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33 - A vida é frágil

"Posso ir aonde você vai?
Podemos ficar próximos assim para todo o sempre?
E ah, me leve para sair, e me leve para casa
Você é meu, meu, meu, meu amor"
- Lover
Taylor Swift

Meu corpo inteiro dói.

Flashes do que aconteceu começam a invadir minha mente como se fossem disparos de uma metralhadora.

Lembro de ter visto Nick e Bárbara se beijando, e de como senti meu coração sendo estilhaçado no mesmo instante.

Depois disso, sei que saí correndo, e então não lembro mais nada.

A única coisa que tenho certeza, é de que nunca pensei que a dor emocional fosse ser maior à física que estou sentindo agora.

— Mas o que está...?

Ainda de olhos fechados, tento me mover, no entanto, me contraio com o choque lancinante na minha perna que percebi tarde demais, estar enfaixada da coxa até o joelho.

Solto um gemido me repreendendo por ser tão idiota e apenas nesse momento sinto algo tocando meus dedos.

— Liv? Graças a Deus. -A voz rouca chega aos meus ouvidos antes mesmo que eu abra os olhos e franzo o cenho confundida.

— O que... -minha garganta arranha quando tento falar e engulo em seco — O que está fazendo aqui?

Finalmente abro os olhos e me arrependo no mesmo instante ao dar de cara com Nick me olhando com o rosto cansado e aparentemente preocupado.

— E-eu... - ele aperta meus dedos e afasto minha mão do seu toque em um movimento involuntário.

Seus lábios se curvam em um sorriso triste e me sinto uma idiota mesmo sabendo que não deveria. Ele não merece que sinta pena, afinal de contas, foi ele quem beijou Bárbara, não eu.

— Liv, escuta, eu... -Nick fecha os olhos e respira profundamente — O que você viu na boate, interpretou tudo errado.

— Não há outra maneira de interpretar duas pessoas se beijando, cara.

— Eu não a beijei! -Contesta desesperado. — Bárbara se aproximou dizendo algumas coisas sobre você ter se cansado de mim. Eu lhe disse para me deixar em paz e acho.... acho que ela ficou com raiva e me beijou. No começo eu não entendi a sua intenção já que eu deixei bem claro que não a quero de volta, mas aí ela apontou para você e então eu compreendi tudo. -Seu olhar não se desvia do meu por nenhum segundo durante o tempo em que ele conta a sua versão dos fatos e uma raiva incontrolável percorre todo o meu corpo ao perceber que tanto eu quanto ele caímos na armadilha daquela cobra loira.

— Mas que filha da puta! -Rosno me endireitando na cama sem me importar com a dor iminente.

Nick se aproxima com cuidado e leva os dedos até a minha bochecha acariciando de leve minha pele machucada.

Eu sou louco por você, Olívia. Jamais faria isso, jamais trairia a sua confiança dessa maneira. -As lágrimas escorrem livremente pelo seu rosto e no segundo seguinte, estou chorando junto com ele.

Meu coração pesa por saber que fui uma estúpida ao agir por impulso e não lhe dar a chance de se explicar, de acreditar que ele poderia me machucar mesmo que tecnicamente não estávamos mais namorando.

Nick não é assim.

— Me desculpe, por favor. Eu... -aperto as pálpebras completamente envergonhada — droga, eu fiquei tão cega de ciúmes e de raiva que o único que queria era sair dali. Ver você e Bárbara se beijando foi torturante.

— Você não teve culpa de nada, amor. Sou eu quem deve me desculpar... deveria ter atendido suas ligações, conversado com você e deixado todo o orgulho de lado.

— É, você deveria ter feito isso mesmo. -Assinalo em um suspiro aliviado. — Mas com relação a todo o resto, a única culpada aqui é Bárbara. Você não tinha como prever o que ela iria fazer e embora eu esteja morrendo de vontade de dar uns bons tapas na cara daquela garota, eu começo a ficar com pena dela. Sua ex precisa de ajuda e sinceramente se ela continuar assim, vai acabar se dando muito mal.

Nick balança a cabeça em concordância e posso notar uma mudança no seu semblante. Ele está mais tranquilo e relaxado do que minutos antes.

Observo-o atentamente.

O rosto cansado, as pálpebras pesando e as mãos que não param de me tocar um segundo sequer, como se ele quisesse se certificar de que não está sonhando e que realmente acordei. Então nesse momento, percebo que ele está vestido com a mesma roupa com a que o vi na boate e um pensamento não para de rodar dentro da minha cabeça.

— Nick, você ficou aqui comigo esse tempo todo? -Sussurro e ele confirma com um movimento suave. — Oh Deus! Por que não foi para casa? Deve estar cansado e com fome...

Antes de responder, ele arrasta a cadeira que estava sentado até parar bem diante do meu rosto e se joga com cuidado no móvel de madeira e couro.

