Capítulo 47
Não esqueçam de votar e comentar bastante!
🎰 Boa leitura! 🎲
♠️♦️♣️❤️♠️♦️♣️❤️♠️♦️♣️❤️
Jimin não quis esperar pelo elevador. Desceu apressado pelas escadas, pulando alguns degraus para chegar o quanto antes no hall do prédio. Seu coração batia acelerado, as orelhas queimando a cada andar ultrapassado.
Se sentia frustrado por ter discutido com Jungkook sobre aquilo. Se tivesse tido tempo, teria contado tudo sobre a conversa com Jongin, explicado sobre as assinatura do irmão estarem naqueles documentos e quais seriam os seus próximos passos na investigação. Mas Jungkook colocou o carro na frente dos bois, tirou conclusões precipitadas e Jimin não teve outra escolha a não ser falar mais duramente com ele. Pode até ser que tenha sido rude demais, mas mais do que mexer em suas coisas sem a sua permissão, desconfiar da sua lealdade o ferira por dentro.
Passou pelo porteiro, o cumprimentando educadamente antes de sentir a brisa daquela manhã ensolarada, mas fria. Sem precisar procurar por muito tempo, um táxi encostou para que ele entrasse no banco de trás, e em pouco tempo chegou na entrada da empresa dos Jeon.
Foi autorizado pela segurança e entrou no imponente edifício, indo em direção aos elevadores para encontrar com Namjoon. Mas assim que as portas se abriram, deu de cara com a senhorita Kim Yeri.
— Park Jimin... — Disse entre os dentes, olhando para o loiro a sua frente. — Não vai entrar? — Perguntou ao ver que ele não se movia.
Jimin suspirou, dando dois passos até estar dentro da cabine do elevador. Fez uma pequena reverência para a moça e apertou o andar do escritório de Namjoon.
— Que sorte ter tanta gente querendo você aqui, não é mesmo? —Yeri usou o tom de deboche de sempre.
— Alguns chamam de sorte, outros de competência. — Respondeu sem olhá-la.
— Quanta confiança... — Cantarolou. — Quero ver até onde essa pose vai.
— Senhorita Kim... — Virou-se para ela. — Não se preocupe comigo. Limite-se ao seu trabalho, que do meu, eu só devo satisfações ao CEO.
E antes que Yeri pudesse dizer algo, as portas do elevador se abriram. Jimin saiu, encarando-a novamente.
— Espero que você colabore com as investigações. Assim como você também disse um dia, nada fica no meu caminho. — E enquanto as portas do elevador se fechavam, Jimin deu uma piscadinha para para a ex-noiva de Jungkook.
A nova sócia majoritária estava explodindo de raiva. Já estava de mal humor quando acordou, mas não imaginava que poderia piorar ao ver Park Jimin de volta à empresa. Achou que tinha se livrado dele de uma vez por todas, mas parece que o auditor tinha muitas cartas na manga.
Descendo no último andar, Yeri foi direto para a sua sala, mas ao abrir a porta, teve a maior surpresa daquele dia.
Sem perceber que mais alguém tinha entrado naquele cômodo, Yoongi revirava as prateleira do armário que ficava atrás da mesa de sua supervisora. E ainda sem notar a presença de outra pessoa, o gerente de vendas conseguiu alcançar uma pasta preta no alto do armário.
Sorriu largamente pensando que tinha encontrado o que estava procurando, mas quando abriu a pasta, seu sorriso morreu na hora.
Estava vazia.
— Decepcionado?
Yoongi se assustou com a voz que vinha da porta, deixando a pasta cair ao seus pés.
— Senhorita Kim? Chegou cedo! — Tentou disfarçar. — E-eu estava só... só... é... procurando aqueles relatórios que entreguei ontem.
— Estão na primeira gaveta da minha mesa.
— Ah, claro. — Yoongi abriu a gaveta, tirando um maço de papel de dentro. — Eu vou revisar tudo antes de arquivá-los.
O gerente de vendas foi se retirando do escritório, passando por Yeri rapidamente.
— Diga a ele para desistir desses documentos. — A sócia disse antes que ele pudesse sair. — Eles não existem mais.
Yoongi fechou a porta, se punindo mentalmente por ter sido pego no flagra. Sabia que as chances daqueles documentos não existirem mais eram grandes, mas ter certeza disso era decepcionante. Queria ajudar Jimin e Jungkook a descobrir sobre o desvio de dinheiro, mas isso parecia uma tarefa além do seu alcance.
