Capítulo 46
Uma das coisas mais bonitas é entender que a espiritualidade é muito particular de cada um. O sagrado está justamente em respeitar o outro. O casamento é um dia para celebrar o amor, a fé e a espiritualidade, e a Cerimônia Sagrada acolhe todo tipo de amor, inclusive homoafetivo. Já fizemos até casamento trans. Sabemos que muitas tradições não acolhem esse tipo de união, mas o que fazemos é uma cerimônia que respeita a forma de ser e de amar de cada um", finaliza Freya e Darioo que são aplaudidos no final pela maioria dos lupinos.
E eis que batemos o recorde de padrinhos e madrinhas em um só casamento, também um casamento duplo, só poderia ser assim mesmo... Quanta gente linda pra fotografar...
Diversas Lupinas se ofereceram para ser damas de honras, e como o nosso clã tem velas lobas aceitamos, talvez assim incentivamos mais uniões entre nos.
Dois buquês lindos arremessados... As loucuras de quem quer muito contratar a fotografar pra registrar seu casamento ficou totalmente por conta da Megan e seu coven de bruxinhas animadas e muito travessas! Mas só sei que teremos que fazer regras quando as travessuras das bruxas nos casamentos.
Sarah quem diria enfeitiçou os buquês e ter mais de trinta lobas saltando a mais de três metros de altura por causa deles, não foi algo fácil de esconder da imprensa e dos humanos!
— Agora que as fotos protocolares ja estão todas prontinhas, hora de curtir a festa e animar um pouco isto aqui e fazer uns registros mais espontâneos dessa galera de lobos. Explicam Megan e Sarah sorrindo com cara de quem vai aprontar. Bruxas ninguém pode com elas!!!... — E olha que não foi fácil, os noivos por exemplo são comportadinhos, nem beber não bebem... Gritaram as duas olhando para mim e pro meu pai.
— Juro que tenho vontade de arrancar cabeças hoje a noite! Rosnei mal acreditando em tudo que ocorria em meu casamento.
— Melhor respirar fundo sobrinho. Grita Marcos dançando no meio de todos.
O amor de um homem por uma mulher é muito mais profundo e verdadeiro quando a deusa Selene acontece primeiro na vida do casal.
Hoje eu sei o quanto é bom saber que existe alguém para amar e sentir o carinho com expressão desse amor, principalmente se ele é verdadeiro e alicerçado em uma promessa de fidelidade e respeito por parte dos dois que se amam e querem fazer desse amor um exemplo de relacionamento alimentado pelo carinho dos deuses em nossas vidas.
Apesar de todas as dificuldades que enfrentamos, o amor que sentimos um pelo o outro e a confiança que temos nesses deuses que nos uniram é muito maior que qualquer coisa que possa surgir para tentar tirar a certeza que temos em nosso coração. Meus pensamentos se perdem no sorriso da minha amada Cat.
— Eu quero que todas as coisas sejam sempre lindas e pacíficas entre mim e Catherine.
Querida fada dos lobos quero que saiba que sempre, nunca, nada vai me fazer esquecer o valor que você tem em minha vida e por tudo isso e muito mais, nunca espere de mim outra coisa se não o amor que eu sinto e tenho por você. Sussurrei entre os muitos beijos que trocamos durante a nossa festa de casamento.
Amor! O que eu aprendi com o novo casamento do meu pai...
Aprendi muitas coisas sobre o amor com o casamento dos meus pais e agora com esse novo casamento dele. Mas, a maior lição é que o amor não se transforma! Ele não se transforma em amizade, em companheirismo, em paz, em vida que segue, em ódio, o amor não se transforma em nada! Transformou-se? Sinto muito, não era amor, era outra coisa!
Pra quem diz que paixão não é amor, tenho outra informação, que aprendi com o casamento desses dois ao nosso lado: O amor precisa da paixão, como eu e Cat precisamos de oxigênio. Essa coisa de que paixão acaba é balela. Se ela acabar, o amor se transforma e aí... Lá se vai o amor, que nunca foi amor!
Percebo pelos olhos desse dois que há uma paixão escondida, algo que não teve como continuar nem sei se foi por um outro amor avassalador ou apenas mais uma peça pregada pelo destino.
Quem conheceu, conviveu ou convive com eles agora devem estar se perguntando... Como assim amor? Eles ainda se amam? Como se os mesmo resolverão se separar no passado. E eu sei explicar isso.
