※ Capítulo 18
Capítulo 18
A morte
Eu estava com ele naquele hospital, ele segurava a minha mão forte, sentia que sua vida estava indo, e eu não poderia fazer nada. Simplesmente Nada... A pessoa que eu mais amava na minha vida estava naquele local sentindo todo o sofrimento do mundo, era ele e eu sempre foi assim, mas agora eu não conseguia fazer nada para tirar ele daquele leito, daquele sofrimento.
Já não conversava, era somente delírios, a dor? Era amenizada com doses assentuadas de morfina.
Me liberaram do seminário com meus 17 anos tinha que suportar, e precisava ajudar quem mais amava a sobreviver a tudo aquilo.
Sentado naquela cadeira como acompanhante dele, olhava a sua foto, naquela mesinha de hospital, tudo que lhe restou, ele era muito belo, como eu, e tinha uma saúde de dar inveja em qualquer um, tudo isto esta maldita doença levou, o cancer . Estava acabando com ele.
Eu? Já tinha passado por todos as fases do sofrimento.... As irmãs do convento todas acompanhavam meu drama de perto. Meu irmão, estava se esvaindo em vida. Ela ele e eu, eramos órfãos. Quando decidi pela vida cristã, pelo sacerdocio, ele prontamente aceitou me ajudou em tudo, os planos que ele queria para a vida foram freados pelo destino.
— Irmão, quando crescer, serei um médico, e você um advogado, dizia ele. Eu vou salvar vidas e você vai defende-las. Tentamos administrar a herança , mas sofremos um duro golpe do nosso tutor, um tio distante, ficamos pobres, lutamos com todas as forças. Eu descobri que queria ser um Padre, a vida de devoção começava a me encantar, advogado? As vezes precisamos defender erros, e livrar pessoas que merecem punição. Não queria isto pra mim, queria ajudar as pessoas, e entendi que era um ótimo conselheiro.
E também amava ler, amava a bíblia e tinha grande facilidade a aprender novos idiomas, francês, italiano, inglês e português e o tão amado latim, tudo aprendia, parecia que era algo normal ao meu ser.
Um dia contei a ele. Irmão Quero ser um padre! Tinha os meus dezesseis e ele estava com seus vinte anos. Ele ficou em silencio, depois olhou no fundo dos meus olhos, guardo aquele olhar até hoje.
E disse: — Fechou, querido irmão, eu vou salvar vidas do modo físico e você salvará no modo espiritual.
Pena que não deu tempo, ele estava nos primeiros anos de medicina, quando a tão terrível doença se alastrou de modo silencioso no seu corpo, e quando descobriu já estava avançado...
Meu irmão por natureza era uma pessoa que gostava de cuidar do corpo, isto trouxe-lhe uma sobrevida, pois a doença o definhava, tentamos de todos os modos buscar tudo que pudesse cura-lo, tudo mesmo, gastamos o resto do dinheiro que ele tinha guardado para estudar medicina... Eu já era um seminarista...
Meu irmão estava indo... Era os seus últimos momentos....
Já estava muito magro, o Doutor, disse para mim.
Seu irmão esta sentindo muitas dores, a doença esta avançada, iremos aplicar sedativos nele e provavelmente ele não retorne... Assim que ele acordar se despessa dele.
O doutor, olhou-me abaixou a cabeça e foi para o outro quarto...
Meu irmão estava retornando. E eu um jovem de dezessete anos tinha que conviver com aquilo, era um momento. O momento mais desesperante da minha vida.
Ele abriu os olhos, estava involuntariamente tremendo... Já estava pele e osso. Os olhos? Continuavam os mesmos, parecia que tinha ternura ali. Com as forças que lhe restaram pegou no meu braço, eu sentei naquele leito e disse.
— Vai dar tudo certo irmão, vai passar, se pudesse eu trocava com você, mas não posso.
— Me dê a extrema unção, estou indo...
— Não amado, eu não sou Padre ainda, e você não vai ir, você não pode me deixar: — Eu te amo e você é tudo pra mim, não me deixe.
— Me dê a estrema unção Fábio, eu não suporto mais, esta doendo muito...
— Eu nem sabia como fazia, fiz um sinal da cruz nele...
— Salve vidas tanto fisicas quanto espirituais, disse e fechou os olhos... estava muito fraco... O sedativo estava fazendo efeito, não foi naquele exato momento que ele partiu, mas foi naquela noite, senti o ar, que demonstrava que algo estava sendo degradado em vida. Foi aquela sensação que tive daquele local.
Voltei para o convento, tinha uma ala de freiras e outra de seminaristas. Naquele dia todas as alas se juntaram, todos sofreram junto comigo a minha dor. As ultimas palavras do meu irmão foram. Salve vidas tanto físicas quanto espirituais, a partir de então as únicas recordação que tive dele foi a foto que você pegou no meu quarto Amélia.
Amélia escutava a história chorando, Lara chorava também, A Madre conhecia a história controlou o choro.
— Vamos ao seu quarto Padre, nós quatro procurar a tal foto. Pode ser que por um equivoco alguém pegou por engano. Estes dias uma irmã, com autorização minha entrou lá trocar os lençóis de banho.
O Padre chegou perto da Madre e cochichou: — Estava dentro da minha gaveta de calções de baixo... Eu sei que vai esta irmã fazer limpeza, e nunca que ela iria lá.
Olhou para a Amélia, a Madre superiora tentando compreender, que a situação era de um constrangimento.
—Não foi você irmã Amélia?
— Não irmã, por tudo que há de mais sagrado não foi eu... Eu tive um incidente, fui fechar a porta do quarto dele e só irmã, não sairia fuçando nas coisas dos outros, como não gosto que mecham nas minhas coisas.
E foram as três irmãs, munidas de velas, pelos corredores até aquele quarto do Padre Fábio, em outro momento era o quarto das lamentações, procuraram por tudo, reviraram todo o quarto.
Lara conhecia muito bem cada espaço daquele comodo. Amélia ficou assustada com a claustrofobia que causava-lhe, e também a quantidade de livros que estavam dispostos lá, de várias línguas, o Padre olhava-a desconfiado, a Madre já cansara de procurar, parou e ficou olhando o espelho.
Ao olhar o espelho, analisou, sim, dava direto a aquela mesinha.
Ficou observando, e começou a entender. E disse.
— Amanhã, eu resolvo isto, certamente não foi a Amélia que pegou a foto do seu irmão, desconfio de outra pessoa, vou tentar com todas as minhas fotos recuperar ela, pois sei o quanto amava o seu irmão. A Madre acompanhou todo o drama, ela era uma das freiras da ala ao lado, tal como Antônia também era...
Todos retornaram aos seus quartos. A Madre deitou na cama, claro que não conseguia dormir. E sabia muito bem onde a ordinária estava, precisava colocar em pratos limpos aquela história.
Saiu.
Foi ao celeiro, ela já sabia dos encontros a escondida daquele freira má, do mesmo modo que ela estava a incurralando, a madre superiora também o estava.
Chegou.
Escutou toda a sem-vergonhice, encostada na porta do celeiro, alguns momentos dava-lhe repulsa, faziam barulho tais como dois animais, e uma vela acusava a presença dos dois naquele local.
— Olhou pelos fundos saiu o jardineiro, e esperou ver se ela saia... Não saiu era pela frente....
E saiu.
A Madre superiora, pegou nas mãos dela, a Freira má se assustou.
— Sua vagabunda ordinária, devolva o que pegou e agora, senão eu lhe pranto a mão na cara aqui e agora!
A freira má, entenderá que era algo associado a carta que em outro momento pegou, e disse.
— A carta que você declarava ser uma profana? Com filho enganando este convento de irmãs santas.
— O que você quer falar de santidade? Pensa que eu não sei que rola tal qual uma cadela no ciu com este jardineiro? O seu voto irmã? Mas não é disto que estou falando... E você sabe muito bem. Devolva, sua vagabunda!
Devolvo nada, e rolaram na grama naquela madrugada escura... A Madre superiora proferiu um golpe no rosto da freira Má, e tentavam uma machucar a outra, quando um farol cortou aquela cena deprimente.
A buzina também.
A Madre superiora se levantou debatendo a sujeira da roupa, a Freira má saiu correndo, para o quarto, sentiu que tinha machucado o rosto.
Uma freira gritava:
—Pelo amor de Deus abram o portão....
Ela viu os outros tripulantes daquele caminhão de guerra, adaptado para serviços médicos.
A Madre Antonia e ele...
Correu, buscou a chave do cadeado do portão, neste instante o convento inteiro já estava acordado, era umas quatro da manhã...
Lara se achegou perto do portão, e lembrou de ter visto aquele rosto. Era o pai do seu amor? Tentava lembrar, no portão aquele, dia... Será?
O motorista entrou com o Carro.
Abriu-se a parte de trás...
A Madre superiora se assustou, ficou pálida, Lara foi mais enfática chegou na maca e gritou:
—Não! Nestes instantes que pareciam horas, o Padre Fábio já estava no meio do tumulto.
— Levem no para um quarto urgente.....
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