— Yoongi! — A voz séria do CEO foi ouvida assim que as portas do elevador se abriram, revelando o empresário vestido no seu terno bem cortado de sempre.
Jungkook foi até o seu gerente de vendas, parecendo mais apreensivo do que o normal.
— O que foi, Jungkook? Alguma coisa errada?
— Eu preciso falar com você. Venha até a minha sala, por favor.
— Desculpa, Jeon. Eu preciso falar com Park imediatamente. É urgente.
— Sobre o que se trata?
— E-eu... não sei se devo dizer. Prefiro pedir autorização para ele primeiro.
— Como assim? Eu sou o CEO! O que você precisa falar com Jimin que não pode ser dito para mim?
— É só uma ligação, e resolvemos tudo isso.
Yoongi pegou seu celular, ligando para Jimin para contar sobre a pasta. Mas a chamada caiu na caixa postal, deixando o gerente de vendas em uma situação complicada.
— E então? — Jungkook perguntou.
— Ele não atende...
— Senhores! — Uma voz gentil soou. — Me perdoem por me intrometer, mas o senhor Park está nesse momento em reunião com Namjoon. — A secretária de Jungkook avisou.
Os dois se entreolharam e pareceram ter a mesma ideia naquele momento. Seguiram juntos para o elevador, em direção ao andar inferior, onde ficava a sala do chefe dos advogados.
Assim que chegaram no corredor, Jimin estava saindo com Namjoon, conversando animadamente.
— Jungkook! — Kim exclamou ao ver o amigo. — Tudo certo, Park está oficialmente contratado novamente. Eu tirei aquela cláusula que o impedia de auxiliar a empresa em assuntos que não são pertinentes à auditoria.
O CEO e Jimin trocaram olhares. O loiro encarava o outro sério, ainda chateado pela situação de mais cedo.
Jungkook queria ir até o namorado e tentar acabar com aquele clima tenso entre os dois. Ele se sentia um idiota. Depois de Park ter saído de casa daquele jeito, um arrependimento tomou conta de si. Jamais deveria ter lido as mensagens do celular de Jimin. Aquilo tinha sido um erro. Se arrependia do que tinha feito, mas aquele sentimento forte ainda permanecia. O ciúmes de Jongin ainda era muito palpável, e Jungkook tinha vontade de tirar satisfações com o seu sócio.
— Senhores. — Jimin quebrou aquela tensão. — Precisamos conversar.
— Vamos para a minha sala. — Namjoon ofereceu, abrindo novamente a porta de seu escritório.
Os quatro, agora acomodados ao redor da mesa, estavam ansiosos para ouvir o que o auditor recém recontratado tinha para dizer.
— Bom, eu acho que já adiei essa conversa demais. — Jimin se mantinha sério enquanto falava. — Preciso dividir com vocês algumas coisas que vieram parar na minha mão assim que eu comecei a auditoria aqui. Kim Jongin... — Jungkook fez uma careta ao ouvir aquele nome, fazendo Jimin revirar os olhos com aquela atitude infantil. — Me entregou uma pasta, com uma série de documentos. Alguns contratos de câmbio e diversos comprovantes de transferência de dinheiro para o exterior.
— E esses documentos te pareceram suspeitos? — Namjoon perguntou.
— Os documentos em si, não. Eram todos de acordo com as normas da empresa. Mas o que me chamou a atenção foi a pessoa que assinava boa parte desses papéis.
— Mas esse tipo de documento só é assinado pelo Jungkook, ou algum sócio, ou membro da diretoria. — Namjoon pontuou. — Além dessas pessoas, quem poderia ter assinado?
— Jeon Junghyun. — Jungkook respondeu entre os dentes, cruzando os braços na frente do peito, inconformado com aquela situação.
Namjoon soltou uma risada alta, que morreu logo em seguida quando percebeu que ninguém mais da sala estava achando aquilo engraçado.
— Vocês só podem estar brincando! — O advogado arregalou os olhos. — Faz anos que Junghyun não aparece aqui na empresa. Como e por que ele teria assinado esses documentos?
— A pergunta mais importante aqui... — Jimin voltou a falar. — É se ele tem autorização para fazer esse tipo de transação aqui dentro da empresa, já que, pelo o que eu saiba, ele nunca trabalhou aqui.
