Capítulo 24
Uma hora depois vou direto para o QG e entro no escritório do Erick. Preciso colocar o meu chefe a par de minhas descobertas para me ajudar a esclarecer alguns eventos recentes. Talvez esteja deixando passar alguma coisa, meu instinto diz que tem mais coisas aí.
— Agente Cat, que bons ventos a trazem? Quais as novidades?
— Olá Erick, pelo que vejo está de bom humor hoje. Sua fisionomia está descontraída e alegre.
— Como não estaria? O dia está magnífico! Comenta ele.
— Certo, quem você matou hoje? Pergunto séria segurando o riso assim que que ele volta o olhar em minha direção.
— Agente um homem como eu não pode simplesmente ficar feliz? Pergunta ajeitando o seu terno escuro.
— Deixe me ver. Não, realmente não pode! Agora conta para mim onde é o incêndio.
Ele faz um barulho engraçado com a garganta e me encara.
— Certo. Você me conhece bem. Estou feliz por que minha filha terminou o namoro. Feliz, agora? Pergunta ele se encostando em sua cadeira ainda mantendo o sorriso.
— Erick deixe de bobagens. Ela não é mais uma criança e você pare de torcer contra cada cara que se aproxima dela.
— O desgraçado não servia para ela. Diz ele calmo.
— Ele era advogado e...
— Corrupto!...
— E aquele empresário, qual é o nome dele mesmo?
— Aquele era mentiroso e feio.
— Tinha o Carlos Augusto?
— Inteligente demais, poderia facilmente enganá-la.
— E o Jorge?
— Muito burro, até uma criança o enganava. Como a maioria dos humanos...
Nunca entendo direito toda essa implicância dele e a estranha mania de se referir aos namorados da filha de humanos idiotas.
— O Matt? Ele era gentil e fofo, como você mesmo me contou!...
— Era novo demais e além disso, não gostava de trabalhar. Não vou permitir que minha única filha passe a vida toda sustentando um marmanjo.
— Erick ele era estudante de medicina.
— A mais de dez anos e ainda não conseguiu se formar. No meu tempo eu trabalhava e estudava, e não morri por isso, sabia!
— O max?... Qual era o sobrenome dele mesmo?
— Nem me fale desse. Assim que o conheci não fui com a cara dele.
— O Max marinheiro e...
— Nunca! Uma mulher em cada porto!
— Erick ninguém serve para sua filha? Assim você nunca terá netos! Deixe de ser ciumento homem.
— Será que é muito tarde para ela virar freira?
— No convento tem padres maravilhosos, sabia?
— Vocês jovens hoje em dia não perdoam ninguém, credo. Comenta abismado.
— Entenda... Ela não é amis criança. É uma linda mulher, determinada e independente, merece ser feliz.
— Só estou sendo cuidadoso com minha garotinha.
— Desisto. Digo mudando de assunto.
— Quais as novidades do nosso caso além do que sabemos? Erick me pergunta aceitando de bom grado a nossa mudança de assunto. — Pela sua cara temos algo bem interessante.
— Você não faz ideia.
— Vamos falar disso então.
— Eu segui as informações que o senhor Souris me repassou.
— E...?
— Antes de ir ao teu tão amado restaurante Vegano, detalhe May faz isso de duas a três vezes por semana. Ela fez um desvio bem como posso lhe dizer, bem inusitado digo de passagem, ela foi até um bar Wolf Ugly.
— que nome bem peculiar! Lobo Feio... Diz Erick Pensativo.
— Ela trabalha como stripper e tem um caso com o dono do bar, o Neo. Além de antes havido se envolvido com o irmão dele. Mas por que a futura noiva de um magnata tem um emprego desses, um caso com um cara até que vai, pois ele é um pecado ambulante; mas stripper é demais!...
— Lobos me mordam! Disse ele pensativo.
— Não seria macacos?
— Tanto faz o bicho em questão, eu também prefiro que seja lobos. Isso é muito suspeito com certeza.
— Exatamente o que eu penso. E eu que meio tenho uma entrevista de trabalho lá. Eu devo...
De repente Sarah Ferraço entra no escritório sem bater.
— Se estão discutindo o caso Souris, vocês precisam me fornecer os detalhes também.
Sinto meu sangue ferver assim que ouço a sua voz irritante e me lembro de seu comportamento profissional quando ela me ameaçou. Sinto nesse instante a minha irritação crescer ao nível bem mais alto do que o normal.
Essa cobra sempre aparece nos momentos mais inadequados.
— Minha investigação não é dá sua conta, Ferraço. Eu ainda não me esqueci que você colocou meu disfarce em risco por causa dessa sua implicância idiota contra mim.
Erick arregala os olhos incrédulo.
