"Tão jovens, tão burros
Pra saber coisas como o amor
Tão jovens, tão burros"
- Ghost of You
5 Seconds of Summer

— Liv? E-eu... tem certeza que esse é o lugar correto? -Ela se vira para Nick, que levanta as duas sobrancelhas em um semblante aflito.

— Esse é o lugar correto para quê, Ava?

Cruzo os braços e franzo o cenho tentando entender o que está acontecendo.

Seus olhos se arregalam de repente como se ela acabasse de descobrir a resposta para todas as perguntas do universo.

— Oh não, você é a irmã gêmea do Jhonatan, não é mesmo? -Diz com a voz baixa. — Como não percebi a semelhança entre os dois antes.

Nesse exato momento, as peças começam a se encaixar dentro da minha cabeça e a raiva sobe pelo meu corpo, queimando tudo dentro de mim.

Em um rompante de fúria, tento fechar a porta na sua cara, no entanto, Nick me impede de fazê-lo e então lembro da sua presença.

— E você, o que diabos está fazendo aqui? -Me arrependo imediatamente por tratá-lo dessa maneira tão rude.

— Você deixou cair a carteira no meu carro, vim te devolver. -Ele levanta o objeto para o alto. — Encontrei Ava lá embaixo e ela me perguntou se eu sabia qual apartamento era o de Jhonatan...

Retiro a carteira da sua mão e jogo-a de qualquer jeito em cima do balcão da cozinha.

— Agora ela já sabe, então pode ir embora. -Devolvo ríspida.

— Liv, eles precisam conversar. -Nick interfere e lanço um olhar mortal para que ele não se meta. — Sério.

— Essa garota acabou com o meu irmão, partiu o seu coração como se não significasse nada! -Grito. — Acha mesmo que vou permitir que ela converse com ele?

— Liv, por favor, e-eu preciso mesmo falar com Jhonatan, por favor. -A maldita tem a cara de pau de parecer arrependida e se não fosse Nick me segurando firme contra o seu corpo musculoso, já teria partido para cima dela.

— Dê o fora daqui antes que eu quebre a sua cara e faça o favor de não aparecer mais no estúdio. Se eu soubesse quem você era, jamais teria feito uma só tatuagem em você! -Rosno cada vez mais alterada e isso acaba chamando a atenção tanto de Jhonny quanto dos meus pais que aparecem correndo para ver o que está ocorrendo.

— Amor, fica calma, não vai resolver nada dessa maneira! -Escuto uma voz sussurrando no meu ouvido e viro a cabeça para Nick que me encara alarmado.

— Vá embora. -Dessa vez é Jhonny quem pede com uma indiferença que surpreende a todos.

— Por favor, preciso te dizer algo, depois disso prometo que vou sumir da sua vida, só me deixa te explicar... -A garota insiste e aperto a mandíbula tão forte que ela chega a fazer um barulho como se meus ossos estivessem se quebrando.

— Ava, faça o que o meu irmão está pedindo e dê o fora.

Ela balança a cabeça para um lado e para o outro e solta um suspiro desanimado. Seus olhos estão perdidos, como se todo o brilho que existissem neles, tivesse sido apagado.

Tento não me solidarizar com ela.

Essa garota brincou com os sentimentos de Jhonny, ela não merece pena.

— Olívia, eu sinto muito. Se soubesse que você era irmã do Jhonatan, jamais teria ido ao estúdio e permitido que me tatuasse. Eu... lamento mesmo tudo isso. E Jhonny, espero que algum dia você me perdoe... -Afirma cabisbaixa.

Meus pais me observam atentos e sinto a alma deixando meu corpo lentamente. Tenho certeza que teria caído no chão, não fosse Nick ainda estar me segurando apertado.

Oh não.

Nick ainda está aqui.

Ava não espera para ver o que vai acontecer em seguida, em vez disso, ela caminha até o elevador que, para a sua sorte, já estava estacionado no nosso andar.

Me afasto dos braços musculosos que me mantinham presa para não fazer uma besteira e de repente, três pares de olhos me observam atentamente. E digo três, porque sem nem perceber, Jhonny escapou até o elevador e desceu com Ava.

Idiota.

É isso, não adianta mais esconder a verdade. Meus pais não são bobos, eles com certeza já devem ter captado tudo.

— Pai, mãe, eu... preciso confessar algo. -Assinalo em um engasgo, a garganta ficando seca de repente e minhas pernas parecendo que são feitas de gelatina, prontas para desabar. — Eu tranquei a faculdade e estou treinando para virar tatuadora com o Nick. -Solto tudo de uma vez com uma careta no rosto.