Única coisa que eu sei é que sim existe amor entre esses dois, Não um amor como meu pai sentia pela minha mãe, mas um amor mais calmo e sereno. Um fala A o outro responde B. Um é de ficar o outro é de ir, um segue todas as regras o outro não tem medo de nada, um é 110, o outro é 220, enquanto a Esther ensina, o meu pai prendi ou arrebenta tudo pela frente, enquanto a serenidade não tem hora pra acabar, o relógio do outro tocava cedo pra mais um dia de dupla jornada arrastando milhares de novos soldados lupinos para o treino todas as manhãs. E como assim amor?
Sim! Amor! David e Esther se abraçavam sem motivos, se beijavam na boca a qualquer hora do dia e da noite, assistiam os lupinos lutando de mãos dadas, se olhavam com amor, se orgulhavam um do outro e se aceitam como são. Reclamam? Todo santo dia! E nem sei quantas vezes desejei que eles se resolvam em uma luta no jardim da mansão, mas isso, foi quando eu ainda não sabia exatamente o que era essa forma de amar, estava aprendendo que existem diversas formas de amor na verdade.
Aprendendo que o amor entre o meu pai e a minha madrasta não era mil maravilhasas e bem diferente do que era com minha mãe, era torto, como o amor deve ser, pra suportar todos os impactos, pra unir pontas soltas, pra curar o que não sara, reaproximar o que estava por se perder. Aprendendo ainda que o amor não tira férias, dorme às vezes, mas o sono é leve. E que de repente, sem mais, nem menos aparece forte e inabalável, preso num abraço, ou exposto no perdão de quem sabe o que é amor.
O amor não é verdadeiro ou falso, grande ou pequeno, forte ou fraco e nem cabe num coração. O amor cresce em qualquer direção, se instala, se multiplica e é pra ser vivido com tudo o que a vida tem de bom e ruim, e na melhor das hipóteses ele pode durar mil anos, como aconteceu com o nosso amor pela a nossa deusa e a nossa vida lupina...
E quando eu me pergunto como o fato de testemunhar esse amor refletiu na minha vida, respondo a mim mesma, bem depressa: Graças a esse amor, não me contento com nada que não seja parecido com o amor do meu pai por nossa alcateia, porque amor e doação... conheço desde que eu nasci!
Erguemos nossas taças e sou eu que faço o discurso final.
— Hoje é o dia de celebrar o casamento de duas pessoas muito especiais para mim, uma que amo desde que nasci e outra que conseguiu a minha admiração e respeito, e por que não dizer amor.
Queridos pai e Esther, primeiramente quero parabenizar vocês pela sábia decisão de unir mais ainda a nossa alcateia e dizer que o amor de vocês dois deve inspirar muito a mim, como muito lupinos aqui presente e acredito que a todas as pessoas ao redor. Pelo menos é o que espero! Todos sorriem e aplaudem entusiasmados. — Vocês são seres incríveis que me ensinaram muito e por isso, serei eternamente grato. Ver o amor de vocês acontecer dia após dia foi e ainda é algo muito bonito! E por que não dizer estranho, mas deixa pra la... Novas risadas e vejo Esther ficar vermelha, e Deva me olhar feio. Amo minha irmã marrenta!... Nossa rivalidade só aumenta...
Que venham mais anos e anos de muita felicidade e claro, de muito amor!
Amo muito vocês! Amo toda essa alcateia!...
E olhando em volta e ver todos felizes, curtindo a tão sonhada paz me faz ter a certeza que todas as minhas decisões que tomei nessa longa jornada apesar de alguns erros foi a mais correta que fiz em toda a minha existência.
Ter a minha tão sonhada e amada mulher em meus braços enquanto deslizamos pelo salão de dança me faz sonhar acordado. E poder sentir nossa filha dentro do seu ventre é uma experiência única.
Olho diversas vezes em seus olhos e sei que Catherine que me dizer algo, mas ainda não teve oportunidade ou coragem suficiente para me dizer.
Assim que a maioria dos convidados estiverem ido embora vou leva-la ao nosso canto secreto, o mesmo que a levei diversas vezes em nossos encontros amorosos, mas por causa do perigo tive que apagar a sua memoria. Sei que corro o risco dela me afogar naquele lago, mas o risco com certeza vale a pena.
— Alec o que tanto pensa meu amor? Catherine me pergunta depois de um tempo.
— Em tantas coisas, mas a principal sempre será você meu amor. Mais tarde tenho uma surpresa para você. Digo sorrindo. A beijo diversas vezes e somos cumprimentados outras mais.
Após uma longa recepção entre amigos, familiares e conhecidos, a festa começou a ficar mais calma e tranquila, apenas os mais íntimos. Saí de perto de uma roda de lupinos que falam mais bobagens que tudo depois da quantidade de vinho ingerida... A casa estava muito bem decorada graças as amigas de Cat... A observava de longe sorrindo e encantando a todos com seu perfume adocicado.
— Que tal desaparecer um pouco. Disse a segurando firme pela cintura assim que passou sorrindo distraidamente por mim.
— Não podemos tem muitas pessoas ainda e...
— Bobagem Catherine na verdade todos já estão esperando por isso, ou não percebeu como todos nos olham a algum tempo. Ela nada discreta deu uma olhada a nossa volta e percebeu os risos e cochichos de todos. O que andou dizendo ou melhor fazendo senhor Kouris?
Acabei revirando os olhos pois ela sabia que eu detesto ser chamado de senhor Kouris, esse título será eternamente do meu pai. Antes de dizer nada Cat rosnou para mim o que me fez sorrir.
— Não revire os olhos para mim Alec ou eu não respondo por mim.
Na verdade estou amando essa fase animal selvagem da Cat e ela nem imagina por que!!!
— Vamos só sair e pronto meu amor. Quero lhe mostrar um lugar especial para nós dois. Afirmo a abraçando com carinho. — Além disso preciso lhe contar algumas coisas, na verdade, preciso te confessar algo. Digo ficando sério e Catherine me encara desconfiada.
— Por que será que sinto que não vou gostar do que tem para mim dizer. Se for algo ruim melhor ficar em alerta Alec... Eu acabo com sua raça! Explicou com mais um rosnado.
Pelos deuses como Catherine fica sex rosnando como uma Luna!... Suspiro ficando excitado mais ainda.
— Então venha vamos correr pela floresta e... Pego em sua mão e ela para me olhando estranho.
— Como vou correr com esse vestido? Posso saber? Diz me mostrando o vestido de noiva.
Nessa hora tive uma imensa vontade de rasgar todo o vestido, mas percebi que os outros lobos também estavam ficando tensos. Quase que imediatamente cortei a minha ligação com a alcateia, dividir minhas emoções e sensações com todos nunca me foi agradável, principalmente meus momentos íntimos com minha amada.
Iriamos mais para o fundo do nosso bosque para dar uma arejada na mente e conversar, precisava contar muitas coisas a ela ainda. Olhei em volta e rosnei alto, minhas garras surgiram, em uma velocidade que somente eu possuo cortei os vestido de Cat até a altura das coxas. Ela me olhou abismada e pude ver o brilho de raiva em seus olhos. Tive que segurar minha risada...
— Alec ficou louco? Sabe quanto custou esse vestido?
— Te compro mil melhores que esse! Agora venha logo, antes que sejamos interrompidos por qualquer coisa. Corremos em direção do bosque sobre os olhares e uivos da alcateia.
Em segundos chegamos em uma clareira, Cat não teve dificuldade alguma de me acompanhar e ela sorriu com essa descoberta.
Fomos ao centro do bosque da nossa família, onde comumente costumo refletir, pensar na vida, nas coisas grandes que os Deuses fizeram, e renovar as energias. Ouvia música e observava a paisagem, com as montanhas a perder de vista, a diversidade incrível da mata, o barulho de água, sentia a brisa suave que batia em minha pele quando corria na forma humana ou lupina, e juro não sei qual eu gosto mais. Quando olhei em volta Cat havia desaparecido, fiquei em silencio apenas ouvindo o seu som pelo bosque a minha volta, ela estava correndo e testando a sua mais nova habilidade.
Então, fui surpreendido com som de folhas sendo amassadas bem atrás de mim por movimentos rítmicos relativamente rápidos que não poderiam ser produzidos pelo vento ou outro elemento da natureza. Ela realmente acreditou que poderia me surpreender, mas vou deixar que acredite.
Certamente, era ela se movendo a passos rápidos, seu cheiro era inconfundível para mim. Quando dei por mim, passou do meu lado. Era uma das maiores maravilhas que os Deuses haviam feito. A mais bela mulher, linda, fazendo a sua corrida com seu vestido de noiva parcialmente inteiro sendo suavemente levantado pelo vento. Talvez seja só comigo, mas eu costumo reparar nos detalhes quando olho para ela. Vi os contornos da cinturinha, as pernas, a panturrilha, o bumbum redondinho, a marquinha da calcinha que fazia um "v" no começo do bumbum e, lá pelo meio, desaparecia "misteriosamente" nas profundezas daquele lugar inexplorado (ou pouco explorado), onde qualquer aventureiro gostaria de estar, mas que agora pertencia somente a mim. E como em toda aventura, é preciso se arriscar. No meu caso, eu fingi um susto; e quase caí no chão por isso.