— Ele nunca trabalhou, mas já participou de algumas reuniões que tivemos na época que eu assumi o cargo de CEO. — Respondeu Jungkook. — E mesmo ele não trabalhando efetivamente aqui, meu irmão tem cinco porcento das ações da empresa. Foi uma garantia que ele exigiu ao abrir mão da liderança dos negócios. Ou seja, ele tem direito a opinar nas decisões da diretoria.
— Mas ele alguma vez fez isso? — Park questionou.
— Nunca. Tudo o que ele fez foi garantir a sua parte na empresa antes de se mudar para a China.
— China... — Park Jimin murmurou para si mesmo. — Eu tinha me esquecido desse detalhe, Jungkook! — Levantou-se da mesa abruptamente.
— O que isso tem a ver? — Yoongi ficou curioso, assim como os demais.
— Nos falamos mais tarde, pessoal. Eu tenho um almoço para ir.
— O que? Jimin! — Jungkook chamou indignado, vendo que o namorado recolhia as suas coisas e estava pronto para sair daquela sala.
— Não acredito que você vai embora justo agora!
— Me perdoem, mas eu preciso confirmar umas coisas. Nos falamos depois, sim?
— Jimin! — Namjoon chamou. — Teremos uma coletiva de imprensa hoje à tarde. Vamos tentar reverter a queda das ações da empresa por causa dos rumores do término do noivado de Jungkook.
— Ah, sim... Me mande a pauta para eu analisar. Acho que consigo chegar à tempo de assistir. Qualquer dúvida, me escreva, Namjoon.
— Sim, claro.
— Jimin, você...
E não deu tempo de Jungkook completar a frase. Park já havia saído da sala.
— Aish... — Jeon bateu uma das mãos na mesa. — Ele sempre faz isso...
— Jungkook... — Namjoon chamou. — Senti um clima estranho aqui. Aconteceu alguma coisa entre vocês?
O CEO arregalou os olhos com a pergunta, e segundos depois o outro percebeu o que tinha dito. Ambos olharam para Yoongi, que permanecia em silêncio, com os braços cruzados em cima da mesa.
— Por que estão me olhando assim?
— N-nada é que... — Namjoon pensava em algo para dizer.
— Relaxem... — Yoongi deu uma risadinha baixa. — Eu já sei de tudo.
— De tudo? — Jungkook se surpreendeu. — De tudo o que?
— Já sei que Park e você estão namorando.
— Do que você está falando? — Jungkook pensava quando tinha deixado transparecer que ele tinha um relacionamento com Jimin. Havia prometido que o namoro permaneceria em segredo até que as condições fossem mais favoráveis. — Ficou maluco? — Jungkook soltou o ar pelo nariz, dando uma risada sem graça, tentando disfarçar seu nervosismo.
— Corta essa, Jungkook. Nem que você tentasse, você conseguiria esconder essa cara de bobo apaixonado. Está escrito na sua testa "Eu amo o Jimin."
Inconscientemente, Jeon esfregou a testa com a ponta dos dedos, fazendo Yoongi e Namjoon caírem na gargalhada.
— Parem vocês dois! — Gritou. — Me respeitem, vocês são meus subordinados!
— E você é o subordinado do Jimin. — Namjoon atestou, fazendo as gargalhadas ecoarem ainda mais alto dentro daquela sala.
— Aigoo... Eu deveria demitir vocês dois... — Jungkook disse entre os dentes, sentindo o rosto esquentar de raiva e vergonha. Afinal, no fundo, eles tinham razão.
— Desculpa, Kookie. — Namjoon limpava as lágrimas decorrentes do surto de riso. — Eu não resisti.
— Certo, agora chega. — Jungkook bateu umas mãos na mesa, assustando Yoongi que segurava a barriga dolorida de tanto rir. — Essa história ainda está muito mal contada. Jimin disse que esses documentos foram dados por Jongin, mas com quem eles estão agora, afinal?
— Jeon... — Yoongi voltou a ficar sério. — A pasta foi roubada da mesa de Park, durante a viagem de vocês ao Japão.
— Roubada?! — Namjoon e Jungkook exclamaram em uníssono.
— Sim, Jimin deu falta dela logo que voltou. E nós dois temos uma forte suspeita sobre quem pode ter pego.
— Quem?? Fala logo, Yoongi. — Jungkook já estava impaciente.
— A Yeri.
