01 - Um pedido inesperado
"Me dê a vida inflamável
Sou frio como um fósforo, pronto para ser aceso
Então, lá vou eu
Aqui reside uma cidade em chamas
Que canta o coro do incendiário
Agora lá vou eu"
- Something From Nothing
Foo Fighters
Os raios solares invadem meu quarto pela enorme fresta entre a cortina e a janela e solto um palavrão baixinho com a voz ainda rouca pelo sono.
Preciso lembrar de fechar essa bendita cortina direito.
Esfrego os olhos algumas vezes para terminar de acordar e deixo escapar um bocejo cansado pela minha garganta.
A noite de ontem foi... agitada.
Para não dizer intensa.
Depois que Bárbara veio até aqui e fez mais uma das suas cenas, não me deixando outra alternativa senão enxotá-la do meu apartamento, me senti extremamente esgotado tanto físico quanto mentalmente.
A garota simplesmente não quer aceitar que tudo entre nós acabou há mais de um mês.
Ela sabia muito bem que não estávamos na mesma página nesse livro de terror chamado minha vida, e mesmo assim preferiu insistir e continuar tentando levar adiante uma relação que obviamente já estava morta e enterrada.
E tudo piorou quando depois de que ela foi embora, recebi uma ligação da última pessoa que quero ver na face da terra: meu pai.
Como se ele tivesse um radar para saber exatamente quando estou me sentindo um enorme pedaço de merda.
É engraçado como o meu doador de esperma nunca esteve presente, nunca acompanhou meu crescimento, sequer foi a uma maldita reunião na escola, mas no momento em que decidi me arriscar e virar tatuador, o homem resolveu que essa era a hora perfeita para ressurgir das profundezas do inferno e ter a cara de pau de me pedir, ou melhor, de exigir que eu deixasse de fazer o que amo.
Porque segundo ele, eu estaria sujando o seu sobrenome, como se isso me importasse um caralho.
E desde então, Stefan Brennan não me deixou em paz por um minuto sequer.
— Está na hora da princesa acordar! -Uma voz que identifico muito bem ressoa no interior da minha casa e balanço a cabeça em negativa.
Coloco um boxer qualquer e rumo ao encontro do idiota mais conhecido como meu melhor amigo.
— É melhor que esteja vestido, não estou afim de ver essa salsichinha que você chama de pau! -Ele continua e solto uma gargalhada no corredor.
— Pode ficar tranquilo, babaca. E sabe muito bem que minha salsicha está mais para um salame grosso e enorme. -Brinco indo até o balcão da cozinha e coloco a cafeteira para funcionar.
— O que está fazendo na minha casa tão cedo? -Inquiro ao mesmo tempo em que pego duas xícaras no armário.
Jhonny não responde de imediato. Ao invés disso, ele se joga no sofá e aponta para a caminha onde Bailey descansa preguiçosa como sempre.
— O que houve que sua cachorra sequer se levantou quando entrei? Está doente ou algo assim? -Pergunta preocupado e sorrio divertido com sua observação.
Bailey e Jhonny têm uma relação de amor e ódio que às vezes é engraçada, mas tem horas que chega a ser irritante. Minha pitbull terrier é um doce com aqueles que ela gosta, mas com os que não se dá bem...
— Não, ela só está cansada, assim como eu. Bárbara esteve aqui ontem. -Apenas essas quatro palavras bastam para que meu amigo entenda tudo perfeitamente.
— Você está ferrado, cara. Deveria trocar a fechadura da porta. -Diz com o semblante verdadeiramente assustado.
— É, eu deveria, quem sabe assim as pessoas parem de invadir minha casa às sete da manhã, não é mesmo? -Levanto a sobrancelha e ele tem a cara de pau de parecer envergonhado.
— Se não quisesse que eu aparecesse, era só não ter me dado uma cópia da sua chave, ué!
— Eu te dei a chave para emergências, animal! Não para aparecer quando te der na telha. E se eu estivesse, sei lá, trepando com alguém aqui na minha sala? -Cruzo os braços.
— Nesse caso eu sugeriria um trio. -Seus lábios se curvam no seu típico sorriso safado e lhe lanço um olhar de escárnio.
— Idiota... vai querer café?
— Vou sim e com bastante açúcar, por favor. Não sou um psicopata igual você que bebe tudo amargo. -Provoca.
— Cara, você por acaso veio aqui só para encher o meu saco ou tem algo relevante para me dizer? -Encosto no balcão sentindo o mármore frio tocando minha pele que fica arrepiada com a mudança de temperatura repentina.
Jhonatan se endireita no sofá e examino sua postura nervosa com desconfiança.
Ele fica calado por um bom tempo, o cenho franzido e os lábios apertados em uma linha fina, como se estivesse se concentrando no que me dirá a seguir.
A cafeteira apita atraindo a minha atenção e derramo o líquido escuro em uma xícara para mim e outra para ele. Coloco tudo em cima de uma bandeja e levo até a mesa de centro localizada bem na sua frente.
Volto para pegar o adoçante e caio na risada com a careta que o garoto faz.
— Definitivamente você é um idoso no corpo de um cara de vinte e quatro anos. -Reclama despejando mais gotas do que o indicado na sua xícara.
— Pelo menos não vou ter diabetes antes dos trinta. -Murmuro bebendo um pouco do café fresco. — Agora desembucha, o que veio fazer além de me importunar, é claro...
O moreno de olhos castanhos e corpo quase completo por tatuagens, em sua maioria feitas por mim, toma seu tempo para remover o café dentro da xícara com uma colher, em seguida bebe gole por gole, o que acaba me irritando rapidamente.
— Qual é Jhonny? Acaba logo essa porra! -Rosno impaciente.
Seus olhos se estreitam e ele continua fazendo o mesmo apenas para me atiçar.
Puxo a xícara das suas mãos e coloco-a de qualquer jeito na bandeja. O movimento produz um som estridente que faz com que Bailey levante a cabeça em alerta.
— Nossa, parece que a madame está bem estressadinha hoje... já estava terminando de todas formas. -Resmunga contrariado. — Ok, eu vim para te pedir um favor. -A confissão me deixa com os sentidos em alerta e puxo uma longa respiração.
Geralmente quando ele me pede algo, noventa por cento das vezes se trata de alguma garota.
— Não. -Respondo firme.
Seus olhos se arregalam e me controlo para não rir da sua careta.
— Você sequer me deixou te dizer o que é! -Seu semblante está verdadeiramente ofendido, o que me deixa bastante curioso. Não deve ser algo que tenha a ver com uma foda. Se fosse isso, ele teria aceitado a negativa e arranjado outra solução para o seu problema.
— Muito bem... -respiro fundo — o que é tão importante que te fez vir até aqui tão cedo e principalmente correr o risco de levar uma surra por me acordar? -Zombo.
— Hã.. na verdade, o favor não é bem para mim... é para minha irmã. -Começa e franzo o cenho. — Ela quer virar tatuadora e precisa, já sabe, de um mentor que lhe ajude com a técnica e toda essa merda. -Finaliza deixando o resto nas entrelinhas. Não preciso ser um gênio para entender qual é a sua intenção.
— Minha resposta continua sendo não. -Pego a bandeja com as xícaras vazias e levo de volta para a cozinha. Jhonatan me segue como um carrapato e parece uma criança emburrada quando os pais não querem comprar o doce que eles pedem.
— Vamos, Nick! É minha irmãzinha, caramba!
— Vocês têm literalmente a mesma idade, babaca! Além do mais, sabe muito bem que ela não me suporta e que o sentimento é mútuo. -Sussurro lembrando das várias vezes em que nos topamos e o resultado não foi nada bom. — Por que ela não treina em outro lugar? Angel deve conhecer uma penca de tatuadores muito melhores do que eu, inclusive. -Sugiro e nesse momento ele faz uma cara estranha.
— Aí é que está o problema. Liv vai trancar a faculdade sem meus pais saberem... por isso ela precisa de alguém que não vá delatá-la na primeira oportunidade. -Não me surpreendo com a revelação. Olivia sempre foi meio doida da cabeça e agora não poderia ser diferente.
— Sua irmã deve ter ficado maluca, só pode.
— Foi o que eu disse a ela, mas a garota é teimosa, não sei pra quem puxou.
Uma gargalhada estrondosa preenche minha cozinha e sala.
— Pra quem será que ela puxou, não é mesmo? -Debocho limpando algumas lágrimas que escorreram pelo canto dos meus olhos de tanto rir.
— Não faço ideia do que está insinuando... -ele volta para a sala e se aproxima da minha cachorra para fazer um carinho na sua cabeça. Bailey recebe o mimo de bom agrado e até se vira para que ele coce sua barriga gorda. — Por favor, cara! Nunca mais te peço nada... -Promete, mas ambos sabemos que isso está longe de ser verdade.
Jhonatan parece genuinamente preocupado pela irmã e se ele veio até mim para pedir esse favor, é porque também está com medo e desesperado.
E principalmente, se Olivia esteve de acordo com essa ideia maluca, deve ter ficado sem outra saída.
Embora não nos levemos tão bem, sei mais que qualquer outra pessoa como é horrível ser desvalorizado ou impedido de fazer aquilo que te apaixona.
Esfrego o rosto com ambas mãos me arrependendo antecipadamente da resposta que vou lhe dar.
— Tudo bem, diga a ela que a espero no meu estúdio daqui a pouco, às oito em ponto. Se ela se atrasar um minuto sequer, avise-a para que nem se atreva a entrar. -Suspiro e Jhonatan só falta pular em cima de mim.
— Obrigado mesmo, Nick! -Me puxa para um abraço e um pequeno sorriso enfeita meu rosto, desaparecendo tão rápido quanto chegou.
— Agora cai fora que preciso tomar um banho para ir trabalhar! Nos vemos mais tarde, quando sair da faculdade dá uma passada no estúdio por favor. -Empurro seu corpo para a porta e ele finalmente se vai, me deixando sozinho e com tempo para pensar na enorme furada em que acabei de me meter.
NOTA DO AUTOR
Hellooooooo amoressss, como está sendo a sexta feira de vcs?
Espero que ótima!
O que acharam do cap de hoje? Nick é uma delicinha né não....
Apesar de que quase não descrevi ele, mas Olivia vai fazer isso por mim,
não se preocupem ahahaha
E a amizade dele e Jhonatan é tãaaaao fofa socorro kkkk
Tenham todos um ótimo final de semana!
Não se esqueçam de votar e comentar,
Nos vemos segunda!
Amo vcs, 😍
Bjinhossssss🖤🖤🖤
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