Mas, chamei a atenção de minha companhia inesperada, a qual, por outro lado, realmente se assustou com meu fingimento. Catherine parou de correr, meio ofegante, com as mãos no joelho, levantou a cabeça e perguntou sorrindo se eu realmente havia me assustado com a sua chegada.
Eu respondi a verdade. Ou seja, respondi que me assustei com a beleza dela, mas que, passada a surpresa inicial, agora só restava admiração; Ela abriu o mais belo sorriso. Nunca pensei que poderia amar uma mulher dessa maneira em minha vida lupina... Aquele bosque e sua mata misteriosa feita por meus ancestrais nunca estiveram tão bonitos.
Para minha sorte, Cat estava meio carente e curtindo um tempo sozinha, assim como eu. Tudo culpa de suas amigas bruxas que tiveram a brilhante ideia de nos separar por três dias, disseram que era para aumentar o desejo. Como se isso fosse preciso, eu e o meu povo somos lupinos sentimos desejos todo o tempo, só enlouquecemos quando nossa companheira entra no cio ou melhor em seu período fértil, foi isso o que aconteceu durantes todos os dias que eu praticamente invadi o prédio dela para acasalarmos. Estava louco de tesão e Catherine também, foi nesses dias que nosso filho ou filha foi concebido... Isso vai abrir espaço para um diálogo longo; tão longo quanto a caminhada que se seguiu de mãos dadas que estamos fazendo agora, mas não tão longo quanto o tempo que passaremos juntos daqui por diante.
Eu contei de como gosto de contemplar a natureza, o ambiente agradável do nosso bosque, com todas aquelas águas, os riachos e cascatas; falei o quanto era bom ficar sozinho às vezes para recarregar as baterias, falei sobre trabalho que queria mudar um pouco ser menos preso a ele, de fugir da agitação também e talvez construir uma casa só pra nós dois na propriedade também.
Catherine ouvia, concordava, ria, fazia algumas ponderações. Então, me contou sobre seu gosto pelas caminhadas e corridas daqui por diante, também descobrir que pode correr na mesma velocidade que os lupinos a deixou fascinada.
E foi nesse momento que não pude deixar alertá-la para os perigos dessa prática, afinal poderia encontrar ainda algum inimigo; ainda acrescentei que se eu fosse o seu inimigo não iria conseguir deixar de reparar na sua cinturinha e nas curvas de seu corpo e claro em seu vestido rasgado que ela estava usando nesse momento...
Depois deste comentário, houve um momento de silêncio que parecia uma eternidade; era de tirar o ar. E para evitar que isso se prolongasse.
— Ainda bem que eu não sou seu inimigo, mais o seu lobo, ou teria reparado em tudo isso. Disse olhando dentro de seus lindos olhos.
Aí ela riu de uma forma bem divertida...
— Ainda bem que você não reparou. Pois terá que me comprar mil vestidos melhores que esse lembra.
Após dizer isso, parou num canto da trilha do bosque, e me perguntou o que eu queria lhe contar realmente.
Eu pensei muito antes de começar a contar lhe tudo, mas suspirei dizendo quase que imediatamente.
— Desculpe por ter mentido para você.
Seu olhar ficou mortal e juro que pude ver o brilho de uma fera em seus olhos apaixonados.
— Como Alec? Foi a sua pergunta.
— Estivemos muitas vezes aqui... Eu e você, na verdade nossa primeira vez juntos foi aqui nesse lugar. Mas tive que apagar a sua memória por segurança, tive medo que você fosse capturada ou torturada, mas no final não adiantou muito. Acabou ocorrendo o que eu mais temia!
Ela permaneceu em silêncio, um silêncio frio e cruel ao meu ver.
— Seus sonhos não eram sonhos, eles eram reais.
Cat se aproximou ainda em silencio e me abraçou.
— Disso eu já desconfiava, acordar como se um caminhão tivesse passado por cima do meu corpo diversas vezes. Acordar com seu cheiro e sabor da sua boca na minha não poderia ser apenas um sonho.
— Então você me perdoa eu...
Antes que terminasse a frase Cat me beijou apaixonadamente. (na verdade eu queria dizer: VIVAAAAAA, ela não me matou!!!!!!!!!!!)...
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