— E desde quando você decide? Além disso, você é patética demais para comandar algo tão grande assim!
— Agora chega, agente Ferraço!
— Estou mesmo Erick tentando manter a calma e ter paciência, mas ela está sempre me provocando!
— Saia desse pedestal, Catherine. Não deixe o status subir à sua cabeça. Todos nos sabemos que você não tem conteúdo nem jogo de cintura para este caso tão importante.
Erick começa a ficar irritado, suspira alto e balança a cabeça. Ele está a ponto de explodir...
— Mas será o possível que vocês duas não conseguem nem permanecerem juntas na mesma sala por 5 minutos?
— E por que tanta implicância? Ah, eu já sei. Por que eu sou a melhor agente desta agência! Aceita Ferraço que dói menos.
— Pelo menos eu não preciso fingir ser o que eu não sou. Mas eu querida já sou elegante!
— E você deveria aprender a se alimentar melhor; ser mais seletiva com o que consome. Deixar de lado esses asas de frango. Obviamente, isso acabou por afetar as suas funções celebrais. Você já fez o teste para salmonela?
— Mas que MERDA é essa?
— Nossa quanta elegância, o seu linguajar é requintadíssimo. Respondo sendo bastante irônica. Nem Alec conseguiu prever o quanto suas palavras soaram fortes naquele momento. Não entendia como que perto da Catherine ele se transformava tanto, se sentia mais forte, confiante e determinado.
— Catherine não consigo tirar você da minha cabeça. Há uma forte atração entre nós dois e não negue, o que aconteceu conosco no restaurante e a poucos minutos no banheiro... Explica Alec se aproximando mais de mim. Pude sentir seu perfume e sua respiração pesada. — Devemos isso a nós mesmos, para ver onde isso nos leva. Estou pedindo, por favor, saia comigo essa noite.
Fico sem palavras diante de sua proposta. Mas sei exatamente o que fazer neste momento...
— Não posso e não vou me tornar a sua amante Alec. Digo ficando de pé, o afastando de mim.
Alec parece de verdade desapontado.
Se estou tomando a decisão correta? Só o tempo me dirá. Alec é um homem bastante sedutor e mexe muito comigo, mas não é assim que se começa um relacionamento. Cercado por mentiras e segredos. Nos dois merecemos algo verdadeiro e eu não aceito menos que isso para a minha vida agora!
— Aceitarei isso... Por hora. Mas não significa que vou desistir de você Catherine!
Sorri interiormente com a determinação que vejo surgir nas atitudes e no olhar do Alec.
— Estou ansiosa por isso.
Pisco ao dizer minhas últimas palavras para ele, depois giro em meus saltos altos e saiu do escritório. Deixou Alec sozinho...
Alec sente a dor de cabeça novamente e decide jogar um pouco de água fria em seu rosto, diante do espelho ele percebe a cor de seus olhos mudando e fica assustado.
Uma voz ecoa de dentro de usa mente.
Existe um predador no interior de você. Ele não existe para caçar outras pessoas, mas para caçar a você mesmo Alec, devorando seu discernimento, afastando a sabedoria humana. Foi criado a partir de seus hábitos e padrões de comportamento insalubres, de suas vaidades e egoísmos, e se alimenta de sua energia mental, emocional e espiritual.
— Estou ficando louco. Ele fecha os olhos com força. O pavor começa a surgir.
Como todo predador, ele não age aleatoriamente e sem estratégia; fica à espreita e somente te domina quando estimulado pelas circunstâncias, emoções e pensamentos que excitem sua ira.
— Não, não...
Por isso, você faz coisas que não querer fazer, diz coisas que não querer dizer, pensa coisas que não gostaria de pensar. Mas não tenha medo, apenas aceite a nossa natureza. Pois eu sou você e você sou eu!
Magoamos a nós mesmos e a outros, incapazes de agir com consciência plena. Esta é a Hora do Lobo, o momento em que caímos na mais lamentável cadeia de ações inconscientes e ignorantes, fundamentadas nos vícios de atitude que desenvolvemos ao longo de nossa vida. E essa triste queda devora nosso discernimento e percepção, e nos nega a sabedoria.
— Pare eu não quero ouvir mais nada, me deixe em paz. Diz Alec desesperado.
Eu sou o seu guardião e conselheiro. Por que tem tanto medo de mim? Você despertar em você instintos adormecidos que podem deixá-lo mais preparado para enfrentar as situações que o preocupam. Nosso afastamento da natureza nos tornou cegos e surdos em muitos sentidos. Você Alec precisa se lembrar de quem é...
— Por que está fazendo isso comigo? Seus olhos ficaram repletos de lágrimas.
Não tem como fugir do seu destino e nem de sua companheira. Quando você despertar poderá adquirir certos poderes mágicos, como por exemplo ver mais longe, enxergar inimigos ocultos, saber perseguir objetivos, etc... Eu sou seu amigo!...
A voz na parava e ficava cada vez mais nítida.
"Espírito dos ancestrais antigos, acendam a chama deste irmão para que possam iluminar seu caminho"
"Ancestrais, antigos aliados, aqueles que trazem a memória do tempo. Ouçam nosso pedido. Sintam nossa intenção pura. Estejam conosco"
— Pare o que está fazendo. O corpo do Alec se aquece e sua cabeça parece que vai explodir de tanta dor. Seu grito assusta David que volta até o escritório e encontra o filho banhado de suor segurando sua cabeça. Suas presas estavam surgindo e uma energia densa e pesada pairava por toda mansão.
David usa seu poder de alfa para que um dos seus seguranças dispersem os convidados, avisando que Alec havia dito uma crise e iria se recolher mais cedo.
— Filho o que houve? Pergunta tentando segurá-lo, mas a força e a energia que o mesmo emana o repele.
— Tem uma voz na minha cabeça, ela não para. Grita de dor Alec.
De repente David sente que toda a matilha está inquieta. A energia está envolvendo a todos com uma velocidade impressionante. Todos estão apavorados e apreensivos, David ouve as palavras de seus irmãos.
— David o que está acontecendo?
— O Alec está despertando e o seu poder é inimaginável. Nunca senti nada como isso antes. Venham para cá urgentemente.
"Nas patas do lobo, nos olhos do lobo, nas presas do lobo, nas garras do lobo, na boca do lobo, que se ascenda em nossa alma a força do nosso guardião... Vem lobo... Vem lobo..." Alec repetia sem parar como se estivesse em transe.
"Que meu animal guardião agora se apresente, que eu possa senti-lo e a ele me religar" Disse Alec ficando de pé, sua cabeça estava baixa olhando o chão. Quando a levantou seus olhos estavam vermelhos.
"Se você falar com os animais, eles falarão com você.
E assim, vocês conhecerão um ao outro.
Se você não falar com eles, não os conhecerá...
...E aquilo que você não conhece, você teme.
... E aquilo que se teme, se destrói."
E assim que Alec disse essas últimas palavras caiu desmaiado diante de todos.
Há muito o que pensar, analisar e processar depois desse encontro. Certamente preciso tomar notas de alguns pontos interessantes. As coisas começam a caminhar para um desfecho bem fora do comum e nem cheguei perto ainda de descobrir os segredos da May... E ela tem muitos pelo que vejo!...
Sua noite foi bem agitada, fez anotações e repassou dados e fatos ocorridos. Fez três linhas de investigação e todos chegavam a mesma conclusão May Corbell tinha todas as respostas que precisava.
Acabou dormindo sobre os arquivos e anotações, embora não se lembre bem de seus sonhos, ficou a nítida impressão que eles novamente foram preenchidos por um jovem homem bastante determinado em te conquistar.
Em toda a sua carreira, bem que nem tão longa assim, nunca havia conhecido um homem que a fizesse sentir... Isso... E com certeza isso complicaria muito as coisas.
Eu me lembro do desejo nos olhos do Alec na primeira vez que o conheceu, a quatro anos atrás no caso Amarantis... E aquele mesmo desejo estava em seus olhos na noite do jantar, no encontro em sua mansão, com apenas uma diferença, havia determinação e paixão desta vez em seus olhos também.
Havia recebido documentos com os depoimentos e relatos que o senhor Souris conseguiu durante esses anos de investigação. O laudo dos legistas, laudo de especialistas em acidentes e duas coisas lhe chamaram a atenção.
Primeiro, não foi um acidente. Os freios do carro foram cortados. E pelas manchas de sangue e pele presos no assento do motorista não era o Alec que estava dirigindo o veículo na hora do acidente. O carro estava em alta velocidade, acima do permitido, como se estivessem fugindo. Foram encontrado batidas irregulares na traseira do carro, com manchas de uma cor diferente.
— Um outro carro bateu contra o deles. Mas por que? Uma perseguição ou uma tentativa de fazer o carro sair da estrada. Pensou ela anotando e fazendo círculos no mapa da rodovia onde ouve o acidente. Observou dezenas de votos tiradas do local, algumas fotos do asfalto com a queima de pneus.
A mãe do Alec era a motorista e ela acabou sendo arremessada pelo vidro da frente de seu próprio carro.
— Por que você Zayna não estava usando o cinto de segurança? Perguntou a foto da linda mulher a sua frente.
Depois dessas provas com certeza a polícia iria reabrir as investigações sobre o ocorrido a anos atrás. O mais intrigante que várias provas da investigação anterior desapareceram misteriosamente da delegacia.
Cismado o pai do Alec contratou seus próprios investigadores e os melhores peritos para refazer tudo, deste o início até agora. Até o carro onde houvera o acidente, ele conseguiu preservá-lo e o manteve escondido de todos até que as novas investigações fossem feitas.
Erick com sua agência e agentes estava ajudando também, mas o estranho que até o momento o senhor Souris havia dado ordens para que mantive tudo em sigilo. Nada deveria ser feito para que o caso fosse reaberto.
David Kouris também acabou de enviar uma lista dos lugares que May frequenta, até mesmo o seu restaurante favorito. Tudo pago pelo Alec...
— Preciso investigar cada pista que surge. Agradeço mentalmente ao senhor Souris. Sua determinação é contagiante e o que acaba de acontecer.
Eu posso até estar confusa com meus sentimentos em relação ao Alec, mas meus instintos me dizem que May esconde muito mais do que possamos imaginar.
E outra coisa, eu amo o meu trabalho e não tenho dúvidas quanto a ele!
Pelo menos nessa parte eu tenho controle.
— Está na hora de me vestir apropriadamente. Algo que me transforme de meu papel atual, a bem sucedida e extraordinária mulher de sucesso.
Droga! Detesto ser cerimonialista...
Em meu eu verdadeiro. Ora de voltar a ser a agente CAT; a mulher durona, corajosa e implacável.
A vida ociosa e cheia de glamour da desejável e bela Catherine vem com alguns apegos emocionais que não faz parte da minha personalidade. Além de ter que conviver dentro de um ambiente nocivo e toxico que as pessoas com um poder aquisitivo melhor.
Onde elas acreditam que são superiores aos demais, onde valores e tantos outros sentimentos nunca existiram, apenas são máscaras usadas para esconder o quão pobres de espíritos eles são.
Um território hostil que, francamente, me faz querer fugir.
O diferencial deste caso são os meus interesses amorosos que estão lentamente dominando minha mente... E meu coração a cada minuto.
É hora de sair do personagem e voltar a ser eu mesma, ficar em minha própria pele, ser a mulher quente, elegante e sex.
Hoje serei eu mesma!
— Pronto, isso está perfeito! Agente Cat pronta para descobrir os segredos mais profundos e obscuros da May... E, de quebra, arrasar no modelito. Digo olhando o resultado no espelho do meu quarto. — Só posso estar ficando louca!
Olhando fixamente dentro do espelho uma estranha sensação se apodera de mim, como se mais uma vez eu estivesse entrando em uma metamorfose, sou eu diante do espelho, mas não me reconheço mais. Essa diante de mim é outra mulher e eu sei que é por causa dele, Alec está despertando algo dentro de mim. Algo desconhecido e misterioso, mas sinto que pode ser também algo sombrio se eu não entender o que realmente eu sou.
Balanço minha cabeça afastando esses pensamento e volto para a realidade.
— É querida May se prepare. Qualquer que seja o seu segredo, ele não ficará oculto por muito tempo. Não quando ela tem um cão de caça como eu na sua cola.
Acabo gargalhando da minha comparação.
— Nada a ver... Não sou um cão, mas uma gata! Explico piscando para o espelho do quarto. Assim que fico de costa ouço uma voz dizendo que não sou nem uma coisa ou outra.
Estranho, mas sigo o meu caminho.
Saio do meu apartamento determinada e disposta a chegar a fundo desse mistério e trazer à tona qualquer segredo que possam estar escondido sob a superfície.
Doa a quem doer!!!...
Tenho uma lista enorme de lugares para averiguar, todos frequentados por May Corbell.
Foi direto para uma das ruas mais movimentadas no centro da cidade, misturando-me estrategicamente com o ambiente e as várias pessoas que corriam para seus trabalhos ou simplesmente estavam fazendo suas compras.
Todos cuidando de suas vidas sem se preocuparem com os problemas alheios.
Cada uma daquelas pessoas carregando seus próprios problemas e soluções.
Fiquei pelos arredores atenta. Não demorou muito para encontrar May.
— Perfeito. Agora vamos ver o que você tanto esconde senhorita Corbell.
Para minha completa surpresa, May vai para dentro de um pug barra pesada que pelo horário deveria ter aberto a poucos instantes, situado do outro lado do lugar onde ela deveria estar.
— Sério isso? O que uma socialite arrogante e petulante faz num bar como este? Local onde se rola de tudo!
Minha intuição dispara de diversas maneiras.
— Isso está ficando cada vez amis interessante.
Espero pacientemente para ver qual o próximo passo da May. Depois de uma hora mais, ou menos, ela sai do pub e segue direto para o local que ela deveria estar.
— O que você está fazendo, May? Há alguma coisa ou alguém no bar que você precisa encontrar?!
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