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IV

Alia ria das caretas que Henry fazia, ele empurrava o carrinho pelo parque com uma animação quase contagiante, em poucos minutos ao ar livre ele esquecera completamente do plano. Charlotte revirou os olhos carinhosamente ao observá-lo derreter diante da gargalhada de Alia, Jasper iria morrer se os visse daquela maneira, por sorte o Dunlop estava visitando alguns parentes e Piper se encontrava mergulhada de cabeça em um novo plano contra Jenna para notar algo além dela.

- Como será que a Eta está?

- Ela vai ficar bem, o Ray prometeu que iria cuidar bem dela.

Henry tentou tranquiliza-la. A garota havia ficado no centro de controle já que não queria sair de maneira alguma por medo de encontrar o homem novamente, o que era péssimo já que ela poderia reconhecê-lo de longe. Charlotte assentiu distraída para o sorriso do amigo, olhava ao redor como se não estivesse à procura de algo específico. Eta havia dito que ele os conhecia então era provável que estivesse os observando, ela contava com isso.

- Vamos dar só mais uma volta e sentar um pouco, só o suficiente para Schwoz conseguir mapear todos ao nosso redor. - falou em um tom doce, se inclinando para acariciar a bochecha da bebê.

- Podemos tomar sorvete? - o Hart perguntou animado. - Aquele sorveteiro perto dos brinquedos vende um maravilhoso, Char.

Ela não conseguiu conter o riso, somente Henry para aliviar a tensão que a estava dominando desde o dia anterior. Os dois seguiram à procura do sorveteiro, conversando animosidades e entretendo a bebê alegre.

■ ■ ■ ■ ■

Eta andava ao redor do quarto que ficou destinado para ser seu, seus passos acoavam no espaço vazio, o chão frio contra a pele de seus pés a fazia se firmar na realidade onde se encontrava. Escolheu não acompanhar seus pais, a simples ideia de encarar novamente os olhos frios e o sorriso ardiloso que a assombrava desde que conseguira escapar a fazia estremecer por dentro. Levou a mão à boca, modiscando novamente a almofada do dedão, não conseguia ficar parada e uma energia insistente passava por cada célula de seu corpo.

Precisava pensar, mas não sabia como. Erra irritante e frustrante a necessidade de ter um plano, mas não saber por onde começar. Ela precisava voltar, mas para isso era necessário dizer o ano do qual havia vindo, porém, falar apenas o ano provocaria uma reação que poderia acabar com todo o futuro. Não queria mexer nas linhas do tempo mais do que já havia feito, Alia precisava nascer, seus pais necessitavam estar juntos. Era o certo e o justo, mesmo que colocasse sua própria existência em risco.

- Toc, toc.

Uma voz animada a tirou de seus pensamentos, encarou um Ray que tentava demonstrar uma certa casualidade, ele adentrou o quarto e começou a olhar ao redor, as mãos cruzadas atrás do corpo enquanto inspecionava tudo como quem não queria nada de mais.

- Está tudo bem? - perguntou desconfiada, estreitando os olhos quando viu o sorriso no rosto do mais velho aumentar.

- Está, está tudo bem, na mais alta normalidade, o normal do normal como sempre.

Eta pressentiu que viriam perguntas que ela não iria querer responder, porém, resolveu ser logo direta e acabar com aquele tormento.

- O que você quer saber?

- Quem disse que eu quero saber algo? - a voz de Ray afinou quando um riso forçado veio logo em seguida. Eta levantou uma única sobrancelha, o fitando com uma expressão conhecida. - Você fica terrivelmente parecida com a Charlotte assim.

O tom inseguro dele a fez ficar intrigada, parecia que tinha mais por trás daquela frase. A garota se preparou para reverter o interrogatório, mas parou quando um coro de vozes foi ouvido a distância, parecia uma discussão, mas logo descartou essa alternativa quando ouviu a gargalhada alta de seu pai. Lançou um rápido olhar a Ray antes de se afastar em direção às vozes, elas vinham do centro de controle e não demorou a encontrar sua fonte.

- Ela é Eta.

A versão jovem de sua mãe estendeu o braço em sua direção assim que ela pisou na sala, ao olhar ao redor e perceber quem estava com seus pais, sentiu sua respiração falhar por um eterno segundo assim como suas pernas. Foi segurada por Ray antes de cair ao chão e fechou os olhos rapidamente fingindo um desmaio, era a única saída em que conseguia pensar.

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