O silêncio voltou a reinar naquela sala. Parecia que tudo tinha parado de se movimentar ao redor deles. Jungkook sentiu a dor de cabeça voltar, só de ouvir aquele nome envolvido em mais uma situação mal explicada.
— E vocês pode provar isso? — Namjoon ponderou.
— Até hoje, não. — Yoongi respondeu. — Mas agora a pouco, quando Yeri entrou na sala, ela me flagrou vasculhando um dos armários. E parecia que ela sabia exatamente o que eu estava procurando, pois me mandou dizer ao Jimin que os documentos não existiam mais. Quer prova melhor que essa?
— Aigoo... Jungkook, Yeri está passando dos limites. Por que ela roubaria documentos assinados pelo seu irmão?
— Isso só reforça a ideia de que ela está, de alguma maneira, envolvida no desvio de dinheiro. — Yoongi concluiu.
Jungkook esfregou o rosto com as duas mãos, tentando organizar todas aquelas informações aparentemente desconexas.
— Eu vou tirar satisfações com ela agora mesmo. — Jeon se levantou da mesa nervoso.
— Espere! — Yoongi o impediu de sair da sala. — Se você for lá agora, ela vai ter a certeza que estamos atrás daqueles documentos e pode, de alguma maneira, tentar bagunçar essa história ainda mais.
— Yoongi tem razão, Jungkook. — Namjoon reforçou. — Vamos esperar os próximos passos de Park. Agora, precisamos nos concentrar na coletiva de imprensa. A queda das ações diminuiu levemente, mas ainda precisamos fazer algo sobre isso.
— Muito bem... então, vamos lá. O que você pensou para essa entrevista?
— Pessoal! — Yoongi interrompeu. — Como esse vai ser o assunto agora, acho que vou me retirar. Tenho uma série de coisas para terminar hoje.
— Sim, claro. Pode ir. — Jungkook autorizou, observando seu gerente de vendas deixar o escritório de Namjoon.
— Bom, como eu ia dizendo... — o advogado começou. — Acho que a coletiva de impressa pode ser bem simples. Não vamos dar muito espaço para mais especulações. Sabe como esses jornalistas conseguem distorcer tudo o que é falado.
— E eu também não tenho muita paciência para isso, não gosto de me expor assim.
— Eu sei, mas vai ser inevitável. Aqui... — Namjoon tirou um papel de dentro de uma das gavetas de sua mesa. — Escrevi algumas coisas que acho que precisam ser ditas. Se quiser modificar alguma coisa, fique à vontade. Só não acho que você deva fazer grandes mudanças no conteúdo. Fiz de uma maneira que não desse muita margem para discussão.
Jungkook passou os olhos no documento, analisando o que ele precisaria dizer na frente da imprensa sedenta por fofocas.
— Acho que está ótimo, Namjoon. Não vou mexer em nada. Como você disse, precisamos dizer o mínimo. Ainda acho um absurdo eu ter que me justificar sobre uma questão pessoal.
— Não vamos abrir para perguntas. Você apenas tem que aparecer na hora, dizer o que foi combinado e sair.
— Certo. Vou para a minha sala, qualquer coisa, me chame.
[...]
Jimin aguardava Jongin no saguão do prédio, local que o sócio de Jungkook chamou de "lugar de sempre" nas mensagens daquela manhã. Olhava no relógio a cada trinta segundos, impaciente com o atraso do outro.
— Park. — Ouviu seu nome ser pronunciado.
— Senhor Kim, prazer em revê-lo. — Esticou o braço para cumprimentá-lo.
— Senhor? Que formalidade toda é essa. Sabe que pode me chamar apenas de Jongin. — Segurou a mão de Jimin.
— Ah, sim... claro, Jongin. — O loiro tirou a mão do cumprimento, um pouco desconfortável. — Vamos?
— Meu carro está estacionado aí na porta, quero te levar em um dos meus restaurantes preferidos.
Jimin foi na frente, sendo acompanhado por Jongin. Dentro do carro esportivo, só conseguia pensar que queria que fosse algum lugar por perto, onde pudessem conversar e voltar rapidamente para a empresa. Mas parece que o outro tinha planos diferentes, pois o loiro podia ver que estavam se afastando cada vez mais daquele bairro.
Jongin estacionou em uma das vagas disponíveis do pátio anexo ao restaurante: o Jihwaja*. Jimin já tinha ouvido falar daquele lugar, um dos mais recomendados da cidade, especializado em comida tradicional.
