Capítulo 10

Quando estava saindo da sala da Madre, Amélia já me esperava.

— Irmã Lara, pensei que não iria mais voltar da sala da Madre.

— Pois bem, querida Amiga, estou aqui firme e forte.

— Que bom irmã Lara,fiquei muito preocupada. O que a Madre disse?

— Ela não disse nada muito grave, mas ela me colocou por dois dias no quarto das lamentações.

— Será que é pelos boatos ao seu respeito que estão se espalhando entre as irmãs?

— Que boatos?

Amiga já repreendi duas irmãs que vieram comentar comigo, agora evitam comentar quando estou por perto, mas de longe sei que comentam.

— Comentam o que Amélia? 

— É melhor que nem saibas é melhor você se preparar para o quarto das lamentações e não ficar sabendo de boatos. Creio que é inveja pela beleza que tens as irmãs sempre foram um pé atrás contigo.

— Não sei o que faço para agradar elas, sei que tenho até fama de antipática entre elas, todavia tento de todos os modos contornar isto, amada Amélia.

Já no quarto Lara arruma a toalha o chinelo e um pijama, também um vestido simples de malha de tom branco, seriam estas as únicas coisas que veria no quarto das lamentações.

Quando aceitou ser noviça daquele convento. Aceitou também suas regras. O quarto das lamentações era um quarto simples com uma cama e um banheiro somente. Neste lugar a irmã teria que refletir alguma passagem bíblica selecionada em um período determinado. Ou seja, ficaria em isolamento, fazendo uma leitura guiada bíblica. As irmãs cochichavam entre as outras que ir para o quarto das lamentações significava que a 'convidada' fez algo errado.

Parecia uma prisão, pois o alimento seria deixado somente uma vez ao dia, o jejum faz parte do processo de purificação da alma. A irmã era proibida de falar, a não ser preces e rezas.

A punição para quem não seguisse as regras? Bastante severa: A expulsão do convento.

— Como pode te colocar no quarto das lamentações, Lara? Diz a Amélia em tom triste.

— Você é a única amiga que tenho aqui. Vou sofrer nestes dois dias que ficarei sem você.

— Calma irmã, aceito de bom grado, vou meditar e rezar, também farei minhas preces, para isto que adentrei neste convento, para a minha purificação.

Neste instante entrava uma freira que trabalhava em outro setor do convento e falou deste modo:

— Vamos Lara. E foi desta maneira que a noviça se despede de Amélia.

A freira olhou ao pescoço de Lara e disse:

— Isto deve deixar aqui, tirando de modo bruto a pulseirinha (colar) com o pingente do pescoço da noviça Lara.

— Mas é a virgem santíssima.

A irmã averigua o pingente e diz:

— Pela virgem santíssima até poderia é por esta outra imagem. Abria o pingente na imagem da mãe da Lara.

— Os momentos no quarto das lamentações são para você se aproximar de Deus através do jejum e das preces. Sua família Lara, ficou no outro lado dos muros deste convento.

Lara chorava ao tirar dela seu pingente e pulseira. Quando entrou no convento prometeu para a sua mãe que as duas estariam sempre unidas através deste objeto.

— Calma Lara, são só dois dias. Amélia a animava-a.

— Dois dias? Dependerá do seu comportamento. Você irmã é uma alma atormentada precisando que o amor de Deus te liberte.

— Sim Amada, preciso de Deus e do seu infinito amor. Foi Lara para o seu calvário, quieta, os seus passos no piso eram ouvidos nos corredores do convento, as irmãs saiam nas portas dos quartos, olhar a cena e cochichar entre os ouvidos uma das outras. Chegando no quarto, a irmã abriu a porta. Lançando-a para dentro daquele clausulo frio. Lara olhou para trás e viu a porta se fechar.

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