— Eu não conseguiria te deixar aqui sozinha, Liv. Precisava saber que ficaria bem. -Levo a mão até o seu rosto e ele apoia a cabeça na minha palma com cuidado.

— Obrigada... -Sussurro verdadeiramente agradecida.

Me assustei muito ao acordar e por mais que senti raiva de Nick nesse instante, ao mesmo tempo fiquei mais calma ao ver um rosto conhecido.

Seus lábios roçam suavemente nos meus dedos e sinto um frio na barriga ao lembrar de como seus beijos são bons.

A saudade de Nick volta com tudo e compreendo que preciso dele junto a mim.

— Liv, eu não quero continuar assim... -Seus olhos me encaram determinados e balanço a cabeça para cima e para baixo sabendo muito bem o que ele quer dizer.

— Eu também não. Sinto tanta saudade da gente. -respiro fundo. — Fui uma idiota ao terminar por algo tão bobo.

Seu olhar se suaviza e ele se aproxima ainda mais.

— Só... vamos deixar isso no passado, ok? Não quero mais que briguemos. Se não estiver de acordo com algo, converse comigo, me diga tudo e verei a forma de solucionar. Eu te amo, Olívia, com todo o meu coração e a minha alma, e a última coisa que desejo é ficar longe de você. -Encosta sua testa na minha, a respiração morna fazendo cócegas na minha pele fria.

— O mesmo vale para você, idiota. -Brinco e ele ri baixinho.

— Vou chamar uma enfermeira para te examinar, está bem?

Agito a cabeça em silêncio e observo enquanto ele sai do quarto me deixando sozinha. Olho para o meu braço engessado e me repreendo pela milésima vez por ter sido tão burra.

Estou acabada, sentindo dor em tantos lugares que não consigo sequer identificar, mas ao mesmo tempo, não consigo tirar o sorriso do rosto por saber que Nick e eu finalmente estamos bem.

Encosto a cabeça no travesseiro macio e respiro fundo.

É engraçado como foi preciso que aconteça literalmente um atropelamento para que eu e Nick nos entendamos.

Só espero que não precise chegar a esse extremo nunca mais, porque porra, isso dó para caralho.

Sem perceber, acabo pegando no sono e acordo minutos depois com algumas vozes dentro do quarto.

Abro um olho de cada vez e as figuras dos meus pais ao lado de Jhonny demoram um pouco para ser enfocadas na minha visão ainda turva.

— Oh meu bebê, que bom que acordou. Como você está? -Mamãe ocupa a mesma cadeira que Nick minutos atrás e segura minha mão com cuidado.

— Para quem foi atropelada, até que estou bem. -Brinco e ela sorri amena.

Meu pai se coloca do outro lado da cama e Jhonny se mantém firme nos meus pés.

— Onde está Nick? -Murmuro procurando-o com o olhar.

— Não sei, meu amor. Quando chegamos ele não estava.

Começo a pensar que talvez tenha sonhado sobre o nosso encontro de mais cedo, então ele passa pela porta com uma bandeja nas mãos com vários potes contendo o que parece ser o meu café da manhã e tranquilizo imediatamente.

— A enfermeira me disse que você deve comer devagar, mas que precisa terminar tudo, ok? -Ele puxa uma mesinha que estava escondida ao lado da cama e mamãe se afasta para que possa ajustá-la em cima de mim.

Arrisco um olhar para Jhonny e noto que meu irmão está calado, olhando atentamente para Nick com cara de que vai lhe dar uns socos a qualquer momento.

— Aqui, quer que eu te ajude a cortar as frutas? -Nick oferece baixinho e meu irmão arqueja do outro lado da cama.

— Obrigada, amor. -Beijo sua bochecha rapidamente e vejo de soslaio como Jhonatan fuzila Nick com o olhar. — Ok, antes de mais nada, quero deixar algo bem claro, principalmente para você, irmão. -Ressalto com a sobrancelha levantada. — Nick não me traiu, ele não beijou a maluca da Bárbara, foi todo o contrário. -Conto tudo o que aconteceu, até os mínimos detalhes segurando a mão de Nick o tempo inteiro.

Meus pais arregalam os olhos a cada palavra que digo e o semblante do meu irmão muda de furioso com Nick a furioso com Bárbara. Sei que ele só estava me protegendo, e que não sairia do meu lado, mesmo que se tratasse do seu melhor amigo e não conseguiria lidar com o fardo de destruir a amizade deles dois por conta de uma informação equivocada.

Continuamos conversando por mais algum tempo, até que o horário de visitas termina e uma enfermeira entra na sala para revisar meus curativos e aplicar os remédios necessários.

— Nós voltaremos mais tarde para ver como você está, querida. -Meu pai beija minha testa e tento não chorar ao saber que vou ficar sozinha outra vez.

— Tudo bem... amo vocês. -Sussurro nervosa.

Os três deixam da sala e franzo o cenho ao perceber que Nick não se moveu um centímetro sequer.

— Não deveria ir para casa, tomar um banho ou algo assim? -Pergunto desejando que ele responda o contrário. Que vai ficar aqui comigo o tempo que for preciso.

A passos lentos, ele se aproxima até parar do meu lado e beija suavemente minha boca.

— Irei daqui a pouco. -Explica misterioso.

Esperamos que a enfermeira termine de fazer o seu trabalho, e quando ela deixa a sala com um sorriso bobo no rosto, Nick se senta na cama com cuidado e me puxa para perto de si em um abraço lateral.

— Conversei com a secretária do hospital e, pelo que entendi, você tem direito a um acompanhante mesmo fora do horário de visitas agora que está fora de perigo... -Solta tímido. — Se não se importar, e-eu gostaria de ficar. Mas se quiser escolher alguém da sua família, eu vou entender. -Acrescenta rapidamente.

Sorrio para mim mesma.

Esse cara não existe.

— Tudo bem, eu quero que você fique -aperto sua coxa de leve. — Além do mais, meus pais precisam lidar com muitas coisas do trabalho, provavelmente não teriam tempo e Jhonny... bem, você o conhece. -Brinco.

Seus dedos brincam com meus fios de cabelo e respiro fundo me sentindo a pessoa mais sortuda desse mundo, apesar do que me aconteceu.

Ficamos em silêncio por um bom tempo, curtindo apenas a presença um do outro.

Até que seu estômago ronca escandalosamente e então a realidade me golpeia em cheio.

— Nick, você não comeu nada desde ontem! -Engasgo espantada. — Quero que vá para casa agora, coma algo e tome um banho, porque está fedendo. -Provoco franzindo o nariz dramaticamente.

— Ei, não estou fedendo não... -Ele cheira a si mesmo e faz uma careta em seguida. — Ok, talvez só um pouquinho.

Solto uma gargalhada sonora e atraio o seu rosto para perto de mim.

Beijo sua bochecha com carinho

— Pode ir tranquilo que eu vou ficar te esperando bem aqui. -Aponto para a cama.

— Tudo bem. -Ele me entrega meu celular. Tinha até esquecido do aparelho. — Qualquer coisa, me ligue e eu venho correndo. -Afirma decidido.

— Vou ficar bem, Nick. Vá logo antes que desmaie por inanição.

— Já vou, já vou. -Recebo um último beijo nos lábios ressecados e ele deixa o quarto com relutância.

No momento em que fico sozinha outra vez, ligo para Debby e ela atende em seguida. Demoro quase vinte minutos para convencê-la de que estou bem e ela me promete que virá amanhã para ver como estou.

Ainda não consigo assimilar o fato de que consegui uma amiga tão boa quanto ela. Nunca fui de ter muitas amizades, mas as poucas que tive, sempre valeram a pena.

E isso é o que importa.

É incrível como as horas passam lentamente quando se está impossibilitado de sair do lugar. Resolvo me distrair com algum joguinho no celular e estou tão compenetrada em não deixar que meu personagem morra na sua missão, que não percebo a porta se abrindo e Nick entrando sorrateiramente.

— Você fica linda quando está concentrada, sabia? -Sua voz rouca inunda o quarto e solto uma exclamação.

— E você definitivamente ama me assustar!

O garoto cai na risada antes de se deitar ao meu lado na cama outra vez.

Respiro profundamente de uma maneira teatral.

— Agora sim está cheiroso. -Debocho sorrindo.

— Engraçadinha. -Ele beija minha cabeça e coloca algo nas minhas mãos — Trouxe meu iPad para que se distraia, mas não sei se vai conseguir com o braço engessado. -Reflete algo triste.

— A única coisa boa, é que quebrei o braço que não uso para desenhar, então consigo dar um jeito. Obrigada mesmo por trazê-lo, já estava sem saber o que fazer para não surtar de tédio.

— Eu imaginei exatamente isso. Você não consegue ficar parada. -Afirma instigante.

— Pode até ser, mas tenho certeza que isso na verdade é uma vantagem, não é mesmo? -Deslizo os dedos da mão livre pelo seu abdômen e me divirto ao vê-lo engolindo em seco.

— Liv... não... não é momento para isso. -Engasga perdendo a compostura lentamente.

— Eu sei... -Sussurro sensualmente contra o seu ouvido. — Agora, será que pode me servir um pouco de água? Estou morrendo de sede. -Puxo a caneta do iPad e começo a desenhar algo na tela do aparelho como se nada estivesse acontecendo.

Nick ri outra vez e nega com a cabeça.

— Você é malvada.

— E mesmo assim você me ama.

Com todo o meu ser.

NOTA DO AUTOR

Hellooooo demorei, mas cheguei kkk
Ok, vcs assustaram um pouquinho com a Liv né? hahahaha 
Mas podem ficar tranquilas, que daqui pra frente serão só dias 
de gloria
(ou não)
Espero que tenham gostado, 
não se esqueçam de votar e comentar.

Amo vcs, 🥰
Bjinhosssss BF🖤🖤🖤

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