Adentrando o estabelecimento, que era decorado com simplicidade, os dois ocuparam uma mesa próxima à uma das janelas, que tinham finas cortinas que deixavam a luz natural do dia refletir sobre eles.
— Ah, sabemos o que vamos pedir. — Jongin recusou os cardápios oferecidos pelo garçom. — Vamos querer o Jineobyul Manchan.— Excelente escolha, senhor. Algo para beber?
— Leegangju*, para mim. E você, Jimin? — Jongin olhou para o loiro à sua frente.
— Apenas água, por favor.
— Muito bem, vou levar os pedidos ao chefe. — O garçom disse, já se retirando de perto da mesa.
— O que é Jineobyul Manchan? — Jimin perguntou curioso.
— É um menu de degustação, inspirado em receitas muito antigas, entre 1450 e 1795, composto de entrada, prato principal e sobremesa. É um banquete bem completo, com vegetais, arroz, kimchi, sopa, carnes e frutos do mar, além de uma sobremesa delicada. Espero que você goste! — Jongin contou todo animado.
— Nossa, parece que vamos comer até o anoitecer. — Jimin brincou um tanto nervoso, preocupado com o tempo que teria que gastar alí.
— Não me importaria de passar o resto do dia com você. — Jongin sorriu, apoiando os cotovelos na mesa, se aproximando mais do outro.
Como reflexo, Jimin se recostou na cadeira de madeira, se afastando um pouco, meio sem jeito pela situação em que estava. Nunca se importou em ter gente flertando consigo, mas ali, parecia diferente, parecia errado.
Não conseguia pensar em outra coisa a não ser a discussão com Jungkook naquela manhã. É claro que tinha ficado irritado com aquele ciúmes bobo, mas agora, estando de frente à Jongin, começava a se colocar no lugar de seu namorado.
E mesmo que soubesse que aquele almoço era apenas para discutir questões da empresa, Jimin começava a se sentir mal por estar naquele lugar.
Com as entradas e bebidas servidas, os dois iniciaram, finalmente, a conversa pela qual Jimin esperava.
— Jongin, sobre os documentos que você me deu...
— Me diz que você os encontrou! — Respondeu esperançoso.
— Infelizmente, não. — Jimin viu o outro se encolher levemente na cadeira. — Mas eu tenho algumas pistas sobre isso.
— Quais são essas pistas?— Bom, como eu te disse, a pasta foi roubada de dentro da minha sala enquanto Jungkook e eu estávamos no Japão. Conversando com algumas pessoas que estavam na empresa naqueles dias, eu cheguei em um suspeito.
— Suspeito? Quem?
— Me desculpa, Jongin. Ainda não tenho como provar se foi realmente essa pessoa. Como é alguém de dentro da própria empresa, prefiro manter essa informação em segredo, por enquanto.
— Mas qual seria a relação dessa pessoa com Junghyun?
— Ainda não sei. Aparentemente, nenhuma. Mas eu ainda acho muito estranho o irmão do Jungkook ter transferido tanto dinheiro para o exterior. E é nessa questão que eu quero me concentrar.
Jimin passou os dedos pelos cabelos dourados, chamando assim a atenção de Jongin, que pareceu ter perdido o rumo da conversa.
O advogado aproveitou que os pratos principais foram servidos, e limpou a garganta, tomando um gole de sua água em seguida, despertando o outro do repentino deslumbramento.
A quantidade de comida era realmente grande, mas tudo parecia muito bonito e saboroso.
— E o que você pensa em fazer agora? — Jongin perguntou enquanto se servia.
— Bom... tenho duas questões em mente. A primeira delas, é tentar descobrir como o Junghyun conseguia assinar esses documentos sem estar trabalhando efetivamente na empresa. Mesmo ele sendo acionista, não teria como ele ficar fazendo essas transações de outro país.
— Você tem razão. Também achei tudo isso muito estranho. Acho que o vi apenas uma vez na empresa, em uma das reuniões da diretoria. E pela postura dele, ele parecia não querer nada relacionado aos negócios da família. Naquele dia, os membros da família Jeon mal se olhavam, como se fossem apenas estranhos.