De todas as reações que pensei que eles teriam, jamais imaginei que ficariam em silêncio e muito menos, que não demonstrariam nenhuma surpresa diante da minha revelação.

— Nós já sabemos, filha. -Meu pai dá de ombros e franzo o cenho completamente confundida.

— C-como?

— Acha mesmo que conseguiria esconder que trancou a faculdade para as pessoas que pagam a sua mensalidade, querida?

Sinto a bile subindo na minha garganta e engulo em seco para não vomitar.

— M-mas, por que não me disseram antes? -Meus olhos se enchem de lágrimas e me sinto uma estúpida.

— Porque queríamos que fosse você quem nos contasse. Eu já sabia que não estava indo, porém precisava entender o motivo, então você apareceu com Nick e eu entendi tudo. -Meu pai continua e por alguns instantes prendo a respiração.

Meu coração bate tão rápido que meus ouvidos zunem e me sento em uma das cadeiras da cozinha.

Então eles já sabiam. Durante todo esse tempo.

Cometo o erro de olhar para Nick e ao ver a culpa estampada no seu rosto, compreendo imediatamente o que ele está tentando a todo custo esconder.

— Você já sabia de tudo isso, não é mesmo?

— Liv...

— Me responde! -Grito.

— Sim...

— E não me disse nada? -Murmuro ferida. — Me fez pensar esse tempo todo que eu estava fazendo algo errado, que iria decepcionar os meus pais! Sabe quantas noites eu não consegui dormir?

Um silêncio preenche a sala e respiro tão rápido que minha visão começa a ficar turva pouco a pouco.

— Me desculpe, ok? Seu pai me perguntou se estávamos juntos e quando eu lhe contei, ele quis saber como nos aproximamos, e-eu não podia mentir para ele, Liv. -Ele tenta segurar meus dedos e afasto-os com um tapa.

— Mas para mim você pôde, certo?

Ele dá um passo para trás como se tivesse levado um tapa na cara e coloco um sorriso distorcido no rosto.

— Vocês me deixaram pensar que estava sendo malvada, quando na verdade, era todo o contrário. -Me levanto da cadeira e caminho pela sala como um animal enjaulado.

Meus pais não dizem nada.

Eles estão abraçados como sempre fazem, a tristeza marcada nos semblantes enrugados pela situação.

— Sabe muito bem que não é assim, Olívia. -Nick se aproxima outra vez e estendo a mão para impedi-lo.

— Qual é, cara? Vai me dizer que tudo não passou de um experimento para ver até onde a idiota da Olívia iria aguentar? -Solto uma gargalhada macabra.

— O quê? É claro que não!

— Então o que foi?

A essa altura, ambos estamos gritando um para o outro e vejo de soslaio que papai tenta intervir, contudo, minha mãe o mantém firme no lugar.

— Quando seu pai veio me perguntar sobre nós dois, eu contei a verdade sim! -Suspira. — Eu disse tudo, e sabe porquê? PORQUE EU JAMAIS ESCONDERIA O QUE TEMOS DE NINGUÉM! JAMAIS FINGIRIA QUE NÃO ESTAMOS JUNTOS, PORQUE ISSO NÃO É O QUE UMA MALDITA PESSOA ADULTA FAZ! -Seus braços se balançam pelo ar como se ele não soubesse o que fazer com eles. — Isso não é o que alguém que ama a outra pessoa faz... -Sussurra a última parte e aperto a barriga sentindo uma dor imaginária como se tivesse acabado de levar um soco na boca do estômago.

Seus olhos se arregalam quando ele percebe o que acabou de falar e o desespero se interpõe sobre a raiva que ele sentia minutos atrás.

— Liv, e-eu não quis... -Nick penteia os cabelos com os dedos e tenta chegar até onde estou novamente, mas dessa vez eu não o impeço.

Simplesmente diminuo nossa distância até que estamos frente a frente.

— Se é isso que pensa de mim, não vejo motivos para continuarmos juntos. -Empurro seu peitoral com o ombro tirando-o do meu caminho.

Pego a bolsa com as chaves do carro e minha carteira esquecida em cima do balcão.

Ninguém me impede de sair, nem mesmo meus pais.

Vou até o elevador sem olhar para trás, com o coração pesando tanto dentro do peito que quando estou dentro da cabine, encosto em uma das paredes e me deixo cair até ficar sentada no chão.

Eu sou tão burra!

Como não percebi antes o que estava acontecendo? É óbvio que eles já sabiam!

E em vez de me dizer a verdade, preferiram brincar com a minha cara. Esperar para ver até quando eu aguentaria manter essa farsa. As lágrimas escorrem como cachoeira pelas minhas bochechas e levo um susto quando as portas do elevador se abrem revelando o saguão do edifício iluminado pelas luzes led.

Me levanto em um pulo e vou até a entrada sem saber o que fazer.

O pior de tudo, é que uma parte de mim sabe que Nick tem razão, só que isso não me impede de me sentir péssima pelas suas palavras. Ele insinuou que não o amava. Que eu sou imatura e por isso estou escondendo-o dos meus pais, quando sabe muito bem que não foi por isso.

Passo pelo portão de ferro com a cabeça a mil e para a minha surpresa, encontro Jhonny sentado no meio fio com a cabeça entre os joelhos e as mãos cruzadas na nuca.

Um calafrio percorre minha coluna e uma sensação horrível domina meu corpo me fazendo ofegar.

Me sento ao seu lado e me sinto ainda pior ao notar que ele está chorando desconsoladamente.

— Se aquela garota te machucou de novo, eu juro que vou caçá-la até o inferno. -Rosno e ele gira a cabeça me fitando com os olhos encharcados.

— Ava não fez nada, pelo menos não dessa vez. -Meu irmão responde soluçando. — Ela...-puxa uma longa respiração — ela veio para me dizer que está indo embora.

Mas que porra!

— Oh Jhonny...

Abraço-o contra mim, desejando que toda essa tristeza vá embora. Quanto mais penso nos acontecimentos de hoje, mais meu coração se despedaça.

— O que vamos fazer com nossa vida amorosa, heim? Somos um desastre. -Sussurro desanimada e ele me encara com os olhos arregalados.

— O que quer dizer com isso, Liv?

Engulo em seco e ele parece entender tudo antes mesmo que eu tenha tempo para explicar, mas continuo mesmo assim.

— Eu e Nick... nós... brigamos. Ele me disse algumas coisas e eu... -Não consigo terminar de falar.

Agora que penso com mais atenção, fui impulsiva e fiz exatamente o que lhe pedi para não fazer comigo.

Eu terminei com ele na primeira discussão.

— Será que precisarei dar uma surra nele? -Solto uma risadinha triste.

— Se fosse mesmo necessário, eu mesma teria feito isso. É difícil assumir, mas eu sou tão culpada quanto ele.

Meu irmão balança a cabeça para cima e para baixo em concordância e voltamos a nos abraçar em busca de apoio mútuo.

Continuamos chorando em silêncio, cada um perdido nos seus próprios problemas. De repente, imagens de tudo o que vivi com Nick até agora, explodem por trás dos meus olhos e minha garganta se aperta como se uma mão invisível estivesse espremendo-a sem parar. Respiro fundo levando o ar para os meus pulmões e é como se estivesse engolindo pequenos cacos de vidro.

Como eu pude ser tão estúpida?

Não nos movemos por quase uma hora, e quando começa a escurecer, levo Jhonny de volta para o apartamento esperando não encontrar ninguém pelo caminho.

Apesar de querer desesperadamente conversar com Nick, também preciso estar do lado do meu irmão. Ele está destruído e sinto medo do que isso possa acarretar.

Jhonny é tão impulsivo quanto eu e por essa razão eu preciso ficar de olho nele. Não que ele vá fazer alguma besteira séria, porém mesmo assim eu tenho que garantir que ele ficará bem. Porque ele sempre fez o mesmo por mim.

Lhe devo isso. Somos irmãos gêmeos e isso intensifica ainda mais o que sinto por ele. É como se eu fosse capaz de experimentar a dor que ele está sentindo nesse exato momento, o que me deixa ainda mais preocupada.

Para a nossa sorte, quando entramos no apartamento não há ninguém nos esperando. Não sei como Nick fez para ir embora sem que o visse do lado de fora, mas pelo menos isso evitou que o visse.

Porque se continuássemos brigando, sei que poderia ter sido muito pior.

Vou esperar que fiquemos calmos para poder conversar como dois adultos.

Nos arrastamos até o quarto de Jhonny e me deixo cair na sua cama junto ao seu corpo musculoso. Seus braços me puxam para perto de si e nos abraçamos como fizemos incontáveis vezes.

— Vai ficar tudo bem, irmão. Você é um Cross, por Deus. -Beijo sua bochecha e ele sorri entristecido.

— É uma pena que os Cross não sejam imunes a ter seus corações despedaçados. 

NOTA DO AUTOR

Bem, vocês queriam maratona? Então toma kkkkkk
Não me matem pfvr! Vcs sabem que sou fã dos finais felizes, 
(mas isso não significa que ainda não vai rolar mais treta kkkk)

Nos vemos amanhã, 
não se esqueçam de votar e comentar 

Amo vcs 🥰
Bjinhoos BF 🖤🖤🖤