.

Eris e Prunaprismia se entreolharam por apenas um segundo, antes da mais velha largar a balestra sobre a cama e fugir pela porta principal sem olhar para trás.

Antes que o quarteto decidisse se devia ou não segui-la, um sino soou à distância e logo foi possível ouvir o som de uma movimentação maciça no térreo do castelo. Soldados.

O quarteto abandonou o quarto, pronto para fugir por alguma passagem, mas as coisas se dificultaram quando Caspian, Susana e Eris se prepararam para ir por um lado e Pedro decidiu adentrar o corredor que levava ao pátio do portão.

— Pedro! — Susana gritou para o irmão.

— Nossas tropas estão lá fora. Vamos! — exclamou ele, antes de voltar a correr. O trio se entreolhou, ciente de que aquele não era um bom plano, mas mesmo assim o seguiu.

Quando eles chegaram ao térreo, tudo estava uma bagunça. Os homens de Miraz estavam se aproximando por um corredor que ligava o pátio ao dormitório dos soldados, Edmundo estava envolvido em uma luta com um soldado de uma das torres de vigia e o portão permanecia fechado.

Eris viu uma dupla de soldados tentando atacar o Pevensie mais velho, que lutou habilmente contra os dois, os derrubando com facilidade e indo até uma grande roda, pronto para girá-la e abrir o portão.

— Pedro! — exclamou Susana, assim que o alcançou. — É tarde demais. Precisamos desistir enquanto podemos.

O rei continuou empurrando a roda: — Não! Eu ainda posso fazer isso.

— Isso não é mais um ataque surpresa, majestade! — disse Eris, quando mais e mais soldados se aproximaram. — A sorte não está mais ao nosso favor!

— Façam o que eu mando! Me ajudem! — Pedro ordenou. Caspian e Susana obedeceram de prontidão, mas a feiticeira hesitou por um momento, recebendo um olhar severo do rei.

Quando abriram o portão e Edmundo finalmente conseguiu dar o sinal às tropas, Eris encarou os dois exércitos se aproximando de direções opostas, abismada.

— Isso não é nada lógico, Pedro! — ela insistiu. — Estamos em desvantagem!

O rei a encarou, parecendo em conflito, mas antes que pudesse dizer alguma coisa, ergueu sua espada e deferiu um golpe contra um soldado telmarino que se aproximara de Eris por trás.

Logo os narnianos alcançaram o portão e a verdadeira batalha começou.

O que se sucedeu foi uma bagunça. Gritos de todos os lados, metais se chocando, grifos mergulhando do alto do céu e atacando soldados de surpresa, arqueiros telmarinos surgindo dos muros da fortaleza... Eris mal conseguira registrar tudo o que acontecia ao seu redor, na adrenalina da batalha.

A garota usou sua espada para atacar os oponentes, às vezes se transformando em uma águia de garras afiadas quando ninguém esperava e voltando para a forma humana ainda no ar, fazendo ataques que humano nenhum conseguiria realizar.

Quando percebeu que mais transformações sugariam suas energias, Eris se envolveu em uma briga corpo-a-corpo com um telmarino, que conseguira desarmá-la, mas que acabou sendo desarmado também com um golpe contra seu braço.

Os dois levaram três minutos ou mais para que a briga finalmente chegasse ao fim e quando Eris finalmente conseguiu derrubá-lo, viu, pelo canto dos olhos, Trumpkin caindo de uma torre de vigia próxima ao portão. Sua queda foi seguida pelo som de um baque metálico: uma das correntes que sustentavam o portão foi rompida por um telmarino e o portão começou a se fechar lentamente.

Antes que os narnianos ficassem presos para sempre no castelo, a feiticeira se transformou em um enorme urso negro, sustentando o peso do portão.

— Bater em retirada! — Pedro gritou de longe quando viu o que acontecia. — Rápido! Voltem!

Dezenas, se não centenas, de narnianos atravessaram o portão, os grifos e outras aves voando de volta para a floresta.

Todo o corpo de Eris ardia como se estivesse em chamas, lutando para se manter sob a forma animal, mesmo que sua magia estivesse se exaurindo.

— Tire-a daqui! — a artesã ouviu Pedro berrar para o centauro Glenstorm, apontando para Susana, enquanto corria. — Voltem para o portão!

Glenstorm puxou a rainha para montar sobre seu dorso e passou pelo portão, bem ao lado de Eris. Quando se deu conta que não havia nenhum urso negro entre os narnianos rebeldes, o centauro se virou para a feiticeira.

— Eris? — perguntou e a jovem, em sua forma de urso, soltou um grunhido em confirmação, sem se virar. — Venha conosco antes que seja tarde!

Ela soltou um segundo grunhido: não, era o que significava.

— Eris... — Susana disse, até que ela se lembrou de alguma coisa e se virou na direção do irmão. — Caspian!

— Vou encontrá-lo! — Pedro gritou de volta, antes de Glestorm se afastar. Eris tentou segui-lo com o olhar, mas o peso do portão começou a fazê-la ceder e sua mente se anuviou. Não conseguiria manter aquele feitiço por muito tempo: suas energias estavam se esgotando.

Só mais um pouco, ela repetia em sua mente, sustentando aquela enorme e pesada estrutura.

Como ela queria ser mais forte. Como queria ser tão poderosa quanto a mãe. Por Aslam, em um momento como aquele Eris aceitaria até mesmo ser como a Feiticeira Branca, se aquilo significasse ajudar os narnianos.

Só mais um pouco, ela pensou mais uma vez, quando uma flecha foi disparada em sua direção, atravessando o lado direito de seu abdômen. Ela soltou um rugido de dor e o portão teria caído imediatamente, se um minotauro de pelagem cinza-escura não tivesse se posto ao seu lado naquele exato momento, sustentando o peso do portão.

O ferro em contato com o sangue de Eris anulou o seu feitiço e seu corpo logo voltou para a forma humana. Com as mãos trêmulas, ela arrancou a flecha do couro de sua armadura e tentou fazer um feitiço mudar a forma de sua pele, fechando-a.

Ainda existia um pouco de ferro em seu sangue, o que fez com que o feitiço não saísse perfeito: conseguira remodelar sua pele a ponto de fechá-la, mas o estrago no interior de seu corpo já estava feito. Se ela se movesse muito, a ferimento abriria e o sangramento viria à tona.

Ela realizou o feitiço justo quando Caspian surgiu sobre um cavalo em seu campo de visão, ao lado de Cornelius. O príncipe puxava um terceiro cavalo, o qual Pedro subiu, poucos segundos antes do minotauro soltar um grunhido de dor.

A feiticeira se virou na direção do som, zonza de dor e cansaço, e viu que uma segunda flecha havia sido disparada, penetrando o esterno da criatura. Logo outra flecha fora disparada, atingindo quase o mesmo lugar. Assim como Eris, ele não suportaria muito tempo. 

— Precisamos ir! — gritou um centauro para a garota, antes de Caspian poder alcançá-la. Na pressa de fugir, ninguém percebeu que a garota pressionava a mão esquerda contra o abdômen.

Se ficasse morreria, Eris se deu conta. Se ficasse, nunca mais veria Caspian e nunca veria Nárnia. Nunca procuraria frutas com Caça-Trufas ou discutiria sobre livros com Cornelius.

Mas se ela fosse embora...

— Posso tentar erguer o portão novamente. — a artesã disse, mas soava uma mentira até para ela.

— Se tentar, farão com você o mesmo que fizeram com ele. — Caspian retrucou, ao lado do ser mágico, apontando para o minotauro. Mal sabia ele que já haviam feito exatamente aquilo com a garota.

Cedendo, Eris estendeu o braço direito para o centauro, que o agarrou e ajudou a garota a montá-lo, atravessando o portão ao lado de Caspian e Pedro.

Assim que atravessaram, o peso do portão e a dor de seu ferimento finalmente venceu o minotauro, que caiu no chão, deixando apenas um pequeno espaço, pelo qual alguns roedores conseguiram passar.

A feiticeira sufocou um soluço, ouvindo os gritos dos narnianos que ficaram para trás ecoando em seus ouvidos, a dor de seu ferimento tornando sua devastação ainda maior: ela havia perdido para sempre dezenas de narnianos e não havia nada que pudesse fazer para mudar aquilo.

Não superaria aquilo jamais. Não saberia como.

            

            

©︎DEVILEVIE, 2021.
────── evie.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro