Capítulo 49
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Em seu apartamento, Jungkook vagava pela sala, ainda em seu roupão preto e felpudo que vestira depois de um banho demorado. Já era sábado a noite, e ele ainda não tinha conseguido falar com Jimin.
Namjoon tinha passado algumas horas com o amigo, tentando distraí-lo da saudade que sentida de Park. Os dois conversaram muito sobre tudo o que tinha acontecido, e o mais velho havia o aconselhado a ter um pouco de paciência. Kim sabia como tinha sido difícil para Jungkook aceitar a emboscada de Yeri durante a coletiva de imprensa, mas também via o lado de Jimin, que mesmo sabendo que, talvez, aquela tivesse sido a única opção do CEO, ficou magoado.
Namjoon tentou convencer Jungkook que ele não precisava ficar tão preocupado. Quando chegasse o momento, eles teriam a chance de conversar e que o moreno deveria ser apenas sincero, sem querer criar nenhuma explicação muito elaborada. Falar a verdade, abrir o coração era a melhor forma de se redimir.
Jeon, observando o movimento da rua de uma das janelas da sala, suspirava de tempos em tempos, se sentindo vazio. Estava se esforçando ao máximo para não invadir o espaço de seu namorado, mas aquele silêncio o estava matando por dentro. Mandou algumas mensagens, tentou ligar algumas vezes, e até mandou entregar um grande e belo buquê de astromélias e lírios brancos, mas não obteve nenhum retorno. O jeito era amargurar uma espera sem previsão de término.
Voltou para o seu quarto no meio da madrugada, jogando o roupão que vestia sobre a poltrona, e deitou-se nu na cama espaçosa. Olhou mais uma vez para a tela do celular, na esperança de ter algum sinal de Jimin. Mas apenas aquela foto tirada no Japão brilhou no cômodo escuro. E com a luz do aparelho que aos poucos se esvaía, Jungkook adormeceu.
[...]
O sol já estava no meio do céu quando Jungkook abriu os olhos. Sentou-se na cama, ainda sonolento pela noite de sono agitada. Durante as poucas horas que tinha conseguido dormir, foi acometido por pesadelos.
Esfregou o rosto com as mãos, tentando ficar mais desperto. Pegou seu celular na mesa lateral e viu que passava do meio-dia. Haviam algumas notificações de Namjoon, que diziam para ele dar uma olhada nas notícias do dia. Mas antes que conseguisse, o nome de Yeri apareceu na tela enquanto o aparelho vibrava freneticamente nas mãos de Jungkook.
O moreno ignorou a ligação, jogando o celular no meio da roupa de cama bagunçada. Levantou-se lentamente, se espreguiçando, tentando acordar o corpo ainda rígido.
Depois de se vestir, escovar os dentes e lavar o rosto, já se sentindo um pouco melhor, Jungkook sentou-se no balcão da cozinha junto com uma caneca grande de café e o seu notebook.
Enquanto sorvia o líquido escuro e amargo aos poucos, o moreno passou os olhos pelas dezenas de reportagens sobre a coletiva de imprensa do dia anterior.
Casal da Nação juntos à frente dos negócios
Casal desmente término da relação
Yeri e Jungkook confirmam a continuação do noivado
Yeri é a mulher mais jovem a chegar em alto cargo
Confiança na maior empresa de tecnologia cresce
Ações da empresa dos Jeon voltam a dar sinais de crescimento
Eram algumas das manchetes.
Jungkook bufou, se sentido pelo menos um pouco mais aliviado. Mesmo com toda aquela confusão, a empresa parecia ter saído ilesa de qualquer especulação. No fundo de seus pensamentos, torceu para que seu pai já tivesse visto os jornais do dia, e quem sabe assim, pudesse restabelecer a confiança entre eles.
O telefone fixo do apartamento soou alto, dispersando as divagações do jovem CEO. Este esticou o braço sobre o balcão até alcançar o aparelho, atendendo sem antes olhar a identificação da chamada.
— Jungkook! — A voz estridente soou do outro lado.
— Yeri... — O moreno esfregou as têmporas com as pontas dos dedos. — O que foi agora?
— Estou te ligando a um tempão! Não atende mais o celular? Ou está me evitando?
— Não é isso. — Jungkook balançou a cabeça afirmativamente, divergindo das palavras que saíam sem muita paciência de sua boca. — Eu... esqueci o celular no carro.
— Ah... tá... — Yeri pareceu convencida. — Bom, estou te ligando porque hoje vai ser a inauguração daquele restaurante do tal Seokjin.
— Nossa... eu tinha me esquecido!
— O que seria de você sem mim, não é mesmo, Kookie?
— Já te disse para não me chamar assim...
— Enfim... eu também fui convidada. E como um presentinho de "boa sorte", convidei alguns jornalistas e um dos membros da comissão julgadora do guia Michelin. Ele é amigo pessoal do meu pai e, por um acaso, estava livre neste domingo.
Jungkook estranhou aquela atitude. Yeri não era o que poderíamos chamar de "atenciosa", quando o assunto não era si mesma. Mas pelo o que Jimin dizia, e pelas vezes que experimentou, a comida de Jin era muito boa e, talvez, a presença de um crítico gastronômico desse porte poderia alavancar o restaurante rapidamente.
— Que bom, Yeri. Mas afinal, o que você quer de mim?
— Jungkook, meu amor. Liguei para combinarmos o horário que você virá me buscar. — Disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Você só pode estar brincando! — O moreno gargalhou. — Você pode ter armado aquele circo na sexta, mas eu não vou fazer parte disso. Você já teve o que quis, desmentiu o nosso rompimento quando, incessantemente, eu venho dizendo que eu não vou voltar mais para você.
— Ah, tá bom... que seja. Só achei que seria mais fácil chegarmos juntos. Mas tudo bem... Boa sorte tentando explicar para os jornalistas a nossa chegada em momentos diferentes. — Yeri deu uma risadinha debochada antes de encerrar a ligação.
Jungkook imediatamente discou os números que ainda estavam em sua memória e não precisou esperar muito para que a pessoa atendesse.
— Eu passo aí, às 19h...
[...]
Localizado próximo ao Lago Seokchon, com decoração típica e simples, o aconchegante restaurante japonês Osu Seiro Mushi, finalmente iria abrir as portas.
Comandar a própria cozinha era um sonho antigo de Kim Seokjin, e com a ajuda de seu irmão, Seokjung, a inauguração era agora uma realidade.
A noite fria daquele domingo, parecia perfeita para os pratos cozidos no vapor, chamados de seiro mushi, a especialidade da casa. Carnes e vegetais dispostos em bandejas de bambu, preparados na frente do cliente.
Jimin foi o primeiro a chegar. Adentrando o estabelecimento, encontrou Namjoon sentado em uma das mesas, observando Jin que andava de um lado para o outro.
— Amor, você vai furar um buraco no chão. Acalme-se!
— Me acalmar? Como é que você quer que eu me acalme em uma hora dessas? — Jin começava a soar histérico.
— O que está acontecendo aqui? — Park interrompeu o casal.
— Ah, Jimin. Vai dar tudo errado! Essa inauguração vai ser um fracasso! — Os olhos de Jin estavam cheios de lágrimas.
Park olhou assustado para Namjoon enquanto era abraçado fortemente por seu primo mais velho, pedindo uma explicação para aquilo tudo.
— Os funcionários não apareceram... — Contou soltando um suspiro.
— Como assim, não apareceram?
— Jimin, eu contratei várias pessoas para me ajudarem nessa noite, entre garçons, ajudantes de cozinha, recepcionista e etc. — Jin começou a explicar ao largar o peso do corpo em uma das cadeiras. — Eles pareciam de confiança... eu estava pagando bem... — Bagunçou os cabelos, nervoso. — Era para todos estarem aqui à meia hora atrás. Ninguém... ninguém apareceu ainda.
— E você tentou ligar para eles? — Jimin recebeu um olhar de desaprovação do primo pela pergunta tão óbvia.
— Tentamos ligar... — Namjoon continuou. — Apenas um deles atendeu e disse que não estava se sentindo bem. Seokjung saiu para tentar encontrá-los, ou conseguir outras pessoas para trabalhar de última hora.
Nesse momento, um casal entrou no restaurante. Jin se levantou imediatamente, ajeitando os cabelos e a roupa, acenando animadamente para os primeiros clientes da noite.
— Isso vai ser um desastre. — Murmurou para os outros dois. — Boa noite, bem vindos ao Osu Seiro Mushi. — Cumprimentou o casal enquanto ia em sua direção.
Jimin e Namjoon se entreolharam, ambos se perguntando internamente o que poderiam fazer naquela situação.
— Só espero que o irmão dele encontre alguém para trabalhar... Logo... — Namjoon suspirou, levantando-se para se juntar ao namorado que já cumprimentava outras pessoas que começavam a chegar.
Park foi andar pelo restaurante, observando cada detalhe que o primo havia escolhido para aquele tão esperado estabelecimento. A cada segundo, olhava para Jin, vendo o quanto ele ficava nervoso a cada pessoa que passava pela porta de entrada. Um fotógrafo e um jornalista também já estavam ali, registrando em imagens e palavras as primeiras impressões sobre o local.
O primo tentava acomodar as pessoas nas mesas, dizendo-lhes com um sorriso largo no rosto que seriam atendidos o quanto antes. Mas assim que se virava, a felicidade aparente se esvaía.
Uma rajada de flashes chamou a atenção de Jimin novamente para a porta de entrada. Preocupado, se aproximou do primo, vendo à sua frente Yeri e Jungkook entrando no restaurante juntos.
O loiro apertou os lábios um no outro, sentindo seu estômago embrulhar levemente. Quis dar as costas para os recém-chegados, mas a mão grande de Jin o segurou pelas costas, disfarçadamente, em um pedido silencioso para que ficasse ali com ele.
Jungkook por sua vez, sentia seu coração dar pulos dentro do peito. Jimin estava tão bonito, como sempre. A roupa toda preta ajudava a destacar a jaqueta amarela que ele usava. Os cabelos loiros sempre tão bem penteados pareciam ainda mais sedosos naquela noite e o moreno podia jurar que sentia o perfume dos fios mesmo de longe.
Jeon notou que em cima da mesa da recepção, havia um grande vaso. E nele, estavam as flores que tinha mandado no dia anterior. Aquilo aqueceu um pouco seu coração, tomando aquilo como algum sinal de avanço, já que Jimin pelo menos não havia atirado o buquê pela janela.
— Boa noite, Jin... Boa noite, Jimin... — Cumprimentou timidamente, como se pisasse em ovos para ver como seria a reação do outro.
— Jeon... — Jimin fez uma pequena reverência.
— Jungkook! — Jin tentou dissipar clima estranho. — Que bom que veio! Yeri, fico feliz que tenha aceitado meu convite.
— Não perderia esse evento por nada, SeokJin. Inclusive, tenho uma pequena surpresa para você.
Yeri olhou para trás, onde chegava um homem alto e magro, por volta de seus 40 anos de idade. E Jin o reconheceu imediatamente. Era Song KangHo, um dos maiores críticos gastronômicos da Coréia, tendo colaborado algumas vezes com o Guia Michelin.
Jin apoiou um dos braços no ombro de Jimin, tendo a sensação de que iria desmaiar naquele momento. Aquela inauguração estava se tornando um pesadelo.
— Song KangHo, quero que conheça Kim SeokJin. Ele é o chefe deste restaurante. — Yeri apresentou.
— Muito prazer, senhor Kim.
— O prazer é todo meu, senhor Song — Jin fez uma reverência respeitosa. — É uma grande honra tê-lo em meu restaurante.
O crítico sorriu gentilmente, olhando ao redor, observando o local, deixando Jin ainda mais nervoso.
Aquilo era a receita perfeita do desastre: Uma casa cheia, uma colherada de jornalistas, uma pitada de crítico gastronômico e nenhum funcionário para trabalhar.
— Bom, vamos nos sentar. — Yeri sugeriu ao amigo de seu pai, Song KangHo, que foi na frente. — SeokJin, eu espero que a inauguração seja um sucesso e que nada dê errado.
Neste momento Yeri desviou o olhar para Jimin, levantando as sobrancelhas como que se quisesse que o outro se lembrasse de algo.
E Park entendeu na hora o que ela queria dizer. Aquela ameaça velada no elevador...
Como Jimin não tinha desconfiado antes? O sumiço dos funcionários sem motivo aparente era mais do que suspeito. Seria coincidência demais que todos eles tivessem ficado "doentes" no mesmo dia.
O loiro sentiu seu sangue ferver ao observar Yeri se dirigindo a uma das mesas vazias, com um sorrisinho lateral nos lábios.
Jimin jamais imaginou que ela pudesse ir tão longe para atacá-lo. Mas agora estava bem claro que todos que estivessem ao seu redor e de Jungkook poderiam ser prejudicados.
A morena sentou-se em uma das cadeiras, de frente para o crítico gastronômico, olhando em seguida para Jungkook, que ainda permanecia em pé, no mesmo lugar, dando a entender que não se juntaria àqueles dois, se afastando dali, indo até a Namjoon.
— Jimin! — Seu nome soou alto na recepção do restaurante.
Park se virou para ver quem era e deu de cara com um Yoongi sorridente, seguido por dois outros homens elegantemente vestidos.
— Yoongi! — Park recebeu o amigo com um abraço. — Vejo que trouxe companhia. — Fez um sinal com a cabeça para os outros dois.
— Sim. — Sorriu. — Quero te apresentar meus namorados, Taehyung e Hoseok.
— N-namoradoS? Você e eles... os três? — Questionou um pouco sem jeito.
— Muito prazer, Park. — Hoseok esticou uma das mãos para cumprimentá-lo. — Yoongi fala muito de você.
— Sim. — Taehyung também o cumprimentou. — Muito obrigado por ter ajudado-o a conseguir o emprego de volta.
— Ah, imagina. Era o mínimo que eu poderia fazer. — Jimin sorriu simpático.
— Bem vindos, por favor, fiquem à vontade. — Jin cumprimentou o trio animado.
Hoseok e Taehyung foram na frente, escolhendo uma mesa no fundo do restaurante. Yoongi, antes de se juntar a eles, sussurrou no ouvido de Jimin.
— O que acontece em Vegas, fica em Vegas o caralho.
Os dois riram confidentes, como amigos que agora eram. Jimin ainda deu um soquinho no ombro direito de Yoongi, o incentivando a ir se sentar com seus namorados.
Nesse momento, SeokJung entrou correndo no restaurante, ofegante. Para não chamar muita atenção, Jin e Jimin o puxaram para dentro da cozinha, onde poderiam conversar com mais privacidade.
— E então, hyung? — Jin perguntou, juntando as mãos na frente do peito.
— Nada... — Bufou, enxugando o suor do rosto com um lenço tirado do bolso. — Encontrei apenas um deles em casa, mas ele se quer abriu a porta para mim. Disse que estava muito doente e que poderia ser contagioso. — Jung pausou para tomar um copo de água oferecido por Jimin. — Tentei ligar para empresas que terceirizam trabalho, mas hoje é domingo e parece que ninguém mais está trabalhando. Eu sinto muito.
Jin perdeu a cor do rosto, apoiando-se na parede fria de azulejos brancos para não se render ao chão. Não havia mais como insistir, ele precisava tomar as providências necessárias e terminar com aquela noite logo de uma vez.
— Bom... não adianta ficar dando murro em ponta de faca. Vou até lá me desculpar com os clientes e dizer que, infelizmente, não os atenderemos hoje. — Jin enxugou o canto dos olhos úmidos.
Antes que ele saísse, Jimin segurou o braço de Jin, impendindo-o de desistir de tudo. Seus primos tinham colocado todo amor, esforço e dinheiro naquele empreendimento e o loiro jamais permitiria que eles fossem prejudicados por sua causa.
— Esperem aqui, vamos fazer isso funcionar.
Os três saíram da cozinha. Park foi cochichar algo para Namjoon, que imediatamente se juntou ao namorado. Depois se apressou em chegar até a mesa onde Yoongi e seus dois parceiros conversavam animadamente. O casal observava Jimin explicando algo para aqueles três, que não demoraram muito e se levantaram, acompanhando o loiro até onde os outros dois esperavam.
— Muito bem, é o seguinte. — Park começou a dar instruções. — Vamos fazer dessa inauguração um sucesso. Jin e Jung, vocês obviamente irão comandar a cozinha, preparando os pratos. Namjoon, você será o responsável pela recepção dos clientes que chegarem, acomode-os nas mesas e também cuide dos pagamentos no final das refeições. Taehyung e Hoseok vão trabalhar como ajudantes de cozinha, vão lavar e cortar os ingredientes dos pratos e auxiliar os cozinheiros no que eles precisarem. Yoongi e eu ficaremos no salão do restaurante, seremos os garçons da noite.
Todos ouviam atentamente, acenando em concordância com a cabeça. Jimin se posicionou como um verdadeiro líder, gerenciando os recursos humanos que havia conseguido de improviso.
— Bom, não vamos mais perder tempo. Mãos à obra, pessoal!
E então, cada um tomou seu posto, com SeokJung distribuindo aventais para que todos protegessem suas roupas. Mas antes que o loiro pudesse se afastasse para atender a primeira mesa, Jin o segurou pelo pulso, fazendo-o olhar para si.
— Jimin... — Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto bonito do Kim. — Obrigado...
Park sorriu, abraçando o primo com carinho, passando uma das mãos pelas suas costas, tentando passar toda a confiança que pudesse.
— Vai ser incrível, hyung! Agora vá para a cozinha e faça a sua mágica! Fighting!
Jin enxugou o rosto, sorrindo um tanto aliviado enquanto se afastava. Jimin apertou o avental em sua cintura, entregando uma caneta e um bloco de anotações para Yoongi. Os dois se dividiram, cada um indo para uma direção onde ficavam as mesas, que já estavam quase todas ocupadas.
E assim, aos poucos, o Osu Seiro Mushi começou a ganhar vida.
O aroma delicado dos pratos tomou conta do restaurante, e tudo o que se podia ver eram os rostos satisfeitos a cada porção de comida que era levada à boca.
Jungkook observava toda a movimentação de Jimin pelo salão, impressionado como a forma que ele parecia tão confortável em uma posição que não era a sua de costume. Não precisou estar presente na conversa para entender o que seu namorado tinha feito, colocando seus amigos para ajudar seu primo, claramente, aflito.
Jeon ainda estava em pé, se recusava a sentar-se na mesma mesa que Yeri. Poderiam ter vindo juntos para disfarçar, mas nada o obrigaria a ficar com ela o restante da noite. Tomando uma dose de whisky, ficava ao lado de Namjoon, quando este não estava atendendo os clientes.
Não teve nenhuma oportunidade para ficar a sós com Jimin e conversar, mas os motivos para aquilo eram mais do que compreensíveis, então apenas se limitou a observar cada passo de seu amado.
— No que está pensando? — Namjoon interrompeu os pensamentos de Jungkook.
— O que? Ah... Só pensando o quanto ele é incrível. — Apontou discretamente para Jimin.
— Sim, ele está salvando esta inauguração. — Namjoon suspirou alto, encostando-se na parede.
— O que você tem? Por que está com essa cara?
— Não se lembra que eu ia pedir o Jin em casamento hoje?
— Aigoo... — Jungkook tampou a boca com uma das mãos. — Eu tinha me esquecido! Me perdoa, minha cabeça anda muito atrapalhada.
— Eu sei, não se preocupe...
— Mas você desistiu?
— Olha o caos que está sendo esta noite! Foi quase tudo por água abaixo, Jin nunca esteve tão estressado desde que nos conhecemos. Não acredito que esse seja o momento mais adequado para esse pedido. Eu queria que fosse especial... — Namjoon se lamentou, apertando a caixinha de veludo vermelho entre os dedos longos.
— Não existe esse negócio de momento especial. Especial é o que você está prestes a fazer. Aposto que o Jin vai amar o pedido, independentemente de onde ou quando ele for feito.
Namjoon olhou surpreso para o amigo, não esperava receber uma resposta tão madura de seu dongsaeng. Aquele menino guloso que falava de boca cheia parecia ter virado um homem.
— Tem razão, Kookie... — Deu alguns tapinhas nas gostas de Jungkook.
Enquanto isso, Yeri se remexia desconfortável em sua cadeira. Olhava para as outras mesas, onde dezenas de clientes pareciam extremamente satisfeitos com a comida. As unhas longas tamborilavam no tampo de madeira, enquanto o amigo de seu pai degustava a entrada servida por Yoongi.
Jimin surgiu ao seu lado, carregando duas grandes bandejas de bambu, colocando-as no centro na mesa.
— Perdão pela demora. Espero que esteja do agrado de vocês. — O loiro fez uma reverência antes de se afastar.
— Está se achando o super-herói da noite, não é mesmo, Park? — Yeri se dirigiu a Jimin, fazendo-o parar de andar.
— Não estou fazendo nada sozinho... tenho a minha Liga da Justiça. — Indicou a cozinha com um aceno de cabeça. — E como dizia Clark Kent: Há um super-herói em todos nós, só precisamos da coragem para colocar a capa. — Jimin sorriu sem mostrar os dentes. — Agora os vilões... se escondem na sua covardia.
Yeri encheu os pulmões, prestes a explodir de raiva. Mas antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Jin surgiu atrás de Park, sussurrando alguma coisa que ela não pode ouvir.
Jimin colocou as mãos na cintura, olhando para os lados como se estivesse tentando ter alguma ideia. Até que seus olhos pousaram em alguém.
Sem se dirigir novamente à Yeri, o loiro se apressou pelo salão do restaurante, até alcançar a pessoa que estava procurando.
Jungkook assustou-se quando Jimin tirou o copo de whisky de suas mãos, entregando-o para Namjoon. Ainda sem dizer nada, puxou o moreno pelo pulso, indo em direção à cozinha.
— Jimin, o que está acontecendo? — Perguntou assim que ultrapassaram a porta vai e vem.
— Preciso da sua ajuda... — Respondeu ainda de costas para Jungkook.
— Olhe para mim, Jimin...
Park soltou o pulso do moreno, suspirando em seguida, como se tivesse se rendido ao pedido. Girou sobre os calcanhares, encarando os olhos escuros e profundos.
— Jungkook... Você deve ter reparado que os funcionários do restaurante não vieram e eu tive que tomar providências drásticas.
— Sim, eu percebi.
— Foi uma tentativa de sabotagem e acho que nem preciso dizer quem causou tudo isso...
Jungkook parou um pouco para pensar. Quem poderia ter feito tamanha maldade com o Jin? E como se uma luz se acendesse, seu rosto tomou uma expressão de espanto.
— Ela não seria capaz... — Arregalou os olhos, vendo Jimin dar de ombros. — Isso não pode ficar assim... e-eu...
— Não faça nada, Nochu... Vai ser pior. Não vamos dar palco para ela. As coisas já foram resolvidas, a inauguração está indo bem... Vamos apenas ignorá-la.
— Nochu... — Jungkook suspirou.
— O-o que? — Jimin não estava entendendo.
— Você me chamou de Nochu... Eu senti tanta falta...
— Ah... b-bom... sim... é q-que e-eu... — O loiro tentou disfarçar, coçando a nuca e olhando para os lados, mas as bochechas rosadas o denunciaram. — Enfim... preciso de mais uma pessoa para trabalhar.
— Ok, o que eu preciso fazer?
— Venha. — Jimin deu uma risadinha maldosa.
Os dois foram até um canto da cozinha, onde uma enorme pia de inox estava lotada de louças sujas. Park posicionou Jungkook na frente da torneira, colocando um avental no moreno que ainda parecia perdido.
— Preciso de alguém que lave essa louça. — Jimin disse ao terminar de dar o nó no avental.
— O-o que? Lavar?
— Isso! Sabe, esponja, detergente, água... — Jimin fez gestos imitando alguém lavando um prato.
— Eu entendo o conceito, mas não tenho muita prática.
— Então considere como um treinamento sem custos. — Jimin foi se afastando. — Ah, se quiser, tem um par de luvas de borracha para você não estragar as unhas. — Riu do bico que surgiu nos lábios de Jungkook.
Jeon alternou seu olhar entre a pia cheia de louças, o par de luvas amarelas que estava em uma prateleira e as suas unhas. Refez o trajeto mais umas duas vezes até esticar o braço e alcançar a proteção para as suas mãos de pele delicada.
Pegou o detergente em uma das mãos e a esponja na outra, montando mentalmente um esquema logístico para aquele trabalho designado para si.
— Pense menos e trabalhe mais, Jungkook. — A voz de Jin soou na cozinha, tirando o moreno de seus pensamentos. — Preciso de pratos limpos!
— Ah, sim claro...
E então, Jungkook colocou a mão na massa, mais precisamente, na louça suja. Se concentrou o máximo que podia, não queria fazer nada errado e acabar quebrando alguma coisa. No fundo, ele queria deixar o seu Mochi orgulhoso.
Nochu.
A voz doce de Jimin ecoou nos seus pensamentos, e Jungkook sorriu.
[...]
Algumas horas depois, o restaurante já estava praticamente vazio. Namjoon encerrava a conta das mesas dos últimos clientes presentes, enquanto Yoongi e Jimin terminavam de recolher a louça usada.
Na porta do restaurante, estavam Yeri e Song KangHo, que parecia estar esperando justamente pela pessoa que acabara de surgir da cozinha, enxugando as mãos no avental.
— Kim Seokjin! — O crítico gastronômico chamou. — Queria lhe dar os parabéns antes de ir embora. — Song apertou uma de suas mãos. — A comida estava realmente deliciosa. Você é um cozinheiro muito talentoso.
— Ah, nossa... obrigado, senhor Song! Fico feliz que tenha tido uma boa refeição. Espero que volte qualquer dia desses, será uma honra.
— Pode apostar que eu virei. E vou fazer uma bela resenha sobre este lugar no meu blog gastronômico.
— Muito obrigado, senhor Song! Muito obrigado, mesmo! — Jin fez uma reverência, se despedindo.
Jimin juntou-se a Namjoon quando passava por ali naquele momento, e não deixou de sorrir ao ver o primo radiante. No final, tudo havia dado certo.
— Avise o Jungkook que estou de saída. — Yeri cruzou os braços na frente do peito.
— Ele ainda está ocupado. — Jimin retrucou. — Ainda tem muita louça para ele lavar.
— Lavar? Vocês colocaram o CEO da empresa mais importante do país para lavar pratos?
— Não se preocupe. — Jimin se apoiou na vassoura que tinha em mãos. — Ninguém nunca perdeu as mãos por mexer com um pouco de água e sabão. Se quiser esperar por ele, fique a vontade. — Apontou para uma das cadeiras vazias.
Yeri bufou, jogando os cabelos longos para trás. Olhou para o relógio que tinha em seu pulso esquerdo e depois esticou o pescoço para ver se conseguia ver algum sinal de Jungkook. Enquanto ela tentava se decidir, Yoongi, Taehyung e Hoseok se juntaram ao grupo, todos a observando com cara de desprezo.
— Diga a ele que pegarei um taxi. — Tentou manter a pose altiva.
— Sim, senhorita. — Jimin fez um aceno com a mão. — Tenha uma boa noite. — Sorriu sarcástico.
Yeri apertou os lábios um no outro, ficando com o rosto todo vermelho. Virou-se de costas para ir embora, mas ouviu seu nome ser chamado.
— Yeri... — Era a voz de Jimin. — Já avisei, e vou dizer novamente... Não se meta com o meu hyung.
A Kim ouviu aquilo ainda sem se virar, sentindo os olhares dos seis lhe perfurarem as costas. Seus planos tinham falhado. Pagou uma grande quantidade de dinheiro para os funcionários de Jin, fazendo-os desaparecerem no dia da inauguração. Queria ver o caos ser instalado e, por isso, ainda chamou o amigo de seu pai, achando que uma crítica desfavorável daquele profissional pudesse enterrar o restaurante antes mesmo de começar.
Ela tinha tudo orquestrado, mas Park Jimin não dançava conforme a valsa.
Sem conseguir virar-se para encará-los, Yeri seguiu seu caminho, entrando no primeiro taxi que avistou.
Jimin soltou o ar preso nos pulmões, apoiando as costas na parede próxima de si. Finalmente, e aos trancos e barrancos, a noite havia terminado.
— Jin, preciso ir. Minha esposa e as crianças estão me esperando. Acha que consegue terminar as coisas sozinho? — Jung perguntou preocupado.
— Claro, pode ir.
— E ele não vai ficar sozinho. — Jimin acrescentou. — Ele tem o restante da Liga da Justiça para ajudá-lo.
Todos olharam para o loiro, sem entender do que ele estava falando. Park apenas deu de ombro, rindo sozinho de sua piada interna.
— Boa noite, pessoal. Obrigado por tudo. — Jung fez uma reverência, se despedindo dos demais.
Nesse momento, Jungkook surgiu da cozinha, um tanto descabelado, com as mangas da camisa dobradas até os cotovelos, tentando desamarrar o avental molhado de sua cintura.
— Não estou sentindo meus dedos... — Reclamou. — Mas acho que está tudo lavado.
— Obrigado, Jungkook. — Jin foi até o moreno, lhe dando um abraço. — Na verdade, eu preciso agradecer a todos vocês. Eu jamais teria conseguido isso sem a ajuda. Vocês foram incríveis.
— Que nada! — Yoongi retrucou. — Incrível estava a sua comida.
Jin sorriu satisfeito. Seu grande sonho havia sido realizado. As portas de seu restaurante estavam agora abertas, e ele estava cercado de pessoas queridas.
O sentimento de satisfação parecia inundar todo o corpo do cozinheiro, fazendo-o transbordar em forma lágrimas, que agora escorriam pelo seu rosto.
— Vamos comemorar! — Anunciou Jimin, que tinha ido até a cozinha e agora estava com uma garrafa de champanhe em mãos. — Acho que merecemos depois dessa noite cheia de emoções. Jin, pegue as taças!
— Ah, não! — Jungkook protestou. — Ninguém mais vai sujar louça hoje!
As risadas ecoaram altas no restaurante.
— Não se preocupe, Jungkook. — Jin o confortou, enquanto pousava as taças na mesa. — Eu mesmo lavo o que sobrar amanhã.
Um estalo foi ouvido, seguido do barulho da rolha acertando o teto do estabelecimento. Jimin serviu a bebida nas taças e cada um pegou uma para si.
— Um brinde ao Jin, e seu novo restaurante! — Park celebrou.
— Esperem! — Namjoon gritou, assustando os que estavam a sua volta. — E-eu... gostaria de falar algumas palavras...
Jungkook entendeu na hora o que ele queria dizer. Seu grande amigo de infância, tinha encontrado o momento certo.
Namjoon parecia nervoso. Ele enxugava as mãos na lateral da calça e não conseguia manter o olhar fixo em nada. Hesitante, deu alguns passos até ficar de frente para o seu namorado, que, assim como os outros, estava curioso para saber o que tanto ele tinha para dizer.
— Jin... — Namjoon limpou a garganta antes de continuar. — Eu estou muito feliz de estar aqui esta noite com você. Mais feliz ainda, por você ter me deixado fazer parte desse seu sonho. Mais do que ninguém, eu desejo que você consiga realizar tudo o que você quiser nesta vida. E gostaria que você me permitisse estar ao seu lado para ver tudo isso de perto. — Suspirou, escolhendo as próximas palavras que usaria. — Meu amor, eu sei que pode não ser o momento mais perfeito, sei que talvez você gostaria que estivéssemos cercados de flores e ou que estivéssemos menos suados... mas... aqui... na presença dos nossos amigos... eu gostaria que você me respondesse...
Namjoon então desceu um dos joelhos, até que este encostasse no chão. Jin entreabriu os lábios com a surpesa, já entendendo o que estava prestes a acontecer. Largou a taça na mesa e deixou que sua mão fosse segurada pelo seu namorado, que buscava algo em seu bolso do casaco.
— Jin... — Ele mostrou uma pequena caixa de veludo vermelho. — Você quer se casar comigo?
O Kim mais velho cobriu a boca com uma das mãos, lágrimas escorrendo sem controle nenhum. Yoongi, Taehyng e Hoseok se abraçaram, achando aquele momento a coisa mais linda e sincera do mundo.
Jungkook mantinha suas mãos nos bolsos da calça, sorrindo largamente, todo orgulhoso do seu hyung. Ele podia achar que aquele não era o lugar mais "apropriado", mas ele havia encontrado o momento perfeito.
— Sim, Namjoon. Eu aceito!
E então gritos de comemoração tomaram conta daquele local. Namjoon se levantou, abraçando seu agora noivo fortemente pela cintura, fazendo-o levantar levemente do chão.
E ali, naquele momento único dos dois, se olharam carinhosamente. Jin segurou o rosto de Namjoon com as mãos, fazendo carinho com os polegares na pele lisa. Com cuidado, o puxou até seus lábios se encontrassem, selando aquele compromisso.
— E viva os noivos! — Jimin celebrou novamente, fazendo com que todos se unissem em um grande abraço. Os sete, como se fossem uma família, abençoando aquela união.
Ao se separarem, Namjoon abriu a pequena caixa, tirando de dentro dela, duas alianças douradas. Tomou a mão de Jin e, um pouco sem jeito, colocou um dos anéis em seu dedo. O mesmo fez o Kim mais velho, tendo ainda o cuidado de dar um selar no anel recém-colocado de seu noivo.
— Vamos brindar! — Jungkook levantou a sua taça.
— Aos Kim! Que eles sejam felizes para sempre! — Jimin completou.
E assim, todos pegaram as suas taças, erguendo-as em homenagem ao casal.
A alegria havia contagiado a todos, que sorriam e bebiam em comemoração a tudo o que tinha acontecido naquele dia. O sentimento de dever cumprido e alívio fazendo-os leves mais uma vez.
Yoongi, Hoseok e Taehyung se despediram pouco depois, mas sem antes prometerem que compareceriam a um jantar especial na casa de Jin.
Namjoon abraçou seu noivo por trás, pousando a cabeça em seu ombro, fazendo o outro perceber o quão cansado ele estava.
— Bom... acho que chega por hoje, não é mesmo? — Jin pousou a taça vazia em uma das mesas.
— Podem ir, hyung. Eu termino de fechar o restaurante para você.
— Vou aceitar, Jimin. Meus pés já não estão mais me aguentando. Nos falamos amanhã. — Jin abraçou o primo carinhosamente. — Obrigado, mais uma vez. Você salvou a noite... — Os dois sorriram um para o outro. — Ah... e você, Jungkook. Trate de deixar o meu menino na porta de casa. Não quero ele andando por aí sozinho a essa hora.
— Hyung! — Jimin protestou.
— Pode deixar, Jin. Eu não tinha a intenção de deixá-lo.
— Não esperava menos de você, Jungkook...
Namjoon e Jin saíram do restaurante, caminhando de mãos dadas pela calçada já vazia.
Jimin se levantou da cadeira, dando as costas para Jungkook, juntando as taças que tinham sido usadas no brinde. Fez menção de deixar o local, mas o moreno o segurou pelo pulso.
— Mochi... — O loiro ainda não olhava para Jungkook. — Precisamos conversar.
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Muito obrigada por chegarem até aqui!!
Beijinhos
Até o próximo!!
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