— Por isso que ele fica cada vez mais suspeito.... — Jimin coçou o queixo. — Não tenho mais aqueles documentos em mãos, mas um detalhe ficou bem gravado na minha memória. Uma parte das transferências foram feitas para um banco na China, o CCB**, curiosamente o país escolhido por Junghyun para morar. Apenas uma coincidência?
— Não acredito em coincidências, Jimin. E o que você pretende fazer com essa informação?— Estou pensando se é possível fazer o rastreamento de forma inversa. Tentar recuperar as informações a partir do banco chinês ao invés da empresa dos Jeons.
— E vocês acham que eles liberariam esse tipo de informação?
— Ainda não tenho certeza, mas, quem sabe, com algum pedido oficial da empresa, eu consiga resgatar esses documentos. Estou trabalhando meio no escuro, vai ser uma questão de tentativa e erro. Vamos torcer para que eu não tenha que errar tantas vezes antes de fazer algum progresso.
— Sim, espero que você consiga o mais rápido possível. — Jongin tomou o último gole de sua bebida. — Mas esse negócio do roubo da pasta ainda me incomoda, Jimin. Sei que você disse que não quer revelar o suspeito, mas você acha que seria um cúmplice do desvio? Digo, por que essa pessoa teria interesse em roubar documentos com assinaturas de outras pessoas? E se ela tinha interesse, como ela soube que eles estavam com você?
— Tenho essas mesmas perguntas em mente... — Jimin deu um forte suspiro. — Mas vou respondê-las, nem que seja uma por uma.
— Você fica ainda mais atraente quando fala com tanta confiança, sabia?
Jimin enrubesceu na mesma hora, fazendo Jongin sorrir com a aquela reação. Tentando disfarçar, Park voltou a comer sua sobremesa, mas isso só atraiu ainda mais os olhares do outro sobre si. Alguns fios loiros caiam sobre os olhos e as maças do rosto salientes se moviam de maneira graciosa. Jongin ficava cada vez mais encantado com os bonitos traços do advogado.
E sentindo o olhar pesado sobre si, Park empurrou seu prato, indicando que já estava satisfeito.
— Jimin... — O nome saiu incerto da boca de Jongin. — Eu... — Deslizou uma de suas mãos pela mesa, até que esta pousasse sobre a do outro.
Park ficou imóvel, sem saber como reagiria àquele toque. Olhou ao redor, para ver se alguém os observava, com medo de estar sendo julgado em silêncio. E assim que viu o garçom se aproximar, retirou sua mão de cima da mesa, deixando o outro um tanto quanto decepcionado.
— Jimin, eu...
— Jongin. — Park interrompeu a sua fala. — Eu não sei se tenho passado os sinais corretos para você.
— Sinais?
— Sim, sinais. Acho que talvez você tenha entendido que pudesse fazer algum tipo de aproximação. E acho que precisamos esclarecer alguns pontos antes que criemos um mal estar entre nós.
— Eu não estou entendendo, Jimin...
Park olhou para o homem à sua frente. Não tinha como negar o quanto ele era bonito, o maxilar bem definido e o quanto seus olhos eram sedutores. Mas olhou dentro daquelas orbes escuras, e tudo o que viu foi o rosto de Jungkook.
Era o rosto dele que Jimin queria ver de perto.
— Eu não posso, Jongin... — Disse baixinho.
— Não pode o que? — Jongin não estava facilitando.
— Não podemos nos envolver, além das questões da empresa. — Jimin desabafou, desviando o olhar para a janela com vista para a rua.
— Ah... é isso... — Jongin se recostou na cadeira. — Eu não sou interessante para você?
— Não é bem isso... — Jimin ficava cada vez mais vermelho. Ter que se explicar sem entregar a verdade estava sendo mais difícil do que imaginava. — Você parece ser um cara incrível, mas...
— Me deixa te mostrar o quanto eu posso ser incrível. Você ainda não viu nada... — Jongin tentou tocar o rosto de Jimin, mas este desviou.
— Não posso... eu já tenho alguém.
O sócio de Jungkook entreabriu os lábios, surpreso. Realmente não esperava que Jimin já estivesse em um relacionamento, e a decepção não poderia ter sido maior.
— Entendo... Já faz tempo?
— Não, é bem recente... — Jimin se ajeitou na cadeira, um tanto desconfortável.
— Não me diga que é...
— Desculpa, Jongin. Mas a minha vida pessoal só diz respeito a mim.
— Um homem cheio de mistérios... como não se apaixonar...
— Por favor... eu...
— Tudo bem, Jimin. Eu entendo. — Jongin tranquilizou o outro enquanto entregava seu cartão de crédito ao garçom para pagar a conta. — Que pena que cheguei tarde... Espero que ele te faça muito feliz.
— Obrigado. — Park sorriu envergonhado.
Os dois se levantaram, prontos para voltarem ao trabalho. Mas antes de entrarem no carro, Jimin se deu conta de algo.
— Espera! Quem te disse que é "ele"??
Com a porta aberta do carro, Jongin riu, achando graça da dúvida estampada no seu rosto.
— Segredo... Eu também tenho os meus mistérios, Jimin. — Deu uma piscadinha antes de entrar no carro e assumir o volante.
Park também riu, conformado por saber que não poderia exigir uma resposta para aquilo.
A viagem de volta foi feita em silêncio, mas o clima entre os dois era confortável. Mesmo um pouco apreensivo por desconfiar que Jongin sabia de algo, Jimin estava feliz por ter esclarecido a situação. Agora, talvez, Jungkook se sentiria mais seguro.
Mas os dois precisavam conversar seriamente sobre confiança. Jimin tinha cedido dessa vez, mas não iria passar a vida se justificando para os outros por causa de ciúmes de seu companheiro.
Passar a vida...
Jimin repassou a frase, se surpreendendo com seu próprio pensamento. Estava cogitando mesmo passar o resto de sua vida ao lado de Jungkook?
Aquilo o deixou um tanto agitado, não por ter dúvidas sobre o seu amor pelo namorado, mas pelo medo de como as coisas estavam indo rápido. Não tinham, se quer, assumido o relacionamento publicamente e estavam no meio de uma situação que estava longe de ser resolvida. Mas projetar um futuro com Jungkook não parecia ser tão errado e Jimin conseguia se ver envelhecendo junto ao outro.
Park foi tirado de seus devaneios pelo seu celular que vibrou em seu bolso. Era uma mensagem de Namjoon, avisando que a coletiva de imprensa começaria em 10 minutos.
— Jongin, será que poderíamos ir mais rápido. A coletiva de imprensa já vai começar e eu quero estar presente.
— Sim, claro.
Jongin acelerou seu carro, pegando rotas alternativas para fugir do trânsito e chegar à tempo.
E como se tivessem cronometrado, os dois entraram no prédio apressados, se deparando com o hall de entrada tomado por cadeiras, posicionadas de frente à uma mesa retangular.
Não havia mais onde sentar, todos os lugares tinham sido tomado por dezenas de jornalistas e fotógrafos de diferentes canais de comunicação.
Jimin ficou atrás de todos, em pé, um tanto apreensivo por saber que Jungkook enfrentaria uma avalanche de questionamentos.
Olhou ao redor em busca de seu namorado, mas ele não estava à vista. Mas uma presença chamou bastante a sua atenção, na verdade, duas.
Jeon Jihoo e Kim Wonshik estavam em pé, lado a lado, próximos à mesa que deveria ser ocupada por Jungkook e Namjoon.
♠️♦️♣️❤️♠️♦️♣️❤️♠️♦️♣️❤️
*Jihwaja = Restaurante de comida tradicional coreana localizado em Jongno-gu. Todos os detalhes do local e do cardápio serão colocados no meu Twitter.
**Leegangju = Tipo de soju feito de arroz com pera e gengibre
***CCB = China Construction Bank, um dos quatro maiores bancos da China.
♠️♦️♣️❤️♠️♦️♣️❤️♠️♦️♣️❤️
Olá, flores do meu Bellagio.
Estou de volta depois de uma longa pausa. Peço perdão pela demora, mas fiquei realmente muito ocupada. Trabalhei fins de semana, fiz horas extras e o tempo livre para escrever, simplesmente desapareceu.
Muito obrigada pela paciência e por não desistirem da fic!
As atualizações tardam, mas não falham!
Espero que tenham gostado do capítulo!
O que vocês acham que vai acontecer na coletiva de imprensa?
E os Jikook? Será que vão reatar?
Beijinhos!!
E até o próximo!
Ah!! E para finalizar, eu gostaria de dedicar este capítulo a JeonJhoo Minha fadinha panfleteira, que tem se dedicado muito à Las Vegas.
Obrigada, Jhoyce, por toda a ajuda e carinho que você tem me dado.
Deixo aqui esse pequeno presente para você.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro