Capítulo 37
E neste muitos anos de rivalidade, quem diria que eu e a Agente cobra oxigenada seriamos parceiras em um caso. Melhor ficar de olho nela assim mesmo!
— Catherine não sei o que aconteceu? Diz May muito nervosa. — Eu e a Camila nunca brigamos assim, somos amigas, quase irmãs.
— Calma May, não se preocupe tanto assim. É apenas a tensão por causa da proximidade do casamento. Na verdade isso acontece e muito, entre os famosos. Explico aumentando o seu ego como sempre.
Ela sorri satisfeita e se senta pensativa por alguns minutos.
— Daqui a pouco você conversa com a Camila. Aí as duas fazem as pazes e tudo fica bem! Afirmo com calma, observando as suas reações.
— Verdade!... O que eu seria sem você?!
— Que isso... Estou aqui para lhe auxiliar nesse momento tão importante.
A comoção ao redor da May recomeça de repente, com trejeitos dramáticos, ela suspira e mareja os olhos fazendo-se de vítima. Mas logo depois inicia as suas maneiras grosseiras de tratar as pessoas que ela considera inferior a ela.
— Então... Meninas... Como estou?
Lydia suspira alto revirando os olhos, e eu tento a todo custo segurar o riso. A Personal Style anda de um lado para o outro, inspecionando May de todos os ângulos possíveis para ela.
— Acho que você está... Bem, como posso ou vou lhe dizer isso? Estou sem palavras realmente. Comenta Lydia sem tirar os olhos do vestido. — Ai... Acho que vou chorar!
— Oh, Lydia verdade... Não! Assim você me deixa emocionada! E eu não posso borrar a maquiagem! Os idiotas do salão não tinham à prova d'água. Aplicaram maquiagem vegana!
E mais uma vez sinto o dedo de David Kouris!...
— Mon Dieu! Quelle horreur est-ce?! Quel manque de bon goût !!! "Meu Deus! Que horror é esse?! Que falta de bom gosto!!!
— Je suis entierement d'accord avec vous, madame! Je suis totalement d'accord avec vous, madame! Eu concordo totalmente com você, senhora! Eu concordo totalmente com você, senhora!
Respondo a mulher que sorri ao perceber que falo francês fluentemente.
— Voyons ce que je peux faire face à ce désastre ?! "Vamos ver o que posso fazer sobre esse desastre?! Afirmo devolvendo o seu sorriso.
Na verdade o meu desejo é deixar que May faça papel ridículo diante da sociedade que ela tenta tanto impressionar. Mas só de imaginar que Alec possa ser atingido pelas más intenções me faz ter arrepios.
— Dieu merci! Quelqu'un avec du bon sens! Merci mademoiselle. "Graças a Deus! Alguém com bom senso! Obrigada senhorita. Diz ela esperançosa, pois todos sabem que May jamais aceitaria que alguém que ela julga inferior lhe dê palpites em suas escolhas.
— Não sei... Esse vestido faz seus ombros parecerem grandes. Assim que caminho dizendo-lhe essas palavras. Posso ouvir o som de um alfinete cair no chão dentro do provador pelo tamanho do silêncio que todos fazem e ainda posso ouvir as duas assistentes arfando em choque. Fico meio atordoada por conseguir ouvir tudo isso, mas disfarço bem e continuo firme em meu propósito. Deixando para mais tarde essas novas impressões e sensações.
— Sério?!
Eu confirmo com a cabeça olhando diretamente em seus olhos.
— Catherine... É realmente o que você acha?
May mantem o olhar em mim... Seus olhos são indefinidos nesse momento.
— Infelizmente sim querida. Esse vestido não te valoriza em nada. Você não vai parecer uma princesa, você será uma!
May parece prestes a explodir de pura raiva de tão vermelha que está.
— A sorte é que demos tempo e diversos vestidos para você escolher. Com certeza você nem experimentou 1% dos vestidos da loja. Vamos para o próximo. Vamos May seja glamorosa e nos tragam mais vestidos, iremos em busca de algo mais que perfeito.
Ninguém parece ter coragem de enfrentar e dizer a verdade a ela como eu acabei de fazer. Além de não compartilharem do mesmo entusiasmo que eu... As duas assistentes correm para o lado da May temerosas e prontas para consolá-la.
O clima na loja toma um rumo inesperado, algo bem sombrio. Enquanto May começa a entra em um colapso emocional na frente de todos.
Lydia se aproxima de mim.
— Podemos nos encontrar depois? Tenho algo para discutir com você.
— Sobre? Pode pelo menos adiantar o assunto. Digo sendo cautelosa na possível aproximação dela.
— Não posso dar detalhes nesse momento. Mas lhe digo que é algo do seu interesse.
Ela move a cabeça em direção a May, que está com os braços para cima, enquanto as assistentes tentam retirar o vestido e é nesse momento que tenho a confirmação de que se trata de um traje bem menor do que deveria ser.
— Certo agente. Mas é melhor não estar desperdiçando meu tempo com bobagens. E nem tente armar nada contra mim ou eu acabo com você!
— Calma gata ou eu diria Loba. Acredito que valerá a pena. Confie em mim.
— Envie mensagem com hora e local. Explico mais cismada ainda.
— Vou fazer isso com certeza. Parceira!...
May decide interromper abruptamente as provas dos vestidos, com a desculpa de que está física e emocionalmente cansada, mas eu percebo que tudo é deixado de lado quando ela recebe uma ligação em seu celular.
Não preciso me preocupar por todos os locais e até mesmo o celular dela já estão grampeados por nossa equipe de investigações.
Assim que saímos da loja, recebo em seguida a mensagem da Lydia com os detalhes necessário para o nosso encontro.
— O que será que está tramando, agente Ferraço? Penso por alguns minutos, sinto leves pontadas em minha cabeça. Era só o que me faltava uma dor de cabeça a essa altura.
Sigo em direção ao local escolhido para o nosso encontro. A apreensão me domina, mas a curiosidade é bem maior. Ela começou a agir de forma estranha deste que se aproximou da Camila, mas também tem o encontro com Constanti...
E eu preciso saber o Por que?
O que ela teria descobrindo de tão importante assim?
A alguns passos a vejo. Lydia acena em minha direção, caminho pela calçada movimentada, desviando dos pedestres que nesse horário estão apressados pois é hora do jantar.
Espero que ela seja direta em nossa conversa, daqui a duas horas teria que estar no bar. A alcanço e Lydia se mantem do lado esquerdo do lado de fora de um prédio.
— Cat, obrigada por vir.
— Sem problemas. Então, o que é tão importante que você precisou marcar esse encontro?
— É sobre o caso.
— Seja mais direta e especifica agente Ferraço.
— Antes de te revelar o que eu descobri. Quero saber se você avançou e encontrou alguma nova pista.
Continuo a olhando com desconfiança.
— Vamos confie em mim. Estamos no mesmo time, certo? Insiste Lydia ficando nervosa.
Mas o que aconteceu com ela? Está sendo educada e gentil... Agora é que eu não confio nem um pouco.
— Mas fazer um acordo entre nós. Eu consigo algumas pistas e eu te informo e vice-versa. Assim podemos fechar esse caso com precisão.
— E por que eu faria isso na verdade?
— Pensei que poderíamos finalmente trabalhar juntas de verdade. Sarah suspira incomodada com alguma coisa. — Olha, eu sei que sempre tivemos nossas diferenças, altos e baixos, por nosso excesso de competividade. Mas dada disso importa mais!
Essa nova versão agradável e melhorada está me assustando e muito. Por alguma razão, que não sei explicar ainda prefiro mais quando ela age como uma completa idiota comigo.
Por que isso Afinal?
— Você quer bandeira branca ou algo do tipo? E por que? Pergunto-lhe e nem percebo que tem duas mulheres perto de nós duas.
— Melhor ouvir ela agente Catherine. A voz que me diz isso me parece bastante conhecida e na verdade é.
Assim que olho na direção das duas mulheres vejo a Agente Megan Stylist, filha do Erick e uma mulher elegante mulher, bem mais velha.
Volto a olhar em direção a Sarah que se aproxima delas.
— Suba até o nosso apartamento lá te explicaremos tudo bem melhor.
Assim que entro no apartamento percebo que é um local bem diferente, bem esotérico na verdade.
Sentamos e a mais velha se adianta sorrindo, indicando o sofá para que eu me sente.
— É com grande prazer que a conheço Catherine. Seu potencial é maravilhoso, tens um cheiro doce, mas também possui o cheiro dele. Interessante... Disse ela me analisando.
— Olha eu não estou entendendo nada. E essa conversa está muito estranha. Melhor eu ir embora agora. Digo ficando de pé.
— Calma querida, não vamos lhe fazer nenhum mal. Sente-se e nos ouça Catherine. Aceita um chá?
Apenas aceno afirmativamente com a minha cabeça e volto a me sentar.
— Veja bem Cat, o que você sabe sobre o mundo sobrenatural? A me perdoe eu me chamo Freya. Afirmou ela sorrindo.
— Na realidade eu não sei nada sobre isso.
— Isso está demorando muito. Diz Sarah ficando de pé na minha frente. — Olha Catherine eu sou uma bruxa e as duas também diz apontando para Freya e Megan.
Acabo caindo na gargalhada, chorando de tanto rir.
— Valeu agente Ferraço pela piada, mas agora deu. Estou indo embora. Assim que chegou perto da porta e a abro.
— κλείστε την πόρτα τώρα
kleíste tin pórta tóra. Fechar porta agora! Grita Sarah sem paciência alguma.
Nesse momento a porta do apartamento bate com força se fechando diante de mim, ao tentar abri-la ela estava trancada.
— επιπλέω... epipléo... Flutuar. Diz a agente Ferraço e eu sou lançada pelo ar em direção ao teto. Fico estática sem conseguir me mexer e nem piscar de tanto pavor.— E agora acredita em nós? Pergunta Sarah com ironia.— Sarah agora chega, desça a Catherine. Ordenou Freya com autoridade.Assim que volto ao solo e me sento agarrada no sofá, ela me entrega uma xicara de chá de camomila.— Beba querida você vai precisar. Explicou Freya com uma tranquilidade enorme.
— O que são vocês na verdade? Indago assim que consigo falar depois de beber o chá de um gole só.
— Desde crianças somos inundados com histórias sobre bruxas malvadas que raptam criancinhas e adoram ao diabo. Porém, essa visão é puramente parte da educação religiosa que ainda se faz presente no imaginário dos humanos. Bruxas existem em todos os lugares, ainda nos dias de hoje, e são pessoas normais, gente como a gente. Podem sentar ao seu lado no ônibus e você nem perceber. Não há vestimentas padrão – a não ser em rituais específicos, claro – e hoje elas podem respirar livremente sem o medo da repressão religiosa. Somos poderosas e todo o mundo mágico existe...
Fico em silêncio apenas ouvido elas. Não dá para acreditar, mas é verdade. Acabei de ver uma bruxa em ação...
— Magia é uma ponte... Disse enfim Megan. — Uma ponte que permite a você andar do mundo visível para o invisível. E aprender as lições de ambos os mundos. Completou ela me olhando.
— Mas como pode ser isso? Eu... Não entendo... Como pode?...
— Sei que é difícil acreditar, mas eu descobri que sou filha de uma bruxa e não sou exatamente uma humana como acreditei. Freya me contou que houve uma grande guerra entre os humanos e os seres sobrenaturais. Por causa disso, muitas crianças ficaram órfãs. E eu sou uma dessas crianças na verdade. Erick sempre foi o nosso protetor...
Respiro diversas vezes e tento me acalmar. Enquanto as ouço falar de algo inacreditável, mas real.
— Quantas crianças são? Pergunto cada vez mais desnorteada.
— São várias. Eu e a Megan descobrimos por que despertamos a alguns meses, a Megan é veterana na verdade. E quanto a Freya ela é a nossa mestra.
— Mas como exatamente você descobriu tudo isso? Pergunto diretamente para Sarah.
— O Erick é um arquivo vivo, ele guarda toda a história dessas crianças.
— Então eu posso ser também uma dessas crianças, e por que ele nunca me contou isso?
— Veja Catherine meu pai só pode revelar quando determinada criança desperta, assim ele mantem todas seguras no mundo dos humanos. A guerra ainda não acabou e o nosso mundo sobrenatural tem inimigos.
— E como funciona esse despertar? Questionou elas como se minha vida dependesse disso.
— Cada ser sobrenatural tem o seu despertar, nós somos bruxas e a magia surge naturalmente, ai precisamos apenas treinar e controlar nossos poderes. Temos que seguir algumas regras, como você pode perceber os humanos não sabem de nossa existência, apenas alguns que são nossos aliados, mas tem também aqueles que querem nos destruir.
— Então todas as histórias, contos e mitos são reais.
— Exatamente minha querida. Disse Freya. — O mundo sobrenatural é vasto!
— Me fale de sua família Sarah. Pergunto na esperança de talvez fazer parte de algo e assim quem sabe ter uma família também.
— Pode deixar Sarah eu conto, pois conheci a sua mãe. Disse Freya a bruxa. — Quando Brigitte iniciou o seu caminho, a primeira coisa que fez foi procurar um Mestre para ser seu guia, seu instrutor. Ela encontrou um Mago, um Mestre ermitão da Tradição da Lua, que ensinou através da natureza e das coisas simples do universo.
Freya vez alguns movimentos com suas mãos e a imagem de uma bela mulher surgiu diante de nós em meio a uma grande cortina de fumaça.
— Ela então conhece a Noite Escura quando o Mago a deixa sozinha no meio de uma floresta e ela precisa enfrentar a escuridão da natureza confiando apenas na sua fé de que tudo ficaria bem – e conhecendo a si mesma no processo.
— E pensar que minha mãe foi uma das muitas bruxas que lutaram na guerra. Disse Sarah com orgulho em sua voz e olhar.
— Trilhar o caminho da magia não é usar fantasias, acender velas e fazer rituais orgiásticos como mostram os filmes de Hollywood hoje em dia. Brigitte aprendeu isso naquela noite: a magia é estar em contato consigo mesmo para poder estar em contato com a essência da natureza, com as forças primárias e aprender qual é seu papel no mundo e em sua atual encarnação. Ela precisava descobrir seu dom para poder começar a cumprir sua missão. Mas isso ela não iria aprender na Tradição da lua como acreditou. Explicou Freya a todas nós.
— Então não basta ter poderes e nem nascer já uma bruxa?
Minha pergunta faz Freya sorrir mais ainda.
— Gosto da maneira como pensa, rápido... Então após a Noite Escura, Brigitte procura uma outra Mestra, dessa vez uma mulher ligada mais intimamente com a Tradição da Lua, Wicca. A Tradição da Lua ensina através do tempo, através de lembranças de outras encarnações, de pequenos rituais aparentemente insignificantes, mas que despertam os dons adormecidos em cada um. E é aí que as coisas começam a acontecer porque finalmente Brigitte encontrou seu caminho. Existem duas tradições clássicas na bruxaria: a Tradição da Sol e a Tradição da Lua.
— Vocês então seguem a tradição da Lua?
— Exatamente Catherine. Porém, ambas são a mesma, apenas com métodos diferentes de aprendizado. Em ambas o importante não é a ritualística e sim o conhecimento de si e do universo, o respeito a todos os seres vivos, pois todos estão também trilhando seu caminho – mesmo que não saibam ao certo qual é o caminho certo a seguir.
— Na verdade parece complicado. Digo prestando mais atenção em sua palavras. Sinto um estranho calafrio e ela sorri de lado.
— Você tem uma enorme sensibilidade, podemos sentir isso. Mas você não é uma bruxa. Seu poder é algo muito mais antigo e poderoso.
— Como posso descobrir a verdade sobre mim mesma.
— Primeiramente confie no homem protegido pela Lua. Ele tem uma forte ligação com o seu destino! Afirmou ela olhando a fumaça se dissipar devagar. Filha da Lua aceite o que a vida lhe oferece, e procure beber das taças que estão na sua frente. Todos os vinhos devem ser bebidos: alguns, apenas um gole; outros, a garrafa inteira. Como pode distinguir isso? Você se perguntará quando acontecer diante de seus olhos.
E eu te digo: — Pelo gosto. Só conhece o vinho bom quem provou o vinho amargo."
Freya parecia estar em transe e depois de alguns minutos piscou e voltou a nos falar sobre a mãe de Sarah.
— Com Wicca e a Tradição da Lua, Brigitte e todas as mulheres que são bruxas aprenderam que já seguiram pelo caminho da magia em outras vidas, aprendemos a viajar no tempo para conhecer onde nossa alma já esteve e também a reconhecer nossa Outra Parte: uma das partes de nossa alma que em algum momento se separou, mas cujo destino é se reencontrar para estar completa. Parece o mito da Alma Gêmea e não deixa de ser, só que de uma forma menos grega e mais espiritual. O desafio de Brigitte, como o nosso também, assim como o de todos os seres humanos (de acordo com as Tradições) é encontrar sua Outra Parte para trocar lições cármicas e reverberar um amor genuíno no universo. Pelo menos deveria ser assim, mas infelizmente são poucos que buscam realmente conhecer a verdade.
Catherine ficou pensativa principalmente nas palavras que foram ditas especialmente para ela e teve a certeza que se tratava de alguma profecia relacionada a ela e com Alec. Freya sorriu de lado novamente pois ela estava lendo o pensamentos da jovem diante de si, mas isso seria por pouco tempo. O poder de Catherine estava despertando rápido e ninguém poderia deter a fada dos Lobos.
Mas nesse momento a jovem não poderia saber da verdade, ela tinha que caminhar ao lado do seu escolhido. Ambos estavam despertando juntos...
— Catherine essa, na verdade, é uma história de várias mulheres que buscam a si própria e que chegam a si mesma através de rituais que parecem ridículos e inúteis, mas que as ensinam a ter paciência e persistência para atingir seus objetivos. Ao decorrer deste caminho misterioso que se chama vida, também podemos aprender as lições que a nossa irmã Brigitte aprendeu, mesmo que nosso caminho não seja o mesmo dela e não estejamos participando de Tradição alguma ainda podemos descobrir as bruxas que moram dentro de nós. Nunca se esqueça disso toda mulher é na verdade uma bruxa.
— A deusa Lua tem uma nova mensagem para você Catherine. Disse Megan ficando com a sua fisionomia iluminada. — Mergulhe na Noite Escura com a mesma fé que cumpriste o que os antigos indicaram e chamam de Lenda Pessoal e se entregue por inteiro a cada instante, sabendo que sempre existe uma Mão que a guiará: cabe a você aceitá-la ou não. A deusa Selene estará junto de ti e dele sempre...
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